UniSalesiano Centro Universitrio Catlico Salesiano Auxilium de Araatuba SP Curso de Engenharia com Habilitao em Mecatrnica Trabalho de Concluso de Curso

Desenvolvimento de uma Ferramenta Computacional para o Gerenciamento das Inspees de Segurana em uma Caldeira Aquatubular

CHRISTOPHERSON BENAZZI FRANCISCHETTI

Projeto de Monografia apresentado como exigncia do curso de Graduao em Engenharia com Habilitao em Mecatrnica sob a orientao do Prof. Eng. MSc. Adriano Silva Borges

ARAATUBA SP 2009

CHRISTOPHERSON BENAZZI FRANCISCHETTI

DESENVOLVIMENTO DE UMA FERRAMENTA COMPUTACIONAL PARA O GERENCIAMENTO DAS INSPEES DE SEGURANA EM UMA CALDEIRA AQUATUBULAR.

Trabalho de Concluso de Curso apresentado Banca Examinadora do UniSalesiano Centro Universitrio Catlico Salesiano Auxilium de Araatuba - SP, curso de Engenharia com Habilitao em Mecatrnica sob a orientao do Prof. MSc Adriano Silva Borges.

ARAATUBA SP 2009

FRANCISCHETTI, Christopherson Benazzi ; 2009. DESENVOLVIMENTO DE UMA FERRAMENTA COMPUTACIONAL PARA O GERENCIAMENTO DAS INSPEES DE SEGURANA EM UMA CALDEIRA AQUATUBULAR. 140 p. - Monografia (GRADUAO) UniSalesiano Centro Universitrio Catlico Salesiano Auxilium SP 2009 ENGENHARIA COM HABILITAO EM MECATRNICA 1. Engenharia com habilitao em mecatrnica- Engenharia de Controle, Processos Industriais, Simulao.

FOLHA DE APROVAO

CHRISTOPHERSON BENAZZI FRANCISCHETTI

DESENVOLVIMENTO DE UMA FERRAMENTA COMPUTACIONAL PARA O GERENCIAMENTO DAS INSPEES DE SEGURANA EM UMA CALDEIRA AQUATUBULAR.

Trabalho de Concluso de Curso apresentado Banca Examinadora do UniSalesiano Centro Universitrio Catlico Salesiano Auxilium de Araatuba - SP, curso de Engenharia com Habilitao em Mecatrnica sob a orientao do Prof. MSc Adriano Silva Borges.

______________________________________________ Prof: Instituio: Data: _______________________________________________ Prof: Instituio: Data: _______________________________________________ Prof: Instituio: Data:

DEDICATRIA

Dedico este trabalho primeiramente minha famlia, que teve um papel fundamental para que hoje eu pudesse estar celebrando este momento. minha me (Regina) por estar sempre me cobrando e me incentivando; ao meu pai (Denir) pelo suporte e apoio nas horas do aperto; e ao meu irmo (Gregori), tambm participante das minhas lutas e aflies, mas tambm das conquistas e vitrias Este trabalho no teria sado sem a cooperao de todos vocs! Tambm dedico aos meus professores, os quais me deram a oportunidade de ampliar meus conhecimentos e me prepararam para a realizao desta monografia, e a todos que direta ou indiretamente me ajudaram na elaborao deste trabalho, seja pelo fornecimento de materiais ou por singelos conselhos e sugestes que deram um encanto especial a esta obra.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeo a Deus, pois Ele o principal responsvel por esse momento to especial em minha vida. Sem Ele eu no teria chegado at aqui e muito menos conseguido concluir esta dissertao - Sou grato a Ti, Senhor, pra sempre! A oportunidade de acompanhar alguns testes e inspees em caldeiras e vasos partiu do meu gestor, na empresa onde trabalho. Agradeo grandemente ao Adalberto Covre pela possibilidade de fazer este estgio e pela credibilidade depositada em mim ao longo desse tempo de convvio. Depois de tantos dilogos e conversas, sem saber ele estava me inspirando na escolha deste tema. Durante o perodo em que estive elaborando esta dissertao, tive a ajuda de vrios colegas de trabalho e tambm profissionais da JAL Engenharia e Consultoria. Gostaria de agradecer JAL na pessoa do Eng Luiz Henrique da Costa, e de agradecer especialmente a trs funcionrios da JAL que me deram suporte: ao Eng Pedro Alves Carvalho Filho, por ter me ajudado a dar a largada e a me interessar pelo assunto; Lenilson Francisco Alves Silva, pelo fornecimento de alguns materiais e explicaes; e Marcelo Bertasson, pela ateno dispensada e prontido em me ajudar. Sem a ajuda deles este trabalho no teria caminhado da forma como caminhou. Devo agradecimentos tambm a colegas como o Marcelo Gonalves Silva, Antonio Carlos Leo Souza, Jos Valter Barreto, Fabrizio Mendes Ferrari, dentre outros que no caberiam neste espao. A cada explicao dada e a cada dvida que tiravam estavam por certo contribuindo para o resultado final. Ao meu orientador, Prof. Eng MSc. Adriano Silva Borges, pelas sugestes, idias e crticas, e tambm por ter acreditado neste projeto. Sem dvida, a troca de experincias em sala de aula e seus exemplos de vida tambm foram fundamentais para minha formao no s universitria, mas para o prprio mercado de trabalho e tambm para a vida. Por fim agradeo infinitamente minha famlia, que me apoiou em todos os momentos desta longa jornada, por estarem presentes e partilharem tanto dos bons momentos quanto daqueles difceis e no muito agradveis. Estiveram comigo sofrendo cada aflio e comemorando cada vitria. Agradeo por terem dado condies e o suporte necessrios para que este sonho se realizasse, e tambm por servirem de exemplo de vida. Hoje podemos ver Deus operando em favor de nossos sonhos e a concretizao de mais esta conquista.

MENSAGEM

Deus no escolhe os capacitados, capacita os escolhidos. Fazer ou no fazer algo s depende da nossa vontade e perseverana. Albert Einstein

RESUMO

Devido grande utilizao dos vasos de presso e caldeiras nas indstrias, as tcnicas de inspees e ensaios no-destrutivos voltados a estes equipamentos tiveram uma grande expanso nas ltimas dcadas. Como conseqncia, aumenta tambm a procura por profissionais capacitados para exercer tais atividades. Diversas normas e procedimentos tm sido elaborados ou revisados de modo a garantir a confiabilidade destas inspees. Utilizou-se ao longo desta monografia documentos como a NR-13, NBR-12177 e ASME I, alm de outros que deram suporte e embasamento para as colocaes constantes neste trabalho. Foi feita uma abordagem mais ampla sobre essas tcnicas e ensaios realizados em vasos e caldeiras a fim de que se tenha uma melhor compreenso sobre este assunto. Desta forma, uma ateno especial foi dada norma NR-13, por ser a norma que regulamenta estas inspees de segurana no Brasil. O equipamento escolhido para ser estudado de perto foi uma caldeira da marca Conterma, instalada numa indstria alimentcia localizada no interior do Estado de So Paulo em meados do ano de 1983. A NR-13 diz que a inspeo realizada num caso como este (caldeira com 25 anos de uso) deve ser uma inspeo diferenciada, mais completa e mais abrangente do que de costume, uma oportunidade mpar para os que puderam acompanhar os trabalhos ali executados. No final deste trabalho, foi desenvolvido um sistema computacional utilizando a linguagem VBA (Visual Basic for Application), onde foram feitas simulaes numricas com os dados da caldeira sob investigao. Trata-se de um programa com uma interface amigvel e intuitiva com o objetivo de gerenciar as inspees ento realizadas, alm de manter um histrico de todos os vasos de presso da fbrica onde se deu a pesquisa, facilitando assim o acesso a informaes e dados contidos no pronturio de cada vaso ou caldeira existente, visando sobretudo, um maior rigor no cumprimento da legislao. Palavras-Chaves: Inspees de Segurana, Inspees Peridicas, Vasos de Presso, Ensaios no Destrutivos, Resistncia dos Materiais, Controle Informatizado.

