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Casarão da Vila Fortunata

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Villa Fortunata
Casarão da Vila Fortunata
Informações gerais
Estilo dominante estilo eclético
Construção 1903
Estado de conservação SP
Património nacional
Classificação Conpresp
Data 1992
Geografia
País Brasil
Cidade São Paulo
Coordenadas 23° 33′ 35″ S, 46° 39′ 32″ O
Mapa
Localização em mapa dinâmico

A Villa Fortunata foi um imóvel situado na Avenida Paulista, esquina com a Alameda Ministro Rocha Azevedo, tendo sido a moradia do intelectual René Thiollier por 55 anos. O seu terreno, uma das poucas áreas verdes da região, bem como o casarão vizinho, Residência Joaquim Franco de Melo, foram tombados pelo Condephaat.

A Villa Fortunata era uma das imponentes casas da avenida, construída em 1903, por Alexandre Honoré Marie Thiollier, proprietário da primeira livraria de São Paulo, a Casa Garroux. De início era utilizada como casa de campo, pois a família morava no Centro, na rua XV de Novembro, onde hoje encontra-se o Restaurante Bovinos. Com problemas de saúde, o proprietário Alexandre Honoré Marie Thiollier embarcou para a Europa, para tratamento. Alugou a casa para um casal, cuja mulher esperava pelo seu quarto filho, que na Villa Fortunata nasceu em 1909. Seu nome era Roberto Burle Marx, o renomado paisagista. Em 1912, o pai de Roberto Burle Marx, que possuía um curtume em São Paulo, faliu e mudou-se com a família para o Rio de Janeiro.

Alexandre Honoré Marie Thiollier faleceu em Paris em 1913, e segundo seu desejo, foi trazido para ser sepultado no Cemitério da Consolação. Após 1913, seu filho René Thiollier passou a residir no casarão, no qual promovia jantares e saraus, que eram frequentados por artistas e intelectuais - Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Guilherme de Almeida, Monteiro Lobato, sua amiga, Tarsila do Amaral, que ilustrou o livro premiado de René Thiollier, A Louca do Juquery, Vieira Pontes & Cia, Livraria Teixeira, Paulo Prado, Graça Aranha por exemplo. Foi René Thiollier, Graça Aranha e Paulo Prado que viriam a organizar a Semana de Arte Moderna de 1922.[1]. Foi no Casarão de René Thiollier que foram planejados todos os detalhes da Semana de 1922[1]. René Thiollier, de fato, foi quem alugou o Teatro Municipal para a realização da Semana de 22.

Sua arquitetura refletia a influência europeia, construída no estilo eclético em voga e era uma das mais imponentes da região no início do século XX. Em 1972, o casarão foi demolido, como muitos outros palacetes originais da Avenida Paulista. O terreno pertenceu, ainda, ao Banerj (Banco do Estado do Rio de Janeiro) - abrigando um estacionamento - e, em 1992, foi tombado pelo Conpresp, devido à representativa área verde. Na verdade, a área verde somente foi mantida porque o filho de René Thiollier, Alexandre Honoré Marie Thiollier, advogado, incluiu na escritura de venda e compra do imóvel uma cláusula contratual proibindo o desmatamento do bosque ali existente <ref>a família.

Eventualmente, Alexandre, já na velhice, cedeu para seus filhos Alexandre Honoré Marie Thiollier Filho e Marcelo Thiollier os direitos sobre tal cláusula restritiva a fim de que ambos tivessem os instrumentos jurídicos para evitar o desmatamento da área, que pela iniciativa privada, quer pelo poder público. Fatos descritos nos Anais da Academia Paulista de Letras, e por Marcelo Thiollier, neto de René Thiollier.

A Prefeitura de São Paulo, sob os protestos da comunidade literária e artística de São Paulo construiu no local o "Parque Prefeito Mario Covas", criado pelo Decreto nº DECRETO Nº 49.418, de 18 de abril de 2008, do prefeito Gilberto Kassab. Decisão esta que recebeu críticas da Família Thiollier e ainda de outros paulistanos. Afinal, René Thiollier, não era somente uma figura de destaque no mundo literário paulista, fundador que era e presidente perpétuo (que eventualmente abdicou) da Academia Paulista de Letras e do Teatro Brasileiro de Comédias, mas, ainda mais importante, foi o organizador do Batalhão dos mais de 50 anos, que lutou contra a ditadura Vargas.

Daí decorreu a indignação do povo paulistano ao dar-se o nome de "Parque Mário Covas", cidadão natural de Santos, para uma área que poderia ter-se tornado marco da Semana de Arte Moderna e da história heroica paulistana. Porém, há um projeto de Lei na Câmara Municipal de São Paulo, de autoria do então vereador e Secretário do Trabalho da Administração Haddad, Eliseu Gabriel, para que o nome da praça seja alterado para "Praça René Thiollier".

A mata remanescente da Vila Fortunata e a Residência Joaquim Franco de Melo foram tombadas em 1992.

  • Processo: 22121/82
  • Tomb.: Res. SC 36 de 16 de novembro de 1992
  • D.O.: 17 de novembro de 1992
  • Livro do Tombo Histórico: Inscrição nº 302, p. 76, 6 de abril de 1993

Avenida Paulista, 1919 - Cerqueira César

Ligações Externas

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Referências

  1. a b René Thiollier, A Semana de Arte Moderna 1922, São Paulo: Editora Cupolo, 1940
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