Estação Ferroviária de Vendas Novas
Vendas Novas
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Linha(s): | L.ª Alentejo (PK 56,838) L.ª V. Novas (PK 69,375) |
Coordenadas: | 38° 40′ 46,35″ N, 8° 27′ 16,2″ O |
Município: | Vendas Novas |
Serviços: | |
Inauguração: | 23 de Janeiro de 1861 |
Website: |
A Estação Ferroviária de Vendas Novas é uma interface da Linha do Alentejo, que funciona como entroncamento com a Linha de Vendas Novas, e que serve a localidade de Vendas Novas, no Distrito de Évora, em Portugal. Foi inaugurada em 1861, como terminal provisório do Caminho de ferro do Sul[1], tendo sido ligada ao Setil em 15 de Janeiro de 1904.[2]
Descrição
Vias e plataformas
Em Janeiro de 2011, apresentava 4 vias de circulação, com 241 a 482 metros de comprimento; as plataformas tinham 154 e 59 metros de extensão, e 40 e 55 centímetros de altura.[3]
Localização e acessos
A estação situa-se junto ao Largo 5 de Outubro, na localidade de Vendas Novas.[4][5]
História
Século XIX
Inauguração e ligação a Beja e Évora
Em 1856, foi projectada uma linha desde a Margem Sul do Tejo até Vendas Novas[6], uma vez que os extensos areais naquela região tornavam muito difícil a circulação rodoviária; em Vendas Novas, teriam início as estradas para o Sul do país.[7] Foi inicialmente pensada como sendo do tipo americano, mas depois foi desenvolvida para um caminho de ferro pesado, de forma a prolongá-la até Évora e Beja, e depois até Elvas e Badajoz.[7]
O troço desde Bombel até Vendas Novas entrou ao serviço em 23 de Janeiro de 1861, como parte do Caminho de Ferro do Sul, ligando desta forma o Barreiro a Vendas Novas.[1] Foi construída pela Companhia Nacional de Caminhos de Ferro ao Sul do Tejo, utilizando uma bitola de 1,44 m.[8] Entretanto, em 3 de Janeiro de 1860, o governo contratou a Companhia dos Caminhos de Ferro do Sueste para a continuação da linha além de Vendas Novas até Évora e Beja.[9] Em 6 de Agosto de 1861, foi assinado um contrato para a nacionalização deste troço e do Ramal para Setúbal[9], que foram posteriormente trespassados para a Companhia do Sueste, com o propósito de alargar a via para a bitola ibérica.[10]
A ligação até Évora entrou ao serviço em 14 de Setembro de 1863, enquanto que a linha até Beja foi inaugurada no dia 15 de Fevereiro do ano seguinte.[1] Em 1869, A Companhia do Sueste foi nacionalizada, tendo a exploração das linhas sido passada para a gestão directa do estado.[10]
Século XX
Ligação ao Setil
Ainda no Século XIX, foi planeada uma ligação entre a Linha do Norte e a Linha do Alentejo, de forma a evitar a evitar a travessia fluvial entre o Barreiro e a cidade de Lisboa; originalmente, foi projectada uma linha de Santarém a Vendas Novas[7], tendo o local inicial sido alterado várias vezes, até que foi fixado no Setil em 1900.[11] Em 12 de Janeiro de 1903, foi apresentado o plano para a expansão da estação de Vendas Novas, de forma a suportar os serviços da Linha de Vendas Novas, que nessa altura já se encontrava em construção; este documento foi aprovado, após a vistoria do Conselho Superior de Obras Públicas e Minas, em 24 de Abril do mesmo ano.[12] Este caminho de ferro abriu à exploração no dia 15 de Janeiro de 1904.[2]
Transição para a CP
Em 1927, os caminhos de ferro estatais foram integrados na Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.[10] Em 1933, esta empresa realizou obras de reparação e melhoramentos na estação de Vendas Novas[13], e, no mesmo ano, a Comissão Administrativa do Fundo Especial de Caminhos de Ferro aprovou a construção de uma estrada de acesso ao cais descoberto desta estação.[14] Em 1934, a CP calcetou o largo em frente à estação, e duplicou as linhas telefónicas entre Vendas Novas, Évora e o Setil.[15]
No Diário do Governo n.º 92, III Série, de 17 de Abril de 1952, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses anunciou uma carreira de autocarros entre as estações de Vila Franca de Xira e Vendas Novas.[16] No Diário do Governo n.º 31, III Série, de 7 de Fevereiro de 1955, foi informado que aquela empresa pediu autorização para estabelecer uma outra carreira de autocarros, da Estação do Barreiro a Évora, passando pela localidade de Vendas Novas.[17]
Em 1959, foi assinado um contrato entre a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses e a Ericsson, para a instalação de um sistema de sinalização e comando centralizado na Linha de Vendas Novas.[18] Este projecto contemplou a instalação de postos de sinalização com encravamentos a relés e agulhas manuais em todas as estações da Linha.[19]
