Presa nos seus braços
De India Grey
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Sobre este e-book
India Grey
India Grey was just thirteen years old when she first sent away for the Mills & Boon Writers’ Guidelines. She recalls the thrill of getting the large brown envelope with its distinctive logo through the letterbox and kept these guidelines for the next ten years, tucking them carefully inside the cover of each new diary in January and beginning every list of New Year’s resolutions with the words 'Start Novel'. But she got there in the end!
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Presa nos seus braços - India Grey
Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2007 India Grey. Todos os direitos reservados.
PRESA NOS SEUS BRAÇOS, N.º 315 - Agosto 2013
Título original: The Italian’s Captive Virgin.
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Publicado em português em 2008
Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.
Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.
® ™, Harlequin, logotipo Harlequin e Harlequin Euromance são marcas registadas por Harlequin Books S.A.
® e ™ São marcas registadas pela Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas que têm ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
I.S.B.N.: 978-84-687-3382-1
Editor responsável: Luis Pugni
Conversão ebook: MT Color & Diseño
www.mtcolor.es
Prólogo
O vestido era de seda cor de marfim. Nos anos cinquenta, fora um vestido de noite que pertencera à sua grand-mère. A mãe de Anna ajustara-o ao corpo magro da menina e aplicara um laço na cintura, mesmo acima da saia.
– É lindo! – comentara Anna, enquanto se vira ao espelho, com o olhar cheio de felicidade. – É mesmo o que uma noiva usaria. É o melhor presente de aniversário da minha vida. Obrigada, mamã.
Lisette sorrira.
– Feliz aniversário, chérie. Tu estás linda. Pareces uma princesa.
Anna franzira o sobrolho, sabendo que não era verdade. As princesas eram loiras e de olhos azuis, como a sua mãe. Não tinham o cabelo preto e a pele morena como ela. De qualquer forma, adorava o vestido.
Tinha sorte de o seu aniversário ser no Verão, quando a sua mãe e ela estavam com a sua grand-mère no Château Belle Eden e, naquele Verão, tinham brincado aos casamentos. Apanhara flores dos jardins do castelo e fizera grinaldas com folhas de hera e jasmim, com as quais decorara os corrimões, e juntara rosas grandes e perfumadas para os ramos de noiva. À tarde, enquanto a sua mãe tocava piano na sala, Anna descia as escadas, deixando pétalas pelo caminho, para o seu esposo imaginário.
Imaginava-o sempre ao pé das escadas elegantes, como o príncipe dos seus contos de fadas: alto, loiro e elegante. Anna imaginava várias vezes o momento em que ele se virava e olhava para ela: o amor que ardia nos seus olhos azuis deixava-a sempre sem fôlego.
1
– C’est tout, mademoiselle?
Anna deu uma última olhadela à sua infância, amontoada na parte de trás do camião de leilões, e respirou fundo.
– Sim. É tudo.
O homem fechou a porta e sacudiu o pó das mãos.
– Bem, mademoiselle. Só faltam algumas caixas no sótão, mas nada que possa vender-se em Paris, receio. Talvez possa vender a alguma empresa local.
Anna assentiu distraidamente, enquanto batia no chão com a ponta dos seus sapatos verdes. Então, apercebeu-se. Passara tanto tempo de chinelos e a viver com as pessoas da associação Green Planet, que quase se esquecera de como as pessoas se comportavam com roupa normal.
Endireitou-se e olhou para o homem, com um sorriso. A expressão do homem suavizou-se. Tendo trabalhado tantos anos para a melhor casa de leilões de Paris, nada deveria surpreendê-lo. Os aristocratas ingleses eram muito excêntricos, porém, lady Roseanna Delafield não era parecida com nenhum dos que conhecera. Com o seu cabelo preto sedoso com madeixas rosadas e os seus movimentos de bailarina, rápidos e graciosos, parecia um gato de raça que se perdera. Naquele dia, usava o cabelo apanhado num coque discreto e um vestido curto de linho preto, que realçava o tom da sua pele. No entanto, nada conseguia esconder a vulnerabilidade por detrás dos seus grandes olhos pretos.
– Bonne chance, ma petite! – desejou o homem, com amabilidade, enquanto se sentava no lugar do condutor. – É triste dizer adeus ao lugar onde fomos felizes, não é?
Anna encolheu os ombros, com tristeza.
– Sim, mas talvez não seja um adeus definitivo...
O homem pôs a cabeça de fora de janela e desatou a rir-se.
– Às vezes, acontece um milagre – arrancou e piscou-lhe o olho. – Merece um. Au revoir!
Anna viu a carrinha a desaparecer entre os pinheiros ao fazer a curva, antes de regressar calmamente ao château. No interior, o ar quente e pesado do Verão cheirava a bafio e Anna passeou o olhar pelo outrora esplêndido hall.
Subiu as escadas devagar, com os seus sapatinhos de salto alto a tamborilarem no soalho. Por cima dela, milagrosamente, a cúpula de vidro continuava intacta e, naquele momento, um raio de luz iluminava suavemente as escadas. Sorriu ao recordar como gostava de apanhar sol ali quando era menina, ao recordar o vestido branco que a sua mãe lhe oferecera naquele Verão no seu aniversário e com o qual ela brincara às noivas.
Fora o Verão antes de a sua mãe ter morrido.
O som do telemóvel afastou-a dos seus pensamentos.
– Fliss, estou a caminho – disse Anna. – Os homens do leilão acabaram de sair, portanto vou fechar tudo e partir.
– Está bem, querida, vou pedir um Martini bem carregado para ti – disse Fliss, num tom compreensivo. – Vais apanhar o autocarro?
– Não. Um dos rapazes do Green Planet vai emprestar-me uma bicicleta. São só alguns quilómetros.
