Hinos do Equador
Hinos do Equador[nota 1] é o título do livro do poeta brasileiro Castro Alves, publicado postumamente com versos reunidos por Afrânio Peixoto em "Obras Completas de Castro Alves", de 1921.
Hinos do Equador como coletânea
[editar | editar código-fonte]Segundo Manuel Bandeira o poeta "deixou ainda outras poesias avulsas que era sua intenção reunir em outro livro intitulado Hinos do Equador" que se seguiriam a Espumas Flutuantes publicado em vida em 1870 e a Os Escravos (também póstumo) do qual deveria fazer parte o poema A Cachoeira de Paulo Afonso, como arremate e que também foi publicado após sua morte.[1]
Afrânio Peixoto, na edição das "Obras Completas de Castro Alves", registrou que o poeta "destinava este título - Hinos do Equador - ao seu segundo volume de cantos esparsos, se tivesse vida para o publicar", muitos dos quais haviam sidos por ele excluídos de Espumas Flutuantes, ao quais se juntariam composições realizadas após a publicação desta obra.[2]
Peixoto aventa, ainda, que talvez o caráter exigente do poeta faria fossem excluídos muitos dos versos que ele reunira sob esse título - mas que "a nós seria impiedade fazê-lo" e pede que se considere "a data temporã, da adolescência, em que tantas foram compostas" que "armará à indulgência do leitor e ao crítico dará elementos de apreciação sobre o desenvolvimento do maior de nossos poetas"; para referendar o que disse, Peixoto diz que o próprio Castro Alves deixara ao lado do manuscrito do poema "Humaitá" a recomendação: "não se publica" - mas que estes versos ele "improvisara, sob aplausos, da sacada de um diário carioca, em dia de entusiasmo popular"; se não se justificaria sua publicação pela qualidade literária, tal desculpa não se poderia dar, quando se fazia uma edição das obras completas.[2] Arremata Peixoto que neste livro se encontrará desde o jovem poeta, ainda menino, até o final "da invalidez, da enfermidade, na sua lenta agonia de sol, grande, mas já sem calor".[2]
Na coletânea feita por Afrânio Peixoto este dividiu esta obra com vários poemas sob o título de "Juvenília", do qual a última poesia - "A Atriz Eugênia Câmara", até então inédita, fora obtido "pelo Dr. José Mário da Silva Freire, que recolheu de uma publicação ora perdida".[2] Já a edição organizada por Bandeira Duarte em 1940, o último deles é o de título "Gesso e Bronze".[3]
Lista de poemas
[editar | editar código-fonte]Variando conforme a edição, estes são os poemas publicados nas edições da "Obras Completas de Castro Alves" por Afrânio Peixoto (assinaladas na coluna "OCCA"),[2] e as contidas em "Espumas Flutuantes e Hinos do Equador" (assinaladas na coluna "EFHE"),[3] ambas com ordem distinta de distribuição das poesias.
Com seus títulos atualizados ortograficamente, a lista contém o local e a data da composição, quando estas foram adicionadas pelo poeta.
Título | OCCA | EFHE | Local | Data | Observações |
---|---|---|---|---|---|
Destruição de Jerusalém | X | X* | Recife | 1862 | *Bandeira Duarte a transcreve em "Juvenília". |
Pesadelo | X | X* | Recife | 1863 (maio) | *Bandeira Duarte a transcreve em "Juvenília". |
Meu Segredo | X | X | Recife | 1863 (junho) | |
Cansaço | X | X* | Recife | 1863 (7 de outubro) | *Bandeira Duarte a transcreve em "Juvenília". |
Noite de Amor | X | X* | Salvador | 1863 | *Bandeira Duarte a transcreve em "Juvenília". |
Fragmento | X | X* | — | — | *Bandeira Duarte a transcreve em "Juvenília". |
Aos Estudantes Voluntários | X | X | Recife | 1865 | Declamado no Teatro Santa Isabel |
Capricho | X | X* | Recife | 1863 | *Bandeira Duarte a transcreve em "Juvenília". |
Exortação | X | X* | — | 1863 | Título original inexistente, atribuído por A. Peixoto. *Bandeira Duarte a transcreve em "Juvenília". |
