Furacão Felix
Furacão Felix | |
O furacão Felix aproximando-se da América Central | |
História meteorológica | |
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Formação | 31 de agosto de 2007 |
Dissipação | 5 de setembro de 2007 |
Furacão categoria 5 | |
1-minuto sustentado (SSHWS/NWS) | |
Ventos mais fortes | 175 mph (280 km/h) |
Pressão mais baixa | 929 mbar (hPa); 27.43 inHg |
Efeitos gerais | |
Fatalidades | 130 mortes diretas, 3 indiretas |
Danos | $50.3 milhão (2007 USD) |
Áreas afetadas | Barbados, São Vicente e Granadinas, Granada, Trinidad e Tobago, Bonaire, Curaçao, Venezuela, Nicarágua, Honduras, Guatemala, El Salvador, Belize e México |
IBTrACS | |
Parte da Temporada de furacões no oceano Atlântico de 2007 |
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O furacão Felix foi a sexta tempestade nomeada, o segundo furacão e o segundo furacão de categoria 5 na escala de furacões de Saffir-Simpson da temporada de furacões no Atlântico de 2007. Felix formou-se a partir de uma onda tropical em 31 de agosto de 2007. Em 1º de setembro, ele passou sobre a parte sul das Pequenas Antilhas antes de fortalecer para um furacão. Um dia depois, em 2 de setembro, Felix rapidamente se fortaleceu para um grande furacão e na madrugada de 3 de setembro, Felix já era considerado um furacão de categoria 5. No mesmo dia, o furacão enfraqueceu-se para a categoria 3, devido a um ciclo de reposição da parede do olho, mas às 10:40 UTC do dia seguinte ele se fortaleceu novamente pouco antes de atingir a costa nordeste da Nicarágua, perto da fronteira com Honduras, numa região conhecida historicamente como Costa dos Mosquitos. No mínimo 133 fatalidades foram atribuídas a Felix. Quanto aos ventos, Felix foi o sistema mais forte, juntamente com o furacão Dean, registrado na temporada de 2007, com ventos constantes de 280 km/h com rajadas de 330 km/h.[1]
História meteorológica
[editar | editar código-fonte]Uma onda tropical deixou a costa ocidental da África em 24 de agosto, seguindo para oeste a aproximadamente 23 km/h. Mas esta onda não tinha uma convecção de ar associada e apresentava uma curvatura em forma de "V" invertida mal definida.[2] Inicialmente, não era fácil para localizar esta onda por meio de imagens de satélite;[3] o eixo da onda movia-se por um ambiente muito úmido[4] e desenvolveu uma área de tempestades dispersas. Em 25 de agosto, imagens de satélite no canal visível indicaram uma grande área ciclônica logo ao norte da Zona de convergência intertropical.[5] A onda continuou a desenvolver convecção de ar moderada a forte e em 27 de agosto, uma área de baixa pressão a cerca de 1.340 km a oeste-sudoeste de Praia, Cabo Verde.[6] Nos dias seguintes, o sistema não se desenvolveu significativamente.[7] Entretanto, em 30 de agosto, a onda ficou mais bem definida com uma maior representação da área ciclônica dentro da área de baixa pressão[8] A convecção aumentou na madrugada do dia seguinte[9] e um avião caçador de furacões sobrevoou o sistema e reportou a presença de uma circulação de ar de superfície completa. Conseqüentemente, o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC) iniciou a emissão de avisos sobre a depressão tropical seis às 21:00 UTC de 31 de agosto, enquanto o sistema estava localizado a cerca de 295 km a leste-sudoeste da parte sul das Pequenas Antilhas[10]
Depois de se tornar um ciclone tropical, a depressão estava localizada ao sul de uma forte crista, o que resultava num movimento para oeste. O sistema mantinha bandas de chuvas ciclônicas com correntes de ar em fortalecimento; o ambiente estava favorável para o seu desenvolvimento: não havia praticamente ventos de cisalhamento e a temperatura da superfície do mar estava suficientemente quente para que a depressão fortalece-se ainda mais.[10] A sua convecção profunda associada consolidou-se perto de seu núcleo e pouco depois de passar sobre a ilha de Granada, a depressão se fortaleceu para tempestade tropical Felix por volta das 09:00 UTC de 1º de setembro.[11] Felix rapidamente se desenvolveu assim que um núcleo interno de bandas de chuvas com fortes ventos se desenvolvia em volta de seu centro.[12] No final do mesmo dia, um olho foi observado em imagens de satélite.[13] Baseado em relatos de aviões caçadores de furacões, o Centro Nacional de Furacões estimou que Felix tornou-se um furacão na madrugada de 2 de setembro, enquanto estava localizado a cerca de 250 a leste-nordeste de Bonaire.[14]
