Caminhos do educador social no Brasil
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Sobre este e-book
Educação Social, pois historicamente essa área se desenvolve e
se fortalece em contextos de crise buscando dar respostas aos
problemas sociais. A autora percorre vários Estados do Brasil, Finlândia e Angola na perspectiva de produzir um conhecimento emancipador, fundamental para a formação do educador.
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Caminhos do educador social no Brasil - Jacyara Silva de Paiva
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Coordenação Editorial: Kátia Ayache
Revisão: Taine Fernanda Barriviera
Assistência Editorial: Augusto Pacheco, Érica Cintra
Capa e Projeto Gráfico: Renato Arantes Santana de Carvalho
Assistência Digital: Wendel de Almeida
Edição em Versão Impressa: 2016
Edição em Versão Digital: 2016
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Conselho Editorial
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Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira (UNICAMP/SP) (Lattes)
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A todos os educadores sociais que caminham neste imenso território educativo chamado Brasil.
Caminhos...
De uma esperança que não estanca Que não expira mesmo espancada Que espreita triste e elucubrada Cada rua tão errante quanto errática A rua arranha minhas crianças Corrói seu sexo e seus sentidos A rua, entranha de matança Mas quem mais a oferecer abrigo?As cordas cortam minhas mãos Quando tento acudir meus meninos O Estado violenta e vomita nãos Só o interessa que não sejam vistos Mas não desisto!Educo a minha dor Para persistir no meu caminho Ofereço minha amorosidade E continuo construindo Meu espaço educativo
Dialógico e afetuoso Minha esperança inextinguível
Flávia Paiva
Sumário
Folha de Rosto
Página de Créditos
Dedicatória
Epígrafe
APRESENTAÇÃO
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
1. Histórias produzidas nos caminhos
2. Os filhos da pobreza e a escola
3. Os atravessamentos das ruas e de outros processos educativos na Pedagogia Social
4. Entre Caminhos: compreendendo outros espaços educativos
Capítulo 1: No Caminho, o Encontro com a Pedagogia Social
1. A Pedagogia Social, Educação Social, Educador Social: que caminho é esse?
1.1 A Pedagogia Social em construção
2. Educação Social: como se faz?
Capítulo 2: O que Pretendi nessa Andarilhagem: os questionamentos que pulsam dentro de meu ser
1. Educador Social de rua: os colaboradores
2. A Formação: Eixo fundante da profissão do Educador Social
Capítulo 3: Categorias Freirianas Presentes no Trabalho do Educador Social
1. Ação-reflexão-ação – desvelando intencionalidades por meio da práxis
2. Amorosidade
3. Dialogicidade
4. A relação horizontal
5. Conhecimento
6. Anúncio/Denúncia
7. Incompletude
8. Leitura de Mundo/compreensão do cotidiano vivido pelo educando
Capítulo 4: Teorias que se Desvelam no Caminho
Capítulo 5: Os Di(Versos) Olhares da Pedagogia Social: Andarilhando... Filândia, Espanha, Angola
1. Andarilhando na Finlândia...
2. Andarilhando em campos espanhóis...
3. Andarilhando por Angola...
Posfácio
REFERÊNCIAS
Paco Editorial
APRESENTAÇÃO
A publicação deste livro acontece no ano de 2015, ano que representa uma época que mexeu com o imaginário da sociedade. Muitas são as ilustrações, filmes e narrativas que tentavam descrever como seria o futuro com a chegada dos anos 2000. Muitas suposições e vontades acreditavam que o futuro seria de uma sociedade com acesso a uma alta tecnologia e também desenvolvida em todos os aspectos. No que diz respeito às relações sociais, movimentos pela liberdade de expressão e lutas pelos direitos e democracia também entendiam que estavam contribuindo para que o futuro fosse construído por uma sociedade justa, livre e mais feliz. Esses sentimentos, lutas e movimentos por um mundo melhor, acredita-se, foi o que moveu as ações dos sujeitos que atuaram no século XX rumo a um esperado século XXI.
