Cynipidae
Cinipídeos | |||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||
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Cynipidae é uma família de vespas galhadoras, pertencente à ordem dos insetos himenópteros, subordem Apocrita, e superfamília Cynipoidea[1]. São vulgarmente conhecidas por vespas-das-galhas[2] dado que induzem nas plantas a formação de galhas em virtude do seu desenvolvimento larval[3]. São vespas de pequenas dimensões (1 a 8 mm), de coloração variando entre o caramelo e o preto, com asas relativamente longas em relação ao corpo; são observadas em áreas verdes, principalmente em jardins, pousadas sobre a folhagem.
Características
[editar | editar código-fonte]Como todos os membros da subordem Apocrita, as vespas-das-galhas possuem uma forma de corpo distintiva, em que aconteceu uma forte constrição de parte do abdômen gerando uma cintura de vespa. Em todos Apocrita, o primeiro tergo abdominal, denominado propódeo, está conjugado com o retante do tórax (formando o mesossoma), enquanto o segundo segmento abdominal forma uma espécie de haste (chamada do pecíolo) que sustenta o gáster: o abdómen funcional nas vespas apócritas, começando com o terceiro segmento abdominal propriamente dito. Assim, juntos o pecíolo e o gáster formam o metassoma, enquanto que o tórax e o propódeo constituem juntos o mesossoma.
A precisa identificação dos Cynipidae pode ser complicada pelas extensas semelhanças com outras pequenas vespas da superfamília Cynipoidea,[4] particularmente com aquelas poucas espécies de Figitidae que estão também envolvidas na formação de galhas[5]. Em suma, os Cynipidae possuem como combinação única as seguintes características: (i) larvas de último ínstar com dois dentes prominentes fortes nas mandíbulas bem esclerotizadas (com a exceção de algumas espécies em que o segundo dente reduziu, deixando apenas um evidente); (ii) ovos com revestimento mais espesso e menos flexível que das outras famílias aparentadas; (iii) adultos com mesoescudo opaco e o terceiro segmento abdominal bem maior do que os demais; (iv) adultos com o abdômen ovalado e brilhoso. As antenas são filiformes com 12 a 16 segmentos. Em algumas variedades, o dorso do mesossoma possui bandas longitudinais. As asas têm uma estrutura típica simples. O ovipositor da fêmea muitas vezes pode ser visto projectando-se da ponta do metassoma.
Biologia
[editar | editar código-fonte]As fêmeas de vespas galhadoras Cynipidae botam seus ovos dentro dos tecidos vegetais jovens ainda indiferenciados, de maneira que fatores liberados alteram o desenvolvimento da região deste tecido, induzindo a formação de uma galha. Os mecanismos que levam a estas alterações teciduais ainda não estão bem conhecidos, mas as galhas induzidas pela postura e larvas de Cynipidae são entendidas como as mais complexas dentre as galhas induzidas por outros artrópodes: além de poderem se desenvolver em quase qualquer tecido vegetal, estas galhas podem conter até 100 câmaras larvais. Uma capa dura de esclerênquima (que nutre a galha com nutrientes) reveste cada uma destas câmaras, que possui em seu revestimento interior uma larga camada de células vegetais nutritivas, que é explorada como alimento pela larva da vespa galhadora durante seu desenvolvimento. Acredita-se que tal complexidade tenha sido atingida evolutivamente por pressão de predadores.
As espécies parasitoides teriam surgido a partir de ancestrais indutores de galhas que eventualmente tenham perdido esta capacidade[6]. Nestas espécies, as fêmeas botam seus ovos dentro das galhas iniciais feitas por outra vespa-das-galhas. Deve-se notar que a larva da vespa galhadora parasitoide não mata nem se alimenta diretamente da larva da espécie hospedeira, mas por vezes a vespa adulta que a mata com seu ovipositor, ou pode eventualmente morrer por inanição por ser impedida de nutrir-se pela larva parasitoide. Há registros de larvas de vespas-das-galhas parasitoides que controem sua própria câmara de tecido parenquimatoso, de forma que acaba isolando a larva hospedeira, sem danificá-la diretamente.
Existem espécies que são específicas na exploração de hospedeiros, bem como outras que atacam diversos hospedeiros aparentados.