Seguindo numa região de condições extremamente favoráveis para seu desenvolvimento, com quase nenhum vento de cisalhamento e águas quentes, o furacão Felix rapidamente desenvolveu um olho bem definido, um padrão de nuvens bastante simétrico e fortes correntes de ar de altos níveis.[15] Felix foi classificado como um grande furacão (categoria 3 ou mais) por volta das 18:00 UTC de 2 de setembro enquanto estava localizado a cerca de 790 km a sudeste de Kingston, Jamaica.[16] A rápida intensificação continuou e no final daquele dia Felix alcançou a força de um furacão de categoria 4 na escala de furacões de Saffir-Simpson, com a pressão atmosférica central caindo para 957 mbar. Isto corresponde a uma queda da pressão atmosférica equivalente a 3,4 mbar por hora, o que o NHC descreveu como sendo uma das maiores taxas de queda de pressão já registrada em toda a história. Um avião caçador de furacões reportou que o olho apresentava um "efeito estádio". O avião também reportou que o diâmetro do olho era de 22 km.[17] Voos de aviões caçadores de furacões posteriores registraram ventos de 280 km/h na altitude onde eles estavam; na superfície foram registrados ventos de 263 km/h, principalmente do quadrante sudoeste da parede do olho. Ventos de 306 km/h foram registrados no quadrante nordeste, mas o Centro Nacional de Furacões disse que esta medida é exagerada, devido à contaminação de cristais de gelo nas nuvens. Baseado em observações, foi estimado que Felix tenha alcançado o pico de intensidade, com ventos constantes de 265 km/h por volta de 00:00 UTC de 3 de setembro, enquanto estava localizado a cerca de 625 km a sudeste de Kingston, Jamaica, fazendo de Felix um furacão de categoria 5 na escala de furacões de Saffir-Simpson Um avião caçador de furacões teve que abortar sua missão devido às fortes turbulências causadas por Felix.[18]
Felix continuava a seguir rapidamente para oeste. O olho do furacão retraiu; seu diâmetro diminuiu para 19 km. O Centro Nacional de Furacões estimou que a pressão atmosférica mínima do sistema foi 929 mbar nove horas depois do furacão ter alcançado a força de um furacão de categoria 5. Inicialmente, foi previsto que Felix iria seguir para oeste-noroeste, atingindo Belize antes de cruzar a Península de Iucatã.[19] Entretanto, o furacão manteve o seu movimento original para oeste. Logo depois, os topos das nuvens perto do olho ficaram mais quentes assim que o próprio olho ficou menos distinto.[20] Às 18:00 UTC do mesmo dia, Felix enfraqueceu-se para um furacão de categoria 3, com ventos constantes de 215 km/h..[1] Em 4 de setembro, Felix completou o seu ciclo de substituição da parede do olho e começou a se fortalecer novamente durante o dia.[21] Felix foi classificado como um furacão de categoria 5 pela segunda vez às 10:40 UTC[22] e logo depois atingiu a costa do extremo nordeste da Nicarágua, com ventos de 260 km/h.[23] Nove horas depois de ter atingido a costa, Felix ainda mantinha um padrão de nuvens bem organizado e intensas bandas de tempestade, embora os ventos já tivessem diminuído rapidamente.[24] Na madrugada de 5 de setembro, Felix enfraqueceu-se para uma tempestade tropical assim que a circulação de ar de altos níveis separou-se da circulação de ar de superfície.[25] O sistema deteriorou-se para uma depressão tropical assim que cruzou o sul de Honduras e às 09:00 UTC, o Centro Nacional de Furacões emitiu o último aviso sobre Felix assim que ele começou a se degenerar para uma área de baixa pressão remanescente.[26] A área de baixa pressão remanescente então seguiu para Honduras e Guatemala e emergiu no Golfo de Honduras. Sobre o mar, esta área de baixa pressão não se regenerou e logo em seguida atingiu Belize e seguiu pelo sul do México. No entanto, áreas de tempestades e trovoadas que estavam associadas com está área de baixa pressão alcançaram o Oceano Pacífico.[1]
Preparativos
