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Ad Marciam, De consolatione

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Consolação a Márcia,Ad Marciam, De Consolatione”, é uma obra em latim do filósofo estoico Sêneca (4 a.C.-65 d.C.). É a primeira carta de consolação do filósofo, escrita aproximadamente no ano 40, sendo sua obra conhecida mais antiga. A carta é endereçada a Márcia, filha do proeminente historiador Aulo Cremúcio Cordo.

Sêneca lhe escreve porque seu luto pela morte de seu filho Metílio parecia ter se tornado crônico, continuando três anos após a tragédia[1]. Esta admirável peça de consolação oferece argumentos da filosofia estoica e sua visão de mundo, a fim de ajudar os enlutados e desolados a considerar outros aspectos da perda e também reconhecer a inevitabilidade da morte. Sêneca tenta transformar a tristeza paralisante de Márcia em belas e agradáveis lembranças do tempo que passaram juntos.

Tema e estrutura

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Sêneca adverte Márcia, desde o início, que ele não será gentil: “Que outros usem medidas suaves e carícias; decidi lutar com sua dor, e vou secar esses olhos cansados e exaustos, que já, para dizer a verdade, choram mais por hábito do que por tristeza… Não posso agora influenciar uma dor tão forte por medidas educadas e suaves: ela deve ser destruída pela força”(I, 5-8).[1]

A primeira abordagem utilizada por Sêneca é a de recordar a Márcia dois exemplos contrastantes de luto em duas outras famosas mulheres romanas: Otávia e Lívia, respectivamente irmã e esposa de Otávio Augusto (o primeiro imperador). Ambas haviam perdido um filho, mas reagiram de maneira muito diferente: Otávia fez como Márcia, nunca emergindo de sua dor, negligenciando seus deveres familiares e sociais, e até mesmo ressentindo-se do filho sobrevivente de Lívia.

Na décima seção Sêneca antecipa o famoso argumento de Epicteto de que não possuímos realmente coisas ou pessoas, elas são simplesmente emprestadas a nós pelo universo, e que “é nosso dever sempre poder colocar nossas mãos sobre o que nos foi emprestado sem data fixa para sua devolução, e restaurá-lo quando chamado sem um murmúrio"[2]

“Que loucura é essa, castigar a si mesma porque é infeliz, e não para diminuir, mas para aumentar seus males! Você deve mostrar, também neste assunto, aquele comportamento decente e modéstia que tem caracterizado toda a sua vida: pois existe algo como autodomínio no luto também” (IV, 5)[2]

“Não há grande crédito em comportar-se corajosamente em tempos de prosperidade, quando a vida desliza facilmente com uma corrente favorável: nem um mar calmo e um vento suave exibem a arte do piloto: algum mau tempo é desejado para provar sua coragem” (V, 5)[2]

“No entanto, quem diria que a natureza tem tratado com rancor as mentes das mulheres, e atrofiado suas virtudes? Acredite, elas têm o mesmo poder intelectual que os homens, e a mesma capacidade de ação honrada e generosa. Se treinadas para isso, elas são igualmente capazes de suportar a tristeza ou o trabalho.” (XVI, 2)[2]

Leitura adicional

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Referências

  1. a b «Resenha: Consolação a Márcia». O Estoico. Consultado em 16 de julho de 2020 
  2. a b c d Sêneca (2020). Consolação a Márcia. São Paulo: Montecristo Editora. ASIN B08CWCLVYK. ISBN 9781619651814 

Ligações externas

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