ABSTRACT

Due to the great use of the pressure vases and kettles in the industries, the techniques of inspections and returned no-destructive rehearsals the these equipments had a great expansion in the last decades. As consequence, also increases the search for professionals qualified to exercise such activities. Several norms and procedures have been elaborated or revised in way to guarantee the reliability of these inspections. It was used along this monograph documents as NR-13, NBR-12177 and ASME I, besides others that gave support and embasamento for the constant placements in this work. It was made a wider approach on those techniques and rehearsals accomplished in vases and kettles so that a better understanding is had on this subject. This way, a special attention was given to the norm NR-13, for being the norm that regulates these inspections of safety in Brazil. The chosen equipment to be studied closely was a kettle of the mark Conterma, installed in the middle in a located provision industry inside the State of So Paulo of the year of 1983. NR-13 says that the inspection accomplished in a case as this (kettle with 25 years of use) should be a differentiated inspection, more it completes and including than of habit, an odd opportunity for the ones that could accompany the works there executed. In the end of this work, a system computacional was developed using the language VBA (Visual Basic goes Application), where they were made numeric simulations with the data of the kettle under investigation. It is treated of a program with a friendly and intuitive interface with the objective of managing the inspections then accomplished, besides maintaining a report of all of the vases of pressure of the factory where felt the research, facilitating like this the access to information and data contained in the handbook of each vase or existent kettle, seeking above all, a larger rigidity in the execution of the legislation. Keywords: Safety Inspections, Periodic Inspections, Pressure Vessels, Nondestructive Testing, Resistance of the Materials, Computerized Control. .

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Diagrama didtico da Estruturao da NR-13 com nfase na abordagem de cada item...........................................................................................................................22 Figura 2: Campos das categorias de caldeiras..........................................................................28 Figura 3: Refinaria exportadora de leo localizada na cidade de Skikda (Arglia)..................31 Figura 4: Refinaria na Arglia, acidente em caldeira................................................................32 Figura 5: Escombros aps exploso em refinaria na Arglia (frica) em Janeiro de 2004......32 Figura 6: Viso panormica da Caldeira a Lenha.....................................................................45 Figura 7: Caldeira a Lenha (viso aproximada)........................................................................45 Figura 8: Desenho ilustrativo de uma caldeira aquatubular vertical.........................................46 Figura 9: Ptio de Lenha da Empresa.......................................................................................47 Figura 10: Silo de Armazenagem de Cavaco............................................................................48 Figura 11: Painel Principal da Caldeira a Lenha.......................................................................48 Figura 12: Pistes Hidrulicos..................................................................................................49 Figura 13: leo dos pistes em baixo dos mesmos..................................................................49 Figura 14: Fluxograma afixado no Painel Principal da Caldeira da Empresa indicando a posio do grelhado................................................................................................49 Figura 15: Representao do interior da Fornalha de uma Caldeira a Lenha...........................50 Figura 16: Janela na qual possvel ver o interior da fornalha da caldeira a lenha TV2PMGA..........................................................................................................................50 Figura 17: Ventilador de Tiragem Forada (Ar de Combusto)...............................................51 Figura 18: Cinzeiros para a retirada de resduos.......................................................................52 Figura 19: Esquema de funcionamento de um Pr-Aquecedor de Ar.......................................53 Figura 20: Tubos do Economizador da Caldeira a Lenha Conterma TV2PM-GA...................54 Figura 21: Exaustor de Tiragem da Caldeira a Lenha da Empresa..........................................55 Figura 22: Extratores da caldeira a lenha da Empresa..............................................................55 Figura 23: Multiciclones...........................................................................................................55 Figura 24: Chamin da Caldeira a Lenha Conterma TV2PM-GA............................................56 Figura 25: Balo Superior fora da caldeira...............................................................................57 Figura 26: Balo Inferior da Caldeira a Lenha da Empresa.....................................................60 Figura 27: Balo Superior da Caldeira a Lenha da Empresa....................................................60

Figura 28: Interior do Balo Superior da Caldeira da Empresa................................................60 Figura 29: Chicana dos Gases...................................................................................................61 Figura 30: Ilustrao da parede dgua de uma caldeira aquatubular.......................................62 Figura 31: Representao esquemtica de um Soprador de Fuligem.......................................63 Figura 32: Desaerador...............................................................................................................64 Figura 33: Filtro de Carvo.......................................................................................................64 Figura 34: Abrandador..............................................................................................................64 Figura 35: Tanque de Produtos.................................................................................................65 Figura 36: Tela de Boas Vindas do programa...........................................................................67 Figura 37: Tela principal do programa com destaque no vaso de n 16 (Reservatrio de GLP).........................................................................................................................68 Figura 38: Resultados para o Teste Hidrosttico efetuado na caldeira a lenha.........................73 Figura 39: Representao esquemtica da Tenso Mecnica...................................................74 Figura 40: Barra simples sendo submetida a um ensaio de trao............................................75 Figura 41: Grfico Tenso x Deformao.................................................................................77 Figura 42: Exemplo de um EER...............................................................................................79 Figura 43: Variao do Fator de Gage com a Temperatura......................................................82 Figura 44: Configurao em ponte para anular as variaes da temperatura...........................83 Figura 45: Equipamentos de leitura de deformaes................................................................83 Figura 46: Tipos de Extensmetros (Stain Gages)....................................................................84 Figura 47: Representao esquemtica do posicionamento dos strain gages..........................86 Figura 48: Strain Gage colado no tubulo de vapor da caldeira estudada................................86 Figura 49: Deformaes ocorridas no Strain Gage n 03 ao longo do tempo..........................87 Figura 50: Resultados do Teste de Extensometria realizado na caldeira a lenha da Empresa pesquisada.................................................................................................................91 Figura 51: D-METER sendo utilizado numa medio de espessura por ultra-som..................94 Figura 52: Regies do Tubulo Superior da Caldeira a Lenha inspecionadas por ultra-som...95 Figura 53: Furos do costado do balo superior para conexes com os tubos...........................98 Figura 54: Clculo da PMTA das partes principais da caldeira a lenha conforme ASME I Div.1 (1980)...........................................................................................................102 Figura 55: Aparelho de ultra-som equipado com ecograma...................................................103 Figura 56: Movimento do cabeote (topo) e percurso snico (corte transversal) numa inspeo de solda...................................................................................................................105 Figura 57: Resultado das inspees de solda do tubulo superior da Caldeira a Lenha

Conterma - TV2PM-GA.........................................................................................106 Figura 58: Seqncia ilustrativa de aplicao dos lquidos penetrantes.................................109 Figura 59: Aplicao de lquido penetrante nas soldas da Boca de Visita do Tubulo Superior..................................................................................................................109 Figura 60: Rplica Metalogrfica realizada no tubulo superior da caldeira a lenha Conterma................................................................................................................110 Figura 61: Preparao da superfcie para o exame de Rplica Metalogrfica no Tubulo Superior da caldeira..............................................................................................113 Figura 62: Durmetro para ensaio de dureza Rockwell..........................................................115 Figura 63: Representao esquemtica da utilizao de um durmetro de impacto...............116 Figura 64: Durmetro de impacto PROCEQ TH-180, modelo utilizado na inspeo da caldeira a lenha.....................................................................................................117 Figura 65: Dados relativos caldeira a lenha da Empresa, na tela principal do software......118 Figura 66: Lista para impresso dos vasos cadastrados..........................................................119 Figura 67: Mensagem de alerta de inspees..........................................................................120 Figura 68: Janela com as cinco prximas inspees...............................................................120 Figura 69: Identificao da categoria de um vaso...................................................................121 Figura 70: Caractersticas do Costado do Vaso cilndrico......................................................122 Figura 71: Caractersticas do Costado do Vaso cilndrico......................................................122 Figura 72: Resultados da geometria apresentados na ltima guia..........................................123

