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Bola de Sebo
Bola de Sebo
Bola de Sebo
E-book77 páginas1 horaClássicos Guerra e Paz

Bola de Sebo

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Sobre este e-book

Uma diligência atravessa a Normandia ocupada pelas vitoriosas tropas prussianas, no século xix. Na carruagem segue uma jovem, Élisabeth Rousset, conhecida por Bola de Sebo, e mais nove pessoas: um casal de comerciantes, dois casais da burguesia e da nobreza, duas freiras, uma democrata. Da jovem, sabe-se que é de vida fácil e virtude pouco recomendável. Olham-na com desconfiança, indignação e curiosidade.
Na carruagem em fuga, aconchegam-se ou torpedeiam-se dez personagens inesquecíveis, e sobretudo a inesquecível personagem feminina, centro inocente e torpe desta novela.
Bola de Sebo é, por ínvios caminhos – pela carne e espírito de uma mulher, a galante Élisabeth – uma apologia da dignidade humana e a expressão do revoltado sentimento de Maupassant perante a injustiça, a torpe ingratidão e o avassalador egoísmo da boa sociedade.
Com pinceladas rápidas e crítica mordaz, Maupassant faz-nos um retrato de uma humanidade que tanto pode ser amável e generosa, como cínica e cruel.

John Ford baseou-se na versão americana desta novela para filmar a obra-prima que é Stagecoach. A canção «Geni e o Zepelim», de Chico Buarque, inspirou-se também na novela de Maupassant.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento23 de mar. de 2022
ISBN9789897028083
Bola de Sebo
Autor

Guy De Maupassant

Henry-René-Albert-Guy de Maupassant est un écrivain et journaliste littéraire français né le 5 août 1850 au château de Miromesnil à Tourville-sur-Arques(Seine-Inférieure) et mort le 6 juillet 1893 à Paris. Lié à Gustave Flaubert et à Émile Zola, Maupassant a marqué la littérature française par ses six romans, dont Une vie en 1883, Bel-Ami en 1885, Pierre et Jean en 1887-1888, et surtout par ses nouvelles (parfois intitulées contes) comme Boule de suif en 1880, les Contes de la bécasse (1883) ou Le Horla (1887). La carrière littéraire de Maupassant se limite à une décennie - de 1880 à 1890 - avant qu'il ne sombre peu à peu dans la folie et ne meure peu avant ses quarante-trois ans. Reconnu de son vivant, il conserve un renom de premier plan, renouvelé encore par les nombreuses adaptations filmées de ses oeuvres.

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    Bola de Sebo - Guy De Maupassant

    capa.jpg

    bola de sebo

    Título original: Boule de Suif

    Título: Bola de Sebo

    Autor: Guy de Maupassant

    © Guerra e Paz, Editores, Lda, 2022

    Reservados todos os direitos

    A presente edição não segue a grafia do novo acordo ortográfico.

    Tradução: Pedro Barata Duarte

    Revisão: Sofia Moura

    Design: Ilídio J.B. Vasco

    Isbn: 978-989-702-808-3

    Guerra e Paz, Editores, Lda

    R. Conde de Redondo, 8–5.º Esq.

    1150­-105 Lisboa

    Tel.: 213 144 488 / Fax: 213 144 489

    E­-mail: [email protected]

    www.guerraepaz.pt

    O huis-clos em movimento

    Quem, em 1880, logo reconheceu Bola de Sebo como uma obra-prima foi Gustave Flaubert, o grande romancista que todos conhecemos, por o confundirmos e fundirmos com Madame Bovary. Mas Flaubert não só era francês, como era o mentor literário de Guy de Maupassant, o autor de Bola de Sebo, o que pode autorizar o leitor contemporâneo mais céptico a duvidar da imparcialidade da sua avaliação. Ora, em 1939, um americano de ascendência irlandesa, o cineasta John Ford, terraplanou, 40 anos depois, todas as dúvidas ao converter o original Boule de Suif de Maupassant numa obra-prima do cinema. Stagecoach, o filme de Ford¹ que transporta a acção imaginada por Maupassant da guerra franco-prussiana na Normandia para a dramática paisagem americana de Monument Valley, é a obra-prima cinematográfica que mais e melhor realça a obra-prima literária que lhe subjaz, esse drama, tão irónico, cínico e amargamente trágico, que o convulso Maupassant construiu, inventando o huis-clos em movimento que é a diligência, na qual se aconchegam ou insidiosamente se torpedeiam dez personagens inesquecíveis, por tanto ser inesquecível a personagem feminina que é o centro inocente e torpe desta novela.

