Inclusão & Educação
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Sobre este e-book
A obra também revela as diferenças entre inclusão, reclusão, integração e reinserção social e traz ao leitor algumas pesquisas que possibilitam a educadores aprofundar o conhecimento sobre a educação inclusiva, além de indicar outras produções sobre o tema, que contribuem para o amadurecimento dessa discussão.
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Inclusão & Educação - Eli Terezinha Henn Fabris
COLEÇÃO
TEMAS & EDUCAÇÃO
Maura Corcini Lopes
Eli Henn Fabris
Inclusão & Educação
DAS BALIZAS PARA ABORDAR
O TEMA DA INCLUSÃO
Que é inclusão? Quando podemos dizer que estamos incluídos? Quais os limites da inclusão e da exclusão? O que distingue a inclusão, da reclusão, da integração e da reinserção social? Desde quando a palavra inclusão passou a ser articulada à educação no Brasil? O que significa entender a inclusão como um imperativo de Estado? Por que falar de inclusão e de exclusão como duas palavras não é mais suficiente para a leitura e a problematização do vivido no presente? In/Exclusão seria uma proposta conceitual que permite ler o caráter subjetivo das relações vividas em nosso tempo? Por que é fundamental submeter a noção de inclusão a uma crítica radical? O que caracteriza a inclusão pelo viés da educação especial e pelo viés da educação inclusiva?
Este livro problematiza, dentro de um panorama geral, a crescente preocupação com a inclusão no Brasil em especial com a educação inclusiva no País. Ao mostrar que a inclusão – ao ocupar o status de imperativo de Estado e tornar-se uma das estratégias contemporâneas mais potentes para que o ideal da universalização dos direitos individuais seja visto como uma possibilidade – se insere dentro da grade de inteligibilidade que promove, entre outras coisas, a ampla circulação das pessoas, os fluxos internos nos organismos de Estado, a diversidade, a diferenciação entre coisas comparáveis e visíveis, o borramento de fronteiras, o consumo, a produção cultural, a concorrência e a competição entre indivíduos, a autonomia, o empreendedorismo, a caridade, a solidariedade, etc.
Anunciadas as questões e os atravessamentos que mobilizam nossos anseios e nos conduzem a pensar de outro modo a inclusão, bem como as balizas que sinalizam uma forma de olhar para a temática localizando-a em uma grade de inteligibilidade política-contemporânea, continuemos com o mapa do trabalho.
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Em um primeiro momento, discutimos a noção atual e emergente da inclusão buscando entendê-la como um processo datado advindo dos muitos movimentos sociais, econômicos e culturais produzidos na história da Modernidade. Buscamos na Modernidade ferramentas que possibilitam conhecer e problematizar as tramas discursivas que inventaram a inclusão como uma necessidade primordial de nosso tempo. Em um segundo momento, fizemos uma discussão sobre os conceitos que antecederam a emergência da inclusão, bem como sobre os conceitos que estão esmaecidos frente a este. Trata-se dos conceitos de reclusão, de integração e de reinserção social. Definir tais conceitos e posicioná-los historicamente permite-nos limpar a compreensão do termo inclusão para que possamos submetê-lo a uma crítica radical. Em um terceiro momento, tensionamos a noção de inclusão e de educação inclusiva, bem como a noção de in/exclusão – esta fortemente pautada em processos de subjetivação –, visando mostrar e defender nossa tese que, na atualidade, apontar processos de exclusão e de inclusão estão cada vez mais difíceis, pois as fronteiras que separam incluídos de excluídos nem sempre são tão visíveis. Com esse argumento, defendemos a necessidade de utilizarmos outra palavra para marcar as condições de discriminação negativa vividas por grupos ou sujeitos silenciados e ignorados pelo Estado e pela sociedade. Castel (2008, p. 13) afirma que a discriminação negativa deve ser entendida e encaminhada diferentemente das discriminações positivas. As discriminações positivas podem ser compreendidas como aquelas que consistem em fazer mais por aqueles que têm menos
e que possuem como princípio desdobrar esforços suplementares em favor de populações carentes de recursos a fim de integrá-los ao regime comum e ajudá-los a reencontrar este regime
. Por exemplo, discriminar positivamente na escola é ação fundamental para que seja possível atender as especificidades de aprendizagem de cada sujeito, bem como as especificidades que determinam suas condições de participação com dignidade nas relações com o outro. Em oposição, a discriminação negativa é aquela que diferencia marcando ou estigmatizando o sujeito. Para Castel (2008) ser discriminado negativamente é algo que impõe ao sujeito uma condição menor.