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Alguns marcos histricos relacionados ao desenvolvimento da legislao acerca dos vasos de presso e de caldeiras no Brasil e no mundo............................................ 21 Tabela 2: Grandes acidentes industriais....................................................................................22 Tabela 3: Tabela para determinao da categoria de vasos de presso.....................................25 Tabela 4: Determinao dos prazos mximos para a Inspeo Peridica de vasos sob presso para estabelecimentos que no possuem SPIE (Servio Prprio de Inspeo de Equipamentos)..........................................................................................................33 Tabela 5: Determinao dos prazos mximos para a Inspeo Peridica de vasos sob presso para estabelecimentos que possuem SPIE (Servio Prprio de Inspeo de Equipamentos)..........................................................................................................33 Tabela 6: Prazos mximos para a Inspeo Peridica de caldeiras..........................................35 Tabela 7: Comparativo entre as caldeiras da Empresa.............................................................44 Tabela 8: Caractersticas bsicas dos Bales da Caldeira a Lenha Conterma - TV2PM-GA - da Empresa....................................................................................................................59 Tabela 9: Dados Tcnicos dos Tubules da Caldeira a Lenha da Empresa............................59 Tabela 10: Composio Qumica (%) das chapas em ao A-285-C.........................................69 Tabela 11: Propriedades Mecnicas das chapas em ao A-285-C............................................70 Tabela 12: Comparao entre o Strain Gage de Silcio e o de Constantan...............................81 Tabela 13: Tenses Admissveis segundo o ASME.................................................................89 Tabela 14: Tenses de Referncia para o material ASTM A-285-C (em MPa).......................89 Tabela 15: Resultados das medies de espessura nos tubules da caldeira a lenha (mm)......95 Tabela 16: Tenses admissveis para aos-carbonos em funo da temperatura......................99 Tabela 17: Coeficientes de eficincia de solda.......................................................................101 Tabela 18: Escala de dureza de Mohs (Ano de 1822)............................................................114

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas API Instituto Americano do Petrleo ASME Associao Americana dos Engenheiros Mecnicos ASNT Associao Americana para Ensaios No-destrutivos ASTM Associao Americana para Materiais e Ensaios bar unidade de medida para presses, equivale a 100.000 Pascal CST corroso sob tenso EER Extensmetro Eltrico de Resistncia END Ensaios no-destrutivos HB do ingls Hard Brinell, unidade de medida bastante utilizada em medies de dureza HP do ingls, Horse-Power, que quer dizer Potncia de Cavalo e uma unidade usada para se medir potncia HR do ingls Hardness Rockwell, ou dureza Rockwell, que uma unidade muito utilizada para se medir a dureza dos materiais HV Hard Vickers (dureza vickers), unidade usada para se determinar a dureza de um material kPa Quilopascal, unidade de presso = 1.000 Pascal LP Lquidos Penetrantes MPa unidade de medida = 106 Pascal MTE Ministrio do Trabalho e Emprego NR-13 Norma Regulamentadora N13 do MTE, que regulamenta o uso de caldeiras e vasos de presso Pa unidade de medida padro, no S.I., para se medir presses PH Profissional Habilitado, isto , aquele que tem competncia legal para o exerccio da profisso de engenheiro nas atividades referentes a projetos de construo, acompanhamento operao e manuteno, inspeo e superviso de inspeo de caldeiras e vasos de presso PMTA Presso Mxima de Trabalho Admissvel, ou seja, maior valor de presso compatvel com o cdigo de projeto, a resistncia dos materiais utilizados, as dimenses do equipamento e seus parmetros operacionais PTH abreviatura de Presso de Teste Hidrosttico

rpm rotaes por minuto S.I. Sistema Internacional de Unidades de Medida SIT Secretaria de Inspeo do Trabalho SPIE Servio Prprio de Inspeo de Equipamentos TH Teste Hidrosttico A rea para o clculo da tenso C fator de corroso d dimetro D dimetro externo do costado de um vaso

A variao da rea de uma seo L variao do comprimento de uma chapa ou fio R variao da resistncia interna de um condutor
E mdulo de elasticidade (Young) E' eficincia de solda; para o caso especfico do costado de uma caldeira, o menor valor entre E1, E2, E3 E1 em uma caldeira, eficincia longitudinal do costado E2 eficincia circunferencial do costado de uma caldeira E3 eficincia diagonal do costado

deformao especfica
F Fora K fator de gage L comprimento inicial de uma barra ou fio

coeficiente de Poisson coeficiente de segurana para o clculo da tenso admissvel

P1 passo longitudinal dos furos do costado P2 passo circunferencial P3 passo diagonal R resistncia interna de um fio R' raio de abaulamento do tampo resistividade de um fio ou outro material S taxa de trabalho do material na temperatura de projeto (coincide com a tenso admissvel)

tenso nominal aplicada

tenso admissvel do material

y tenso limite de escoamento r tenso limite de resistncia

tc menor espessura encontrada nas chapas do costado te taxa de elevao da presso durante o teste hidrosttico tf menor espessura encontrada nas chapas dos fundos vi velocidade de impacto durante o ensaio de dureza vr velocidade do ricochete durante o ensaio de dureza

SUMRIO

INTRODUO................................................................................................................................................................18 CAPTULO I ............................................................................................................................20 CONCEITO DE CALDEIRAS E VASOS DE PRESSO......................................................20 1.1 Norma Regulamentadora N13 (NR-13) ...........................................................................20 1.1.1 Divises da NR-13 .......................................................................................................22 1.1.2 Breve Definio de Vasos de Presso ..........................................................................24 1.1.3 Breve Definio de Caldeiras .......................................................................................27 CAPITULO II...........................................................................................................................29 INSPEES E ENSAIOS EM CALDEIRAS E VASOS DE PRESSO...............................29 2.1 Inspees de Segurana Histrico .................................................................................29 2.1.1 Inspees de Segurana em Vasos de Presso .............................................................32 2.1.2 Inspees de Segurana em Caldeiras ...........................................................................33 2.2 Tipos de Ensaios Realizados em Caldeiras e Vasos de Presso.......................................36 2.2.1 Exame Externo .............................................................................................................37 2.2.2 Exame Interno ..............................................................................................................38 2.2.3 Teste Hidrosttico.........................................................................................................39 CAPTULO III .........................................................................................................................42 PROPOSTA DE TRABALHO.................................................................................................42 3.1 Metodologia.......................................................................................................................42 3.2 Motivao para o Trabalho...............................................................................................43 3.3 A Empresa ........................................................................................................................43 3.4 Equipamento Selecionado ................................................................................................46 3.4.1 Ptio de Lenha ...............................................................................................................47 3.4.2 Silo.................................................................................................................................47 3.4.3 Grelhado ........................................................................................................................48 3.4.4 Fornalha .........................................................................................................................50 3.4.5 Ar de Combusto ...........................................................................................................50 3.4.6 Cinzeiro .........................................................................................................................51 3.4.7 Pr-Aquecedor ...............................................................................................................52 3.4.8 Economizador................................................................................................................53 3.4.9 Exaustor .........................................................................................................................54 3.4.10 Chamin.......................................................................................................................56 3.4.11 Balo Superior (Tubulo de Vapor) ............................................................................56 3.4.11.1 Formas de Purga .......................................................................................................57 3.4.11.2 Caractersticas Construtivas dos Tubules da Caldeira TV2PM-GA ......................58 3.4.12 Feixe Tubular...............................................................................................................60 3.4.13 Parede d'gua ..............................................................................................................61 3.4.14 Informaes Complementares .....................................................................................62

