Adolf de Meyer
Adolf de Meyer | |
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Autorretrato, data desconhecida | |
Nome completo | Adolphe de Meyer Gayne |
Nascimento | 1 de setembro de 1868 Paris, França |
Morte | 6 de janeiro de 1946 (77 anos) Los Angeles, Estados Unidos |
Causa da morte | Trombose coronariana |
Nacionalidade | francês |
Cônjuge | Olga de Meyer (1899-cerca de 1931; morte dela) |
Ocupação | Fotógrafo |
O Barão Adolf de Meyer (Paris, 1 de setembro de 1868 – Los Angeles, 6 de janeiro de 1946) foi um fotógrafo francês conhecido por seus retratos de celebridades do começo do século XX. É célebre por seu estilo, considerado hoje, bem como em sua época, como elegante, tendo sido o primeiro fotógrafo da Vogue norte-americana, em 1913, e inspirado a fotografia de moda subsequente.[1]
Fotografou, entre outros, as atrizes Mary Pickford, Billie Burke, Lillian Gish, o ator John Barrymore a socialite Rita Lydig, a marquesa Luisa Casati, as dançarinas Irene Castle e Ruth St. Denis, o rei Jorge V do Reino Unido e a rainha Maria de Teck.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Juventude
[editar | editar código-fonte]Nascido em Paris, na França, Dresden nasceu em 1 de setembro de 1868 (registrado em 3 de setembro)[2] e foi educado na cidade alemã de Dresden. Era o filho de Adolphus Louis Meyer, um banqueiro judeu alemão, e de Adele Meyer uma escocesa, cujo nome de solteira era Adele Watson.[3]
Há poucas informações sobre sua juventude, o que em parte é resultado de sua tentativa em vida de mitificar seu nascimento. Assinou de diversas formas seu nome em vida, como Meyer von Meyer de Meyer, Meyer e Meyer-Watson-Watson. Passou a ser conhecido em 1897 como Barão Adolf de Meyer Edward Sigismund, apesar de citações contemporâneas identificá-lo também como Barão Adolf von Meyer e Barão Adolf de Meyer-Watson.[4][5]
Em 1893 juntou-se à Royal Photographic Society. Começou a expôr sua obra em 1894 em Nova Iorque, Londres e Paris, e em 1896 mudou-se de Londres para Desdren.[6][7]
As edições do Whitaker’s Peerage, livro de ordens nobres britânicas, de 1898 a 1913 documentam que o título de Meyer foi dado em 1897 por Frederico Augusto III da Saxônia, o último rei da Saxônia. Apesar disso, outras fontes afirmam que “o fotógrafo herdou-o de seu avó na década de 1890”.[3] Outras fontes, entretanto, afirmam que nenhuma evidência da concessão de seu título pôde ser encontrada.[8]
Casamento
[editar | editar código-fonte]Em 25 de julho de 1899, de Meyer casou-se em Londres com Donna Olga Caracciolo, uma nobre italiana que havia então se divorciado recentemente de Nobile Marino Brancaccio; ela era a afilhada do rei Eduardo VII do Reino Unido. O casal possivelmente conheceu-se em 1897 na casa de um membro da família judia Sassoonn, e Olga tornaria-se o foco de muitas fotografias de seu marido.[9]
Com base em escritos autobiográficos e de relatos da época, especialistas afirmam que o casamento de Meyer foi mais um “casamento de conveniência” do que um “casamento por amor”, já que o noivo era homossexual e a noiva bissexual ou lésbica.[10] Antes de casar-se com Caracciolo, Meyer, como relato em seu romance autobiográfico não-publicado, disse para ela sobre “o real significado da ruína amorosa de qualquer tipo de sensualidade”, já que “casamentos feitos com base em muito amor e paixão raramente têm chance de durar, enquanto perfeita compreensão e companheirismo, pelo contrário, geralmente geram a mais durável união”.[3]
Após a morte de sua esposa por volta de 1931, de Meyer envolveu-se amorosamente com Ernest Frohlich, um jovem alemão nascido em cerca de 1914 que foi contratado por ele como chofer e mais tarde adotado como seu filho. Frohlich passou a chamar-se de Barão Ernest Frohlich de Meyer.[1][11][12]
Carreira fotográfica
[editar | editar código-fonte]De 1898 a 1913 de Meyer viveu nos Cadogan Gardens, em Londres. Em 1903, visitou os Estados Unidos e passou seu tempo no estúdio da fotógrafa norte-americana Gertrude Käsabier e, entre 1908 e 1912 sua obra foi publicada no jornal trimestral Camara Work, de Alfred Stieglitz.[6][7] O fotógrafo Cecil Beaton apelidou-o de “o Debussy da fotografia”.[13]
Em 1912 trabalhou como fotógrafo para a companhia Ballets Russes, em que fotografou o bailarino Vaslav Nijinski. Entre 1900 e 1910, de Meyer realizou uma ou mais viagens ao Japão, acompanhado de sua esposa Olga, onde fez uma série de fotografias, agora preservada no Museu Metropolitano de Arte, em Nova Iorque,[14] em que retrata-se principalmente paisagens e edifícios.
Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, os Meyers, que em 1916 adotaram os novos nomes de Gayne e Mahrah, marido e esposa, respectivamente, sob o conselho de um astrólogo, mudaram-se para a cidade de Nova Iorque. Nos Estados Unidos, de Meyer tornou-se o primeiro fotógrafo fixo da Vogue norte-americana de 1913 a 1921, e também trabalhou para a Vanity Fair.[15]
Em 1922 aceitou a proposta de tornar-se o chefe do departamento de fotografia da edição francesa da Harper's Bazaar em Paris, onde passou seus próximos 16 anos de vida. É considerado o primeiro fotógrafo de revistas de moda,[16] pois antes costumava-se ilustrá-las com desenhos e esboços.
Por volta de 1934, um novo editor com a missão de remodelar a Harper's Bazaar foi contratado, dispensando de Meyer. Às vésperas da Segunda Guerra Mundial, em 1938, os Meyer voltaram aos Estados Unidos, onde a obra de Meyer estava inspirando um movimente incipiente de arte moderna.[15]
Morreu em 1946 em Los Angeles, em decorrência de uma trombose coronariana,[6][7] sendo registrado como “Gayne Adolphus Demeyer, escritor (aposentado)”.[8] Poucas de suas fotografias sobreviveram aos dias de hoje, tendo grande parte sido destruída durante a Segunda Guerra.
Galeria
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Modelos nuas posando para uma aula de pintura, de 1890
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Homem sobre águas com câmera, cerca de 1900
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Mulher frente a arco, cerca de 1900
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Retrato de data desconhecida
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Olga recostada em uma cadeira de vime, cerca de 1900 a 1910
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Fotografia publicada na Camera Work, de 1912
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Uma rua na China, de 1912
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Membro dos Ballets Russos em um figurino misterioso, cerca de 1912
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Retrato de Rita de Acosto Lydig, de 1913
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Olga Karasavina em cerca de 1911 a 1914
Referências
- ↑ a b Ehrenkranz, Anne (1994). A Singular Elegance. The Photographs of Baron Adolph de Meyer (em inglês). [S.l.]: Chronicle Books. 128 páginas. ISBN 978-0811808309
- ↑ «Naissances, 16e arr.» (em francês). Archives numérisées - Paris.fr. Consultado em 20 de setembro de 2014
- ↑ a b c Meyer, Baron Adolf de; Anderson-Spivy, Alexandra; Hawkins, G. Ray (1992). Of passions and tenderness. portraits of Olga (em francês). [S.l.]: Greystone Books. 226 páginas
- ↑ Mortimer, Francis James (1899). Photograms of the Year. The Annual Review of the World's Pictorial Photographic Work (em inglês). [S.l.: s.n.] p. 188
- ↑ Who’s Who. Year-book for 1905 (em inglês). [S.l.]: London, A. & C. Black. 1908. p. 188
- ↑ a b c Peterson, Christian A. (2012). Pictorial Photography at the Minneapolis Institute of Arts. History of Exhibitions, Publications, and Acquisitions with Biographies of All 243 Pictorialists in the Collection (em inglês). [S.l.: s.n.] 160 páginas
- ↑ a b c «Baron Adolph de Meyer» (em inglês). Luminous-Lint. Consultado em 20 de setembro de 2014
- ↑ a b Camp, Anthony John (2007). Royal Mistresses and Bastards Fact and Fiction 1714-1936 (em inglês). [S.l.: s.n.] p. 446. ISBN 978-0950330822
- ↑ «Baron Adolph de Meyer» (em inglês). Voguepedia. Consultado em 20 de setembro de 2014[ligação inativa]
- ↑ American Book Collector (em inglês). 2. [S.l.]: The Moretus Press. 1981. p. 15
- ↑ Hannavy, John (2008). Encyclopedia of nineteenth-century photography (em inglês). 1. [S.l.]: Taylor & Francis. 827 páginas
- ↑ «Hold Alien in Officer Garb». The New York Times (em inglês). Dezembro de 1941
- ↑ Brown, Elspeth H. (novembro de 2009). «De Meyer at Vogue: Comercializing Queer Affect in First World War-era Fashion Photography» (PDF). Photography & Culture (em inglês). 2 (3): 253-274. doi:10.2752/175145109X12532077132275. Consultado em 20 de setembro de 2014. Arquivado do original (PDF) em 24 de novembro de 2014
- ↑ «Adolf de Meyer» (em inglês). The Metropolitan Museum of Art. Consultado em 20 de setembro de 2014
- ↑ a b «Baron Adolf de Meyer» (em inglês). The Kuyten Collection. Consultado em 20 de setembro de 2014. Arquivado do original em 20 de janeiro de 2010
- ↑ Andrea Martínez Maugard (29 de abril de 2012). «Barón Adolph de Meyer, el primer fotógrafo de moda» (em espanhol). Viste la Calle. Consultado em 20 de setembro de 2014