Enfim, o futuro tão esperado chegou e o que existe concretamente?
No âmbito tecnológico realmente os avanços demonstram que já foi atingido um nível que condiz com certas imaginações passadas, no que diz respeito às relações sociais também apontam-se conquistas importantes. Destaca-se o avanço da democracia em diversas partes do mundo bem como a demarcação de identidades de grupos culturais e sociais que buscam por meio de muita luta alcançar e tornar reconhecidos seus direitos enquanto seres humanos que possuem suas peculiaridades e demandas.
Os avanços na efetivação de uma sociedade mais justa e de um mundo melhor poderiam colocar este livro como relato de uma pesquisa que serviria como registro histórico de um passado recente, mas as constatações presentes levam a considerar que as reflexões desta obra demarcam uma posição específica frente a um retrocesso das relações políticas, econômicas, sociais que estão ameaçando as liberdades e o processo democrático de existência dos sujeitos como atores em um processo político na relação que se estabelece entre Sociedade e Estado.
Esta época futurista de retrocessos em várias partes do mundo, em que movimentos conservadores, retrógrados e truculentos parecem se fortalecer por meio de partidos políticos e movimentos específicos que buscam atingir justamente os grupos que conseguiram avançar pouco, mas estão se fazendo presentes nas relações sociais. Este livro ratifica que a base teórica que constitui a Pedagogia Social, que por sua vez norteia as práticas da Educação Social, deve pautar-se sim na defesa dos Direitos Humanos, utilizando referências críticas que possibilitem e indiquem possíveis alternativas, gerando ações concretas e não apenas nos discursos.
Jacyara Silva de Paiva constrói uma trajetória pessoal de lutas, estudos, pesquisas que culminaram em um conjunto de vivências que inspiram as possibilidades de atos e posturas de Educadores quando estes se depararem com situações de violência e repressão das liberdades, ou qualquer outra forma que afete a existência de um Ser Humano. A Educadora Social Orgânica, como passamos a adjetivar carinhosamente Jacyara, surge a partir de uma reflexão gramsciana sobre quem é o Intelectual Orgânico. Defende-se essa Educadora Social caracterizada como Intelectual que atua nos campos científico-filosófico, educativo-cultural e político. Esse envolvimento é possível de constatar nas linhas expressas na obra apresentada.
Apresenta-se esta obra Caminhos do Educador Social no Brasil como uma contribuição significativa para a Pedagogia Social e Educação Social, pois historicamente essa área se desenvolve e se fortalece em contextos de crise buscando dar respostas aos problemas sociais.
A lógica que segue o livro representa fielmente a maneira de existir e estar no mundo da autora Jacyara Silva de Paiva, o entrecruzamento entre as vivências práticas junto aos Seres Humanos e a busca incessante e incansável pela reflexão teórica para explicá-las, explicitam quem é e como age a Educadora Social Orgânica!
A primeira parte dos escritos descreve os caminhos e caminhadas percorridos por Jacyara desde um plano individual até o seu envolvimento com comunidades. Esse trajeto demonstra como o interesse pessoal é conduzido ao interesse coletivo que posteriormente é levado ao interesse científico e completa o ciclo atuando no âmbito político na relação Sociedade e Estado.
Seguindo seu caminho, a autora se depara com a Pedagogia Social e esse é o tema do segundo momento do livro, em que se aprofunda e se explica de maneira teórica, principalmente metodológica, como é possível articular as vivências de movimentos e luta por direitos.
O terceiro aspecto abordado é referente ao que Jacyara pretendeu com suas andarilhagens e seus questionamentos que emergiram nesse caminho. É importante entender com esse relato como uma Educadora Social se constitui Pesquisadora e esse é um ponto significativo que está relacionado ao próximo aspecto relativo às categorias pedagógicas da teoria de Paulo Freire que estão imbricadas no Educador Social.