CAPTULO IV .........................................................................................................................66 REVISO DE 25 ANOS DESENVOLVIMENTO E RESULTADOS..............................66 4.1 Avaliao de Integridade ...................................................................................................66 4.2 Discusses e Anlises.......................................................................................................68 4.2.1 Teste Hidrosttico (NBR 12177-2) ...............................................................................70 4.2.1.1 Mtodo de Ensaio .......................................................................................................71 4.2.1.2 Gerenciamento pelo Software ....................................................................................71 4.2.2 Anlise de Tenses (Extensometria) .............................................................................73 4.2.2.1 Strain Gages: Definio e Tipos.................................................................................78 4.2.2.2 Mtodo de Ensaio na Caldeira em Estudo..................................................................85 4.2.2.3 Gerenciamento pelo Software ....................................................................................88 4.2.3 Ultra-Som e o Clculo da PMTA ..................................................................................92 4.2.3.1 Mtodo de Ensaio .......................................................................................................93 4.2.3.2 Clculo da PMTA e Gerenciamento pelo Sofware ....................................................97 4.2.4 Outros Ensaios.............................................................................................................103 4.2.4.1 Ultra-som nos Cordes de Solda ..............................................................................103 4.2.4.2 Lquidos Penetrantes nos Cordes de Solda.............................................................106 4.2.4.3 Rplica Metalogrfica...............................................................................................109 4.2.4.4 Ensaio de Dureza ......................................................................................................114 4.3 Outras funcionalidades do software ...............................................................................117 4.3.1 Sistema de Cadastro ....................................................................................................117 4.3.2 Alertas de Inspeo......................................................................................................119 4.3.3 Categoria NR-13..........................................................................................................120 4.3.4 Determinao da Geometria .......................................................................................121 CONCLUSO................................................................................................................................................................124 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS................................................................................................................125 APNDICES....................................................................................................................................................................127

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INTRODUO

Um levantamento feito h cinco anos atrs revela que, no Brasil, haviam 20.000 caldeiras sendo que 200 delas estavam instaladas em grandes empresas. Esse nmero ainda maior quando o assunto vasos de presso cerca de 5.000.000 de vasos no Brasil, sendo 70.000 em grandes empresas. (disponvel em http://www.scribd.com/doc/7335257/NR-13Caldeiras-e-Vasos-de-Pressao). Apesar de no haver dados concretos, com o crescimento industrial no Brasil, especialmente na indstria do petrleo e refinarias onde a quantidade de vasos de presso e caldeiras bastante expressiva no h dvidas que esse nmero ainda maior nos dias de hoje, e estima-se que aumentar sobremaneira nos prximos 10 anos. A regio do sudeste brasileiro uma das que possuem grande potencial de crescimento neste ramo. Em entrevista ao Estado, o presidente da Petrobrs, Jos Srgio Gabrielli, disse que So Paulo pode se tornar at 2020 o segundo maior Estado produtor de petrleo no Brasil, em virtude da mais recente descoberta da Petrobrs: o Pr-sal atualmente So Paulo ocupa a ltima posio na lista dos 10 Estados produtores de petrleo no Brasil (O Estado de S. Paulo, 15.10.2009). Seria um crescimento de algo em torno de 18.000%, j que o Esprito Santo, que ocupa atualmente a segunda posio neste ranking, produz em mdia 90,4 mil barris por dia contra os 527 barris dirios de So Paulo. Em paralelo a este crescimento incipiente das indstrias brasileiras, cresce tambm a demanda por equipamentos robustos, tais como as caldeiras, indispensveis em estabelecimentos de mdio e grande porte. Com isso aumenta a procura por mecanismos que aumentem a segurana visando atender as exigncias da Legislao haja vista que a utilizao inadequada ou a negligncia no uso de tais equipamentos podem causar danos de propores catastrficas. O objetivo deste trabalho demonstrar a importncia destas tcnicas de inspees de segurana aplicadas s caldeiras e tambm a vasos de presso. Por ser uma rea da engenharia com um amplo campo de atuao, as inspees com base em mtodos de manuteno preventiva e manuteno preditiva tiveram um crescimento exponencial a partir da dcada de 1960. As grandes empresas tm hoje programas de manuteno consistentes e trabalham com ferramentas metodolgicas focadas neste tipo de pensamento. inconcebvel, nos dias de hoje, uma mentalidade voltada simplesmente para a manuteno corretiva e, em se tratando de caldeiras e vasos, existe um rigor ainda maior por haver um requisito legal que est amparado

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pela NR-13. Neste trabalho foi considerado o caso especfico de uma caldeira aquatubular, com 25 anos de uso, movida a cavacos de lenha de eucalipto, no sujeita a mecanismos de danos durante a sua vida operacional. Tomou-se por base a inspeo realizada no ano de publicao desta obra, por ser uma inspeo de Avaliao de Integridade que, conforme NR-13, deve ser feita justamente na ocasio da inspeo peridica subseqente ao seu aniversrio de 25 anos. Em face disto, foi desenvolvido um software para estar gerenciando os principais testes efetuados nesta inspeo, o qual traz facilidades como clculos matemticos, verificao de condies de operao, armazenamento de fotos, dentre outras. De acordo com a inspeo realizada, faz-se o levantamento dos dados obtidos (medidas de espessuras, corroso, eficincia de soldas, etc), inserido-os no programa onde o clculo feito com exatido e economia de tempo. Alm destas, outras vantagens do software foram abordadas ao longo deste trabalho, dentre as quais pode-se citar a manuteno de um histrico atualizado de todos os vasos de presso da indstria pesquisada, contando inclusive com o arquivamento dos resultados obtidos em cada inspeo. No Captulo 1 foram passados conceitos bsicos acerca de caldeiras e vasos de presso sob a perspectiva da NR-13. Foi feita uma sinopse abordando os principais aspectos da Norma de modo a se ter uma macro-viso da mesma. J o Captulo 2 tratou especificamente do tema: Inspees de Segurana em Caldeiras e Vasos sob presso onde foi feito um retrospecto mostrando as vrias etapas pelas quais o Brasil passou at chegar no estgio atual, com leis exclusivas para tratar do referido tema. Tambm foram mostrados neste captulo quais os ensaios e testes que so mandatrios nestas inspees, sendo caracterizado ato de prevaricao a no realizao dos mesmos. O Captulo 3 uma apresentao do objeto escolhido como modelo para a criao do software de gerenciamento, onde foram passadas caractersticas construtivas e dados tcnicos do objeto em estudo, alm de trazer detalhes sobre o contexto no qual ele est inserido (fbrica de laticnios). Por fim, o Captulo 4 apresenta com riqueza detalhes como se deu a Avaliao de Integridade na caldeira em estudo, quais os ensaios efetuados nesta inspeo de 25 anos que conta com ensaios adicionais queles previstos na NR-13 trazendo inclusive fundamentos tericos necessrios compreenso dos assuntos ali mencionados. Este captulo traz tambm a interpretao dos resultados obtidos em cada teste ou ensaio efetuado, alm de mostrar a aplicao do software desenvolvido na execuo dos clculos feitos, bem como a concluso e encerramento desta obra.

