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Alcione (cantora)

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Alcione
Alcione (cantora)
Alcione em 2023.
Nome completo Alcione Dias Nazareth
Pseudônimo(s)
  • Marrom
  • Dama do Samba
Nascimento 21 de novembro de 1947 (77 anos)
São Luís, MA
Residência Rio de Janeiro, RJ
Nacionalidade brasileira
Ocupação
Período de atividade 1971 – presente
Prêmios Lista completa
Carreira musical
Gênero(s)
Extensão vocal contralto coloratura
Instrumento(s)
Gravadora(s)
Religião espírita
Assinatura
Página oficial
www.alcioneamarrom.com

Alcione Dias Nazareth (São Luís, 21 de novembro de 1947) é uma cantora, compositora e multi-instrumentista brasileira. Uma das mais notórias sambistas do país, a cantora recebeu a alcunha de "Marrom", "Dama do Samba" e "A Voz do Samba". Com trinta álbuns de estúdio e nove ao vivo, vendeu 8 milhões de cópias de discos em todo o mundo.[2]

Alcione Dias Nazareth nasceu em São Luís, Maranhão, no dia 21 de novembro de 1947. O nome de batismo foi ideia do pai, inspirado na personagem Alcíone, a protagonista do romance espírita Renúncia, psicografado por Chico Xavier. Ela é a quarta dos nove irmãos: Wilson, João Carlos, Ubiratan, Alcione, Ribamar, Jofel, Ivone, Maria Helena e Solange. Alcione tem mais nove irmãos que seu pai teve com outras mulheres. Sua mãe chegou a amamentar algumas dessas crianças, por considerar que as crianças não poderiam ser culpadas pelas traições do marido.[3]

Desde pequena, graças ao pai policial e integrante da banda de sua corporação, João Carlos Dias Nazareth, inserida no meio musical maranhense, Alcione fez sua primeira apresentação já aos doze anos. O pai foi mestre da banda da Polícia Militar do Maranhão e professor de música. Além disso, foi compositor e entusiasta do bumba-meu-boi, folguedo típico da capital maranhense. Foi ele quem lhe ensinou, ainda cedo, a tocar diversos instrumentos de sopro, como o trompete e clarinete que começou a praticar aos nove anos.

Com essa idade, tocava e cantava em festas de amigos e familiares, e na Queimação de Palhinha da festa do Divino Espírito Santo. Sua mãe, Filipa Teles Rodrigues, entretanto, guardava o desejo de que a filha aprendesse a tocar acordeão ou piano. Não queria que Alcione aprendesse a tocar instrumentos de sopro temendo que a filha ficasse tuberculosa, crendice comum à época.

Sua primeira apresentação profissional foi aos 12 anos, na Orquestra Jazz Guarani, regida por seu pai. Certa noite, o crooner da orquestra ficou rouco, sendo substituído pela menina. Na ocasião, cantou a canção "Pombinha Branca" e o fado "Ai, Mouraria". O apelido Marrom, dado pelos integrantes da orquestra de seu pai, surgiu nessa época.[4]

Alcione afirmou que seu pai era "bom homem" e incentivava as filhas a serem independentes desde muito cedo, a nunca obedecerem homem nenhum, além de lhes ensinar valores morais rígidos.[3] Aos 18 anos de idade formou-se como professora primária na Escola de Curso Normal. Lecionou por dois anos, quando foi demitida aos 20 anos, por ensinar a seus alunos como se tocava trompete, que seu pai lhe ensinou quando pequena, querendo passar o aprendizado que recebeu, mas isso não agradou a direção da escola, que na época era muito rígida.[3]

Alcione, 1970. Arquivo Nacional

Após a demissão, continuou a dedicar-se à música, e dessa vez de forma mais intensa e exclusiva. Conseguiu uma vaga em um sorteio e apresentou-se na TV do Maranhão. Ficou fixa na TV, apresentando-se lá nos anos 1960 até o início dos anos 1970 e além de cantar na TV, também cantava em bares e boates em várias cidades do Maranhão. Querendo alcançar rumos maiores, Alcione mudou-se para o Rio de Janeiro em 1972.

Não conhecia nada no Rio e quem a ajudou a se estabelecer foi seu amigo, o cantor Everaldo. Com ajuda dele também, Alcione começou cantando na noite, ocasião em que Everardo lhe apresentou as boates e bares da cidade. Ensaiava no Little Club, boate situada no conhecido Beco das Garrafas, reduto histórico do nascimento da bossa nova, em Copacabana. Cantou também em boates como Barroco, Bacarat, Holiday e Bolero.

Começou a se inscrever em programas de calouros, e foi sendo chamada para se apresentar. Venceu as duas primeiras eliminatórias do programa A Grande Chance, de Flávio Cavalcanti. Nessa mesma época, conheceu a famosa TV Excelsior. Se inscreveu e conseguiu fazer um teste de voz, e passou com boa colocação. Assinou o primeiro contrato profissional com essa TV, apresentando-se no programa Sendas do Sucesso.