Em 1968, esta interface era considerado um importante ponto de concentração da circulação ferroviária.[20]
Ligações planeadas a Chamusca e Alcácer do Sal
Em 1889, já tinha sido estudado um ramal entre Vendas Novas e a margem esquerda do Rio Tejo, por iniciativa da Câmara Municipal da vila da Chamusca, que deveria ser servida pelo ramal.[21]
Em 1 de Julho de 1928, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses já tinha proposto uma linha de Vendas Novas até Alcácer do Sal, que seria o prolongamento da Linha de Vendas Novas.[22] Esta linha foi inserida, com o nome de Transversal de Vendas Novas, no Plano Geral da Rede Ferroviária, publicado pelo Decreto n.º 18.190, de 28 de Março de 1930.[23]
Ver também
Referências
- ↑ a b c TORRES, Carlos Manitto (1 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1683): 75-78. Consultado em 7 de Maio de 2012
- ↑ a b «Companhia Real» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 17 (426): 283-284. 16 de Setembro de 1905. Consultado em 4 de Fevereiro de 2015
- ↑ «Anexo 12 – Quadro resumo das características da infra-estrutura». Rede Ferroviária Nacional. Directório da Rede 2012: 70-85. 6 de Janeiro de 2011
- ↑ «Vendas Novas - Linha do Alentejo». Infraestruturas de Portugal. Consultado em 18 de Dezembro de 2011
- ↑ «Vendas Novas». Comboios de Portugal. Consultado em 24 de Setembro de 2015
- ↑ SERRÃO, p. 236
- ↑ a b c GOMES, José de Sousa (16 de Junho de 1935). «Apontamentos para a História dos Caminhos de Ferro em Portugal» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1140): 259-261. Consultado em 4 de Fevereiro de 2015
- ↑ REIS et al, p. 19
- ↑ a b MARTINS et al, p. 242
- ↑ a b c NUNES, José de Sousa (16 de Junho de 1949). «A Via e Obras nos Caminhos de Ferro de Portugal» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 62 (1476): 418-422. Consultado em 4 de Fevereiro de 2015
- ↑ SOUSA, José Fernando de (1 de Março de 1936). «Pontes do Tejo em Lisboa e Vila Franca» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 48 (1157): 137-139. Consultado em 4 de Fevereiro de 2015
- ↑ «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (370). 161 páginas. 16 de Maio de 1903. Consultado em 4 de Fevereiro de 2015
- ↑ «O que se fez nos Caminhos de Ferro em Portugal no Ano de 1933» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1106): 49-52. 16 de Janeiro de 1934. Consultado em 1 de Maio de 2012
- ↑ «Direcção Geral de Caminhos de Ferro» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1105). 29 páginas. 1 de Janeiro de 1934. Consultado em 1 de Maio de 2012
- ↑ «O que se fez nos Caminhos de Ferro Portugueses, durante o ano de 1934» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1130). 16 de Janeiro de 1935. pp. 50–51. Consultado em 4 de Fevereiro de 2015
- ↑ «Parte oficial» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 65 (1547). 1 de Junho de 1952. pp. 122–123. Consultado em 4 de Fevereiro de 2015
- ↑ «Parte Oficial» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 67 (1612). 16 de Fevereiro de 1955. pp. 461–462. Consultado em 14 de Janeiro de 2016
- ↑ REIS et al, p. 102
- ↑ MARTINS et al, p. 158
- ↑ «Los Ferrocarriles Portugueses». Madrid: RENFE. Via Libre (em espanhol). 5 (58). 23 páginas. 1 de Outubro de 1968
- ↑ FONSECA, p. 31
- ↑ «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 51 (1235). 1 de Junho de 1939. pp. 281–284. Consultado em 4 de Fevereiro de 2015
- ↑ PORTUGAL. Decreto n.º 18.190, de 28 de Março de 1930. Ministério do Comércio e Comunicações - Direcção Geral de Caminhos de Ferro - Divisão Central e de Estudos - Secção de Expediente, Publicado no Diário do Governo n.º 83, Série I, de 10 de Abril de 1930.
Bibliografia
- História da Chamusca. 3. Chamusca: Câmara Municipal. 2003. 298 páginas Parâmetro desconhecido
|volumes=
ignorado (|volume=
) sugerido (ajuda);|nome1=
sem|sobrenome1=
em Authors list (ajuda) - MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. [S.l.]: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas
- REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. [S.l.]: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X
- SERRÃO, Joaquim Veríssimo (1986). História de Portugal. O Terceiro Liberalismo (1851-1890). [S.l.]: Verbo. 423 páginas
Ligações externas
- «Página com fotografias da Estação de Vendas Novas, no sítio electrónico Railfaneurope» (em inglês)
- «Página sobre a Estação de Vendas Novas, no sítio electrónico Wikimapia»