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Mujeres Creando

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Mujeres Creando
Mujeres Creando
Ficheiro:Ficheiro:Mujeres Creando - La Paz.jpg
Fachada da sede do Mujeres Creando, em La Paz
Líder(es) María Galindo
Fundação 1992
Ideologia Anarcafeminismo
Espectro político Esquerda radical
Principais ações
Status Ativo
Sítio oficial Mujeres Creando

Mujeres Creando é um movimento anarcafeminista boliviano, surgido em 1992, que tem a rua como foco de suas atividades, utilizando do grafite e das performances como expressão.[1] O grupo é liderado por María Galindo.

O movimento nasceu em 1992 como Comunidad Creando, num bairro da periferia da cidade de La Paz e nesse mesmo ano se converteu em Mujeres Creando, com uma proposta de feminismo antirracista com a intenção de questionar a uma elite de mulheres que consideravam privilegiadas, e que separavam o público e privado e o trabalho manual do trabalho intelectual. Também tinham o objetivo de interferir na esquerda boliviana, onde militavam suas três primeiras integrantes, questionando que colocassem às mulheres em posição de objeto e recuperar o anarquismo boliviano de inícios do século XX.[2]

O grupo fundador inicial foi conformado por María Galindo, Mónica Mendoza, Julieta Paredes, e outros membros incluindo duas das então únicas ativistas abertamente lésbicas da Bolívia.[3] Com o tempo incorporaram-se novas participantes. Julieta Paredes desvinculou-se do movimento aproximadamente em 2004.[4] As fundadoras, descrevem Mujeres Creando como:


Mujeres Creando tem duas casas autogestionarias, de onde desenvolvem diferentes atividades políticas e culturais, além de prover serviço de hospedagem e alimentação, estas são:

  • "La Virgen de los Deseos" (a Virgem dos Desejos), na cidade de La Paz
  • "Los Deseos de la Virgen" (Os Desejos da Virgem), na cidade de Santa Cruz

O Mujeres Creando é anarquista e feminista. Em sua página de financiamento coletivo, afirmam:[2]

Denunciamos e questionamos as mulheres que se autodenominavam feministas, mas que foram absorvidas pelo aparelho estatal de todos os governos para transformá-las em tecnocratas funcionais de género e em “organizações não-governamentais” que lucraram com a pobreza e cooptaram mulheres de diferentes sectores para torná-las beneficiários submissos. 'O neoliberalismo agora se disfarça de mulheres sedentas de poder,' escrevemos então nas paredes.

Assim, além de serem críticas ao movimento conservador boliviano, também se opuseram ao MAS e Evo Morales.

Intervenções

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Pichação do Mujeres Creando em La Paz, 2017

Os espaços onde constroem e desenvolvem suas atividades criativas são fundamentalmente as ruas. Atuam a partir de uma variedade de intervenções, teatro de rua e ações contra a pobreza. Têm um jornal chamado Mulher Pública, livros publicados em poesia, teoria feminista, sexualidade, e vídeos tópicos. Em 2016 produziram um programa de televisão. Desde 2007 operam Rádio Desejo 103.3 FM.[5]

Desde a sua criação, Mujeres Creando interveio no espaço público com graffitis,[6] que foram desenvolvidos ao longo da sua existência e são relacionados ao feminismo em geral,[7] além de temáticas de conjuntura que têm causado polêmica em múltiplas ocasiões.[8][9][10]

Detidos e sem sentença

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Em 1997 Mujeres Creando apoiou a greve de fome iniciada pela pesquisadora mexicana Raquel Gutiérrez detida a 9 de abril de 1992 numa moradia de El Alto para denunciar sua detenção durante cinco anos sem julgamento. Antes e depois foram detidos outros membros do EGTK, entre eles Felipe Quispe, os irmãos Linera, Silvia de Alarcón, Juan Carlos Pinto. A 25 de abril Gutiérrez conseguiu sua liberdade e depois dela saíram todos os presos acusados de pertencer ao EGTK em liberdade provisória. 20 anos depois numa performance em La Paz, Gutiérrez agradeceu o apoio do Mujeres Creando. María Galindo recordou:[11]

Fomos isoladas pela sociedade, apontadas pela homofobia social, expulsas do direito de fazer política, por isso o encontro com Raquel foi um espaço de libertação.

Organização Deudora

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Em 2001, Mujeres Creando ganhou atenção internacional devido ao seu envolvimento na ocupação da Agência Boliviana de Supervisão Bancária, em solidariedade à Deudora, uma organização de endividados com instituições de microcrédito. Os devedores exigiram o perdão total da dívida e obtiveram algum sucesso limitado.