Martírio | X | X* | — | 1863 | Título original inexistente, atribuído por A. Peixoto. *Bandeira Duarte a transcreve em "Juvenília". |
Não Sabes | X | X* | Bahia | 1863 (11 de novembro) | *Bandeira Duarte a transcreve em "Juvenília". |
Pensamento de Amor | X | X | Bahia | 1863 | Este poema, com outros títulos, foi publicado em edições distintas da obra do poeta. |
A Eugênia Câmara | X | X | Recife | 1866 | |
Sonho da Boemia Dama Negra |
X | X | Recife | 1866 | Publicada em "Poesias" (Salvador, 1913) como "Sonho". "Dama Negra" = Eugênia Câmara |
Horas de Martírio Dama Negra |
X | X | Recife | 1866 (julho) | "Dama Negra" = Eugênia Câmara; escrito no "Convento de S. Francisco" |
Amar e Ser Amado | X | X | — | — | |
Amemos! Dama Negra |
X | X | Recife | 1866 (julho) | "Dama Negra" = Eugênia Câmara |
Tríplice Diadema | X | X | Recife | 1866 (agosto) | Com alteração nas estrofes, foi publicado em 1913. |
Fatalidade Dama Negra |
X | X | Recife | 1866 (outubro) | "Dama Negra" = Eugênia Câmara; publicada em 1870, em S. Paulo. |
Poeta | X | X | Rio de Janeiro | 1868 (fevereiro) | |
Pesadelo de Humaitá | X | X | Rio de Janeiro | 1868 (março) | Recitado à sacada do Diário do Rio de Janeiro, neste publicado na edição de 5 de março. |
Elegia | X | — | — | Tradução de poema de Alphonse de Lamartine | |
Penso em Ti | X | X | — | — | A. Peixoto supõe ter sido composta em São Paulo, 1868 |
Palavras de um Conservador A Propósito de um Perturbador |
X | São Paulo | 1868 (1 de agosto) | Os versos são paráfrase de poema de Victor Hugo | |
A Olímpio | X | São Paulo | 1868 (agosto) | Tradução de versos de Victor Hugo | |
A Balada do Desesperado | X | São Paulo | 1868 | Tradução de versos de Henri Murger | |
Pássaro Viajante | X | — | — | Tradução de poema de Guillermo Blest Gana | |
O Junco e o Cipreste | X | — | — | Tradução de poema de Guillermo Blest Gana | |
Adeus | X | X | Rio de Janeiro | 1869 (17 de novembro) | Poema inspirado em Eugênia Câmara, que também em versos escreveu uma resposta. |
Horas de Saudade | X | X | — | 1870 (2 de abril) | Com variantes, foi publicada no livro "Raios Sem Luz" do irmão do poeta, Guilherme, como sendo dele. |
A Capela do Almeida | X | X | Conceição do Almeida | 1870 | Oferecido ao capitão José Leandro Gesteira, daquela então vila baiana. |
Numa Página | X | X | Curralinho | 1870 | Estrofe contida num caderno, título atribuído por A. Peixoto |
A D. Joanna | X | X | Curralinho | 1870 (22 de abril) | Dedicado a Joanna de Castro Tanajura |
Fé, Esperança e Caridade | X | X | Curralinho | 1870 (20 de junho) | |
Madri | X | Santa Isabel | 1870 (27 de julho) | Tradução livre de Alfred de Musset | |
Veneza | X | Santa Isabel | 1870 (27 de julho) | Tradução livre de Alfred de Musset | |
Chanson | X | Santa Isabel | 1870 (11 de agosto) | Tradução livre de Alfred de Musset | |
Se Eu Te Dissesse | X | X | Santa Isabel | 1870 (15 de agosto) | |
Otávio | X | Santa Isabel | 1870 (30 de agosto) | Tradução de Alfred de Musset | |
Depois da Leitura de um Poema | X | X | Bahia | 1870 (2 de outubro) | Dedicado ao dr. Luís Álvares dos Santos, em sessão literária. |
A Cestinha de Costura | X | X | Salvador | 1870 (outubro) | Dedicado a Brasília de Souza Vieira (m. 1927) |
Deusa Incruenta | X | X | Salvador | 1870 (11 de outubro) | Recitada no Teatro São João no dia seguinte à composição por amigo do poeta, que já não tinha mais forças para fazê-lo. |
Epitáfio | X | X | — | 1870 (15 de novembro) | Estrofe feita sob encomenda. |
Menina e Moça | X | X | Salvador | 1870 (19 de novembro) | |
A Violeta | X | X | — | — (23 de janeiro) | Versos possivelmente dedicados a Agnese Trinei Murri |
