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Transição energética e o fim da escravidão na Era Mauá
Transição energética e o fim da escravidão na Era Mauá
Transição energética e o fim da escravidão na Era Mauá
E-book136 páginas1 hora

Transição energética e o fim da escravidão na Era Mauá

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Sobre este e-book

No dia 13 de maio de 1888, foi publicada a Lei nº 3.353, conhecida como Lei Áurea, que extinguiu a escravidão no Brasil. A norma foi resultado de um processo complexo, envolvendo múltiplos fatores, que vão desde a resistência das pessoas escravizadas e crescimento do apoio ao movimento abolicionista até pressões externas.A partir do estudo do Brasil da Era Mauá (1850-1889), a economista Gabriela Santos Carvalho analisa um aspecto que, naquele contexto, costuma passar despercebido: haveria uma relação entre o fim da escravidão e uma transição energética em prol de combustíveis fósseis ocorrida durante a Revolução Industrial? O livro inaugura a série "Energia", coordenada pelo professor André Felipe Simões (USP), e que reunirá obras que abordam, sob uma perspectiva crítica, os múltiplos aspectos da produção e consumo de energia, em especial sua relação com questões socioambientais prementes, como as mudanças climáticas, (in)justiça e desigualdade(s).
IdiomaPortuguês
Data de lançamento13 de jul. de 2024
ISBN9786599937354
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    Transição energética e o fim da escravidão na Era Mauá - Gabriela Santos Carvalho

    Sumário

    SÉRIE ENERGIA

    APRESENTAÇÃO

    INTRODUÇÃO

    1. A ORIGINALIDADE DAS SOCIEDADES HUMANAS: A APROPRIAÇÃO ENERGÉTICA

    1.1. A busca permanente por unidades de energia livre

    1.2. A revolução energética inerente à fabricação artificial do fogo

    1.3. A Revolução Agrícola e o surgimento das primeiras sociedades estado

    2. ESCRAVIDÃO, ENERGIA E TRANSIÇÃO EM PROL DOS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS

    2.1. O modelo servil e a apropriação energética

    2.2. A transição para o uso dos combustíveis fósseis: Revolução Industrial

    2.3. Fim da escravidão no contexto socioeconômico mundial

    3. UM RECORTE DAS AMÉRICAS NO SÉCULO XIX: MOTIVAÇÕES PARA O FIM DA ESCRAVIDÃO NO CONTINENTE AMERICANO

    3.1. A inserção do Brasil no regime escravocrata

    3.1.1. O fim do regime escravocrata no Brasil e o início do trabalho assalariado

    3.1.2. A industrialização promovida pela Era Mauá

    3.1.3. A substituição de mão de obra escrava para o trabalho assalariado no Brasil

    4. Energia e escravidão – Uma discussão com recorte espacial no Brasil da Era Mauá

    BIBLIOGRAFIA

    SOBRE A AUTORA

    SOBRE O CURADOR DA SÉRIE

    SÉRIE ENERGIA

    A Série Energia da Editora Mandaçaia dialoga, sob matizes diversos, com os temas e subtemas associáveis à produção e ao consumo de energia, na atualidade ou em tempos pretéritos, tanto no que se refere aos recursos energéticos fósseis (particularmente, os mais empregados combustíveis fósseis, quais sejam, carvão mineral, petróleo e o gás natural), quanto no que tange às chamadas energias renováveis (ou de transição, para os autores tipicamente críticos da transição energética em curso, eminentemente e meramente focada na eletrificação dos modais de transporte, principalmente os veículos automotivos). Frisa-se que há diferenças importantes entre os livros inerentes à Série Energia publicados pela Mandaçaia e os livros, digamos, mais tradicionais que focam esta temática. Diferentemente destes, os livros aqui propostos, intencionalmente, apresentam argumentações que cotejam a perspectiva de autoras e autores do Sul Global que defendem a ideia de que é premente e fundamental a construção de outros mundos possíveis, caracterizados por justiça, fraternidade e igualdade e com plenas justiças social, ambiental e econômica.