Fliss soltou uma gargalhada.
– Estás a brincar, não estás? Anna, nunca ninguém chegou ao Hotel Paradis de bicicleta. Queres que o porteiro a estacione?
Anna franziu o sobrolho, enquanto se dirigia para o sótão.
– Não sejas tola! Não vejo porque hei-de encher o ambiente de dióxido de carbono, só para que os porteiros do Paradis continuem a receber gorjetas.
– Está bem, está bem, não me dês o sermão ambiental! – o sorriso desapareceu da voz de Fliss. – E, falando disso, como vai a vida no acampamento do Green Planet? Já salvaram o mundo?
Anna aproximou-se das caixas e das velhas arcas que os homens tinham deixado amontoadas no meio do sótão poeirento.
– Continuamos a trabalhar nisso – disse, num tom seco, enquanto abria uma arca e encontrava uma confusão de roupa. – Salvar o Château Belle Eden daquele... daquele investidor imobiliário seria um bom começo.
– Bom, se estivermos a falar de Angelo Emiliani, não tens hipótese – respondeu Fliss. – Anna? O que se passa? – acrescentou, ao ouvir a suave exclamação de Anna.
– Nada. Acabo de encontrar a minha antiga arca de disfarces. O meu equipamento de ballet está aqui, até as minhas velhas sapatilhas – enrolou as fitas à volta das sapatilhas e tirou um monte de tecido de seda creme do fundo da arca. – O meu vestido de noiva!
Anna afastou-o um pouco e olhou para ele, com admiração. O tecido amarelara com o tempo e tinha manchas de humidade. Apoiou o telefone no ombro, pôs o vestido à sua frente e deu uma volta, devagar.
– E pensar que eu pensava que parecia uma noiva a sério com isto – suspirou, – como uma princesa... Devia ser muito ingénua.
Isso era dizer pouco.
Bruscamente, retirou o vestido e pô-lo na arca.
– De qualquer forma – continuou, num tom dinâmico, – como já disse, não tenho nada para fazer aqui. Vou a caminho daí.
– Óptimo! Estou no terraço do café, se conseguir uma mesa. Não te esqueças de que Saskia Middleton faz hoje vinte e um anos, portanto veste qualquer coisa apropriada – acrescentou Fliss, com preocupação. – Ainda não recuperei da saia e das botas de motoqueira, da festa de Natal de Lucinda. A sua pobre mãe nem soubera o que dizer.
Anna olhou para o seu discreto vestido preto.
– Não te preocupes, vou muito formal – disse, com pesar. – Vesti-me assim em tua honra, porque não tenho nenhuma intenção de ir à festa de Saskia Middleton. Preferia passar uma noite com Lucrécia Bórgia e Hannibal Lecter. Mas reserva uma mesa no terraço e pede as bebidas. Estou aí daí a quinze minutos.
Anna desligou antes que Fliss começasse a discutir sobre a festa e passou a mão pela seda escorregadia do vestido de noiva.
Tinham mudado tantas coisas desde aquele Verão, quando pensara que a vida era simples.
Nada era simples, nem sequer ela mesma.
O château era quase a única coisa que restava daquela vida. Essa, pensou com emoção, enquanto se levantava, dobrava rapidamente o vestido e descia as escadas, era a razão pela qual não tinha intenção de desistir sem dar luta. Não tinha nada a ver com os seus sonhos de vestidos de noiva e de lembranças de casamento, porém, a sua mãe estava morta, os seus sonhos destruídos e o significado da sua própria identidade totalmente perturbada. Essa era a razão pela qual tinha de se agarrar aos últimos farrapos da pessoa que pensava ter sido.
Então, ouviu-se a porta a fechar.
Anna atravessou o patamar e ficou imóvel. Uma rajada de vento percorreu a casa, um instante antes de tudo voltar à normalidade. No entanto, o ambiente parecia diferente, ligeiramente carregado, e Anna soube que não estava sozinha na casa.
Subiu as escadas em bicos de pés.
Passaram alguns segundos sem que se ouvisse um único ruído. Então, ouviram-se alguns passos no corredor. Soube que eram passos de um homem, porque eram lentos e prudentes, como os passos do assassino dos filmes de terror que vira.
Os passos pararam.
Anna espreitou timidamente pelo corrimão.
Tinha razão!
Era um homem, muito grande e muito loiro. Talvez por ela estar a olhar para ele de cima, pareceu-lhe que tinha os ombros mais largos que alguma vez vira na sua vida.
– Olá?
Tinha uma voz profunda, com uma ligeira pronúncia estrangeira, uma voz linda, e Anna disse para si que não parecia um assassino.
– Quem está aí?
Ela ia responder, porém, não conseguiu falar.
– Muito bem, vou subir – disse o homem, depois de praguejar.
Anna sabia que estava a comportar-se de forma ridícula. Ele, quem quer que fosse, ia subir e ia vê-la no patamar, como um bichinho apavorado.
– Não se incomode – respondeu Anna, enquanto tentava adoptar um ar natural e despreocupado.
Aproximou-se das escadas e começou a descer, muito nervosa.
O homem que estava ao pé das escadas era a sua fantasia tornada realidade. Por um instante, o tempo parou e Anna regressou ao passado, como se tivesse dez anos outra vez, com um ramo de miosótis e rosas na mão, descendo as escadas para se encontrar com o seu herói. Ele estava ali, tal como ela imaginara tantas vezes.
Só que os seus olhos azuis não estavam a olhar para ela com adoração, mas com uma frieza gélida.
– Meu Deus, quem é você?
Angelo Emiliani não tinha consciência da hostilidade do seu tom de voz e não se incomodou em disfarçá-lo.
A Arundel Ducasse talvez fosse uma das agências imobiliárias mais conhecida, com filiais na maioria das grandes