Saltar para o conteúdo

Pax Romana

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Extensão máxima do Império Romano, em 117 d.C., sobreposto às fronteiras atuais
Roma Antiga
Pax Romana
Este artigo é parte da série: Política e governo da Roma Antiga
Períodos
Reino de Roma
753 a.C.509 a.C.

República Romana
509 a.C.27 a.C.
Império Romano
27 a.C.395
Império Ocidental
395476
Império Oriental
3951453
Principado Dominato

Constituição romana
Constituição do Reino

Constituição da República
Constituição do Império
Constituição do Dominato

Assembleias
Senado

Assembleias Legislativas

Magistrado romano
Cursus honorum
Magistrados Ordinários

Tribuno da plebe

Promagistrado

Magistrados extraordinários

Funcionários impériais
Títulos e Honras
Imperator

Honras

Precedente e Lei
Direito romano * Conflito das Ordens
Prefeituras
Modificar

Pax Romana (latim para "Paz Romana") é um período de aproximadamente 200 anos da história romana que é identificado como um período e uma era de ouro de imperialismo romano crescente e sustentado, ordem, estabilidade próspera, poder hegemônico e expansão, apesar de várias revoltas e guerras, e contínua competição com a Pártia. É tradicionalmente datada a partir da ascensão de César Augusto, fundador do principado romano, em 27 a.C., e concluida em 180 d.C., com a morte de Marco Aurélio, o último dos "Cinco Bons Imperadores".[1]

Como foi inaugurada por Augusto com o fim da Guerra Final da República Romana, às vezes é chamado de Pax Augusta. Durante este período de cerca de dois séculos,[2] o Império Romano alcançou sua maior extensão territorial e sua população atingiu um máximo de até 70 milhões de pessoas.[3] De acordo com Dião Cássio, o reinado ditatorial de Cômodo, mais tarde seguido pelo Ano dos Cinco Imperadores e a Crise do Terceiro Século, marcou a descida "de um reino de ouro para um de ferro e ferrugem".[4]

De fato, a aventura conquistadora dos Romanos nasce com o fim das Guerras Púnicas (264 a.C.-146 a.C.), eliminado que estava o maior inimigo e potencial entrave para o domínio romano em torno do mar Mediterrâneo. As conquistas sucedem-se, da Península Ibérica à Anatólia. Entre 58 a.C. e 51 a.C., a Gália é submetida por Júlio César, que submete também a Germânia renana.

À data da morte de Júlio César (44 a.C.), Roma domina quase toda a bacia mediterrânica, que foi completamente conquistada até ao século II d.C., o mesmo acontecendo à província romana da Britânia (actual Inglaterra), no tempo de Cláudio, em 71, e às regiões danubianas - Récia, Panónia, Dácia, Nórica, e principalmente na época de Trajano, que chega mesmo à Mesopotâmia. Assim, Roma passa a dominar um vasto império, desde a fronteira da actual Escócia até ao Médio Oriente e do Danúbio ao Egito e a Marrocos.

Os povos, línguas e costumes eram díspares, as tensões, focos de revolta e ameaças germânicas no limes eram frequentes. Tornava-se necessário, para além de romanizar, estabelecer e manter condições de tranquilidade e paz, para além de segurança e ordem pública. Para isso, o Império servir-se-ia do seu exército, cada vez mais profissional e formado a partir de recrutamentos um pouco por todo o território, regido por códigos e normas extremamente rígidos e dotado de uma organização, armamento e disciplina táctica nunca antes vistos, resultantes das influências dos povos submetidos (como os Macedónios, Cartagineses e Gregos).

A instituição militar vê-se assim orientada para vários objectivos: para além da defesa fronteiriça - 9000 quilómetros de limes - contra incursões e pilhagens dos bárbaros, da fortificação de pontos estratégicos, construção de estradas e segurança pessoal das mais altas magistraturas imperiais, a manutenção da paz e da estabilidade no mundo romano cabiam-lhe como tarefa primordial e de grande importância em termos civilizacionais.

