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Jacques Ellul

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Jacques Ellul
Jacques Ellul
Jacques Ellul en 1990.
Nascimento Jacques César Émile Ellul
6 de janeiro de 1912
Bordéus
Morte 19 de maio de 1994 (82 anos)
Pessac
Cidadania França
Alma mater
Ocupação teólogo, filósofo, escritor, sociólogo, professor universitário, membro da Resistência Francesa
Distinções
  • Prêmio Europeu de Ensaio Charles Veillon (1975)
  • Prêmio Albéric-Rocheron (1955)
  • Justos entre as nações (França, 2001)
Empregador(a) Institut d'études politiques de Bordeaux, Universidade de Montpellier, Universidade de Bordeaux
Obras destacadas The Technological Society, The Political Illusion, Autopsy of Revolution, De la révolution aux révoltes, Anarchy and Christianity, Le Système technicien, Changer de révolution. L'inéluctable prolétariat
Movimento estético decrescimento, anarquismo, personalismo
Religião protestantismo
Ideologia política anarquismo

Jacques Ellul (Bordeaux, 6 de janeiro de 1912Pessac, 19 de maio de 1994) foi um historiador do direito, filósofo, sociólogo, teólogo e um notável anarquista cristão francês.[1] Estudou nas universidades de Bordeaux e Paris. Ellul foi professor de História e Sociologia das Instituições na Faculdade de Direito e Ciências Econômicas da Universidade de Bordéus.

Escreveu 58 livros e mais de mil artigos ao longo de sua vida, abordando, sobretudo a propaganda, o impacto da tecnologia sobre a sociedade e a interação entre religião e política. O tema dominante de seu trabalho foi a ameaça à liberdade humana e religião provocada pela tecnologia moderna.

Foi um dos líderes da resistência francesa durante a 2.ª Guerra Mundial e destacado teólogo no movimento ecumênico. Por seus esforços para salvar judeus, o Memorial do Holocausto (Jerusalém) o agraciou com o título de Justo entre as Nações, em 1981.

Nos seus trabalhos sobre a tecnologia tem uma aproximação determinista e fatalista. Suas preocupações apontavam para a emergência de uma tirania tecnológica sobre a humanidade.

Aos 18 anos, converteu-se ao cristianismo protestante. Dentre suas obras sobre anarquismo e cristianismo, destaca-se Anarchie et christianisme (1991),[2] na qual argumenta que o anarquismo e o cristianismo têm as mesmas perspectivas sociais.

Filho de Joseph Ellul, um italiano que tinha também cidadanias austríaca e britânica.

Em 1930, converteu-se ao protestantismo e congregou-se na Igreja Reformada Francesa.[3] Entre 1956 e 1971, foi membro do conselho nacional da referida congregação.[4]

Em 1936, após concluir a Faculdade de Direito, defendeu sua tese de doutorado sobre a evolução e natureza jurídica do Mancipatio e, em 1937, tornou-se professor da faculdade de direito de Montpellier. A partir de 1938, passou a lecionar na Faculdade de Direito de Estrasburgo.

Casou-se com Yvette Lensvelt (1912-1991), com quem teve quatro filhos: Jean (1940), Simon (1941-1947), Yves (1945) e Dominique (1949).

Em 1940, foi demitido após ser denunciado por fazer críticas ao Marechal Pétain (chefe do governo colaboracionista com o nazismo), pelo fato de ser filho de um estrangeiro. Seu pai foi preso em agosto de 1940 e depois deportado.

Estando desempregado, trabalhou como agricultor, em uma pequena propriedade em Martres. que lhe fora emprestada por amigos.

Apesar não participar de ações armadas, apoiou a resistência francesa ajudando prisioneiros fugitivos e judeus: escondendo-os, fornecendo-lhes documentos falsos ou ajudando-os a entrar na zona franca..

Em 1944, foi nomeado como professor na Universidade de Bordéus, onde ensinou, história das instituições e história social até 1980.[5]

Apesar de ser principalmente um sociologista com foco nas discussões de tecnologia, Ellul via seu trabalho teológico como um aspecto essencial da sua carreira. Ele começou a publicar suas discussões teológicas cedo, com livros como A Presença do Reino (1948).

