Eleição presidencial no Egito em 2014
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26–28 de maio de 2014 | ||||
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Candidato | Abdul Fattah Al-Sisi | Hamdeen Sabahi | ||
Partido | Independente | EPC | ||
Votos | 23 780 104 | 757 511 | ||
Porcentagem | 96,91% | 3,09% | ||
Titular Eleito |
A eleição presidencial egípcia de 2014 ocorreu entre os dias 26 e 28 de maio. Houve apenas dois candidatos, o ex-ministro da Defesa do Egito, Abdel Fattah el-Sisi e Hamdeen Sabahi.[1] As eleições ocorreram quase um ano após os protestos de junho de 2013 que levaram el-Sisi a depor o então presidente do Egito, Mohamed Morsi.[1] As eleições, que foram planejadas para ocorrer por dois dias foram prorrogadas para um terceiro dia.[2] Os números oficiais mostraram 25.578.233 votos nas eleições, uma afluência de 47,5%, com el-Sisi vencendo com 23.780.000 votos, 96,91%[3], mais de dez milhões de votos que o ex-presidente Mohamed Morsi (que recebeu 13 milhões de votos contra seu adversário no segundo turno das eleições presidenciais egípcias de 2012).[4][5]
Antecedentes
[editar | editar código-fonte]As eleições presidenciais foram criadas após os protestos egípcios de 30 de junho de 2013, em que o presidente Mohamed Morsi foi deposto, e na sequência do referendo constitucional de janeiro de 2014. O presidente interino Adly Mansour anunciou em 26 de janeiro de 2014 que a eleição presidencial seria realizada antes da eleição parlamentar.[6] Uma comissão de cinco membros foi formada para acompanhar a eleição.[7] O prazo para apresentação de propostas relativas à lei eleitoral era 9 de fevereiro[8]. A lei das eleições presidenciais foi emitida pelo presidente em 8 de março.[9]
Conduta e controvérsias
[editar | editar código-fonte]O Partido da Aliança Socialista Popular e os socialistas revolucionários se opuseram ao uso da mídia pelo Estado para a promoção de el-Sisi como candidato. [10] O Partido da Aliança Socialista Popular também exigiu "eleições justas, transparentes, credíveis" e argumentou que permitir que a eleição se transformasse em um referendo sobre um único candidato significaria o estabelecimento de um Estado totalitário.[11] Ahmed Douma, um ativista e membro da Corrente Popular, atualmente preso por suposta violação de uma lei antiprotesto, solicitou a Hamdeen Sabahi que retirasse a sua candidatura, a menos que a lei sobre protestos fosse anulada e os prisioneiros cuja prisão é justificada por esta lei ou de outra forma associada à sua aplicação fossem libertados.[12] Sabahi e sua campanha emitiram denúncias de viés estatal, assaltos e prisões arbitrárias contra manifestantes pró-Sabahi, e destruição de documentos de endosso a candidatos.[13][14][15][16] Sabahi também acusou a campanha de Sisi de subornar os cidadãos para angariar endossos, além de ter orquestrado arranjos antecipados para a aquisição de endossos.[17] A Comissão de Eleições Presidenciais afirmou que Sabahi quebrou as regras eleitorais, ao anunciar sua campanha prematuramente e que irá investigar o assunto.[18] Em resposta a ações empreendidas pelas autoridades governamentais durante o andamento do processo de votação, Sabahi retirou seus representantes de campanha das assembleias de voto e descreveu a eleição como "um processo aparentemente não-democrático, que carece de um mínimo de liberdade de expressão".[19] A campanha de Sabahi denunciou a prisão de muitos de seus membros durante todo o curso do processo de votação.[20]
Contexto da votação
[editar | editar código-fonte]Desde a destituição do presidente Mohamed Mursi, a Irmandade Muçulmana (do qual ele foi candidato nas eleições presidenciais de 2012) está listada como uma "organização terrorista" e foi proibida. Os protestos que se seguiram foram violentamente reprimidos pelo governo[21], e centenas de condenações à morte proferidas em circunstâncias controversas contra os apoiantes da Irmandade Muçulmana.[22] Em resposta, a Irmandade Muçulmana, o principal movimento político nacional, pediu um boicote.[23][24]
Para Alain Gresh, editor da revista mensal Le Monde Diplomatique, a grande mídia egípcia transformou-se em uma forma de "propaganda" e "desinformação" em favor do golpe militar e do candidato militar para a eleição presidencial, Abdel Fattah al-Sissi[25].