Em 15 de agosto de 2002, a polícia de La Paz prendeu membros do Mujeres Creando e apoiadores envolvidos na produção de um filme educativo que tratava da violência em relação aos direitos humanos das mulheres. A violência policial foi condenada pela Comissão Internacional de Direitos Humanos de Gays e Lésbicas.

Treze horas de rebelião

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Em 2014 foi apresentado o documentário Treze Horas de Rebelião dirigido por Galindo e produzido pelo Mujeres Creando, no qual, por meio de seis curtas-metragens, são apresentadas as situações enfrentadas pelas mulheres bolivianas: objetificação do corpo feminino, aborto, violência sexista, masculinidade. O que há de inovador no trabalho está na abordagem de cada um deles. A combinação entre ficção e realidade e a capacidade de explorar a insatisfação das mulheres com os parâmetros que apoiam e a sublevação destes que propõem.[12]

Posição sobre o aborto

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Mujeres Creando é um grupo pró-escolha, sob a filosofia libertária de soberania sobre o próprio corpo ("meu corpo, minhas regras"). A líder do movimento, Galindo, explicou que a criminalização da prática do aborto é utilizada por “abortistas” para extorquir dinheiro às mulheres que necessitam da intervenção. Em geral, acrescenta, quem frequenta estes centros são adolescentes com recursos econômicos limitados.

Paralelamente, a ativista considerou que a educação sexual deve ser encarada como uma matéria válida dentro do currículo vigente em todas as unidades educativas do nível secundário de Bolívia.[13]

A questão da sexualidade é abordada no país como um tabu dentro de um duplo padrão, e legitimando uma sexualidade violenta e sexista.
 
María Galindo.

Em março de 2017, Mujeres Creando realizou um protesto a favor do aborto em frente à Catedral Metropolitana de La Paz. As manifestantes instalaram-se nas portas da Catedral situada em praça Murillo, algumas delas vestidas de freira, portando cartazes denunciando a atitude e a hipocrisia da igreja em frente ao aborto e recordando a existência de abortos clandestinos nos conventos.[14]

Altar blasfemo

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Em outubro de 2016, o coletivo apresentou um mural crítico à Igreja Católica, intitulado Altar Blasfemo,[15] pintado na fachada do Museu Nacional de Arte da Bolívia, no contexto da Bienal Internacional de Arte SIART.[16] Nele foram vistos ícones religiosos subvertidos, como um Cristo carregando três falos, junto com frases como Ave Maria, cheia de rebelião, Nem a terra nem as mulheres são território de conquista ou Que Deus fique órfão sem mãe, nem virgem Estas mensagens despertaram a indignação de católicos .

Um dia depois, um grupo de dezenas de pessoas cobriram todos os símbolos do mural com pintura branca ao mesmo tempo em que rezavam Ave Marías.[17][18]

Anteriormente, Mujeres Creando trabalhou com a organização "Ateos y Ateas de Bolivia" fundada em 2012, com a qual foi realizado o programa de rádio "Sin Dios Ni Diablo,"[19] o primeiro programa de ateísmo explícito na rádio e no qual foram participantes: Fernando I. Mérida (advogado), Rodolfo Santibáñez (professor de filosofia), Óscar Oviedo (psicólogo), José Gutiérrez (engenheiro), Pedro Parodi (antropólogo), Steve Conde (psicólogo) e Rolando Narvaes (artista).

Estudo sobre homofobia na Assembleia Legislativa

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Em junho de 2017 apresentou o livro “ Não há liberdade política sem liberdade sexual."[20] O livro é produto da investigação realizada entre 2015 e 2016 na Assembleia Legislativa Plurinacional sobre homofobia na Assembleia Legislativa, patrocinada pela Vice-Presidência do Estado Plurinacional da Bolívia após um conflito gerado por algumas declarações homofóbicas do porta-voz do MAS na bancada contra o Mujeres Creando. Para o estudo foram utilizados dois instrumentos: entrevistas de no máximo 20 minutos com cada parlamentar e uma pesquisa geral a ser aplicada em sessão coletiva.[21][22] A publicação do estudo foi realizada com apoio de crowdfunding da plataforma Verkami.[23]

A Radio Deseo tem sido o espaço de divulgação do coletivo e fórum de grupos com iniciativas de comunicação através de sua Escola de Rádio. Nasceram na Rádio Deseo programas como: Sou Trabalhadora Doméstica com orgulho e dignidade de trabalhadoras domésticas como Yola Mamani e Victoria Mamani se destacaram.[24][25][26][27]

Documentários

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Treze horas de rebelião. (2014)[12]