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CAPTULO I

CONCEITO DE CALDEIRAS E VASOS DE PRESSO

1.1 NORMA REGULAMENTADORA N 13 (NR-13)

Caldeiras e vasos de presso so equipamentos usados em larga escala principalmente em indstrias de processo, refinarias de petrleo, petroqumicas e indstrias alimentcias e farmacuticas. Estes equipamentos devem ser projetados e fabricados de forma a evitar as suas principais causas de falha, tais como: fadiga, corroso, altas tenses localizadas, fratura frgil a baixa temperatura, fluncia a alta temperatura, deformaes plsticas ou elsticas excessivas e instabilidades plstica/elstica. Alm disso, deve-se ter um cuidado todo especial quanto a sua operao, levando-se em conta todos os aspectos relacionados segurana e aos perigos inerentes sua utilizao. Como conseqncia de vrios acidentes graves, ocorridos principalmente nos Estados Unidos no incio do sculo XX, foram criados grupos de trabalho para definirem critrios seguros de projeto, fabricao e inspeo de vasos de presso e, desta forma, surgiram os cdigos de projeto. O primeiro cdigo americano para vasos foi editado pela ASME (American Society of Mechanical Engineers), em 1925, intitulado Rules for Construction of Pressure Vessels, Section VIII, 1925 Edition. Alm deste, diversos outros cdigos foram criados visando estabelecer regras seguras para projeto e fabricao apresentando metodologia e critrios para dimensionamento, fabricao, realizao de exames no destrutivos, alm de materiais aplicveis com respectivas tenses admissveis. Cada cdigo adota critrios e metodologias prprias, sendo que atualmente os mais adotados so: os americanos ASME Section VIII, Division 1 e Division 2; o ingls PD 5500 (BS 5500); e a norma europia EN- 13445. Alm desses, existem outros cdigos importantes, tais como: o

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ASME Seo VIII Diviso 3; os alemes AD-Merkblter e o cdigo TRD; o cdigo japons JIS (Japanese Industrial Standards) e o francs CODAP (Code de constrution des Appareils a Pression, Division 1et Division 2). importante salientar que periodicamente os cdigos so submetidos a revises e novas edies para incorporarem novos tpicos e alteraes decorrentes de avanos tecnolgicos. Mas no foram apenas os cdigos utilizados no projeto e dimensionamento de vasos de presso que foram criados, como medida de segurana, em decorrncia dos acidentes registrados no incio do sculo passado. Diversas outras mudanas na legislao, normas tcnicas, instrues, resolues, portarias e leis vigentes foram alteradas visando uma melhor adequao s necessidades locais de cada pas. No Brasil destaca-se a criao da NR-13 (Norma Regulamentadora sobre Caldeiras e Vasos de Presso), em 1978, que foi um marco em termos de segurana para usurios desses tipos de equipamentos, definindo dentre outras coisas: responsabilidades; penalidades (em caso de descumprimento e/ou acidentes); e visando um maior controle sobre o estado dos equipamentos, buscando resguardar a integridade fsica dos trabalhadores. Desde a sua publicao, a NR-13 j sofreu vrias alteraes sendo que a ltima delas ocorreu no ano passado (19 de Junho de 2008), conforme Portaria n 57 da Secretaria de Inspeo do Trabalho. As tabelas abaixo renem alguns dos principais fatos que desencadearam a elaborao de Cdigos de Projeto e a criao de Normas Regulamentadoras no Brasil e no mundo, bem como as suas constantes atualizaes.

Tabela 1: Alguns marcos histricos relacionados ao desenvolvimento da legislao acerca dos vasos de presso e de caldeiras no Brasil e no mundo

MUNDO

BRASIL
Primeira verso da NR-13: 1978

Sculo XIX: Vapor como fonte de energia Cresce o nmero de acidentes com caldeiras Criao da ASME: 1880 Protestos em 1905 (50.000 vtimas por ano) Legislao americana: 1908 Surgimento do Cdigo ASME: 1914 National Board Inspection Code: 1919 Cdigo ASME Seo VIII para vasos: 1925 Portaria 16 (2001) Inmetro: Institui o Servio Prprio de Inspeo de Equipamentos (SPIE) ABNT NB-55 (inspeo de segurana em caldeiras estacionrias) => NBR 12177 Segunda reviso: 1994 (aps acidente em Refinaria) Primeira reviso: 1984 (Operadores e definio de "Risco Grave e Eminente")

Fonte: Adaptado de http://www.scribd.com/doc/7335257/NR-13-Caldeiras-e-Vasos-de-Pressao.

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Tabela 2: Grandes acidentes industriais

1976 1984 1998 1986 1972 1984

Sevezo Bhopal Nigria Chernobyl REDUC Cubato

500 mortos 2.500 mortos 700 mortos 500.000 mortos 37 mortos 508 mortos

Fonte: http://www.scribd.com/doc/7335257/NR-13-Caldeiras-e-Vasos-de-Pressao.

1.1.1 Divises da NR-13

A princpio a NR-13 est dividida em 2 grandes partes. A primeira trata acerca das caldeiras, trazendo diversas informaes como a definio de caldeiras, categorias em que so classificadas a depender de sua presso de operao, documentaes, etc. Esta primeira parte abrange os itens: de 13.1 a 13.5 (incluindo seus subitens). A segunda parte, que abrange os subitens 13.6 a 13.10.9, traz praticamente as mesmas informaes, porm referindo-se a vasos de presso. Cada uma dessas partes em que a NR-13 est dividida (Caldeiras e Vasos de Presso) pode ser subdividida em mais 4 partes como ilustra o diagrama a seguir:

Figura 1: Diagrama didtico da Estruturao da NR-13 com nfase na abordagem de cada item Fonte: Adaptado de http://www.scribd.com/doc/7335257/NR-13-Caldeiras-e-Vasos-de-Pressao

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A seguir, ser apresentada uma sntese das partes: Instalao item 13.2, correspondente em 13.7 (vasos): Esta parte trata acerca das exigncias (estruturais e fsicas) relacionadas instalao de caldeiras/vasos, como a indicao de locais apropriados, distncia de outros estabelecimentos, distncia de depsitos de combustveis, vias pblicas, sadas de emergncia, e outras, relativas segurana e iluminao; Operao item 13.3, correspondente em 13.8 (para vasos): Traz alguns pr-requisitos para uma operao segura, tais como: existncia de um Manual de Operao (em lngua portuguesa); instrumentos de medio devidamente calibrados e em boas condies de uso; e um controle e monitoramento da qualidade da gua (no caso de caldeiras). Alm disso, esse item trata a respeito dos Treinamentos de Operadores estipulando cargas-horrias, estgios e reciclagens, etc.; Manuteno item 13.4, correspondente em 13.9 (vasos): Trata de aspectos relacionados a Projetos de Alterao ou Reparo, estabelecendo o seguinte: Reparos e alteraes devem respeitar o Cdigo do Projeto; a critrio do engenheiro responsvel, podem ser utilizadas tecnologias de clculos ou procedimentos mais avanados em substituio do Cdigo do Projeto em determinados casos; todos eles devem ser devidamente documentados; Inspeo item 13.5, correspondente em 13.10: Este item da NR estipula prazos para as inspees e define o contedo mnimo que o Relatrio de Inspeo, feito pelo engenheiro responsvel, deve conter. Alm de todos esses itens mencionados at aqui, a NR-13 composta de mais 4 anexos sendo que os dois ltimos sero melhor explanados no tpico seguinte deste trabalho.

