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Wilson Batista

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Wilson Batista
Wilson Batista
Informações gerais
Nome completo Wilson Baptista de Oliveira
Nascimento 3 de julho de 1913
Local de nascimento Campos dos Goytacazes, RJ
Morte 7 de julho de 1968 (55 anos)
Local de morte Rio de Janeiro, RJ
Gênero(s) Samba
Marchinha
Período em atividade 1929 - 1968
Afiliação(ões) Verde & Amarelo

Wilson Baptista de Oliveira, também conhecido como Wilson Batista (Campos dos Goytacazes, 3 de julho de 1913Rio de Janeiro, 7 de julho de 1968) foi um compositor brasileiro, autor de mais de 550 sambas e considerado um dos mais influentes artífices do gênero musical[1].

Filho de um guarda municipal de Campos, ainda menino participou, tocando triângulo, da Lira de Apolo, banda organizada por seu tio, o maestro Ovídio Batista. Ainda na cidade natal, fez parte do Bando, para o qual compunha algumas músicas e, pretendendo aprender o ofício de marceneiro, frequentou o Instituto de Artes e Ofícios.

No final da década de 1920, transferiu-se com a família para o Rio de Janeiro. Passou então a frequentar os cabarés da Lapa e o Bar Esquina do Pecado, na Praça Tiradentes, pontos de encontro de marginais e compositores, tornando-se amigo dos irmãos Meira, malandros famosos da época, cuja amizade lhe valeu várias prisões. A seguir, começou a trabalhar como eletricista e ajudante de contrarregra no Teatro Recreio.

Com 16 anos, fez seu primeiro samba, Na estrada da vida, lançado por Aracy Cortes no Teatro Recreio e gravado em 1933 por Luís Barbosa. Acredita-se que sua primeira parceria tenha se dado com o compositor José Barbosa da Silva, o Sinhô, no samba de breque Mil e Uma Trapalhadas, cuja gravação aconteceu apenas na década de 60, pelo cantor Moreira da Silva. Seu primeiro samba gravado foi Por favor, vai embora (com Benedito Lacerda e Osvaldo Silva), pela Victor, na interpretação de Patrício Teixeira, em 1932. A partir de então, passou a fazer parte da Orquestra de Romeu Malagueta, como crooner e ritmista (tocava pandeiro).

Em 1933, Almirante gravou sua batucada Barulho no beco (com Osvaldo Silva) e três intérpretes (Francisco Alves, Castro Barbosa e Murilo Caldas) divulgaram seu samba Desacato (com Paulo Vieira e Murilo Caldas), que fez muito sucesso.

Sempre frequentando o mesmo ambiente de boemia, fez a apologia do malandro no seu samba Lenço no pescoço, já gravado em 1933 por Sílvio Caldas, que deu início à famosa polêmica com Noel Rosa, o qual respondeu no mesmo ano com Rapaz folgado, contestando a identificação do sambista com o malandro. Sua réplica a Noel veio no samba Mocinho da Vila. Fora do contexto da polêmica, Noel Rosa e Vadico compõem o Feitiço da Vila. No Programa Casé, Noel improvisa (sem gravar) duas novas estrofes para o Feitiço da Vila e, em cima dos novos versos, Wilson compõe Conversa fiada, ao qual Noel contrapôs, em 1935, o samba Palpite Infeliz. O caso terminou com dois sambas seus, Frankenstein da Vila e Terra de cego. Terra de Cego, entretanto, deu origem a uma parceria entre Wilson e Noel, intitulada, Deixa de ser Convencida, com Letra de Noel escrita sobre a melodia composta por Wilson, originalmente, para Terra de Cego, pondo fim à polêmica. Os dois polemistas conheceram-se entre um e outro desafio e tornaram-se amigos. As músicas dessa polêmica foram reunidas, em 1956, num LP de dez polegadas da Odeon, cantadas por Roberto Paiva e Francisco Egídio.

Ficheiro:Wilson Batista, 1951.tif
Wilson Batista, 1951. Arquivo Nacional.