Depois de seis meses na emissora, realizou turnê por quatro meses pela América Latina, sendo a primeira vez que saiu do Brasil. Após ter feito excursão também por países da América do Sul, recebeu proposta de turnê na Itália, e assim morou na Europa por dois anos. Voltou ao Brasil em 1972.

Em 2007 Alcione interpretou a cantora americana Lady Brown, na minissérie Amazônia, de Galvez a Chico Mendes, na TV Globo.[5]

Em 2015, canta "Juízo Final" na abertura da novela da TV Globo, A Regra do Jogo.[6]

Alcione durante desfile da Mocidade Alegre em 2018, quando foi homenageada pela escola.

Alcione visitou a quadra da Estação Primeira de Mangueira pela primeira vez em 1974 e logo foi convidada a desfilar. Na concentração, a ausência de um destaque levou a bela estreante ao alto de um carro alegórico. Desde então, a cantora é membro destacado da escola.[7] Em 1987, participou da fundação da escola de samba mirim Mangueira do Amanhã, e hoje é presidente de honra do grupo.[8]

Em 1989 foi homenageada pela escola de samba Independentes de Cordovil, no então chamado grupo 2, a segunda divisão do Carnaval carioca, com o enredo "Marrom som Brasil".[9] Posteriormente, em 1994 foi novamente homenageada pela tradicional Unidos da Ponte, desta vez no grupo especial do Carnaval carioca, como enredo "Marrom da cor do samba".[10] Em 2018, a tradicional escola de samba de São Paulo, Mocidade Alegre, homenageou os 70 anos de vida e os 45 anos de carreira de Alcione, com o enredo "A voz marrom que não deixa o samba morrer".

Alcione já interpretou sambas de exaltação às escolas de samba: Mangueira, Mocidade Independente, Imperatriz Leopoldinense, União da Ilha do Governador, Beija-flor de Nilópolis e Portela.[11]

Alcione no desfile da Mangueira de 2024 em sua homenagem.

A Mangueira, escola do coração de Alcione, homenageou a cantora no carnaval de 2024 como enredo "A Negra Voz do Amanhã". Era um desejo antigo da comunidade, ainda não realizado por inúmeras negativas da própria Marrom.[12]

Alcione nunca se casou oficialmente, apenas manteve relacionamentos estáveis. Em entrevistas afirmou que não quer mais dividir a mesma casa com um companheiro, informando que até os dias atuais ainda namora e sai com os homens que lhe despertam interesse.[3] Ao decidir ter um filho, descobriu que não poderia ser mãe devido a endometriose e a SOP. Tentou tratamentos laboratoriais, como inseminação, além de operações espirituais, mas não obteve êxito em nenhuma tentativa.[13]

Devido a um tumor na laringe, desenvolveu uma paralisia nas cordas vocais, e a medicina informou que só poderia cantar por mais um ano. Para tentar reverter o quadro, operou espiritualmente em um centro kardecista com Dr. Fritz, uma entidade espiritual. Após operar-se, seguiu o ritual, e ficou calada por três dias. Surpreendendo os médicos, Alcione se curou e pôde continuar a cantar sem restrições, como sempre fez. A partir deste milagre, parou de consumir álcool e devido a cura de sua garganta, converteu-se ao espiritismo. Em entrevistas revelou ter sido criada no catolicismo e que nunca fumou, e que nunca pensou em mudar de religião até obter seu milagre de cura.[13]

Em entrevistas informou que todos os dias ora agradecendo a Deus pelo dom de cantar, já que nunca fez aula de canto.[14]

Ver artigo principal: Discografia de Alcione
  • A Voz do Samba (1975)
  • Morte de Um Poeta (1976)
  • Pra Que Chorar (1977)
  • Alerta Geral (1978)
  • Gostoso Veneno (1979)
  • E Vamos à Luta (1980)
  • Alcione (1981)
  • Dez Anos Depois (1982)
  • Vamos Arrepiar (1982)
  • Almas e Corações (1983)
  • Da cor do Brasil (1984)
  • Fogo da Vida (1985)
  • Fruto e Raiz (1986)
  • Nosso Nome: Resistência (1987)
  • Ouro & Cobre (1988)
  • Simplesmente Marrom (1989)
  • Emoções Reais (1990)
  • Promessa (1991)
  • Pulsa, Coração (1992)
  • Brasil de Oliveira da Silva do Samba (1994)
  • Profissão: Cantora (1995)
  • Tempo de Guarnicê (1996)
  • Celebração (1998)
  • Claridade (1999)
  • A Paixão tem Memória (2001)
  • Faz Uma Loucura por Mim (2004)
  • Uma Nova Paixão (2005)
  • De Tudo Que eu Gosto (2007)
  • Acesa (2009)
  • Eterna Alegria (2013)
  • Tijolo por Tijolo (2020)
Ano Título Papel Emissora
1979–1981 Alerta Geral Apresentadora TV Globo
1997 Por Amor Ela mesma
2001 O Clone
2007 Amazônia, de Galvez a Chico Mendes Lady Brown
2011 Zorra Total Ela mesma
2012 Cheias de Charme
2013 Salve Jorge
2015 Mister Brau Tia Marizilda
2017 A Força do Querer Ela mesma
2023 Travessia
2024 Tô Nessa[15]

