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Etilfenidato

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Etilfenidato
Alerta sobre risco à saúde
Nome IUPAC (RS)-Ethyl 2-phenyl-2-piperidin-2-ylacetate
Identificadores
Número CAS 57413-43-1
PubChem 3080846
ChemSpider 2338571
SMILES
Propriedades
Fórmula química C15H21NO2
Massa molar 247.32 g mol-1
Farmacologia
Via(s) de administração Oral
Metabolismo Hepático
Página de dados suplementares
Estrutura e propriedades n, εr, etc.
Dados termodinâmicos Phase behaviour
Solid, liquid, gas
Dados espectrais UV, IV, RMN, EM
Exceto onde denotado, os dados referem-se a
materiais sob condições normais de temperatura e pressão

Referências e avisos gerais sobre esta caixa.
Alerta sobre risco à saúde.

Etilfenidato (EPH) é uma droga psicoestimulante e um análogo próximo do metilfenidato.

Mecanismo de ação

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O etilfenidato atua tanto como um inibidor da recaptação de dopamina quanto como um inibidor da recaptação de noradrenalina, o que explica seu potencial em aumentar os níveis dos neurotransmissores noradrenalina e dopamina no cérebro, ligando-se e bloqueando parcialmente as proteínas transportadoras que atuam removendo essas monoaminas da fenda sináptica do cérebro.[1]

No entanto, considerando as semelhanças entre o etilfenidato e o metilfenidato, e o fato de que metilfenidato, assim como a cocaína, não atuar de fato como um inibidor de recaptação clássico, mas predominantemente como um agonista inverso no transportador de dopamina (DAT), é provável que o etilfenidato também atue como um agonista inverso ou, por outro lado, que exerça secundariamente o mecanismo de ação de um inibidor de recaptação clássico (antagonista competitivo).[2]

Farmacocinética

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O etilfenidato é metabolizado em metilfenidato e ácido ritalínico.[3]

Pequenas quantidades de etilfenidato podem ser formadas in vivo, via transesterificação hepática, quando bebidas alcoólicas e metilfenidato são ingeridos em conjunto.[4] A formação de etilfenidato parece ser mais comum quando grandes quantidades de metilfenidato e álcool são consumidas ao mesmo tempo.[5] No entanto, o processo de transesterificação do metilfenidato em etilfenidato, de acordo com testes em fígados de ratos, foi dominante no enantiômero inativo, embora tenha demonstrado uma concentração plasmática máxima prolongada e aumentada do enantiômero ativo do metilfenidato.[6] Ainda, apenas uma pequena porcentagem do metilfenidato consumido é convertido em etilfenidato no organismo.

Este processo de transesterificação, que depende da enzima carboxilesterase, também ocorre quando a cocaína e o álcool são consumidos simultaneamente, formando o composto cocaetileno.[7]

Farmacodinâmica

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Todos os dados disponíveis sobre a farmacocinética do etilfenidato foram extraídos de estudos realizados em roedores. O etilfenidato é mais seletivo para o transportador de dopamina (DAT) do que o metilfenidato, mas possui aproximadamente a mesma eficácia que o composto original,[6] mas com atividade consideravelmente menor no transportador de noradrenalina (NET).[8] O perfil farmacodinâmico dopaminérgico, que é quase idêntico ao do metilfenidato, é o principal responsável pelos efeitos eufóricos e estimulantes do etilfenidato.[9]

Ligação proteica

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A tabela a seguir mostra o perfil de ligação do etilfenidato nas proteínas plasmáticas de ratos, em comparação ao perfil do metilfenidato:[8]

Composto Ligação DAT Ligação NET Captação DA Captação NE
d-metilfenidato 139 408 28 46
d-etilfenidato 276 2479 24 247
dl-metilfenidato 105 1560 24 31
dl-etilfenidato 382 4824 82 408