Continuando sua vida de boêmio-compositor, vendendo sambas e fazendo parcerias "comerciais", conheceu, no Café Nice, na Avenida Rio Branco, o cantor e compositor Erasmo Silva, com quem formou um conjunto, com Lauro Paiva ao piano e Roberto Moreno na percussão. Com o conjunto, realizou apresentações em Campos (RJ) e, de volta ao Rio de Janeiro, formou, em 1936, uma dupla com Erasmo Silva - a Dupla Verde e Amarelo - que participou da vocalização da orquestra argentina Almirante Jonas, que estava de passagem no Rio de Janeiro, seguindo com ela para Buenos Aires, Argentina, onde ficaram por três meses, ainda em 1936. De volta ao Brasil, trabalharam durante mais de um ano na Rádio Atlântica, de Santos (SP), e, depois, na Record, da capital paulista, onde também gravaram, com as Irmãs Vidal, pela Columbia, seu primeiro disco, com Adeus, adeus (Francisco Malfitano e Frazão) e Ela não voltou (dos mesmos compositores e mais Aluísio Silva Araújo). Obtendo certo sucesso, seguiram para uma temporada em Porto Alegre RS, voltando a São Paulo para trabalhar na Rádio Tupi.

A fama viria em 1938, quando a dupla foi contratada pela Rádio Mayrink Veiga, do Rio de Janeiro, mas já no ano seguinte, com a ida de Erasmo Silva para Buenos Aires, a dupla se desfez. Em 1939 foi apresentado por Germano Augusto ao bicheiro e malandro conhecido por China, a quem venderia muitas músicas. Nessa época, sua temática sofreu modificações, ditadas não só pela associação a novos parceiros, mas principalmente pela influência direta de uma portaria governamental que proibia a exaltação da malandragem.

Ainda em 1939, fez com Ataulfo Alves Mania da falecida e Oh! seu Oscar, samba que se destacou no Carnaval de 1940, vencendo o concurso de músicas carnavalescas do Departamento de Imprensa e Propaganda do governo federal, tendo sido gravado por Ciro Monteiro, intérprete que lançou em disco, também no mesmo ano, os seus sambas Tá maluca (com Germano Augusto) e O bonde de São Januário (com Ataulfo Alves), este último grande sucesso no Carnaval de 1941.

Wilson Batista, Nelson Gonçalves, César Ladeira e Jorge de Castro

Consagrado desde então, iniciou, com diversos parceiros famosos, uma série de composições, retratando tipos cariocas, que conseguiram êxito na maioria dos Carnavais dos vinte anos seguintes. Ainda em 1940, Moreira da Silva gravou Acertei no milhar (com Geraldo Pereira), que se tornou um dos clássicos do samba de breque; em 1941, Vassourinha lançou em disco outra música sua que se destacou no Carnaval de 1942, Emília, feita com Haroldo Lobo, seu parceiro ainda em Rosalina, destaque carnavalesco de 1945.

Homenageando a torcida do Vasco da Gama, apesar de rubro-negro, compôs com Augusto Garcez No boteco do José, que, na gravação de Linda Batista, fez sucesso no Carnaval de 1946. Três anos depois se destacaria com Pedreiro Valdemar, feito com Roberto Martins e gravado por Blecaute, e, em 1950, obteria enorme êxito com Balzaquiana (com Nássara), lançado em disco por Jorge Goulart. Sua marcha Sereia de Copacabana e o seu samba Mundo de zinco (ambos com Nássara), este gravado por Jorge Goulart, foram muito cantados nos Carnavais de 1951 e 1952, respectivamente.

Para o Carnaval de 1956 compôs com Jorge de Castro a marcha Todo vedete, que teve problemas com a censura por suas referências ao baile dos travestis do Teatro João Caetano; com o mesmo parceiro fez, para o Carnaval dos dois anos seguintes, Vagabundo e Marcha da fofoca, sendo esta última gravada pelo radialista César de Alencar. O Carnaval de 1962 foi um dos últimos de que participou, lançando, em gravação de César de Alencar, Cara boa, marcha feita com Jorge de Castro e Alberto Jesus.

