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República do Iraque (1958–1968)

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جمهورية العراق
Jumhūriyat Al-Irāq

República do Iraque

1958 – 1968
Flag Brasão
Bandeira Brasão
Localização de Iraque
Localização de Iraque
Continente Ásia
Região Oriente Médio
País Iraque
Capital Bagdá
Governo Junta militar
Presidente
 • 1958-1963 Muhammad Najib ar-Ruba'i
Primeiro-Ministro
 • 1958-1963 Abd al-Karim Qasim
História
 • 1958 Revolução de 14 de Julho
 • 8 de Fevereiro de 1968 Golpe de Estado Iraquiano de Fevereiro de 1963

A História do Iraque (1958-1968) refere-se à recém-criada República do Iraque, que teve início com a ascensão e domínio do presidente Muhammad Najib ar-Ruba'i e o primeiro-ministro Abd al-Karim Qasim, de 1958 a 1963. Ar-Ruba'i e Quasim chegaram ao poder através da Revolução de 14 de Julho, em que a monarquia Haxemita foi derrubada em um golpe sangrento. O golpe viu o fim desta, a dissolução do Reino do Iraque e da Federação Árabe, e o estabelecimento de uma República. A era terminou com a ascensão ao poder do Partido Baath, em 1968.

O Iraque reverteu de volta o controle do território do antigo Reino do Iraque, e a Jordânia voltou a ser uma entidade independente. O primeiro-ministro Abd al-Karim Qasim declarou que "Nós não desejamos fazer referência à história de tribos árabes que residem em Al-Ahwaz e Mohammareh [Khurramshahr]. Os otomanos entregaram Muhammareh, que fazia parte do território do Iraque para o Irã", [1] preparando assim o caminho para a Guerra Irã-Iraque. A nova república também definiu o Curdistão como "uma das duas nações do Iraque"; esta não durou no entanto, e uma rebelião entre os curdos eclodiu em 1961.

História (1958-1963)

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Precursores da Revolução Republicana

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Problemas políticos

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Durante e após a Segunda Guerra Mundial, a Grã-Bretanha retomou o Iraque, devido ao Golpe de Estado iraquiano de 1941 em que quatro generais nacionalistas iraquianos, juntamente com a inteligência e assistência militar alemã, derrubaram o Regente Abd al-Ilah e o primeiro-ministro Nuri al-Said e instalaram Rashid Ali al-Gaylani como primeiro-ministro do Iraque. Rashid Ali acabou deposto pelos britânicos e Abd al-Ilah e al-Said retomaram o poder. Em 1947, os iraquianos começaram a negociar uma retirada britânica, e finalmente negociaram o Tratado de Portsmouth, em 15 de janeiro de 1948, que previa a criação de um conselho de defesa conjunta iraquiano-britânica, que supervisionou o planeamento militar iraquiano e o controle britânico das relações exteriores do Iraque.[2]

Rivalidades regionais

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As rivalidades regionais desempenharam um grande papel na Revolução de 14 de Julho. O pan-arabismo e o nacionalismo árabe circularam no Oriente Médio e proliferaram por um revolucionário anti-imperialista, Gamal Abdel Nasser do Egito. Durante e após a II Guerra Mundial, o Reino do Iraque foi o lar de um número de simpatizantes do nacionalista árabe. Os nacionalistas árabes viam a monarquia Hachemita como muito obcecada com os interesses britânicos e ocidentais. Este sentimento anti-Hachemita cresceu de um sistema educacional politizado no Iraque e uma burguesia cada vez mais assertiva e educada. O Primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Said expressou seu interesse no prosseguimento da ideia de uma federação de Estados Árabes no Crescente Fértil, e ajudou a criar a Federação Árabe do Iraque e Jordânia, mas reservou o seu entusiasmo sobre um estado pan-árabe defendido por Nasser. Al-Said se juntou a Liga Árabe em 1944, em nome do Iraque, vendo-a como um fórum prestivo por reunir os países árabes, deixando a porta aberta para uma possível futura federação. A Carta da Liga consagrou o princípio da autonomia de cada Estado árabe e referenciando o pan-arabismo apenas retoricamente.

Questões econômicas

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O Iraque estava saindo da Segunda Guerra Mundial, e como grande parte do resto do mundo, foi devastado pela guerra. A guerra causou um enorme aumento da inflação e uma queda na qualidade de vida do povo iraquiano. O primeiro-ministro Nuri Al-Said e o regente nacionalista árabe, Abd al-Ilah, continuamente se chocavam na política econômica. Em vez de cooperar para melhorar a qualidade de vida do povo iraquiano e o corte da inflação, o primeiro-ministro e o regente não podiam concordar com uma política econômica coerente.

Agitação social

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As elites educadas no Iraque começaram apoiar nos ideais defendidos pelo movimento pan-arabista de Nasser. Dentro do corpo de oficiais das forças armadas iraquianas, o nacionalismo pan-árabe começou a se enraizar. As políticas de Al-Said eram detestadas por alguns indivíduos dentro das forças armadas iraquianas, e grupos de oposição começaram a se formar, modelada sobre o Movimento Egípcio dos Oficiais Livres que havia derrubado a monarquia egípcia em 1952.

Revolução de 14 de Julho

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Ver artigo principal: Revolução de 14 de Julho

Em 14 de julho de 1958, um grupo que identificou como os "Oficiais Livres", um grupo militar secreto liderado pelo general Abd al-Karim Qasim, derrubou a monarquia. Este grupo foi marcado por seu caráter pan-árabe. O rei Faiçal II, o regente e o príncipe Abd al-Ilah e, Nuri al-Said foram todos mortos.

O novo governo contou com o apoio dos exilados curdos (cujo regresso tinha permitido) e do Partido Comunista Iraquiano. Muitas reformas foram adoptadas nas semanas seguintes: distribuição de terras agrícolas, ajuda às famílias pobres, planos urbanos, etc;[3]

Reformas domésticas

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A Revolução trouxe Muhammad Najib ar-Ruba'i e Abd al-Karim Qasim ao poder. O Regime Qasim implementa uma série de mudanças internas para a sociedade iraquiana.

Nomeou Ministra Naziha al-Dulaimi, que assim se tornou a primeira mulher ministra na história do Iraque e do mundo árabe. Participou também na elaboração da Lei dos Assuntos Civis de 1959, que está muito à frente do seu tempo na liberalização das leis matrimoniais e sucessórias em benefício das mulheres iraquianas.[4]

Referências

  1. Farhang Rajaee, The Iran-Iraq War (University Press of Florida, 1993), p111-112
  2. Eppel, Michael. "The Elite, the Effendiyya, and the Growth of Nationalism and Pan-Arabism in Hashemite Iraq, 1921-1958". International Journal of Middle East Studies, 30.2 (1998). page 74.
  3. Rey, Matthieu (13 de julho de 2018). «1958. Quand l'Irak découvrait l'espérance révolutionnaire». Orient XXI (em francês). Consultado em 6 de março de 2021 
  4. Ali, Zahra. «Analysis | Women's rights are under threat in Iraq». Washington Post (em inglês). ISSN 0190-8286. Consultado em 6 de março de 2021