Referências

  1. Patrick, Kennerly S.; Williard, Robin L.; VanWert, Adam L.; Dowd, Justin J.; Oatis,, John E.; Middaugh, Lawrence D. (abril de 2005). «Synthesis and Pharmacology of Ethylphenidate Enantiomers: The Human Transesterification Metabolite of Methylphenidate and Ethanol». Journal of Medicinal Chemistry (em inglês) (8): 2876–2881. ISSN 0022-2623. doi:10.1021/jm0490989. Consultado em 19 de dezembro de 2020 
  2. Heal DJ, Gosden J, Smith SL (dezembro de 2014). «Dopamine reuptake transporter (DAT) "inverse agonism"--a novel hypothesis to explain the enigmatic pharmacology of cocaine». Neuropharmacology. 87: 19–40. PMID 24953830. doi:10.1016/j.neuropharm.2014.06.012. Experimentos in vivo em animais demonstram que a farmacologia monoaminérgica da cocaína é profundamente diferente daquelas vistas em outros inibidores de recaptação de monoamina prescritos, com exceção do metilfenidato. Essas descobertas nos levaram a concluir que o perfil estimulante altamente incomum da cocaína e compostos relacionados, por exemplo, metilfenidato, não é mediado apenas pela inibição da recaptação da monoamina. Descrevemos os resultados experimentais que sugerem que a cocaína serve como um modulador alostérico negativo para alterar a função do transportador de recaptação de dopamina (DAT) e reverter sua direção de transporte. Isso resulta em um retro-transporte de dopamina para a fenda sináptica. [...] Como o papel fisiológico do DAT é remover a dopamina da fenda sináptica e a ação da cocaína é o oposto disso, postulamos que o efeito da cocaína é análogo a um agonista inverso. 
  3. Negreira N, Erratico C, van Nuijs AL, Covaci A (janeiro de 2016). «Identification of in vitro metabolites of ethylphenidate by liquid chromatography coupled to quadrupole time-of-flight mass spectrometry». Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis. 117: 474–84. PMID 26454340. doi:10.1016/j.jpba.2015.09.029 
  4. Markowitz JS, DeVane CL, Boulton DW, Nahas Z, Risch SC, Diamond F, Patrick KS (junho de 2000). «Ethylphenidate formation in human subjects after the administration of a single dose of methylphenidate and ethanol». Drug Metabolism and Disposition. 28: 620–4. PMID 10820132 
  5. Markowitz JS, Logan BK, Diamond F, Patrick KS (agosto de 1999). «Detection of the novel metabolite ethylphenidate after methylphenidate overdose with alcohol coingestion». Journal of Clinical Psychopharmacology. 19: 362–6. PMID 10440465. doi:10.1097/00004714-199908000-00013 
  6. a b Patrick KS, Williard RL, VanWert AL, Dowd JJ, Oatis JE, Middaugh LD (abril de 2005). «Synthesis and pharmacology of ethylphenidate enantiomers: the human transesterification metabolite of methylphenidate and ethanol». Journal of Medicinal Chemistry. 48: 2876–81. PMID 15828826. doi:10.1021/jm0490989 
  7. Bourland JA, Martin DK, Mayersohn M (dezembro de 1997). «Carboxylesterase-mediated transesterification of meperidine (Demerol) and methylphenidate (Ritalin) in the presence of [2H6]ethanol: preliminary in vitro findings using a rat liver preparation». Journal of Pharmaceutical Sciences. 86: 1494–6. PMID 9423167. doi:10.1021/js970072x 
  8. a b Williard RL, Middaugh LD, Zhu HJ, Patrick KS (fevereiro de 2007). «Methylphenidate and its ethanol transesterification metabolite ethylphenidate: brain disposition, monoamine transporters and motor activity». Behavioural Pharmacology. 18: 39–51. PMID 17218796. doi:10.1097/FBP.0b013e3280143226 
  9. Jatlow P, Elsworth JD, Bradberry CW, Winger G, Taylor JR, Russell R, Roth RH (1991). «Cocaethylene: a neuropharmacologically active metabolite associated with concurrent cocaine-ethanol ingestion» (PDF). Life Sciences. 48: 1787–94. PMID 2020260. doi:10.1016/0024-3205(91)90217-Y