Sexta-Feira 13 - Parte 2

Escada para o esquecimento!

Donnefar Skedar

O tempo fechou de uma forma que parecia ser em torno das vinte horas, quando o sol não deixa mais nenhum vestígio no céu e todas as luzes são brilhantes para ajudar aos olhos cansados a encontrar seu caminho.

Era apenas uma chuva de verão, mas essas sempre eram as mais, assustadores, tanto por sua rapidez em se formar e cair, quando em sua força. E ele sempre teve medo de chuva, principalmente dessas que escurecem o céu. Embora gostasse um pouco daquelas que caiam sem encobrir o sol, a tal chuva e sol, casamento de espanhol. Mas, naquele dia, isso não lhe passou pela mente, nada lhe passou pela mente, nem mesmo a escuridão em plena três horas da tarde.

Ele estava focado demais no que estava por vir e nenhuma chuva ou qualquer distração de infância poderia atrair sua atenção. Faltavam apenas 17 dias para a próxima sexta-feira 13 e ele tinha apenas este tempo para descobrir o que fazer.

Tudo aconteceu na última sexta-feira, a sexta-feira, 13 de janeiro. Ele não prestava a mínima atenção neste tipo de coisa e aquele era o início do ano de 2023, quem iria prestar atenção que era sexta-feira 13 em pleno janeiro, o pessoal queria era saber de gastar o salário recebido naquele dia, e ele era um deles.

Justamente com o foco no pagamento que receberia ao terminar o maldito trabalho naquela tarde de sexta, ele apenas pensava no dinheiro.

Tanto que nem percebeu ao sair do trabalho e caminhar até o banco, que passara por debaixo de uma escada de madeira em uma loja de antiguidade que ficava no caminho para o banco.

Ele nunca prestou atenção naquela loja, justamente por ser de antiguidade, sentia até pavor só de pensar em coisas antigas, gostava mais da atualidade, tecnologia e qualquer coisa que viesse de fora. Tanto era que seu apartamento era tão clean quanto sua roupa branca.

Não tinha muitos móveis e tão pouco aquele monte de coisas em cima deles, completamente inspirado nas séries coreanas que assistia escondido de seus amigos na Netflix pirata de seu Ipad. Jamais iria maratona uma série em sua conta pessoal da Netflix conectada na Smart tv, isso porque dividia o plano com sua família e sabia que suas irmãs ririam de sua cara por gostar de séries coreanas.

O jovem de vinte e seis anos, estava agora correndo contra o tempo para descobrir o que aconteceu e como parar aquilo que o perseguia.

Desde o dia 13 de janeiro, sua vida estava mudando de tal forma que agora beirando outubro, sua mente lhe garantia que ele estava louco e que nem uma camisa de força seria o suficiente para deter a loucura.

As coisas foram desenrolando logo na semana seguinte de janeiro, após passar por debaixo daquela escada de madeira, algo acabou atravessando com ele, algo ruim, escuro, medonho, algo sobrenatural.

Ele não notou nos primeiros dias, mas assim como a noite se transforma em dia, tudo ficou bem obscuro em sua vida.

No começo era a presença escura em seu quarto todas as manhãs quando acordava, ele jurava ver algo ou alguém próximo à cortina da janela.

O que decidiu resolver seis dias depois, removendo a cortina dizendo para si que ela precisava ser lavada e que a coisa escura era apenas a sujeira, lhe dizendo ser hora de lavar a cortina.

Até que isso funcionou, sem cortina, sem coisa escura na mesma.

Mas, não foi verdade, depois da cortina, eram os pensamentos de estar esquecendo de algo importante, todos os dias e de tempos em tempos, vinha a sensação de esquecimento, o que o irritou profundamente. Afinal, ele usava a agenda em seu smartphone e o Google Keep com suas anotações, que o mesmo preenchia cuidadosamente aos domingos antes de seu banho relaxante.

Como poderia então estar esquecendo de algo e de que se tratava se nada vinha a sua mente além daquela sensação de esquecimento?

Isso durou mais tempo do que a coisa escura, mas o trabalho ficou tão puxado que acabou tomando conta dessa sensação de esquecimento, e este foi outro ponto estranho.

Seu trabalho nunca fora puxado, ele amava o que fazia, coordenar aquela equipe, era a melhor coisa que a faculdade lhe proporcionou, ele estudou para aquilo, ele estava pronto para aquilo e ele amava o que fazia, como tudo estava tão puxado daquele jeito se nada havia mudado.

Não o bastante, quando a empresa demonstrou sinal de falência, foi que ele resolveu rever o começo do ano e então o, tapa da vida veio a tona quando em seus cálculos, ele notou que a anomalia em sua vida começara naquela sexta-feira, 13 de janeiro.

— Absurdo!

Ele imaginou e praguejou ainda em sua mesa no escritório ao olhar o calendário e lembrar da escada de madeira que passara por debaixo naquela sexta-feira. O que lhe irritou profundamente por pensar que algo assim poderia realmente existir em pleno ano de 2023. Uma blasfêmia a tudo em que acreditava.

Mesmo com seus vinte e seis anos, ele não tinha tempo para esse tipo de coisas, ele só pensava em continuar a pagar a mensalidade de seu apartamento, suas contas e gastos, devidamente calculados, e com sorte, conseguir todo o valor para a compra do seu carro à vista.

Mas, ultimamente tudo estava andando para trás e a única coisa que poderia fazer sentido para isso estar acontecendo, era justamente a que não fazia sentido algum.

Uma