[editar | editar código-fonte]Depois de Felix ter se tornado um ciclone tropical, um aviso de tempestade tropical foi emitido para São Vicente e Granadinas, Tobago e Granada e suas dependências; um alerta de tempestade tropical também foi emitido para a costa nordeste da Venezuela, entre Cumaná e Perdenales, incluindo a Ilha Margarita, assim como Aruba, Bonaire e Curaçao.[27] A Agência Nacional de Gerenciamento de Emergências de Tobago foi totalmente ativada, sendo que 79 abrigos abriram na ilha.[28] Coincidindo com a classificação de Felix para tempestade tropical, o alerta para as ilhas de Aruba, Bonaire e Curaçao foi substituída por um aviso de tempestade tropical.[29] Um alerta de furacão foi adicionada nas ilhas na madrugada de 2 de setembro,[30] onde vários turistas tentaram deixar as ilhas por avião antes da chegada da tempestade.[31] Na madrugada de 2 de setembro, o governo da Jamaica emitiu um alerta de tempestade tropical para a ilha,[14] que foi cancelado assim que o furacão passou longe, ao sul. No final de 2 de setembro, um alerta de tempestade tropical foi emitido para Grande Caimão,[32] e no dia seguinte, um aviso de tempestade tropical foi posto em prática para a Ilha de Providencia.[33] Um alerta de furacão foi emitido para a costa caribenha de Guatemala e para toda a costa de Belize às 12:00 UTC de 3 de setembro.[34]
Às 03:00 UTC de 3 de setembro, o governo de Honduras emitiu um alerta de furacão entre El Limón e a fronteira com a Nicarágua,[35] que foi substituída por um alerta de furacão seis horas depois. Ao mesmo tempo, um alerta de furacão foi estendida para oeste, até a fronteira com a Guatemala.[36] Na madrugada de 4 de setembro, um aviso de tempestade tropical foi posto em prática para a mesma região.[37] As autoridades ordenaram a retirada de cidadãos em áreas baixas perto da costa; por volta do meio-dia de 3 de setembro, cerca de 300 turistas saíram do departamento de Ilhas da Bahia, sendo que mais 400 estavam preparados para deixar a região por avião.[38] Aproximadamente 2.000 pessoas foram retiradas de áreas costeiras.[39] No momento em que o furacão atingia a costa nordeste da Nicarágua, cerca de 20.000 pessoas em Honduras saíram para áreas seguras.[40]
Às 15:00 UTC de 3 de setembro, cerca de 21 horas antes do furacão atingir a costa, o governo da Nicarágua emitiu um aviso de furacão entre Puerto Cabezas e a fronteira com Honduras.[41] Cerca de 12 horas antes do furacão atingir a costa, um alerta de tempestade tropical foi emitido para a costa entre Puerto Cabezas e Prinzapolka.[37] Antes da chegada do furacão, as autoridades enviaram cerca de 63 toneladas de alimentos e suprimentos de emergência para perto de onde o olho de Felix iria atingir.[42]
Impactos
[editar | editar código-fonte]Ilhas Caribenhas
[editar | editar código-fonte]Por volta do meio-dia UTC de 1º de setembro, uma rajada de vento de 74 km/h foi registrada em Barbados e ao mesmo tempo outra rajada de vento de 71 km/h foi registrada em São Vicente[43] A tempestade produziu chuvas fortes sobre a porção meridional das Pequenas Antilhas. Em Trinidad, a chuva forte causou deslizamentos de terra e transbordou rios que destruíram algumas pontes; ventos moderados a fortes destruíram várias construções sobre a ilha. Os danos na vizinha Tobago ficou concentrada na porção norte da ilha. onde vários deslizamentos de terra foram causados pela chuva forte.[44] Os danos em Tobago foram calculados em $250.000 dólares de Trinidad e Tobago (cerca de $40.000 dólares).[45] Felix produziu rajadas de vento em Granada, que derrubaram postes de transmissão de energia elétrica e destelharam completamente duas casas. Correntes de âncoras de embarcações quebraram com a ressaca.[31] Em Santa Lúcia, os ventos causaram o desabamento de um estabelecimento, que também destruíram 12 veículos.[44]
Em Aruba, Bonaire e Curaçao, a passagem do furacão resultou em rajadas de ventos e chuva forte. Entretanto, houve poucos danos em Bonaire. Em Curaçao, casas foram totalmente encobertas pela enchente. Em Aruba, os ventos danificaram uma casa e deixou brevemente uma vila ao norte da ilha sem eletricidade.[39] O furacão Felix produziu fortes ventos e ondas de até 3 m ao longo da costa norte da Venezuela, que deixou uma pessoa desaparecida em Puerto Cabello.[46]
América Central