Diríamos que tal tipo de discriminação, infelizmente ainda muito comum no Brasil devido, entre outros elementos, a sua história política, econômica de colônia, de colonização e de país que luta para sair da condição de miséria e de pobreza absoluta de uma parcela considerável da população, é aquela que constitui a alteridade para a exclusão do outro e de si mesmo. Para entendermos e problematizarmos os processos de discriminação negativa, de silenciamentos econômicos, étnicos e culturais e de apagamentos dos sujeitos, esses considerados pelo Estado como cidadãos, faz-se necessário ir além de entendimentos binários que opõem a inclusão da exclusão. Propomos a noção de in/exclusão, como uma maneira de dar visibilidade ao caráter subjetivo que está implicado nos processos de discriminação negativa e nos processos de degradação humana. In/exclusão seria uma forma de dar ênfase à complementaridade dos termos ou a sua interdependência para a caracterização daqueles que, mesmo vivendo em situação de rua, de cárcere, de discriminação negativa por sexualidade, gênero, situação econômica, religião, etnia e não aprendizagem escolar, não podem ser apontados como excluídos. Todos vivem processos de in/exclusão e, para além desses, todos estão constantemente ameaçados por tal condição. Na última parte deste livro trazemos algumas pesquisas que nos possibilitam aprofundar o entendimento do que foi apontado até o momento, além de indicar aos leitores outras produções sobre o tema, bem como divulgar pesquisas e livros que muito podem contribuir para o amadurecimento dessa discussão.
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Antes de iniciarmos nossas investidas na problematização do termo inclusão e as suas relações com a educação, pensamos ser fundamental esclarecer de que lugar nos posicionamos para olhá-la e problematizá-la. Pensar e problematizar a inclusão ou pensar qualquer outro tema que foi inventado em uma atmosfera moderna para democratizar acessos, para garantir
igualdade a todos, é entendido muitas vezes como um movimento de direita ou como um movimento de oposição à inclusão. Dentro de uma leitura binária e, sem dúvida, simplificada das formas de vida do presente, aqueles que criticam são aqueles que não possuem consciência política e/ou social. Diante dessa possibilidade de leitura e de interpretação modernas pensamos ser importante esclarecer, desde já, o lugar de onde partimos para olhar para o tema da inclusão.
Imersas nas práticas de inclusão e, portanto, nas relações de poder estabelecidas no presente, olhamos e nos posicionamos de forma a sempre fazer movimentos de resistência e de contraconduta à inclusão. Sustentadas em Michel Foucault (2005) entendemos resistência como em um jogo de forças produzidas no interior das formas de vida, que obriga as relações de poder a mudarem e a se ressignificarem. Assim como entendemos contraconduta como uma atitude que exige posicionamento, comprometimento com o outro e outras formas de condução (Foucault, 2008a), ou seja, uma atitude comprometida do ser consigo e com o outro que não nega o direito de acesso e de participação de todos em todas as instâncias sociais, mas que luta para que tais direitos sejam atingidos de formas diferentes daquelas que comumente usamos para incluir. Com isso, afirmamos que não somos contra a inclusão tida como um imperativo de Estado, mas ao problematizar as práticas que a constituem como tal, buscamos outras formas de condução à inclusão. Por isso, ao problematizar a inclusão não estamos dizendo não a ela, não estamos simplesmente negando-a ou sendo contra ela. Ao nos posicionarmos como pesquisadoras e autoras que pensam, analisam e problematizam a inclusão a partir de autores pós-estruturalistas, também a criamos, a transformamos e, enfim, participamos ativamente do processo de invenção da própria noção de inclusão.
Partilhamos da ideia de que os movimentos de diferentes grupos e sujeitos que sofrem por diferentes formas de discriminação negativa ou por condições precárias de vida e de educação por reconhecimento das suas condições de vida são legítimos e uma das condições necessárias para que o Estado os localize, reconheça e viabilize condições para que saiam das posições de risco individual e social que ocupam. Ao reconhecer isso não estamos afirmando que essa é a forma de resolver o problema da inclusão ameaçada, mas estamos afirmando que, embora o fortalecimento das representações seja uma condição necessária para que a inclusão se estabeleça de outras formas, essa não é condição suficiente para uma vida com dignidade para todos ou para eliminar a ameaça constante da in/exclusão. Por essa razão é que propomos neste livro fazer uma crítica radical à inclusão e às práticas que a constituem. Queremos olhar para o foco da experiência da inclusão, buscando entender as condições de sua emergência no presente e no campo da educação. Para tanto, torna-se fundamental fazer uma crítica radical à inclusão.
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Foucault afirma, em entrevista concedida a Didier Éribón, publicada na revista Liberatión: A crítica consiste em desentocar o pensamento e em ensaiar a mudança; mostrar que as coisas não são tão evidentes quanto se crê, fazer de forma que isso que se aceita como vigente em si não o seja mais em si
(2006, p. 180). Assim sendo, o que queremos neste livro é problematizar a inclusão, dentro do recorte do campo da educação, a partir do difícil exercício da crítica radical a nós mesmos, ou seja, queremos fazer uma crítica radical aos especialistas que criam sentidos para a inclusão, sustentam políticas, leis e as formas de materializá-las. No livro História da sexualidade II, Foucault indaga sobre o exercício da crítica radical afirmando que ela não tem por propósito legitimar o que já se sabe, mas consiste em um empreendimento de saber