Diversidade
[editar | editar código-fonte]Estão descritas cerca de 1300 espécies nesta família, com cerca de 360 espécies na Europa e cerca de 800 espécies na América do Norte[7]. Esta diversidade das regiões temperadas holárticas [5]é primariamente representada por espécies da tribo Aylacini[3]. No caso da América do Sul[8], as tribos mais representadas são Cynipini e Synergini atacando roseiras; acredita-se possível que estejam presentes alguns representantes da tribo Diplolepidini, mas que ainda não foram registrados. No Brasil, não há registros de espécimes desta família, o que pode dar-se por uma lacuna de conhecimento; por exemplo, espera-se que ao menos alguma espécie de Escathocerus sp. venha a ser eventualmente coletada, dado que sua planta hospedeira típica Acacia caven (Fabácea) encontra-se bem espalhada pelo sul do país, e pelo fato de que diferentes espécies deste gênero estão presentes e bem conhecidas dos países vizinhos[9].
Algumas espécies holárticas são listadas abaixo.
- Andricus burgundus
- Andricus callidoma
- Andricus coriarius
- Andricus curvator
- Andricus dentimitratus
- Andricus fidelensis
- Andricus foecundatrix
- Andricus gallaecus
- Andricus gallaeurnaeformis
- Andricus gemmeus
- Andricus glandulae
- Andricus grossulariae
- Andricus hispanicus
- Andricus inflator
- Andricus kollari
- Andricus lignicolus
- Andricus luisieri
- Andricus luteicornis
- Andricus niger
- Andricus nobrei
- Andricus pictus
- Andricus pseudoinflator
- Andricus quercuscorticis
- Andricus quercusradicis
- Andricus quercusramuli
- Andricus quercustozae
- Andricus rhyzomae
- Andricus sieboldi
- Andricus solitarius
- Andricus stefanii
- Andricus subterranea
- Andricus tavaresi
Referências
- ↑ Villar, Juli Pujade i; Bellido, David; López, Gerard Segú; Melika, George (2001). «Current state of knowledge of heterogony in Cynipidae (Hymenoptera, Cynipoidea)». Sessió Conjunta d'Entomologia (em catalão): 87–107. ISSN 2013-9799. Consultado em 13 de novembro de 2024
- ↑ Silva, M. R.; Rebelo, M. T.; Oliveira, N. G., Avaliação do estado da qualidade ambiental terrestre e aquática na Reserva Natural do Paul do Boquilobo (RNPB), Portugal
- ↑ a b Stone, Graham N.; Schönrogge, Karsten; Atkinson, Rachel J.; Bellido, David; Pujade-Villar, Juli (janeiro de 2002). «The Population Biology of Oak Gall Wasps (Hymenoptera: Cynipidae)». Annual Review of Entomology (em inglês) (1): 633–668. ISSN 0066-4170. doi:10.1146/annurev.ento.47.091201.145247. Consultado em 13 de novembro de 2024
- ↑ Liljeblad, Johan; Ronquist, Fredrik (julho de 1998). «A phylogenetic analysis of higher‐level gall wasp relationships (Hymenoptera: Cynipidae)». Systematic Entomology (em inglês) (3): 229–252. ISSN 0307-6970. doi:10.1046/j.1365-3113.1998.00053.x. Consultado em 13 de novembro de 2024
- ↑ a b Abe, Yoshihisa; Melika, George; Stone, Graham N. (janeiro de 2007). «The diversity and phylogeography of cynipid gallwasps (Hymenoptera: Cynipidae) of the Oriental and eastern Palearctic regions, and their associated communities». Oriental Insects (em inglês) (1): 169–212. ISSN 0030-5316. doi:10.1080/00305316.2007.10417504. Consultado em 13 de novembro de 2024
- ↑ academic.oup.com. doi:10.1111/j.1558-5646.1994.tb01310.x https://academic.oup.com/evolut/article-abstract/48/2/241/6870044?redirectedFrom=fulltext. Consultado em 13 de novembro de 2024 Em falta ou vazio
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(ajuda) - ↑ Bassett, H. F. (1890). «New Species of North American Cynipidæ». Transactions of the American Entomological Society (1890-) (1): 59–92. ISSN 0002-8320. Consultado em 13 de novembro de 2024
- ↑ Pujade-Villar, J.; Equihua-Martínez, A.; Estrada-Venegas, E. G.; Chagoyán-García, C. (dezembro de 2009). «Estado del conocimiento de los Cynipini (Hymenoptera: Cynipidae) en México: perspectivas de estudio». Neotropical Entomology (em espanhol): 809–821. ISSN 1519-566X. doi:10.1590/S1519-566X2009000600015. Consultado em 13 de novembro de 2024
- ↑ Lima, A. da Costa (1938). Insetos do Brasil. Tomo 1. BR: Escola Nacional de Agronomia