Suanos
Suanos სვანი | ||||||
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Camponês suano com adaga e cachimbo, no fim do século XIX | ||||||
População total | ||||||
Regiões com população significativa | ||||||
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Línguas | ||||||
Suano e georgiano | ||||||
Religiões | ||||||
Igreja Ortodoxa Georgiana | ||||||
Etnia | ||||||
Caucasianos | ||||||
Grupos étnicos relacionados | ||||||
Georgianos, lazes e Mingrélios |
Os suanos (em georgiano: სვანი; romaniz.: svani; em suano: მუშჳა̈ნ, transl. mušwän) são um sub-grupo étnico de afiliação georgiana, predominantes na região de Suanécia. Sua língua nativa é a suana, que, embora aparentada da georgiana, separou-se da mesma entre três e quatro milênios no passado. Todos os suanos sabem falar georgiano, e muitos dos mais jovens também falam russo, assim como alguns podem falar línguas minoritárias vizinhas como o mingreliano ou o carachaio-bálcaro.[4]
História
[editar | editar código-fonte]Historicamente, os suanos são identificados com os sanos (ou "soanas") e macrones da Antiguidade,[5] assim como com os misimianos e sanigues do Medievo.[6] Não há estatísticas oficiais para sua população atual, visto que são atualmente contados com os georgianos em censos nacionais da Geórgia.[7] Estimativas independentes, contudo, põem seu número em faixas tão diversas como entre 14 mil[8] e 30 mil.[9]
Religião
[editar | editar código-fonte]Os suanos adotaram o cristianismo entre os séculos IV e VI, embora até hoje a Bíblia não tenha sido traduzida para seu idioma natal.[8] A maioria dos suanos é afiliada à Igreja Ortodoxa Georgiana, mas crenças nativas sincréticas entre o cristianismo ortodoxo, o paganismo propriamente georgiano e o mazdaísmo (provavelmente por contato osseta) são bastante difusas. Nas tradições sincréticas suanas, a título de exemplo, Jesus Cristo é tratado como o senhor do mundo dos mortos, a Virgem Maria (venerada como a deusa Lamäria, em suano ლამა̈რია) como protetora das mulheres, do parto, do lar e do gado, São Jorge como protetor da humanidade e dos lobos, e Santa Bárbara como uma deidade da fertilidade.[10][11] É frequente que estes santos sincretizados sejam referidos no plural, como uma legião de espíritos.[12] O Deus cristão pode receber teônimos de origem pagã como "grande divindade" (em suano: ხოშა ღერბე̄თ, transl. Xoša ɣērbet) ou "o velhos dos [picos] pelados" (em suano: ბერ შიშჳლიშ, transl. Ber šišwliš).[12] Ao lado destes, figura a deusa selvagem Däl (em suano: და̈ლ; em georgiano: დალი, transl. Dali), que os suanos creem favorecer os caçadores se agradada com ofertas e a observância de tabus.[10][12] Däl é considerada inimiga de São Jorge: ela protege os animais, e ele, o caçador.[12]
Algumas de suas festas sincréticas podem mesmo vir a ser praticadas dentro de igrejas, com a entrada de homens ou de mulheres sendo vedada em dias específicos. Os suanos também creem tradicionalmente que pessoas à beira da morte possuem o dom da clarividência, pelo que é comum que morram rodeados de parentes que lhes fazem perguntas.[10]
Os suanos têm suas próprias tradições de canto litúrgico, pertencentes à família de cantos georgianos e executadas no rito bizantino. Suas características mais marcantes são a ênfase na voz intermediária da trifonia e algumas instâncias de melodias monofônicas, incluindo solos. Seus cantos podem ser divididos basicamente entre uma variedade alta e uma baixa.[13]
Referências
- ↑ a b Project, Joshua. «Svanetian, Mushwan in Georgia». Consultado em 18 de agosto de 2017
- ↑ a b «Svan/Udi/Tsova-Tush - DOBES». Consultado em 18 de agosto de 2017
- ↑ «Russian census 2010». Consultado em 18 de agosto de 2017
- ↑ Tuite, K. «Svans» (PDF). University of Montreal (em inglês). pp. 1–3. Consultado em 4 de abril de 2020
- ↑ Godbey, A. H. (1930). The lost tribues: a myth. [S.l.]: Duke University Press. pp. 285, 308
- ↑ Topchishvili, Roland. «Svaneti and Its Inhabitants» (PDF) (em inglês). pp. 9–11, 69–70. Arquivado do original (PDF) em 10 de março de 2012
- ↑ «Population Census 2014». www.geostat.ge. National Statistics Office of Georgia. Novembro de 2014. Consultado em 2 de junho de 2016
- ↑ a b «Svanetian, Mushwan in Georgia». Joshua Project (em inglês). Consultado em 4 de abril de 2020
- ↑ «Svan/Udi/Tsova-Tush». Documentation of Endangered Languages (em inglês). Consultado em 4 de abril de 2020
- ↑ a b c Tuite, K. «Svans» (PDF). University of Montreal (em inglês). pp. 6–8. Consultado em 4 de abril de 2020
- ↑ Jordan, Michael (1993). Encyclopedia of gods: over 2,500 deities of the world. New York: Facts on File. p. 143
- ↑ a b c d Tuite, K. «The meaning of Dæl. Symbolic and spatial associations of the south Caucasian goddess of game animals.» (PDF). University of Montreal (em inglês). pp. 2–6. Consultado em 4 de abril de 2020
- ↑ Freedman, N. Sidonia (2019). «Polyphony and Poikilia: Theology and Aesthetics in the Exegesis of Tradition in Georgian Chant». Religions (em inglês). 10 (402). pp. 11–3. doi:10.3390/rel10070402. Consultado em 17 de março de 2020