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1.1.2 Breve Definio de Vasos de Presso

O Anexo III da Norma Regulamentadora de Caldeiras e Vasos de Presso (NR-13) trata do enquadramento da citada NR. Segundo o disposto neste anexo, esta NR deve ser aplicada aos seguintes equipamentos: - Qualquer vaso cujo produto PV seja superior a 8 (oito), onde P a mxima presso de operao em KPa e V o seu volume geomtrico interno em m, incluindo tambm autoclaves e caldeiras mesmo que utilizem vapor de outras fontes trocadores de calor, evaporadores e similares, refervedores, reatores, etc.; - Vasos que contenham fluidos da classe A como os inflamveis, determinados combustveis, e os altamente txicos (ver Tabela 3) independentemente das dimenses e do produto PV. H ainda uma restrio para vasos relativamente pequenos (dimetro interno inferior a 150mm), mesmo que satisfaam o critrio do PV. Estes no devem ser considerados vasos de presso, a no ser que seu fluido de servio seja um fluido classe A, como os inflamveis por exemplo (pois, conforme pargrafo anterior, todo fluido classe A j um vaso de presso mesmo PV < 8 e seu dimetro interno extremamente pequeno). Alm disso, outras consideraes so feitas neste anexo acerca de equipamentos que, embora se assemelhem a vasos de presso, no devem ser tratados como tal, a saber: vasos destinados ao transporte de produtos ou portteis (como extintores de incndio); os destinados ocupao humana; os que fazem parte de outros equipamentos (tais como bombas e compressores); tubulaes; serpentinas; tanques e recipientes para armazenamento e estocagem de fluidos no enquadrados em normas e cdigos de projeto relativos a vasos de presso. Existe uma classificao para os vasos de presso, segundo o grau de criticidade ou perigo dos mesmos. A depender desse grau de criticidade eles esto classificados em

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categorias que variam de I (mais crtico, maior ateno!) a V (menos crtico) lembrando que as categorias devem ser expressas sempre em numerais romanos. Essa classificao se encontra no Anexo IV da NR-13 e de fundamental importncia para a determinao dos prazos de inspeo nesses equipamentos, conforme ser demonstrado no tpico 2.1.1 desta monografia (Inspees de Segurana em Vasos de Presso). Para se chegar determinao da categoria de um vaso, deve-se levar em considerao dois fatores: - a Classe do Fluido (A, B, C ou D); - o Grupo de Potencial de Risco do vaso (Grupos: 1, 2, 3, 4 e 5), representados sempre por nmeros arbicos para diferenci-los das categorias dos vasos (em romanos) A Tabela 3 utilizada para se chegar categoria do vaso. Basta procurar, na primeira coluna, a Classe a qual pertence o fluido de servio do vaso em questo, e cruzar essa informao com o Grupo de Potencial de Risco em que o vaso est enquadrado lembrando que para a determinao do Grupo de Potencial de Risco, conforme mostrado na Tabela 3, deve-se levar em considerao o produto PV sendo o volume (V) dado em m e a presso (P) em MPa.
Tabela 3: Tabela para determinao da categoria de vasos de presso

Fonte: Portaria SIT n. 57, 2008, p. 1

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Deve-se observar que, diferentemente do clculo utilizado para se descobrir se um determinado tanque ou reservatrio trata-se de um vaso de presso, ou no (PV > 8), agora a unidade de presso utilizada no mais o KPa (quilopascal), e sim MPa (megapascal). Deste modo, utiliza-se a unidade KPa para se verificar se vaso ou no o objeto de estudo e, em caso afirmativo, utiliza-se a unidade MPa no clculo do PV para a determinao da categoria do vaso (tabela acima). Para exemplificar melhor, esclarecendo eventuais dvidas remanescentes, ser mostrado a seguir um exemplo retirado do Manual Tcnico sobre a NR13, 1 Reimpresso da Edio Comemorativa 10 anos da NR-13 (2006, p. 121):
Equipamento: Fracionadora de etileno Temperatura: -30 C Volume Geomtrico: 785m Presso [mxima] de operao: 20,4 kgf/cm Produto: Etileno a) Para verificar se o vaso se enquadra na NR-13: Mxima presso de operao = 20,4kgf/cm Para transformar para kPa: 20,4 0,010197 = 2000,58 kPa P.V = 2000,58 (kPa) x 785 (m) P.V = 1.570.461,90 P.V >> 8, portanto o vaso se enquadra na NR-13

b) Para determinar a categoria do vaso: Produto Etileno = fluido inflamvel = fluido classe A P.V = 2,00058 MPa x 785m = 1.570,45 (portanto P.V 100) Com P.V 100 e fluido classe A, vamos tabela do Anexo IV [Tabela 3 desta Monografia] e tiramos que o vaso Categoria I.

Obs1: Sempre dever ser considerada a condio mais crtica. Por exemplo, se um gs for asfixiante simples (fluido Classe C) e [ao mesmo tempo] inflamvel (fluido Classe A) dever ser considerado como inflamvel. (Manual Tcnico sobre a NR-13, 2006, p. 119); Obs2: Quando um vaso de presso contiver mistura de fluido [dois ou mais fluidos no mesmo vaso], dever ser considerado para fins de classificao o fluido que apresente maior risco aos trabalhadores, instalaes e meio ambiente [...] (Manual Tcnico sobre a NR-13, 2006, p. 120).

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1.1.3 Breve Definio de Caldeiras

Caldeiras so equipamentos destinados a produzir e acumular vapor sob presso superior atmosfrica, utilizando-se qualquer fonte de energia (NR-13 pela Portaria n 57 da SIT de 19/06/08, p. 1, grifo nosso). Em outras palavras, caldeiras so vasos de presso com a finalidade de mudar o estado da gua do estado lquido para o de vapor, atravs de trocas trmicas. importante destacar aqui que, no caso das caldeiras, o vapor dgua utilizado como agente transportador de energia em diversos processos industriais e nas centrais termeltricas, usado para movimentar turbinas em geradores de energia. Isso se deve s seguintes vantagens: A gua a substncia mais abundante sobre a Terra; Possui grande contedo energtico (entlpico); Pouco corrosivo; No txico; No inflamvel nem explosivo. Por esses motivos, ela utilizada como uma espcie de Trocador de Calor Complexo empregado em diversos processos industriais, tais como: Na alimentao de mquinas trmicas (acionamento de mquinas motrizes); autoclaves para esterilizao de materiais diversos (bastante usadas em laboratrios); cozimento de alimentos pelo vapor (como em indstrias alimentcias); alm de ser empregada em vrios estabelecimentos tais como saunas, hotis, hospitais, etc. A NR-13 classifica as caldeiras em trs categorias distintas, dependendo da sua presso de operao, a saber: CATEGORIA A: caldeira cuja presso de operao superior a 1960 kPa ou 19,98 kgf/cm (caldeiras de grande porte); CATEGORIA C: caldeiras com presso de operao igual ou inferior a 588 kPa ou 5,99 kgf/cm e volume interno igual ou inferior a 100 litros (caldeiras de pequeno porte); CATEGORIA B: caldeiras que no se enquadram nas categorias anteriores (mdio

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porte).

Figura 2: Campos das categorias de caldeiras Fonte: http://www.pme.poli.usp.br/sisea/Portugues/disciplinas/2008/ArtigosCorretosRecebi dosAte12Set-PROMINP.pdf

Uma observao cuidadosa da Figura 2 revela que, medida em que o eixo Oy (ordenadas) vai se distanciando da origem, eleva-se tambm a categoria da caldeira que comea em C, passando por B, at atingir presses superiores a 1960 kPa, onde ela passa a ser classificada como categoria A. O grfico mostrado na Figura 2 tambm deixa claro que, mesmo que uma caldeira trabalhe com presses inferiores a 588 kPa, se seu volume interno for superior a 100 litros, ela ultrapassa os limites do campo de abrangncia da categoria C passando para B.

