Toxicidade Das Plantas2013

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Toxicidade das Plantas

Dra. Sonia A. Dantas Barcia


Farmacutica Toxicologista
Centro de Controle de Intoxicaes
[email protected] [email protected]

Intoxicao
a ocorrncia de efeito(s) nocivo(s) em um organismo vivo por ao de um agente fsico ou qumico, sendo que o efeito pode variar de uma alterao a molcula de DNA, a uma alterao metablica, leso de um tecido ou morte do organismo.

EXPOSIO: o contato entre a planta e o organismo vivo, sem aparecimento de efeito(s) nocivo(s).

Origem das Substncias - Princpios ativos

Metabolismo secundrio

Tipos de princpios ativos


Alcalides: tropnicos, amarilidceos, pirrolizidnicos, indlicos, quinolnicos, xantnicos etc. Glicosdeos cianognicos, cardioativos, antraquinonicos, solanceos Flavonides e isoflavonas leos essenciais Graianotoxinas cidos graxos Toxalbuminas Nitratos e nitritos Oxalatos solveis e insolveis Iridides Urshiois steres diterpnicos Tricotecenos macroldeos Taninos Mucilagens e pectinas Saponinas e poliacetilenos Glicosinolatos Fenois e Iridois Substncias oxidantes e antioxidantes Ptaquilosdeos Substncias cancergenas, Triterpenos e lantadienos mutagnicas e teratognicas Monofluoreacetatos

DIAGNSTICO:
difcil de realizar quando no existem referncias da ingesto; devido a sintomas gerais Ainda quando existe a referncia da ingesto:
so muitas espcies de plantas que dificultam a identificao quando feita os dados sobre a toxicidade no esto disponveis.
Nandica domestica

EPIDEMIOLOGIA DAS INTOXICAES


cerca de 1 a 2 % dos casos atendidos pelo CCISP; faixa etria principal de 01 a 04 anos; via de exposio principal oral com cerca de 95% das ocorrncias; seguida da ocular e drmica principal circunstncia envolvida so acidentes,

EPIDEMIOLOGIA DAS INTOXICAES


Outras circunstncias so: Uso teraputico Erro de prescrio Automedicao Tentativa de suicdio Tentativa de aborto

Alimentao

Riscos de Intoxicaes por plantas medicinais


Confuses com nome popular
Boldos

Boldo do Chile

Boldo brasileiro

Boldo baiano

Erva cidreira

Erva cidreira verdadeira (Melissa oficinalis) Capim cidro

Erva cidreira brasileira (Lippia alba)

Erva de So Joo

Erva de So Joo brasileira ou pico roxo

Erva de So Joo (Hypericum perforatum)

Fatores que contribuem para as exposies e intoxicaes


Conceitos da populao:
Se no mata, engorda Se no fizer bem, mal no faz Se natural, no faz mal

DIVULGAO DE INFORMAES SEM RESPONSABILIDADE TCNICA: Boldo Boldo T T xico xico MODISMOS: Babosa e porangaba FALTA DE TRABALHOS DE ORIENTAO A POPULAO E CAMPANHAS DE PREVENO DAS INTOXICAES /EXPOSIES.

Riscos de Intoxicaes por plantas medicinais


Local de aquisio da planta
Ambulantes Feiras livres Mercados municipais Ervanrios Loja de produto natural Farmcia de manipulao

Riscos de Intoxicaes por plantas medicinais


Modo de preparo:
Ch Xaropes Tinturas Cataplasmas Pomadas

Riscos de Intoxicaes por plantas medicinais


Posologia
Quantidade utilizada para preparo Quantidade ingerida por dia Validade do preparado

Durao do tratamento

Riscos de Intoxicaes por plantas medicinais

Indicaes e usos:
vrios componentes Panacia

INTERAES MEDICAMENTOSAS

Farmacocinticas
absoro distribuio metabolismo excreo

Farmacodinmicas

Exemplos de interaes com medicamentos


Plantas com saponinas:
Aumentam a absoro de frmacos Suco de babosa /aloe vera Alona - veculo