A teoria de Paulo Freire é o fundamento principal da obra de Jacyara Silva de Paiva. Nessa parte, as categorias e as análises organizadas pela autora permitem duas interpretações. A primeira é que foi por meio das vozes e sentimentos dos Educadores Sociais que fizeram parte da pesquisa que permitiram relacionar e elencar as categorias, podendo, desta maneira, caracterizar quem são os Educadores e Educadoras Sociais. O segundo aspecto possível é que de maneira didática é possível, por meio das vozes categorizadas, orientar e indicar caminhos de atuação profissional para Educadores e Educadoras Sociais. Essa inclusive é uma demanda do contexto vivido pela Pedagogia Social e Educação Social no Brasil e em outros países, como demonstram algumas pesquisas da área.
Caminhos do Educador Social no Brasil finaliza com novos caminhos percorridos pela Educadora Social Orgânica, pois o acúmulo de suas vivências, pesquisas e atuações políticas permitiu alçar não só caminhadas, mas também voos por lugares profundamente diferentes, como Finlândia, Espanha e Angola. O que é impressionante é que mesmo em realidades tão peculiares a voz de Jacyara ecoa nos corações dos ouvintes, mobilizando sentimentos e inspirando ações.
Convidamos a todos e todas trabalhadores e trabalhadoras da educação em todos os espaços para conhecer o livro Caminhos do Educador Social no Brasil e acessar novos conhecimentos que possuem importância significativa para quem luta por um mundo mais justo para todos os Seres Humanos.
Prof. Dr. Érico Ribas Machado
Prof. Dr. da Universidade Estadual de Ponta Grossa
PREFÁCIO
A menina que corre atrás da Pedagogia Social
Assim escolhi denominar Jacyara quando a conheci e fiquei vivamente impressionado com o empenho com que ela se dedicava a absorver os conhecimentos que estávamos começando a difundir no Brasil. Neste prefácio prefiro apresentar a autora e não a obra, pois considero que Jacyara é um daqueles talentos que a gente descobre – ou que chega providencialmente ao nosso encontro – e não desgrudamos mais. Nós nos imbricamos mutuamente de tal modo em redes de Educadores Sociais – ela na USP e eu na UFES/Estácio de Sá – que desde 2008 nossos caminhos se cruzam, se misturam, se completam e se confundem, portanto, caminhei parte deste caminho com Jacyara e continuaremos caminhando juntos tendo-a como madrinha de batismo da minha primeira filha, Ana Beatriz.
De nossas primeiras interações na área surgiu o convite para eu assumir a coorientação de sua tese de doutoramento juntamente com o professor Dr Hiran Pinel, defesa realizada em 2011 na UFES. Isso demandou dela idas semanais de Vitória a São Paulo para participar da disciplina O Direito à Educação sob a Perspectiva da Pedagogia Social e esforços hercúleos para conhecer a realidade dos Educadores Sociais de Rua em Vitória, Salvador e Porto Alegre.
Sua participação nas jornadas e nos congressos de Pedagogia Social, bem como a disponibilização do Centro Educacional Radier para organizar a primeira versão do que viria a ser a proposta curricular para formação do Educador Social no Brasil foram demonstrações inequívocas de que ela, graduada em Pedagogia e em Direito, havia encontrado uma área de conhecimentos que realmente saciava sua fome e sede de saber. Tal dedicação lhe rendeu o convite para integrar o Grupo de Pesquisa Pedagogia Social, da USP, e participar da primeira visita do grupo ao berço da Pedagogia Social, a Alemanha, em julho de 2011. A integração com o núcleo inicial da Pedagogia Social no Brasil resultou na sua indicação para compor a primeira diretoria da Associação Brasileira de Pedagogia Social e sua integração com o núcleo estrangeiro da Pedagogia Social a levou depois à Espanha, Finlândia e Angola.