Ligações externas

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Referências

  1. «Mujeres Creando: a arte como forma de tecer solidariedades - ArteVersa». 31 de julho de 2022. Consultado em 20 de setembro de 2023 
  2. a b «Mujeres Creando: No Hay Libertad Política Sin Libertad Sexual». www.verkami.com (em espanhol). Consultado em 16 de junho de 2017 
  3. «Mujeres Creando, despatriarcalizar con arte». Revista Pueblos (em espanhol). Consultado em 15 de outubro de 2016. Arquivado do original em 19 de outubro de 2016 
  4. «Julieta Paredes NO PERTENECE A MUJERES CREANDO». mujerescreando.org. Consultado em 13 de dezembro de 2017. Cópia arquivada em 13 de dezembro de 2017 
  5. «RADIO DESEO - BOLIVIA». www.radiodeseo.com. Consultado em 12 de junho de 2017 
  6. «Mujeres Creando, despatriarcalizar con arte». Consultado em 18 de março de 2019. Arquivado do original em 7 de junho de 2019 
  7. «Mujeres Creando, 20 años contra la autoridad». El Confidencial. 23 de fevereiro de 2015. Consultado em 18 de março de 2019 
  8. «María Galindo fue citada a declarar por los grafitis que aparecieron en paredes del IDIF». ATB Digital. 14 de dezembro de 2018. Consultado em 18 de março de 2019 
  9. «Inician proceso a Mujeres Creando por pintar la Fiscalía». Erbol digital. 30 de setembro de 2015. Consultado em 18 de março de 2019 
  10. «Generan polémica grafitis de Mujeres Creando en contra de Maricruz Ribera». Página Siete. 2016. Consultado em 18 de março de 2019 
  11. «Raquel Gutiérrez: 20 años después, sigue intacta la máquina de producir injusticia en Bolivia». eju.tv (em espanhol). Consultado em 16 de junho de 2017 
  12. a b «13 HORAS DE REBELION». 13horas.mujerescreando.org. Consultado em 16 de junho de 2017. Cópia arquivada em 3 de agosto de 2017 
  13. Ortega Iturri, Ana María (2018). «Modelo de atención de víctimas de violencia de género en la institución "Mujeres Creando"» (PDF). Universidad Mayor de San Andrés. Facultad de Ciencias Sociales. p. 55 
  14. «Mujeres Creando realiza protesta a favor del aborto en frontis de la Catedral - Diario Pagina Siete». Consultado em 16 de junho de 2017 
  15. «Mural de protesta contra el catolicismo crea polémica en la ciudad de La Paz». La Izquierda Diario (em espanhol). 12 de outubro de 2016. Consultado em 16 de outubro de 2016 
  16. «Mujeres Creando pinta mural de crítica contra la Iglesia». Página Siete (em espanhol). 11 de outubro de 2016. Consultado em 16 de outubro de 2016 
  17. «Censuran mural crítico con Iglesia católica en Bolivia». El Universal (em espanhol). 12 de outubro de 2016. Consultado em 16 de outubro de 2016 
  18. «Cubren mural de Mujeres Creando contra la Iglesia». Opinión.com.bo (em espanhol). Consultado em 16 de outubro de 2016 
  19. «Radio Deseo estrena 'Sin dios ni diablo' - La Razón». www.la-razon.com (em espanhol). Consultado em 28 de setembro de 2018 
  20. «No hay libertad política si no hay libertad sexual - Diario Pagina Siete». 11 de junho de 2017. Consultado em 16 de junho de 2017 
  21. «Estudio No hay libertad política sin libertad sexual - Diario Pagina Siete». 28 de junho de 2015. Consultado em 16 de junho de 2017 
  22. «María Galindo explica en vídeo el proyecto» 
  23. «Mujeres Creando: No Hay Libertad Política Sin Libertad Sexual». www.verkami.com (em espanhol). Consultado em 16 de junho de 2017 
  24. «Trabajadora del hogar recibe el Premio de Periodismo Municipal». Opinión. 9 de dezembro de 2011. Consultado em 18 de março de 2019 
  25. «La Razón y Radio Deseo ganan el Premio de Periodismo Municipal 2012». 2012. Consultado em 18 de março de 2019 
  26. «'Soy marica y qué' hoy estará de cumpleaños». La Razón. 17 de maio de 2011. Consultado em 18 de março de 2019 
  27. «Escritor y activista Édgar Soliz, se define como "cholo, pobre y maricón"». 30 de maio de 2018. Consultado em 18 de março de 2019 
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em castelhano cujo título é «Mujeres Creando».