Vazio de Boötes
O vazio de Boötes ou Grande Vazio,[1] é uma enorme região do universo aproximadamente esférica com cerca de 330 milhões de anos-luz de diâmetro e apenas 60 galáxias. O seu centro está localizado aproximadamente nas ascensão reta 14h50m e declinação 46°.[2]
Descrição
[editar | editar código-fonte]Com aproximadamente 330 milhões de anos-luz de diâmetro[3] (aproximadamente 0,27% do diâmetro do Universo observável), ou quase 236.000 Mpc3 em volume, o vazio de Boötes é um dos maiores vazios conhecidos no Universo, e é referido como um super vazio (supervoid). Sua descoberta foi relatada por Robert Kirshner (1981), como parte de uma pesquisa de desvios para o vermelho galácticos. O centro do vazio de Boötes está a aproximadamente 700 milhões de anos-luz da Terra.[3]
Outros astrônomos logo descobriram que o vazio continha algumas galáxias. Em 1987, J. Moody, Robert P. Kirshner, G. MacAlpine e S. Gregory publicaram suas descobertas de oito galáxias no vazio.[4] M. Strauss e John Huchra anunciaram a descoberta de mais três galáxias em 1988, e Greg Aldering, G. Bothun, Robert P. Kirshner e Ron Marzke anunciaram a descoberta de quinze galáxias em 1989. Em 1997, o vazio de Boötes era conhecido por conter 60 galáxias.
Segundo o astrônomo Greg Aldering, a escala do vazio é comparável como "Se a Via-Láctea estivesse no centro do vazio de Boötes, não saberíamos que havia outras galáxias até a década de 1960".[5]
O superaglomerado de Hércules faz parte da borda próxima do vazio.[2]
Até agora, apenas 60 galáxias foram descobertas no vazio de Boötes. Usando uma estimativa aproximada de cerca de 1 galáxia a cada 10 milhões de anos-luz (4 vezes maior que a distância de Andrômeda da Terra), deveria haver aproximadamente 2.000 galáxias no vazio de Boötes.[6]
Origens
[editar | editar código-fonte]Não há inconsistências aparentes entre a existência do vazio de Boötes e o modelo Lambda-CDM de evolução cosmológica.[7] Foi teorizado que o vazio Boötes foi formado a partir da fusão de vazios menores, muito parecido com o modo como as bolhas de sabão se aglutinam para formar bolhas maiores. Isso explicaria o pequeno número de galáxias que povoam uma região aproximadamente em forma de tubo que atravessa o meio do vazio.[5]
Confusão com Barnard 68
[editar | editar código-fonte]O vazio de Boötes tem sido frequentemente associado com imagens de Barnard 68, uma nebulosa escura que não permite a passagem da luz, no entanto, as imagens de Barnard 68 são muito mais escuras do que as que observamos de Boötes, pois a nebulosa é muito mais próxima e há menos estrelas na frente dela, além de ser uma massa física que bloqueia a passagem da luz.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Cowen, Ron (2000). «Big, bigger … biggest?: Galaxy map reveals the limits of cosmic structure». Science News (em inglês). 158 (7): 104–105. ISSN 1943-0930. doi:10.2307/3981218
- ↑ a b Kirshner, Robert P.; Oemler, Augustus, Jr.; Schechter, Paul L.; Shectman, Stephen A. (1 de março de 1987). «A survey of the Bootes void». The Astrophysical Journal. 314: 493–506. ISSN 0004-637X. doi:10.1086/165080
- ↑ a b «Accelerating Future » The Bootes Void». web.archive.org. 7 de agosto de 2011. Consultado em 22 de julho de 2019
- ↑ Moody, J. Ward; Kirshner, Robert P.; MacAlpine, Gordon M.; Gregory, Stephen A. (1 de março de 1987). «Emission-line galaxies in the Bootes void». The Astrophysical Journal Letters. 314: L33–L37. ISSN 0004-637X. doi:10.1086/184846
- ↑ a b «Filling the void - understanding the formation of the Bootes void in intergalactic space - Brief Article Discover - Find Articles». web.archive.org. 19 de novembro de 2007. Consultado em 22 de julho de 2019
- ↑ Kirshner, Robert P.; Oemler, Augustus, Jr.; Schechter, Paul L.; Shectman, Stephen A. (1 de março de 1987). «A survey of the Bootes void». The Astrophysical Journal. 314: 493–506. ISSN 0004-637X. doi:10.1086/165080
- ↑ «Much Ado About Nothing: Cosmic Voids». www.astro.rug.nl. Consultado em 22 de julho de 2019
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Kirshner, R. P.; Oemler, A. J.; Schechter, P. L.; Shectman, S. A. (1981). «A million cubic megaparsec void in Bootes». The Astrophysical Journal. 248: L57–60. Bibcode:1981ApJ...248L..57K. doi:10.1086/183623.
- Kirshner, R. P.; Oemler, A. J.; Schechter, P. L.; Shectman, S. A. (1987). «A survey of the Bootes void». The Astrophysical Journal. 314. 493 páginas. Bibcode:1987ApJ...314..493K. doi:10.1086/165080.