Embora tenha sua origem na minoria Reformada Francesa e portanto um herdeiro espiritual de João Calvino e Ulrico Zuínglio, Ellul deixou de lado consideravelmente as tradições doutrinárias Reformadas. Contudo, em contraste com outros pensadores Europeus, rejeitava completamente influências do idealismo filosófico ou do romantismo sobre suas crenças a respeito de Deus e a fé humana. Ao articular suas ideias teológicas, ele principalmente bebeu das obra de Karl Barth e Søren Kierkegaard. Desse modo, muitos tem o considerado como um dos mais ardentes expositores da teologia dialética [6], que estava em declínio em outros lugares durante o auge de Ellul. De modo semelhante a Barth, Ellul não via uso tanto para a teologia liberal (considerada por ele como dominada por noções iluministas sobre a bondade da humanidade e tornada infantil por sua ingenuidade) quanto do Protestantismo ortodoxo (isso é, o fundamentalismo ou o Calvinismo escolástico [7][8], os quais, para ele, recusavam-se a reconhecer a liberdade radical de Deus e da humanidade) e mantinha uma visão levemente não-Católica[9] da Bíblia, da teologia e das igrejas.

Um movimento que, em particular, levantava sua ira era o da teologia da morte de Deus. Alguns representantes desse movimento criam que os conceitos tradicionais Cristãos de Deus e da humanidade eram originados em uma consciência primitiva, a qual um povo mais civilizado deveria superar. Esse linha de pensamento afirmada os ensinamentos éticos de Jesus mas rejeitavam a ideia de que ele representava algo mais do que apenas um ser humano altamente talentoso. Ellul atacou essa escola de pensamento e membros dela, considerando os em desacordo não com as tradições doutrinárias cristãs, mas com a própria realidade — isso é, o que ele percebia como a religiosidade irredutível da raça humana; uma devoção que adorava ídolos como governantes, nações e, em tempos mais recentes, materialismo, cientificismo, tecnologia e economia. Para Ellul, pessoas usam tais imagens ou poderes como substitutos de Deus e são, por sua vez, usadas por eles, sem haver qualquer possível apelo a neutralidade ou inocência que, apesar de teoricamente possíveis, não existem.

  • La technique ou l'enjeu du siècle (1954): "Técnica e o desafio do século" (tradução: Roland Corbisier, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1968);
  • L'homme et l'argent (1954): "O Homem e o Dinheiro: aprenda a lidar com a origem" (tradução: Anna ABM Silva et LFMO Carvalho, Palavra, 2009);
  • Propagandes (1962): "Propagandas: uma análise estrutural" (tradução: Miguel Serras Pereira, Lisboa, Antígona, 2014);
  • Politique de Dieu, politiques des hommes (1966): "Política de Deus Política do Homem" (tradução: Cássio Murilo Dias, São Paulo, Fonte Editorial, 2006);
  • L'Apocalypse. Une architecture en mouvement (1975): "Apocalipse, Arquitetura em Movimento" (tradução: Maria Luísa de Albuquerque, São Paulo, Edições Paulinas, 1979);
  • La parole humiliée (1981): "A palavra humiliada" (tradução: Maria Cecília de M. Duprat, São Paulo, Paulinas, 1984);
  • Changer de révolution. L'inéluctable prolétariat (1982): "Mudar de revolução: o inelutável proletário" (tradução: Herbert Daniel e Cláudio Mesquita, Rio de Janeiro, Rocco, 1985);
  • Anarchie et christianisme (1988): "Anarquia e cristianismo" (traduçöes: Filipe Ferrari, Digital, 2009, e Norma Braga, São Paulo, Garimpo, 2010).

Referências

  1. «Jacques Ellul» (em francês). data.bnf.fr. Consultado em 18 de dezembro de 2019 
  2. Anarquia e Cristianismo, acesso em 01/11/2020.
  3. Jacques Ellul: Une Pensée en dialogue. Frédéric Rognon (2007).
  4. Entrevista concedida em 1981.
  5. Juste parmi les Nations, em francês, acesso em 1º de novembro de 2020.
  6. Van Vleet, Jacob E. (1 de setembro de 2014). Dialectical Theology and Jacques Ellul: An Introductory Exposition. [S.l.]: 1517 Media 
  7. Goddard, Andrew (2002). Living the Word, resisting the world : the life and thought of Jacques Ellul. Carlisle: Paternoster. OCLC 52079011 
  8. Ellul, Jacques (1989). What I believe. G. W. Bromiley. Grand Rapids, Mich.: [s.n.] OCLC 19265082 
  9. Gill, David W (1982), "Jacques Ellul's View of Scripture", Journal of the Evangelical Theological Society, 25

Ligações externas

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