Borboleta-azul
Borboleta-azul | |||||||||||||||||
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Estado de conservação | |||||||||||||||||
Em perigo | |||||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||
Phengaris alcon (Denis & Schiffermüller, 1775) | |||||||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||||||
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A borboleta-azul (Phengaris alcon), é uma borboleta da família Lycaenidae que pode ser encontrada na Europa e Ásia setentrional. Pode ser vista durante o verão. Como outras espécies de Lycaenidae, no seu estádio larvar (lagarta) depende do apoio de certas formigas; como tal é designada como uma espécie mirmecófila.
Ciclo de vida
[editar | editar código-fonte]Esta borboleta deposita os seus ovos na genciana-de-turfeiras (Gentiana pneumonanthe); na região dos Alpes são às vezes encontrados na Gentiana asclepiadea).[1]. As lagartas não comem outras plantas.
As larvas abandonam a planta após crescerem suficientemente (4º instar) e aguardam no solo abaixo até serem encontradas por formigas. As larvas emitem químicos superficiais (alomonas) muito semelhantes às das larvas das formigas, levando as formigas a transportarem as larvas da borboleta para os seus ninhos colocando-as juntamente com as suas larvas; ali são alimentadas pelas formigas operárias e devoram as larvas de formiga.[2]
Quando a larva da borboleta está totalmente desenvolvida transforma-se em pupa. Quando o adulto emerge tem de empreender a fuga do ninho de formigas. Estas reconhecem a borboleta como um intruso, mas quando tratam de atacá-la com as suas mandíbulas não conseguem agarrá-la pois a borboleta possui uma camada espessa de escamas que se soltam facilmente.[3]
Parasitismo e predadores
[editar | editar código-fonte]Com o tempo, algumas colónias de formigas parasitadas desta forma alteram ligeiramente as alomonas das larvas como forma de defesa, levando a uma "corrida às armas" evolucionária entre as duas espécies.[4]
De um modo geral, as espécies de Lycanidae que têm uma relação mirmecófila com as formigas do género Myrmica apresentam especificidade de hospedeiro. A borboleta-azul é diferente neste aspecto pois usa diferentes espécies de hospedeiros em diferentes regiões da Europa. Entre elas enconram-se Myrmica scabrinodis, Myrmica ruginodis, e Myrmica rubra.
As larvas de borboleta-azul são procuradas debaixo do solo pela vespa Ichneumon eumerus. Ao detectar uma larva de borboleta-azul, a vespa entra no ninho e dispersa uma feromona que faz com que as formigas do ninho se ataquem mutuamente. Na confusão resultante, a vespa localiza a larva da borboleta e injecta-a com os seus próprios ovos. No estádio de pupa da borboleta, os ovos de vespa eclodem e as larva da vespa consomem a pupa por dentro.[5]
Em Portugal
[editar | editar código-fonte]Em Portugal encontra-se fortemente ameaçada. Pode ser encontrada no Alvão e no Barroso. A maior colónia encontra-se no Parque Natural do Alvão, em Lamas de Olo.[6]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Phengaris alcon arenaria / Lissadonnea (Subespécie neerlandesa já extinta)
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ Bellmann, Heiko (2003): Der neue Kosmos-Schmetterlingsführer. ISBN 3-440-09330-1. (em alemão)
- ↑ Caterpillars con ants with smell, BBC News, 4 January 2008
- ↑ Piper, Ross (2007), Extraordinary Animals: An Encyclopedia of Curious and Unusual Animals, Greenwood Press.
- ↑ The battle of the butterflies and the ants, Nature News, 3 January 2008
- ↑ Butterfly and Wasp: A Devious, Deceitful Cycle of Life
- ↑ Voluntários ingleses no Alvão ajudam a proteger borboleta ameaçada