Exemplos de interaes com medicamentos


Plantas com taninos
Diminuem a absoro de frmacos
Chs caseiros Formulaes de fitoterpicos para problemas gstricos e vasocirculatrios

PROPOSTA DE ATENDIMENTO PRIVELEGIANDO O PACIENTE

Avaliao clnica
SINTOMAS GASTRINTESTINAIS SINTOMAS CARDIOVASCULARES

DISTRBIOS SINTOMAS METABLICOS NEUROLGICOS

Distribuio das ocorrncias com plantas por princpio ativo


Registros do CCISP de janeiro de 2006 a julho de 2009

oxalato de clcio princpio ativo ignorado alcalide toxalbumina esteres diterpnicos glicosideos cardioativos outros princpios ativos glicosdeo cianognico flavonides saponina urshiois graianotoxina solanina Total Global

191 137 24 21 12 9 9 8 6 6 5 3 3 431

Plantas que provocam leses cutneas e de mucosas por ao fsica

Urtiga sp

Begonia sp

Plantas que provocam leses cutneas e de mucosas por ao fsica

Furcrarea sp

Euphorbia sp

Urucum

Aloe sp

Plantas que provocam leses cutneas e de mucosas por ao fsica


Ardisia sp

Agave sp
Bromlias

Plantas que provocam leses cutneas e de mucosas por ao fsica

Phoenix sp cactos

Plantas que provocam leses cutneas por ao fsica


Descontaminao local
Remoo dos espinhos e pelos Lavar com gua e sabo Passar anti-sptico (mertiolate, etc)

Casos onde h inflamao ou dor persistente necessria a avaliao clnica para a administrao de antiinflamatrios e at mesmo corticides via oral.

Plantas que provocam leses de mucosa ocular por ao fsica


Descontaminao:
Retirar o corpo entranho no caso de espinhos e pelos. Lavar em gua corrente abundantemente.

Avaliao por oftalmologista

Plantas que apresentam steres diterpnicos

Euphorbia sp
Euphorbia pulcherrima

Plantas que apresentam steres diterpnicos

Codiaeum variegatum Synadenium grantii

Plantas que apresentam steres diterpnicos

Euphorbia sp
Euphorbia tirucalli

Croton lechleri

Plantas que apresentam steres diterpnicos

Euphorbia leucocephala

Euphorbia cotinifolia

Plantas que apresentam steres diterpnicos Sintomatologia


Ingesto: nuseas,vmitos e diarria, gastrenterite nos casos graves. Contato drmico:dor imediata,prurido,eritema, edema,bolhas pequenas ou grandes. As leses podem durar de 3 a 7 dias para cicatrizar. Contato com mucosa ocular:inchao das plpebras, ceratite, irite, diminuio da acuidade visual e conjuntivites.
Casos graves:ceratoconjuntivite e cegueira temporria.

Plantas que apresentam saponinas e poliacetilenos

Sansevieria sp

Sansevieria sp

Plantas que apresentam saponinas e poliacetilenos


Luffa aegyptica

Luffa operculata

Bixa orelana

Hedera sp

Plantas que apresentam saponinas e poliacetilenos

Ficus sp

Ficus sp

Ficus pumila

Plantas que apresentam saponinas e poliacetilenos

Plantas que apresentam saponinas e poliacetilenos Sintomatologia


Ingesto: pode-se observar sialorria, queimao na boca e garganta.

Contato cutneo:
dermatites alrgicas e de contato prurido intenso, placas ou faixas de ppulas urticariformes; sensao de queimao; leso vesicular erosiva com base eritematosa dor intensa edema periorbital.

Contato com a mucosa ocular:


Irritao Dor local edema

Plantas que contm oxalato de clcio

Dieffenbachia sp

Aglaonema commutatum

Aglaonema sp

Plantas que contm oxalato de clcio

Aglaonema sp

Plantas que contm oxalato de clcio

Caladium sp

Plantas que contm oxalato de clcio

Syngonium podophyllum

Plantas que contm oxalato de clcio

Xanthosoma sp

Plantas que contm oxalato de clcio

Anthurium sp

Monstera sp

Plantas que contm oxalato de clcio

Plantas que contm oxalato de clcio

Philodendron sp

Plantas que contm oxalato de clcio

Zantedeschia sp

Plantas que contm oxalato de clcio

Spathiphyllum sp

Plantas que contm oxalato de clcio

Begonia sp

Plantas que contm oxalato de clcio

Scheflera sp.