Para além de transmitir elementos da cultura, religião e língua latina às regiões onde se fixavam as guarnições militares, bem como a criação de condições favoráveis para o desenvolvimento das economias locais, a sua presença impunha o respeito e a aceitação incondicional da soberania de Roma: a paz romana. Era uma paz armada e atingível apenas com a presença das legiões. Todavia, essa era a única forma de assegurar uma harmonia mínima e a articulação entre o poder imperial e as vastas regiões a governar, servindo de instrumento de apoio à execução de medidas de carácter administrativo, fiscal e judicial. O apoio e estímulo à colonização latina do império deve-se também, em grande parte, à presença militar romana, procurando construir-se as quintas, villae ou povoações junto aos aquartelamentos ou próximo de vias militares. As legiões eram assim a garantia de uma conjuntura necessária para o desenvolvimento material e a difusão da civilização romana.

Uma alegoria da manutenção da pax romana é a prisão e condenação à morte da figura de Jesus Cristo, que, teria arrastado consigo multidões e se auto-intitulado "Rei dos Judeus", supostamente punha em perigo a paz e a estabilidade pretendidas por Roma naquela região, constituindo uma ameaça pública.

Bem treinado e equipado, o exército romano era composto por um conjunto de legiões - cerca de 50 no tempo de Augusto, que depois as reduz para metade -, cada qual com cerca de 6000 homens, que eram colocadas estrategicamente nas regiões onde mais se impunha a sua presença. Assim, o império protegia e governava as províncias, permitindo que cada uma elaborasse e administrasse as suas leis e estatutos, à luz do direito romano e aprovadas pelo imperador, tendo em contrapartida de aceitar a fiscalidade romana e o seu controle militar. As províncias da Península Ibérica, por exemplo, dependiam da VII Legião, sediada em Leon, extremamente ativa e reforçada em virtude dos vários focos de insubmissão existentes, particularmente na Lusitânia e nas Vascongadas (atual País Basco).

A paz romana foi um dos pilares da civilização romana e da sua difusão e implantação no mundo antigo, responsável pela ordem, tranquilidade, cumprimento da lei e, acima de tudo, da obediência e culto ao imperador.

Referências

  1. «Pax Romana». Britannica Online Encyclopedia 
  2. Head, Tom (3 de outubro de 2017). World History 101: From Ancient Mesopotamia and the Viking Conquests to NATO and WikiLeaks, an Essential Primer on World History (em inglês). [S.l.]: Simon and Schuster. p. 85. ISBN 978-1-5072-0454-2 
  3. «The Pax Romana». www.ushistory.org. Consultado em 10 de fevereiro de 2017 
  4. Dio Cassius 72.36.4, Loeb edition translated E. Cary
  • Burton, Paul. 2011. "Pax Romana/Pax Americana: Perceptions of Rome in American Political Culture, 2000–2010." International Journal of Classical Tradition 18.1:66–104.
  • Cornwell, Hannah. 2017. Pax and the Politics of Peace: Republic to Principate. Oxford Classical Monographs. Oxford; New York: Oxford University Press.
  • Galinsky, Karl. 2012. Augustus: Introduction to the Life of an Emperor. Cambridge; New York: Cambridge University Press.
  • Goldsworthy, Adrian. 2016. Pax Romana: War, Peace and Conquest in the Roman World. New Haven: Yale University Press.
  • Hardwick, Lorna. 2000. “Concepts of Peace.” In Experiencing Rome: Culture, Identity and Power in the Roman Empire, Edited by Janet Huskinson, 335–368. London: Routledge.
  • Lopez, Gennaro. 2002. “Pax Romana/Pax Augusta.” Invigilata Lucernis 24: 97–110.
  • Stern, Gaius. 2015. “The New Cult of Pax Augusta 13 BC–AD 14.” Acta Antiqua Academiae Scientiarum Hungaricae 55.1–4: 1–16.
  • Yannakopulos, Nikos. 2003. “Preserving the Pax Romana: The Peace Functionaries in Roman East.” Mediterraneo Antico 6.2: 825–905.

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]