Denúncias de fraude eleitoral
[editar | editar código-fonte]A votação em si foi cenário de um grande número de graves irregularidades. Devido à falta de comparecimento no primeiro dia da eleição, uma série de medidas foram tomadas pelas autoridades:
- ao segundo dia da eleição, foi declarado um feriado;[24]
- fechamento de um grande número de centros comerciais no país;
- foi solicitado ao setor privado que permitisse que os funcionários fossem votar;
- foi anunciado que, quem não votasse deveria pagar 500 libras egípcias de multa e estaria sujeito a ação penal;[24]
- foi pronunciado transporte gratuito;
- foi prorrogado o dia da votação[24], em contradição com o artigo 10 da lei sobre a eleição presidencial, que exige a publicação com antecedência dessa decisão no órgão oficial.[23]
Apesar destas medidas ilegais, a taxa de participação foi inferior a 50%.[24]
Resultados eleitorais
[editar | editar código-fonte]Candidatos | Partidos | Votos[26] | %[26] | |
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Abdel Fatah al-Sisi | Independente | 23 780 114 | 96,91 / 100,00 | |
Hamdeen Sabahi | Corrente Popular Egípcia | 757 511 | 3,09 / 100,00 | |
Votos Válidos | 24 537 625 | 95,93 / 100,00 | ||
Votos Inválidos | 1 040 608 | 4,07 / 100,00 | ||
Total de votos | 25 578 233 | 100,00 / 100,00 | ||
Eleitorado apto a votar | 53 848 890 | 47,50 / 100,00 |
Referências
- ↑ a b «Sisi, Sabahi to face off for Egyptian presidency». Asharq Al-Awsat. 21 de abril de 2014
- ↑ «Egypt: El-Sissi wins election by landslide». The Monitor. 29 de maio de 2014
- ↑ «El-Sisi wins Egypt's presidential race with 96.91%». English.Ahram.org. Ahram Online
- ↑ «Egypt's Sisi set for landslide win in presidential vote». France24. 29 de maio de 2014
- ↑ «El-Sisi faces factious agenda after landslide victory». Ahram Online. 31 de maio de 2014
- ↑ «Egypt to hold presidential polls first: Interim president». Ahram Online. 26 de janeiro de 2014
- ↑ «Egypt's newly-approved constitution to be followed by tackling key political laws». Ahram Online. 19 de janeiro de 2014
- ↑ «Deadline for proposals on presidential elections draft law Sunday». Cairo Post. 9 de fevereiro de 2014
- ↑ «President issues presidential elections law». Cairo Post. 8 de março de 2014
- ↑ «Egypt's Socialist Popular Alliance demands dismissal of interior minister». Ahram Online. 27 de janeiro de 2014
- ↑ «Socialist Popular Alliance backs Egypt's Sabahi, hopes for fair elections». Ahram Online. 26 de abril de 2014
- ↑ «Jailed activist Douma calls on Sabahi to withdraw from presidential race». Ahram Online. 9 de abril de 2014
- ↑ «Policemen assaults member of Sabbahi's campaign for carrying endorsements». The Cairo Post. 14 de abril de 2014
- ↑ «Sabahi's campaign says Egypt's government refused complaint of bias». Ahram Online. 15 de abril de 2014
- ↑ «Sabahy presidential campaign members assaulted, arrested». Daily News Egypt. 2 de abril de 2014
- ↑ «Sisi and Sabbahi campaigns collect signatures and report violations». Mada Masr. 1 de abril de 2014
- ↑ «Sabbahi says Sisi's campaign bribes endorsers». Egypt Independent. 21 de abril de 2014
- ↑ «Terrorism, justice on top of Sabahi's electoral programme». Ahram Online. 30 de abril de 2014
- ↑ «Sabahi remains in Egypt's presidential race despite 'widespread violations': Campaign». Ahram Online. 28 de maio de 2014
- ↑ «Sabbahi's campaign denounces arrest of 10 members». Egypt Independent. 28 de maio de 2014
- ↑ Marion Guénard En Egypte, l'élection programmée du maréchal Sissi sur fond de répression Le Monde, 26 de maio de 2014
- ↑ Marion Guénard En Egypte, on ne badine pas avec l'image du candidat Sissi, Le Monde, 2 de abril de 2014
- ↑ a b Alain Gresh Egypte, le premier échec du « maréchal » Sissi Nouvelles d'Orient, Les blogs du diplo, 29 de maio de 2014
- ↑ a b c d e «Al Sisi arrasa com 93% dos votos, mas não consegue mobilizar os egípcios». El País. 29 de maio de 2014
- ↑ Alain Gresh Egypte, élection présidentielle et désinformation Nouvelles d'Orient, Les blogs du diplo, 25 de maio de 2014
- ↑ a b «El-Sisi wins Egypt's presidential race with 96.91% - Politics - Egypt». Ahram Online (em inglês). Consultado em 16 de junho de 2020