Plantas que contm oxalato de clcio

Scheflera sp.

Plantas que contm oxalato de clcio

http://mazinger.sisib.uchile.cl/repositorio/ap/ciencias_quim icas_y_farmaceuticas/apbot-farm2a/06b.html

Plantas que contm oxalato de clcio Sintomatologia


ingesto:
salivao e dor na boca, lngua e lbios, edema de mucosa oral; edema de glote distrbios gastrintestinais;

Begonia sp.

contato com a pele:


dermatite de contato;

Philodendron sp

mucosa ocular: ceratoconjuntivite.

Plantas que contm toxalbuminas

Ricinus comunis

Plantas que contm toxalbuminas

Jatropha curcas

Plantas que contm toxalbuminas

Jatropha podagrica

Jatropha sp

Abrus precatorius

Plantas que contm toxalbuminas


Sintomatologia aps ingesto
A sintomatologia pode ter uma latncia que varia de horas a dias.
Distrbios gastrintestinais: nuseas e vmitos,diarria e clicas intestinais intensas. Distrbios hidreletrolticos Distrbios respiratrios Distrbios cardiovasculares Casos graves: distrbios neurolgicos torpor, hiporreflexia e coma.

Plantas que contm substncias cardioativas


Glicosdeos cardioativos

Digitalis purpurea

Plantas que contm substncias cardioativas


Asclepia sp

Plantas que contm substncias cardioativas

Thevetia sp

Plantas que contm substncias cardioativas

Nerium sp

Plantas que contm substncias cardioativas


Bufadienlidos

Kalanchoe sp

Plantas que contm substncias cardioativas


Graianotoxinas

Rhododendron sp

Plantas que apresentam substncias cardioativas


Sintomatologia aps ingesto
Distrbios gastrintestinais:
nuseas, vmitos, clicas abdominais intensas, inclusive com diarria sanguinolenta.

Hipercalemia. Sintomas neurolgicos:


os casos de espirradeira" e "oficial de sala" podem apresentar perda do equilbrio, tonturas, cefalias, torpor, convulses e coma.

Alteraes no eletrocardiograma:
arritmias do tipo fibrilaes atriais ou ventriculares, bloqueios, extrassstoles e taquicardias.

Plantas que contm glicosdeos cianognicos

Hydrangea sp

Plantas que contm glicosdeos cianognicos

Bambusa sp

Plantas que contm glicosdeos cianognicos

Rosa sp

Plantas que contm glicosdeos cianognicos

samambaias

Plantas que contm glicosdeos cianognicos


Sambucus sp

Plantas que contm glicosdeos cianognicos

Manihot sp.

Plantas que contm glicosdeos cianognicos


mandioca mansa e a brava
Embrapa Bahia:
"Tanto a mandioca mansa como a brava contm o princpio ativo. A diferena est na quantidade de cianeto gerado: at 50 ppm de cido ciandrico por 100 g de polpa, mandioca mansa, Acima dessa quantidade, mandioca brava e tem que ser industrializada para poder ser consumida. O princpio ativo txico voltil."

Plantas que apresentam glicosdeos cianognicos


Sintomatologia aps ingesto
Manifestaes gastrintestinais: nuseas, vmitos, clicas abdominais e diarria. Distrbios neurolgicos: opisttono, trisma, convulses, coma e midrase. Distrbios respiratrios: dispnia, aumento de secreo brnquica, apnia. Distrbios cardiovasculares:arritmias e hipotenso. bito: falncia cardio-respiratria.

Plantas que contm glicosdeos cianognicos Tratamento Inicial

antdotos

Plantas que apresentam glicosdeos cianognicos Exposio crnica Bcio fisiolgico:


O tiocianato formado da reao entre cianeto e enxofre, reage com o iodo, levando a falta de iodo disponvel para a formao de hormnio tireoideano Correo: sal iodado.