    Destarte, os livros da Série Energia, direta e/ou indiretamente, questionam e criticam a priorização da geração, aos ditos empreendedores do autodenominado setor produtivo, de maior lucro no menor tempo possível na produção e no consumo de energia. Esta necessidade de criticar tal modelo não é por diletantismo, mas, sim, por ser necessária, na medida em que diversos relevantes impactos ambientais e socioeconômicos se associam ao modelo energético atual, o qual é majoritariamente controlado por grandes corporações empresariais multinacionais. Neste contexto, vide, por exemplo, os inúmeros danos socioambientais e socioeconômicos correlatos à intensificação das mudanças climáticas e de seu mais proeminente fenômeno precursor, o aquecimento global – aspectos visceralmente associáveis ao globalmente crescente consumo de combustíveis fósseis.

    É de fato usual dentre os países do Sul Global, como o Brasil, haver uma geração de eletricidade (por meio de usinas hidrelétricas, por exemplo) tipicamente pouco onerosa para as empresas geradoras e, por outro lado, custos muito elevados ao consumidor final, em especial no caso do setor residencial, o que aumenta sobremaneira a vulnerabilidade socioeconômica dos mais pobres. E este quadro de desigualdades entre perdas (Sul Global) e ganhos (Norte Global) no contexto energético (dentre outros tantos contextos), sem notáveis alterações estruturais, vem se mantendo basicamente desde o início da Revolução Industrial, em fins do século XVIII, por meio de processos coloniais ou neocoloniais de domínio e exploração. Neste sentido, a construção de uma efetiva justiça energética, conceito relativamente novo e que trata das desigualdades sociais, raciais e de gênero no acesso aos serviços energéticos, perpassa todos os livros da Série Energia. Assim, os títulos desta série da Mandaçaia não se furtam a discorrer sobre as externalidades negativas diversas, históricas ou contemporâneas, associáveis ao modelo de (sub) desenvolvimento proposto pelo capitalismo.

    Urge mencionar, ainda, que a Série Energia ambiciona atrair leitores para muito além daqueles típicos do ambiente acadêmico, sem deixar de também se dirigir a este tipo de leitor. Para tanto, os títulos encerram linguagem acessível ao público mais amplo e, ao mesmo tempo, sem a perda dos preceitos centrais científico-acadêmicos.

    São Paulo, 03 de fevereiro de 2024.

    André Felipe Simões

    Curador da Série Energia

    APRESENTAÇÃO

    Este livro almeja estabelecer e analisar possíveis inter-relações históricas, políticas (em especial, sob o prisma de políticas energéticas) e socioeconômicas entre o fim dos regimes escravocratas nas Américas ao longo do século XIX e o acesso a novos estoques de energia, as energias fósseis (naquele momento histórico, carvão mineral e petróleo, fundamentalmente).

    O trabalho trata da hipótese de que o regime escravista e seu correlato volume de produção inserida no sistema capitalista, por volta de 1850, em fins da 1ª Fase da Revolução Industrial, passou a constituir um obstáculo às exigências de acumulação de capital iniciadas na economia mundial decorrentes do advento dos combustíveis fósseis. Para tanto, analisa cronologicamente o processo de acumulação de energia pelas sociedades humanas desde a constituição das primeiras sociedades estado (como a Mesopotâmia e o Egito Antigo).

    A partir da história da energia, este livro analisa a busca humana por energia livre desde tempos pré-históricos (bem antes, inclusive, da hegemonia do Homo Sapiens Sapiens), o estabelecimento não espontâneo de classes dominantes – e, consequentemente, o início da expropriação, em benefício de uma parcela minoritária da população, da força de trabalho da maior parte dos indivíduos de determinada sociedade – até a ampliação da escravidão em escala comercial.

    Com foco na chamada Era Mauá (1850-1889), em alusão às estratégias implementadas, no Brasil, pelo Barão de Mauá (1813-1889) em prol de acelerada industrialização, este livro centra atenções nas injustiças socioeconômicas diversas associáveis ao regime escravista.

    Dada a semelhança cronológica de dois eventos emblemáticos e caracterizadores do século XIX (quais sejam: libertação de pessoas escravizadas nas Américas e início da utilização de combustíveis fósseis), entende-se que há uma forte ligação entre ambos os episódios; ou seja: seria o fim da escravidão, direta e/ou indiretamente, uma forma de aumentar a apropriação de energia? Neste contexto, este livro busca justificar que, caso o sistema escravista permanecesse, mesmo após o acesso às novas fontes de energia, ele não seria capaz de sustentar a transição para um crescimento produtivo exponencial. Ou seja, a descoberta das fontes fósseis, dos estoques de energia, contribuiu, intui-se, de modo decisivo, para o fim

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