[editar | editar código-fonte]Os primeiros relatos sugerem danos severos em Honduras e Nicarágua depois de Felix ter atingido a costa como um furacão de categoria 5. Em Puerto Cabezas, Nicarágua, praticamente toda construção teve pelo menos seu telhado danificado, e vários destes foram completamente destruídos.[47] Ao longo da Costa dos Mosquitos, foram registradas enchentes e deslizamentos de terra, destruindo muitas residências (a maioria casas humildes) e bloqueando rodovias. O governo da Nicarágua declarou a costa caribenha setentrional como área de desastre.[48] As Ilhotas de Miskito, localizadas cerca de 70 km de Bilwi, Nicarágua, na costa caribenha setentrional do país, foi a área mais atingida. o furacão Felix ainda não tinha atingido a costa, mas passou sobre as ilhotas com força máxima. Os ventos do furacão, que passavam dos 260 km/h, destruíram as ilhotas completamente. As únicas construções que continuaram firmes após a passagem do furacão foram os pilares que sustentavam as casas.[49]
No mínimo 133 mortes foram registradas após a passagem do furacão, sendo que 130 destes foram na Nicarágua.[50] Embora não haja detalhes suficientes a respeito, eles incluem no mínimo 25 pescadores miskitos que foram mortos enquanto estavam no mar; um afogamento, depois que uma árvore caiu sobre seu barco e uma morte indireta causada por complicações médicas após o nascimento.[48] Três mortes foram registradas em Honduras, um das quais foi causada por um acidente com veículo motorizado causado pela chuva forte e pelos deslizamentos de terra.[47] Os outros dois foram mortos pela enchente na capital Tegucigalpa.[51] Entretanto, centenas de outros estão desaparecidos (a maioria no mar), e ficou deficil de se comunicar com algumas localidades, impossível às vezes. Alguns sobreviventes foram achados na Costa dos Mosquitos que inicialmente eram considerados desaparecidos.[52]
De acordo com informações oficiais, no mínimo 40.000 pessoas foram afetadas e 9.000 casas foram destruídas, a maioria delas na cidade de Bilwi, Nicarágua (Puerto Cabezas), onde um "estado de desastre" tinha sido decretado pelo governo. Uma total falta de suprimentos e serviços foram relatados na área. A resposta foi quase imediata: Ajuda da Venezuela, Cuba, Estados Unidos e Honduras foram recebidos e muitas organizações, como a Cruz Vermelha da Nicarágua, a mídia e universidades organizaram coletas em todo o país. O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, visitou Bilwi no dia seguinte à catástrofe e prometeu a reconstrução de casas das pessoas afetadas.[47][53] Os danos na Nicarágua totalizaram $869,3 milhões de Córdobas ($46,7 milhões de dólares).[54]
Enchentes também fora registradas em Honduras, particularmente perto de Tegucigalpa e nas regiões no noroeste do país onde os rios Ulua e Chamelecon transbordaram e inundaram áreas de lavoura. Enchentes costeiras também ocorreram na cidade de Izabal, Guatemala, onde 850 pessoas tiveram que ser retiradas.[51] Os danos na agricultura em Honduras chegaram a 68,28 milhões de Lempiras ($3,64 milhões de dólares)
Conseqüências
[editar | editar código-fonte]Após a passagem de Felix, mais de 160.000 pessoas foram afetadas assim que muitas comunidades tiveram que ser abandonadas devido a tempestade. Um apelo foi dado pelas Nações Unidas para mais de $48 milhões de dólares para ajudas de emergência para as áreas duramente afetadas, principalmente para Nicarágua.[55] O governo federal dos Estados Unidos entregou mais de $1,17 milhões de dólares em assistência[56] e a União Europeia respondeu com uma doação de 1 milhão de euros.[57]
Retirada do nome
[editar | editar código-fonte]O nome Felix foi retirado oficialmente pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) em 13 de Maio de 2008 durante a sua reunião anual em Orlando, Flórida. O nome Felix foi substituído por Fernand na lista V da lista oficial de nomes de furacões atlânticos. Sendo assim, Fernand será usado pela primeira vez na temporada de furacões no Atlântico de 2013.[58]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Temporada de furacões no oceano Atlântico de 2007
- Temporada de furacões no Pacífico de 2007
- Temporada de tufões no Pacífico de 2007
- Ciclone tropical
- Nicarágua
Referências
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