Plantas que contm alcalides tropnicos ou beladonados

Brugmansia sp

Plantas que contm alcalides tropnicos ou beladonados

Datura metel Datura stramonium

Plantas que contm alcalides tropnicos ou beladonados Sintomatologia aps ingesto


Distrbios gastrintestinais:
nuseas e vmitos

Aumento da temperatura corporal. Blind as a bat : cego como um morcego Hot as hare: quente como o inferno Red as a beet: vermelho como pimento Dry as a bone: seco como osso Mad as a hatter: louco varrido

Plantas que apresentam alcalides pirrolizidnicos

Senecio brasiliensis

Plantas que apresentam alcalides pirrolizidnicos

Senecio sp

Plantas que apresentam alcalides pirrolizidnicos

Symphynthum officinale

Plantas que apresentam alcalides pirrolizidnicos


Sintomatologia aps ingesto
As manifestaes txicas, no homem, recebeu a denominao genrica de seneciose. Quadro clnico: grande e rpido aumento de volume abdominal, hepatoesplenomegalia, ascite e circulao colateral visvel (semelhante a sndrome de Budd-Chiari). Bipsia heptica: ocluso dos pequenos ramos da veia heptica por colgeno, congesto macia entro-lobular e necrose.

Plantas que apresentam alcalide nicotina semelhante

Spartium junceum

nicotiana sp

Plantas que apresentam alcalide nicotina

Sintomatologia aps ingesto


Esto relacionadas com a quantidade de sementes ingeridas; Ingesto: estimulao respiratria e hiperatividade gastrintestinal. Em grandes doses, ocorrem nuseas e vmitos, diarria, dor de cabea, taquicardia, sudorese e salivao, evoluindo rapidamente para prostrao, convulses, arritmias cardacas, coma e morte por depresso respiratria.

Plantas que apresentam Alcalides Amarilidceos

Clvia

amarilis Narcisio

Plantas que apresentam Alcalides Amarilidceos Sintomatologia


Ingesto:
nuseas, vmitos e diarria; alguns casos dores de cabea e salivao hipotenso, sedao e convulses. casos relatados de degenerao heptica

Contato drmico: dermatites de contato Contato ocular: irritao, dor intensa, edema

Plantas que apresentam

Solaninas

Solanum americanum Solanun asperolanatum

Plantas que apresentam

Solaninas

Solanum sisymbriifolium

Solanum cernuum

Plantas que apresentam

Solaninas
Solanum paniculatum

Plantas que apresentam

Solaninas

Solanum americanum

Plantas que apresentam

Solaninas

1. 1.

Plantas que apresentam Solaninas


SINTOMATOLOGIA aps ingesto

Distrbios gastrintestinais Quadro Colinrgico


Miose Convulses Aumento das secrees

Plantas que apresentam Lantadienos


Lantana sp.

Plantas que apresentam Lantadienos


Sintomatologia aps ingesto Manifestaes clnicas: exposies agudas - nuseas, dores de cabea, vmitos, diarria, fraqueza, letargia, respirao lenta e difcil, cianose, midrase, fotofobia, hiporreflexia, ataxia e coma, podendo o paciente chegar ao bito. exposio prolongada - aumento das bilirrubinas, levando a ictercia e fotossensibilizao. As alteraes das funes hepticas.

Plantas que apresentam quinonas e antraquinonas

Sene

Cascara sagrada

Aloe sp

Plantas que apresentam quinonas e antraquinonas


Sintomatologia

efeito txico: efeito laxativo ==> catrtico de acordo com a dose administrada e as condies da planta. uso crnico pode levar : a alteraes morfolgicas no reto e clon, sendo necessria correo cirrgica em alguns casos. perda de potssio com comprometimento do msculo cardaco

Plantas Alergizantes

Plos Plens Urshiois

Sonia Aparecida Dantas Barcia e-mail: [email protected] [email protected]

Coordenao de Vigilncia em Sade Gerncia Centro de Controle de Doenas Centro de Controle de Intoxicaes de So Paulo Atendimento clnico e laboratorial 24 horas por dia Atendimento mdico: 0800-771-3733 (11) 5012-5311 Administrao: (11) 5012-2399
(11) 5013-5456

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