    Guy de Maupassant, o Autor

    Há autores de biografia indecifrável. Não é o caso de Henry-René-Albert-Guy de Maupassant, cuja biografia transborda de acção, sentidos e drama. Nasceu em 5 de Agosto de 1850, no château de Miromesnil, perto de Tourville-sur-Arques. Morreu cedo, em 6 de Julho de 1893, em Paris, com 42 anos, não tendo, por isso, chegado a pôr nem os olhos nem os pés no século xx. Como de alguns autores portugueses podemos dizer que são transmontanos ou alentejanos antes de serem portugueses, de Maupassant devemos dizer que é por ser normando que é também o francês singular que nele reconhecemos. A família, sobretudo a da mãe, Laure Le Poittevin, tinha raízes seculares na Normandia e foi aí, ao lado da senhora sua mãe, que Maupassant viveu uma infância e um começo de adolescência que misturou a pura liberdade do campo, rio ou mar e a vivência de uma natureza ampla e a estoirar de vida com a aprendizagem literária e estética com que a mãe modelou e equilibrou a sua energia e vigor físicos.

    A essa feliz harmonia, sucedeu o internato escolar, território de conflito e rebeldia que para sempre o poria às avessas e em consciente e determinada rejeição com o mundo da religião e com as convenções burguesas. A guerra franco-prussiana invade-lhe a biografia aos 20 anos. A exuberância vital e moral de Maupassant reagiu e logo se alistou como voluntário, o que o levaria a testemunhar no terreno o colapso político e militar de uma França exangue.

    Vai aos 21 anos para Paris, e a mãe, que convivera na adolescência com Flaubert, amizade que perdurou no tempo, recomendou-o ao então célebre escritor. Flaubert tinha 52 anos, Maupassant 23, quando essa relação, em 1873, assumiu um carácter estável e sistemático. O jovem Maupassant dividia-se entre um emprego num departamento do Ministério da Marinha, que via com olhos displicentes, e a canoagem no Sena com os amigos de boémia, canoagem a que somava a pletórica vida sexual que faz dele um dos mais promíscuos autores franceses, a par de Georges Simenon, com milhares de aventuras amorosas. O qualificativo «amorosas» é, aliás, impróprio, já que Maupassant tinha uma visão muito peculiar, retintamente sexualizada, do amor. A uma leitora fascinada, escreveria com esta crueza: «Sou o mais decepcionante e decepcionado dos homens; o menos sentimental e o menos poético. Arrumo o amor nas religiões e as religiões entre as maiores imbecilidades em que a Humanidade se deixou apanhar.»

    O magistério de Flaubert, a querer fazer dele um indiscutível escritor, choca com esta vida de dissipação. Furioso, o mestre, em 15 de Agosto de 1878, escreve-lhe, dando um belo murro na mesa: «Meu jovem, ouça bem, é preciso trabalhar muito mais do que isto. Chego a suspeitar que você já esteja ligeiramente caloso. Putas a mais! Canoagem a mais! Exercício a mais! Um tipo civilizado não precisa de tanta locomoção, como pretendem os médicos. Você nasceu para fazer versos, faça-os! Tudo o resto é vão, a começar pelos seus prazeres e pela sua saúde – enfie bem isso nessa cabeça.»

    O convívio com Flaubert permitiu a Maupassant conhecer e privar com a elite literária que frequentava Paris, de Émile Zola ao russo Turgueniev, passando por Alphonse Daudet ou Joris-Karl Huysmans, ou mesmo Mallarmé. Guiado por Flaubert, durante sete anos, Maupassant publicou apenas

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