Carcinoma odontogênico esclerosante
O carcinoma odontogênico esclerosante (COE) é um tumor odontogênico maligno ultrarraro, descrito pela primeira vez em 2008 e incluído na classificação de lesões odontogênicas da OMS pela primeira vez em 2017[1].
Sinais e sintomas
[editar | editar código-fonte]Na maioria dos casos, há a presença de edema ou tumefação de crescimento progressivo e rápido[2]. Dor não está sempre presente, e alguns casos são assintomáticos[2]. Tumores afetando a região posterior da mandíbula podem causar parestesia[2].
Dependendo do grau de destruição óssea, os dentes associados e ao redor podem desenvolver mobilidade dentária[2].
Aspectos radiográficos e histológicos
[editar | editar código-fonte]Radiograficamente, o COE é uma lesão radiolúcida, que pode ter um aspecto de vidro despolido[2]. As margens podem ser bem delimitadas ou não[2]. Nos casos em maxila, normalmente envolve as estruturas adjacentes como cavidade nasal, seio maxilar, zigomático e placa pterigoide[2]. Reabsorção da cortical óssea é relatada. Reabsorção das raízes dentárias e perda da lâmina dura também são relatadas[2].
Histopatologicamente, o tumor é formado por um componente epitelial escamoso aparentemente benigno em cordões ou ilhotas, com citologia celular próxima da normalidade, com hipercromatismo e pleomorfismo mínimos, aproximando-se de um padrão histológico de restos epiteliais odontogênicos benignos, e um padrão de mitoses pouco suspeito[2][3]. O padrão de crescimento é infiltrativo, e há leve grau de displasia celular[2][3]. A característica mais marcante desse tumor é o estroma denso, fibroso, rico em colágeno ou esclerótico[2][3]. Raramente há necrose[2][3].
Porém, apesar do epitélio aparentemente benigno, esse tumor é agressivamente infiltrativo, tanto em músculo esquelético quanto em invasão perineural ou intraneural, e invasão linfovascular[1][2][3]. Diferenciação celular pode ocorrer, tanto em células claras quanto glandular[2]. Pode haver calcificação do tecido, tanto de características dentinoides quanto cementoides e ósseas[2].
Causas
[editar | editar código-fonte]Suas causas ainda não são bem definidas, por ser uma nova entidade, e necessita de marcadores genéticos consistentes para diferenciá-lo de outras entidades[1]. Por enquanto, sabe-se que ao contrário de outras neoplasias malignas como o carcinoma odontogênico de células claras (COCC), o COE não possui mutações de EWSR1[2].
Epidemiologia
[editar | editar código-fonte]O COE tem ligeira preferência por mulheres (8:6), e idade média ao diagnóstico de 54 anos, sendo mais frequentemente diagnosticado entre os 50-70 anos, e mais tardiamente em homens do que em mulheres[2]. A mandíbula é mais afetada do que a maxila, especialmente na região posterior[2].
Diagnóstico
[editar | editar código-fonte]Por ser uma nova entidade, o patologista deve estar atento ao tumor e realizar exames de imuno-histoquímica para alguns marcadores específicos como CK19 e CK5/6 (marcadores de epitélio odontogênico), p63 e CK7[1][3]. Normalmente, o COE é positivo para p63, negativo para CK20 e raramente positivo para CK7[3]. Normalmente as ilhotas epiteliais possuem marcação difusa para e-caderina, uma característica típica de malignidade de baixo grau[3]. O Ki67 tende a ser baixo[2].
Diagnósticos diferenciais incluem[1][3]:
- Tumores metastáticos;
- Fibroma odontogênico central rico em epitélio;
- Ameloblastoma desmoplástico;
- Tumor odontogênico epitelial calcificante;
- Carcinoma odontogênico de células claras.
Prognóstico e tratamento
[editar | editar código-fonte]O COE possui baixa taxa de recidiva, e nenhum caso de metástase foi registrado[1][2]. Apesar disso, a ressecção radical é a opção terapêutica de escolha, com ou sem dissecção de linfonodos cervicais[2]. Radioterapia adjuvante tem sido utilizada, especialmente em tumores grandes[2]. Quimioterapia foi utilizada para tratar um paciente com tumor extenso, afetando também base de crânio, juntamente com reabordagem cirúrgica, e obteve bons resultados[2].
Referências
- ↑ a b c d e f Soluk-tekkesin, Merva; Wright, John M. (2013). «The world health organization classification of odontogenic lesions: a summary of the changes of the 2017 (4th) edition». Turkish Journal of Pathology. ISSN 1018-5615. doi:10.5146/tjpath.2017.01410. Consultado em 13 de setembro de 2024
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w Lim, Daniel; Tan, Chuey Chuan; Tilakaratne, Wanninayake Mudiyanselage; Goh, Yet Ching (27 de fevereiro de 2021). «Sclerosing odontogenic carcinoma — review of all published cases: is it a justifiable addition as a malignancy?». Brazilian Journal of Otorhinolaryngology (1): 118–129. ISSN 1808-8694. PMC 9422715. PMID 33715971. doi:10.1016/j.bjorl.2021.01.007. Consultado em 13 de setembro de 2024
- ↑ a b c d e f g h i Canterbury, Carleigh R.; Stanbouly, Dani; Trinh, Khanh; Clark, Matthew S.; Philipone, Elizabeth (8 de dezembro de 2022). «Sclerosing Odontogenic Carcinoma: Report of a Case and Review of the Literature». Head and Neck Pathology (2): 562–570. ISSN 1936-055X. PMID 36480092. doi:10.1007/s12105-022-01514-w. Consultado em 13 de setembro de 2024