Prêmios e indicações

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Ano Categoria Indicação Resultado
2000 Melhor Álbum de Samba/Pagode Claridade Indicado
2003 Ao Vivo Venceu
2006 Uma Nova Paixão - Ao Vivo Indicado
2010 Acesa Indicado
2012 Duas Faces: Ao Vivo na Mangueira Indicado
2015 Eterna Alegria - Ao Vivo Indicado
Ano Categoria Indicação Resultado
2003 Melhor Cantora de Samba Alcione Venceu
2004 Melhor Cantora de Samba Venceu
2005 Melhor Cantora de Samba Venceu
2010 Melhor Cantora de Samba[16] Venceu
2011 Melhor Cantora de Samba[16] Venceu
2012 Melhor Álbum (Canção Popular)[16] "Duas Faces - Jam Session" Venceu
2012 Melhor Cantora (Canção Popular) Alcione Venceu
2013 Melhor Cantora de Samba[16] Venceu
2014 Melhor Cantora de Samba[17] Venceu
2015 Melhor Cantora de Samba[18] Venceu
2018 Melhor Cantora[19] Venceu
Ano Categoria Indicação Resultado
2012 Melhor Álbum de Samba Duas Faces: Ao Vivo na Mangueira Indicado
Melhor Cantora Alcione Indicado
2013 Melhor Álbum de Samba Eterna Alegria Indicado
Melhor Cantora Alcione Indicado
2014 Indicado
Ano Categoria Indicação Resultado
2006 Lifetime Achievement Award Alcione Venceu

Academie Arts Sciences Lettres

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Ano Categoria Indicação Resultado
2006 Medalha de Ouro Alcione Venceu

Prêmios da Fundação Luso-Brasileira

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Ano Categoria Indicação Resultado
2006 Homenagem Alcione Venceu
Ano Categoria Indicação Resultado
2003 Melhor Cantora Alcione Indicado

Women's Music Events Awards

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Ano Categoria Indicação Resultado
2020 Homenagem Alcione Venceu[20]

Referências

  1. Rafael Teixeira (4 de dezembro de 2009). «Alcione mistura samba, bossa nova e Rita Lee em lançamento de CD, no Canecão». O Globo 
  2. «Alcione canta em Goiânia nesta sexta». E mais Goiás. Consultado em 24 de maio de 2020 
  3. a b c d Alcione revela que foi demitida aos 20 anos, tem nove irmãos bastardos e é amiga dos ex-maridos, Jornal Extra, 14 de abril de 2012
  4. «Qual o nome da Alcione?». treinamento24.com. Consultado em 19 de janeiro de 2022 
  5. Alcione como você nunca viu Arquivado em 20 de novembro de 2008, no Wayback Machine., Globo.com
  6. «Abertura de 'A Regra do Jogo' tem música de Alcione e batalha de xadrez épica em 3D». Consultado em 25 de setembro de 2016 
  7. Moraes, Pedro (23 de fevereiro de 2017). «Alcione declara seu amor pela Mangueira». Veja Rio 
  8. «Mangueira do Amanhã in: Instituto Mangueira do Futuro» 
  9. «Galeria do Samba: Independentes de Cordovil 1989» 
  10. «Galeria do Samba: Unidos da Ponte 1994» 
  11. «Alcione, página oficial. Seção discografia» 
  12. «Alcione será homenageada pela Mangueira no Carnaval 2024». UOL. 13 de março de 2023 
  13. a b Alcione fala sobre sexo com Marília Gabriela: “Só transei com quem eu quis”, Yahoo! Brasil.
  14. Marília Gabriela entrevista a cantora Alcione neste domingo[ligação inativa]
  15. pipocamoderna. «'Tô Nessa': Alcione, Lázaro Ramos e Supla vão estrelar nova série de comédia da TV Globo». Terra. Consultado em 19 de setembro de 2024 
  16. a b c d «Confira os ganhadores do Prêmio da Música Brasileira» 
  17. «Alcione ganha mais uma vez o Prêmio da Música Brasileira» 
  18. «Veja os vencedores do 26º Prêmio da Música Brasileira». G1. Grupo Globo. 11 de Junho de 2015. Consultado em 16 de Junho de 2015 
  19. «Alcione é a melhor cantora no Prêmio da Música Brasileira» 
  20. «Alcione e Elis Regina são as grandes homenageadas do WME Awards 2020» 

Ligações externas

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