Boêmio até o fim da vida, nos seus últimos anos trabalhou como fiscal da UBC (União Brasileira de Compositores), entidade que ajudou a criar. Foi enterrado na tumba da UBC, no Cemitério do Catumbi.

Poucos anos antes de sua morte, Wilson Baptista gravou uma fita-demonstração que tinha como destinatária a jovem cantora Thelma Soares, que havia acabado de gravar um LP em homenagem a Nelson Cavaquinho. Até aquela altura, o compositor nunca havia gravado nenhum fonograma solo como cantor, e interpretou para a fita diversas de suas próprias letras, com acompanhamento musical do violonista Manuel da Conceição, o Mão de Vaca. Sua intenção era que Soares gravasse um disco em tributo às suas composições, promovendo assim uma redescoberta de seu nome por parte do público.[2]

A cantora acabou nunca levando adiante o projeto, mas essa fita teria chegado às mãos de alguns produtores musicais e sambistas após o falecimento de Baptista em 1968. No início dos anos 1970, por exemplo, Paulinho da Viola teria descoberto uma cópia da fita-demo na gaveta de uma emissora de rádio. Tornando-se admirador confesso do trabalho de Baptista, gravou em disco canções como Nega Luzia (no álbum Nervos de Aço, de 1974), Chico Brito (em Zumbido, de 1979) e Meu mundo é hoje (em Dança da Solidão, de 1972), que se tornaria um de seus maiores sucessos enquanto intérprete. Por volta do mesmo período, outra cópia da fita teria chegado às mãos do produtor Fernando Faro, que redirecionaria a gravação à cantora e instrumentista Cristina Buarque, resultando na gravação do samba Flor da Lapa em seu disco Arrebém, de 1978. Mais uma cópia da fita teria sido descoberta pelo poeta, compositor e produtor musical Hermínio Bello de Carvalho, que incorporou letras de Wilson em espetáculos e LPs produzidos por ele.[3] Esforços como estes acabariam sendo a porta de entrada para que novas gerações travassem contato com o trabalho de Wilson Baptista. Sambas de sua autoria passaram a ser tidos como clássicos do gênero, fazendo com que o compositor fosse objeto de discos-tributo por intérpretes tão diversos como João Nogueira (Wilson, Geraldo, Noel, 1981) e Cristina Buarque (Ganha-se pouco, mas é divertido, 2000).

Em 2023, o selo SESC lança o álbum Wilson Baptista - Eu Sou Assim, fruto dos esforços do pesquisador, produtor e músico Rodrigo Alzuguir em resgatar o material da fita-demo originalmente destinada a Thelma Soares. Na impossibilidade de restaurar integralmente a fita na íntegra, graças ao estado de conservação do material, foram trabalhados novos arranjos nas 30 canções selecionadas para substituir o acompanhamento instrumental original e, nas faixas em que a qualidade da voz de Wilson estava comprometida, novos intérpretes assumiram os vocais, prestando uma homenagem e expressando sua admiração ao compositor. Nomes como João Bosco, Joyce Moreno, Mônica Salmaso, Nei Lopes e Ney Matogrosso estão entre os que integram o disco.[4]

Composições

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Existem inúmeras músicas de autoria do Wilson, algumas delas se encontram na listagem[5] abaixo:

Referências

  1. Carneiro, Barbara Sesso (28 de julho de 2023). «Wilson Baptista é assim». Sesc São Paulo. Consultado em 24 de outubro de 2024 
  2. Carneiro, Barbara Sesso (28 de julho de 2023). «Wilson Baptista é assim». Sesc São Paulo. Consultado em 24 de outubro de 2024 
  3. Carneiro, Barbara Sesso (28 de julho de 2023). «Wilson Baptista é assim». Sesc São Paulo. Consultado em 24 de outubro de 2024 
  4. Carneiro, Barbara Sesso (28 de julho de 2023). «Wilson Baptista é assim». Sesc São Paulo. Consultado em 24 de outubro de 2024 
  5. Músicas de Wilson Baptista - DicionarioMPB - Dicionário da Música Popular Brasileira.