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CAPITULO II

INSPEES E ENSAIOS EM CALDEIRAS E VASOS DE PRESSO

2.1 INSPEES DE SEGURANA HISTRICO

A inspeo de equipamentos surgiu no Brasil de uma forma diferente do que aconteceu principalmente nos Estados Unidos, onde a indstria de refino de petrleo mais se desenvolveu no mundo. O Instituto Americano do Petrleo (API) remonta a histria do incio da atividade de inspeo de equipamentos, relatando os seus primrdios no incio do sculo XX, antes da 1 Guerra Mundial. Nessa poca, as refinarias eram muito pequenas e operavam sob condies de pouco rigor, com presses de at 100 psi, ou seja, cerca de 7kgf/cm e temperaturas mximas de at 750F cerca de 400C. Os equipamentos utilizados eram construdos em ao-carbono e o mtodo de construo mais divulgado era a rebitagem, usado largamente na construo de caldeiras. Nessa poca, a manuteno industrial era essencialmente corretiva. Ela consertava os equipamentos que apresentavam falhas ou problemas de outras naturezas. Entretanto, numa refinaria, mesmo as mais pequenas, sempre surgiam problemas. Com o passar do tempo os prprios operadores j detectavam falhas ou problemas logo no incio, com isto executavam a manuteno em tempo hbil, evitando assim um problema maior. E devido a observao desses profissionais houve um grande aprimoramento destas inspees nos equipamentos, tendo um grande impulso aps a 1 Grande Guerra. Com isso houve uma crescente demanda por derivados de petrleo, o combustvel mais prtico para a operao dos equipamentos de guerra. Isto requereu dos industriais o aprimoramento dos processos e, conseqentemente, o estudo e desenvolvimento de novas e mais sofisticadas tcnicas, com operaes muito mais aprimoradas, exigindo materiais mais

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eficientes. Novas ligas foram desenvolvidas capazes de atender s condies de operao muito mais crticas do ponto de vista das propriedades mecnicas dos materiais. Na prtica, surgiram outros problemas relacionados com os processos de corroso que se intensificaram com a severidade dos mesmos. Nas propriedades mecnicas exigidas foi necessrio incrementar a resistncia corroso. Esse foi o caminho que tomou novo impulso com a segunda Grande Guerra que j contou com uma indstria blica muito mais desenvolvida. Novos equipamentos foram criados e aprimorados, como o caso do motor diesel e o emprego da aviao como arma de guerra. No Brasil, a inspeo de equipamentos chegou na dcada de 1950 quando o pas implantou a sua primeira refinaria, em Mataripe, na Bahia, ainda no tempo do Conselho Nacional do Petrleo (CNP). Em 1954 foi inaugurada a segunda refinaria, desta vez em Cubato So Paulo. Logo depois foi criada a Petrobrs que assumiu, dentro de pouco tempo, a misso de prover os combustveis para o Brasil. Com a operao dessas refinarias, houve a necessidade da inspeo, uma vez que essas operavam continuamente, incluindo novos processos como o craqueamento trmico, tratamentos de gasolina, de querosene, de GLP e outros processos. A operao dessas refinarias eram exercidas inicialmente por profissionais de empresas americanas que eram projetistas das unidades, pois estes entendiam das necessidades de inspeo e alguma coisa j era feita. Assim havia gente envolvida com essa atividade, tinham a sua disposio instrumentos mais comuns, tais como os calibres, os medidores ultra-snicos de espessura, o histrico audigage, dentre outros. O crescimento do pas exigiu a criao de novas refinarias e a indstria petroqumica teve um grande impulso no mundo, e o Brasil no ficou para trs. Novas unidades foram construdas no sul, no sudeste e no nordeste, portanto requerendo muito mais inspeo. Chegou o fim da dcada de 1970 e com ele um problema grave relacionado s inspees de caldeiras a vapor. De uso generalizado na indstria e em vrios outros setores onde o vapor de baixa presso tem importante papel tais como hotis, hospitais e pequenas indstrias freqentes exploses ocorriam nesses estabelecimentos e at levavam pessoas a bito. Preocupados com essa situao, especialistas em inspeo de caldeiras e rgos ligados a esse tipo de atividade pressionavam o Governo solicitando algum tipo de providncia. Depois de algum tempo pressionando o DNHST (Departamento Nacional de Higiene e Segurana do Trabalho), sai um documento oficial que obrigava as empresas a fazerem inspeo de suas caldeiras. Foi a Portaria n 20 do DNHST que comeou a revolucionar esse segmento.

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A Portaria era modesta e focalizava somente as caldeiras. Mas membros da Comisso de Inspeo argumentavam que era necessrio incluir vasos de presso e tambm as tubulaes. Pouco tempo depois a Portaria 20 foi substituda pela Norma Regulamentadora NR-13, que era mais ampla do que a Portaria e mencionava tambm os vasos de presso. Foi um grande passo dado pela Legislao Brasileira que se firmava como uma das mais slidas e evoludas no que tange a este segmento. A Figura 3 mostra uma refinaria exportadora de leo, localizada no leste da Arglia (frica), e as Figura 4 e 5 mostram a mesma refinaria aps acidente em Janeiro de 2004 onde, devido a uma alta presso defeituosa, uma das caldeiras se rompeu e explodiu prximo a tanques de inflamveis, ocasionando novas exploses. O acidente deixou como saldo 74 feridos, nove desaparecidos e 23 mortos.

Figura 3: Refinaria exportadora de leo localizada na cidade de Skikda (Arglia) Fonte: http://www.scribd.com/doc/7335257/NR-13-Caldeiras-e-Vasos-de-Pressao

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Figura 4: Refinaria na Arglia, acidente em caldeira Fonte: http://www.scribd.com/doc/7335257/NR-13Caldeiras-e-Vasos-de-Pressao

Figura 5: Escombros aps exploso em refinaria na Arglia (frica) em Janeiro de 2004 Fonte: http://www.scribd.com/doc/7335257/NR-13Caldeiras-e-Vasos-de-Pressao

2.1.1 Inspees de Segurana em Vasos de Presso

Ainda dentro do escopo da NR-13, a Norma prev 3 (trs) situaes em que se do as inspees de segurana em vasos de presso: Inspeo Inicial: feita em vasos novos; antes de sua entrada em funcionamento (ou start-up); deve ser feita no local definitivo de sua instalao. Esta inspeo compreende todos os testes e ensaios descritos no tpico 2.2 deste trabalho (exames externo, interno, teste hidrosttico); Inspeo Peridica: Compreende os mesmos testes e ensaios da Inspeo Inicial (os quais sero abordados mais detalhadamente no item 2.2 deste trabalho), porm com prazos pr-estabelecidos a depender da categoria do vaso. As tabelas 4 e 5 iro mostrar quais os prazos mximos para as inspees de segurana em vasos de presso de acordo com o grau de criticidade de cada vaso (categoria NR-13), que pode variar de I (prazos para inspeo mais curtos devido a periculosidade) a V (prazos mais longos para inspeo); Inspeo Extraordinria: Deve ser feita nas seguintes ocasies: Sempre que o vaso for danificado por acidente ou outra ocorrncia capaz de comprometer sua segurana; sempre que forem realizados reparos que afetam sua segurana; quando o vaso ficar inativo por mais de 12 (doze) meses; ou quando o vaso for transferido para outro local. A seguir, sero mostradas duas tabelas para determinao dos prazos para as Inspees Peridicas. A primeira (Tabela 4) serve para os estabelecimentos que no possuem profissionais habilitados a realizar essas inspees e que, por isso, terceirizam esse tipo de

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servio. J a segunda (Tabela 5) deve ser usada em lugar da Tabela 4 caso o proprietrio do vaso possua, dentro de sua prpria empresa, profissionais aptos a realizar as inspees e devidamente credenciados por rgo competente (Inmetro).