Como não poderia deixar de ser, esta relação de cumplicidade a levou a assumir a tarefa de levar a Pedagogia Social para sua própria terra, se propondo a sediar em Vitória o 5° Congresso Internacional de Pedagogia Social, em 2015, juntamente com sua rede de colaboradores da UFES, IFES e Estácio de Sá. Este breve relato, mais do que atestar veracidade e fidedignidade ao conteúdo da obra em questão, é o testemunho vivo do que é Pedagogia Social, de como se faz Educação Social e de como se forja o Educador Social no próprio campo de trabalho.
Recomendo a leitura a todos quantos acreditam que outro mundo é possível, que outra Pedagogia e que outra Educação é possível. Jacyara é a prova viva disso.
Cidade do Dundo, Angola, 11 de Maio de 2015.
Prof. Dr. Roberto da Silva
Livre Docente do Departamento de Administração Escolar e Economia da Educação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo.
INTRODUÇÃO
Caminhos e Caminhadas
No hay camiño, el camiño se hace camiñando. Apenas para lembrar que o caminho tem sempre um início, mas nem sempre, tampouco necessariamente, um final. Disse-me certa vez um andarilho em uma de minhas caminhadas, continuo enfim caminhando... (Paiva, 2010)
1. Histórias produzidas nos caminhos
Histórias sempre me fascinaram, elas representam sempre algo em movimento, capacidade de ser, se envolver, enquanto humano, desvelado como ser político, ético. Nossa história é sempre desveladora dos fenômenos que atravessam nossos caminhos, de nossas escolhas, de nossa responsabilidade no mundo, desvela também o tamanho de nossa capacidade de sonhar e transformar o mundo em que vivemos, neste sentido Freire nos diz:
[...] Gosto de ser gente porque a História em que me faço com os outros e de cuja feitura toma parte é um tempo de possibilidades não de determinismo. Daí que insista tanto na problematização do futuro e recuse sua inexoralidade. (Freire, 1999, p. 58)
No dia 31 de dezembro de 2009, o professor Roberto da Silva¹ encontrava-se em minha casa com sua família. Em dado momento, quando estávamos todos, família e amigos reunidos, ele passou a perguntar a cada um: qual a sua história? As pessoas olhavam-se espantadas inicialmente, mas aos poucos iam contando suas histórias pessoais, cheias de sentido e significados existenciais e cada um de nós que ouvíamos, o fazíamos cheios de silêncio, permitindo as revelações, o desvelar, o conhecimento de quem nos contava sua história. É Freire quem nos diz que
a importância do silêncio no espaço de comunicação é fundamental. De um lado, me proporciona que, ao escutar, como sujeito e não como objeto a fala comunicante de alguém, procurando entrar no movimento interno do seu pensamento, virando linguagem de outro, torna possível a quem fala, realmente comprometido com comunicar e não com fazer puros comunicados, escutar a indagação, a dúvida, a criação de quem escutou. (Freire, 1999, p. 132)
Assim, o professor Roberto da Silva queria escutar a história de cada um que ali se encontrava, naquele instante pude sentir naquela roda de amigos uma situação educativa, provocada pelo professor, que naquela hora não era um professor, mas um ser humano que buscava conhecer, que queria ouvir pessoas contando suas vidas. Duarte afirma que para Arendt
[...] contar uma vida era também a única forma de salvá-la do esquecimento. Biografar era conferir imortalidade terrena àquilo que, por sua própria natureza, é fugaz e perecível, a vida humana, arriscada a desaparecer para sempre na ausência de um poeta ou historiador, enfim, de um contador de histórias que possa imortalizá-la. Contar uma vida é uma exigência que se impõe em face da mortalidade humana, e aquilo que desta vida importa contar é justamente o seu entrelaçamento com o mundo em que ela foi vivida. (Arendt apud Duarte, 2007, p. 7-8)
Diante disso, não poderia lançar-me a esse trabalho em que atuo basicamente ouvindo histórias sem contar-lhes a minha própria história, sem contar minha vida, talvez salvando-a, assim, do esquecimento. Nesse momento gostaria de roubar um pouco de sua solidão como leitor para que pudesse