Rifa
Rifa é um método tradicional de jogo de apostas onde o organizador da campanha de arrecadação oferece um brinde para ser sorteado entre os apoiadores em retribuição ao apoio recebido.
Origem
[editar | editar código-fonte]A rifa é popular na América do Sul, especialmente no Brasil, além de ser conhecida e utilizada em Portugal e na Itália. Apesar da ausência de documentação histórica sobre a rifa, acredita-se que ela tenha surgido em um restaurante no sul da Itália. O dono do restaurante, que estava em grave crise financeira, resolveu solicitar ajuda aos amigos e clientes para manter o estabelecimento aberto. Assim, ele pediu 30 contribuições (registradas sequencialmente em papel, de 1 a 30). Como agradecimento pelo apoio recebido, realizou um sorteio onde um dos doadores recebeu um prato de macarrão. Com o sucesso dessa campanha de arrecadação, os moradores da região passaram também a utilizar esse tipo de campanha, que logo se espalhou pelo resto da Itália e outros países. A rifa chegou ao Brasil provavelmente com a imigração italiana, que teve seu ápice no período entre 1880 e 1930.
Distinção entre rifa e sorteio como jogo de azar
[editar | editar código-fonte]Há muita confusão entre rifa e sorteio como jogo de azar. Mas o que diferencia a rifa do sorteio como jogo de azar é a motivação e o objetivo. A motivação da rifa é beneficente e seu objetivo não lucrativo. Desde sua origem, a rifa tem sido utilizada como um modo de angariar apoio financeiro dos amigos e conhecidos para superar um momento difícil[1], ou para manter um projeto ou ação sem fins lucrativos em curso.
Outra configuração de financiamento coletivo na vida social é a ação entre amigos, a famosa rifa. O sistema em geral é o mesmo: diversos números são vendidos e alguns prêmios são sorteados no final. Porém o que move as pessoas a participar da rifa não é apenas o sorteio de uma recompensa material (ainda que seja um importante incentivo), mas sim a participação na construção de algo coletivo, na solução de um problema ou na realização de um sonho.[2]
Porém, não são todos que se sentem confortáveis em pedir sem dar nada em troca. Esse constrangimento em pedir e receber ajuda pode ter relação com cultura de voluntariado pouco desenvolvida em países latinos, assim como o baixo capital social. Por isso, as pessoas se sentem mais confortáveis em pedir ajuda quando podem oferecer algo em troca, mesmo com valor simbólico. Sendo a motivação beneficente, as pessoas apoiam uma campanha de arrecadação por meio de rifa não por causa do brinde, mas para poder ajudar um amigo, conhecido ou causa social. O que move os doadores é a solidariedade, sendo o brinde uma característica lúdica da campanha de arrecadação.
Já o sorteio como jogo de azar, a motivação é o ganho e o objetivo é o lucro. Jogos de azar tem objetivo lucrativo, e muitas vezes estão organizados como atividade econômica/comercial contínua, como loterias. O que leva as pessoas a participarem de um sorteio é a possibilidade de ganhar algo, independente do que está por detrás da realização do sorteio. As pessoas que participam de loterias e jogos de azar não estão preocupadas com o destino do valor arrecadado pela venda de bilhetes. Para elas, a única motivação e interesse é a possibilidade aleatória do ganho. Nos jogos de azar o brinde é o ponto central da motivação, não havendo sentimento de solidariedade ou responsabilidade social.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Barreto, Simaia Santos (Abril de 2016). «Os Fundos rotativos solidários no Brasil : uma perspectiva a partir do mapeamento dos fundos de 2011-2012». Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Consultado em 26 de maio de 2016
- ↑ Lima, Leandro Augusto Borges (18 de março de 2014). «Produzir, consumir, colaborar: experiências singulares na prática de crowdfunding». www.bibliotecadigital.ufmg.br. Consultado em 26 de maio de 2019