Canção de Gounod | X | X | Salvador | 1871 | Sua irmã aditou uma nota: "a D. Agnese Murri, imitação de Victor Hugo, para ela cantar" |
No Meeting du Comité du Pain | X | X | — | 1871 (9 de fevereiro) | Versos dedicados à colheita de fundos para as vítimas da Guerra Franco-Prussiana; foi traduzido para o francês pelo Conde A. Varin d'Ainvelle, em 1919. |
Diabo Mundo | X | Salvador | 1871 (20 de fevereiro) | Tradução de versos de José de Espronceda | |
Durante um Temporal | X | X | — | 1871 (2 de março) | Poema com três versões conhecidas; dedicado a Agnese Murri. |
Consuelo | X | X | Salvador | 1871 (20 de março) | Dedicado a Agnese Murri |
Versos para Música | X | X | — | 1871 (10 de abril) | Dedicado a Agnese Murri |
No Camarote | X | X | — | 1871 (14 de abril) | Possivelmente a Agnese Murri |
A Um Coração | X | X | — | 1871 (maio) | Possivelmente a Agnese Murri |
Noite de Maio | X | X | — | 1871 (7 de maio) | |
Longe de Ti | X | X | Bahia | 1871 | O poeta aqui "reescreveu" os versos de "Horas de Martírio", dedicados a Eugênia Câmara, dedicando-os a A. Murri nestes. |
Virgem dos Últimos Amores | X | X | Salvador | 1871 (25 de maio) | Versos a Agnese Murri, já próximo da morte. Em Bandeira Duarte "A Virgem dos..." |
A Minha Irmã Adelaide | X | X | Salvador | 1871 (29 de maio) | A Adelaide de Castro Alves Guimarães. |
Remorsos | X | X | Salvador | 1871 (31 de maio) | A Agnese Murri. |
Em Que Pensas | X | X | Salvador | 1871 (1 de julho) | A Agnese Murri. |
Aquela Mão | X | X | Salvador | 1871 (2 de junho) | A Agnese Murri. |
Rezas | X | X | Salvador | 1871 (2 de junho) | Embora a data do autógrafo dá-se em 1871, ela já era conhecida em São Paulo desde 1868, segundo A. Peixoto. |
Gesso e Bronze | X | X | — | 1871 (15 de junho) | A Agnese Murri. |
Juvenília
[editar | editar código-fonte]Título | OCCA | EFHE | Local | Data | Observações |
---|---|---|---|---|---|
Ao Natalício... | X | X | Bahia (Ginásio Baiano) | 1860 (9 de setembro) | O título completo: Ao Natalício do meu diretor o Ilmo. Sr. Doutor Abílio César Borges. |
Poesia... | X | X | — | — | O título completo: Poesia recitada pelo aluno Antônio de Castro Alves no outeiro que teve lugar no Ginásio Baiano a 3 de julho de 1861. Publicada originalmente em obra do colégio. |
Sonetos Aos anos do meu prezado Diretor |
X | X | — | — | Publicada originalmente em obra do Ginásio Baiano, Salvador, 1861. |
Ao Dia Sete de Setembro | X | X | Bahia (Ginásio Baiano) | 1861 (7 de setembro) | Publicada originalmente em obra do Ginásio Baiano, Salvador, 1861. |
Ao Sr. Furtado Coelho | X | X | Pernambuco | 1863 (16 de abril) | |
Ao Dous de Julho | X | X | Recife | 1864 | |
O Povo ao Poder | X | Recife | 1864 | Improviso; transcrito por A. Peixoto a partir de declamação feita por M. Tavares Cavalcanti. | |
Ao Violinista F. Muniz Barreto Filho | X | X | Recife | 1865 | Improviso, transmitido por Gaspar Regueira Costa. |
Improviso (À Mocidade Acadêmica) |
X | — | — | Por ocasião da prisão de Ambrósio Portugal, no Recife | |
Num Álbum | X | — | 1865 (março) | Publicado originalmente no Rio de Janeiro, em 1924. | |
A Adelaide Amaral | X | X | — | — | Publicado na obra "Castro Alves em Pernambuco", de Alfredo de Carvalho, 1905 |
Fados Contrários | X | X | — | 1865 (14 de outubro) | |
A Atriz Eugênia Câmara | X | Recife | 1866 |
Notas
- ↑ No português da época: Hymnos do Equador.
Referências
- ↑ Manuel Bandeira. Apresentação da Poesia Brasileira. [S.l.]: Ediouro. 451 páginas
- ↑ a b c d e Castro Alves (1944). Obras Completas de Castro Alves. 1. [S.l.]: Companhia Editora Nacional. 500 páginas.
Introdução e notas de Afrânio Peixoto
- ↑ a b Castro Alves (1940). Espumas Fluctuantes e Hymnos do Equador. [S.l.]: Zélio Valverde Editor. 252 páginas