Tabela 4: Determinao dos prazos mximos para a Inspeo Peridica de vasos sob presso para estabelecimentos que no possuem SPIE (Servio Prprio de Inspeo de Equipamentos)

Fonte: NR-13, atravs da Portaria n 57 da SIT, de 19 de Junho de 2008, p. 11

Tabela 5: Determinao dos prazos mximos para a Inspeo Peridica de vasos sob presso para estabelecimentos que possuem SPIE (Servio Prprio de Inspeo de Equipamentos)

Fonte: NR-13, atravs da Portaria n 57 da SIT, de 19 de Junho de 2008, p. 11

Convm lembrar ainda que a NR-13 determina que as vlvulas de segurana dos vasos de presso devem ser desmontadas, inspecionadas e calibradas por ocasio do exame interno peridico (ver tabelas acima), cujo prazo varia de acordo com a categoria do vaso.

2.1.2 Inspees de Segurana em Caldeiras

As inspees de segurana de caldeiras seguem a mesma linha das inspees em vasos

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de presso, ou seja, existem 3 (trs) situaes em que elas podem ocorrer: inspees de segurana inicial, peridica, e extraordinria. Inspeo Inicial: A exemplo das inspees iniciais em vasos, so feitas em

caldeiras novas, antes de ser dado o start-up, e deve ser feita no local definitivo de sua instalao compreendendo todos os testes e ensaios descritos no tpico 2.2 deste trabalho (exames externo, interno, teste hidrosttico). A diferena em relao inspeo inicial feita em vasos de presso devido ao ensaio de acumulao que deve ser feito para as vlvulas de segurana das caldeiras esse teste no se faz em vasos de presso que conforme bem explica a norma da ABNT NBR 12177 - Parte 2, serve para comprovar experimentalmente se a(s) vlvula(s) de segurana (so) capaz(es), em conjunto, de descarregar(em) todo o vapor que ela possa gerar, sem que a maior presso no seu interior ultrapasse o limite de 6% do valor da PMTA (NBR 12177-2, 1999, p. 10). Inspeo Peridica: So executados os mesmos testes e ensaios da Inspeo Peridica feita para vasos de presso, porm, sem a obrigatoriedade do teste hidrosttico que dever ser feito apenas quando a caldeira for submetida a determinados reparos (mandrilamento ou soldagem em partes que operem sob presso) ou na ocasio da reviso de 25 anos (que ser visto com detalhes no captulo IV). Apesar disso, geralmente opta-se por fazer um teste de estanqueidade nas inspees peridicas em caldeiras, que uma espcie de teste hidrosttico, porm a pressurizao no balo inferior do teste hidrosttico (de um modo geral so feitas com a mesma presso de operao ou, em alguns casos, podendo chegar a 1,1 x PMTA). Os prazos da inspeo peridica para caldeiras so de 12 (doze) meses para estabelecimentos que no possuem SPIE. Para estabelecimentos onde existem SPIE, os prazos mximos so de 18 (dezoito) meses para caldeiras das categorias B e C e de 30 (trinta) meses para caldeiras da categoria A a NR-13 estabelece ainda prazos diferenciados para caldeiras consideradas especiais (descritas no subitem 13.5.5 da Norma) e caldeiras de recuperao de lcalis, conforme ilustra a Tabela 6. Inspeo Extraordinria: Deve ser feita nas seguintes ocasies: Sempre que a caldeira for danificada por acidente ou outra ocorrncia capaz de comprometer sua segurana; ocorrerem reparos que afetem sua segurana; permanecer inativa por mais de 6 (seis) meses; for transferida para outro local. Reviso de 25 anos (Avaliao de Integridade): Na sua inspeo subseqente, as caldeiras devero ser submetidas a rigorosa avaliao de integridade para determinao da

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vida remanescente e novos prazos mximos para inspeo. O quadro a seguir resume os prazos mximos estabelecidos para a inspeo peridica de caldeiras, segundo o descrito na NR-13:

Tabela 6: Prazos mximos para a Inspeo Peridica de caldeiras

Fonte: Manual Tcnico sobre a NR-13, 2006, p. 52

As inspees em caldeiras envolvem ainda atividades para as vlvulas de segurana. Assim como no caso dos vasos de presso, a Norma exige a inspeo obrigatria nas vlvulas. As vlvulas de segurana instaladas em caldeiras devem ser inspecionadas periodicamente conforme segue: Pelo menos 1 (uma) vez por ms, mediante acionamento manual da alavanca, em operao, para caldeiras das categorias B e C este teste geralmente feito pelos prprios operadores de caldeira e serve para que a mola da vlvula no fique emperrada por falta de uso. Desmontando, inspecionando e testando em bancada (vlvulas flangeadas) ou no campo (vlvulas soldadas), e por fim recalibrando-as, na ocasio da sua inspeo peridica ou em prazos menores, para o caso de caldeiras das categorias A e B essa inspeo j no pode ser feita pelos operadores, deve ser feita por um profissional devidamente qualificado pela RBC (Rede Brasileira de Calibrao).

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Aps a recalibrao, o profissional, para test-la, j no puxa a vlvula manualmente como fazem os operadores nos testes mensais, e sim obriga as vlvulas abrirem aumentando de fato a presso no balo da caldeira e verificando se cada uma das vlvulas se abre no set-point em que esto configuradas. Alm destes, as vlvulas de segurana de caldeiras devero ser submetidas a testes de acumulao quando: em sua inspeo inicial; quando forem modificadas ou tiverem sofrido reformas significativas; quando houver modificao nos parmetros operacionais da caldeira ou variao na PMTA; quando houver modificao na sua tubulao de admisso ou descarga.

2.2 Tipos de Ensaios Realizados em Caldeiras e Vasos de Presso

Conforme visto em tpicos anteriores, a NR-13 regulamenta e determina pelo menos 3 (trs) tipos de atividades para caldeiras e vasos de presso na ocasio de suas Inspees Peridicas: exame externo; exame interno; e teste hidrosttico. Essas atividades so as exigidas pela NR-13 e, portanto, de carter obrigatrio quando aplicveis. Existem porm, uma srie de outros testes e exames que podem ser feitos, a critrio do engenheiro responsvel, para uma maior segurana dos equipamentos sob inspeo ou mesmo em substituio aos citados anteriormente. Por exemplo, h casos em que no possvel a inspeo interna em vasos sob presso (vasos muito pequenos, por exemplo). Neste caso, a Norma determina que na poca do exame interno, um teste hidrosttico pode ser aplicado em substituio ao exame interno. Mas h ainda casos em que nem o teste hidrosttico aplicvel. Para estes casos utilizam-se em lugar do teste hidrosttico ensaios alternativos como, por exemplo, o teste pneumtico, inspees nas soldas pelo mtodo de ultra-som, lquidos penetrantes, partculas magnticas, ou qualquer outro ensaio no-destrutivo (END) que proporcione segurana equivalente ao teste hidrosttico. Como pode-se perceber, este um campo muito amplo e, portanto, no o objetivo

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deste trabalho se aprofundar na gama de testes e ensaios que envolvem as caldeiras e os vasos sob presso (como os ENDs, dentre outros). Os subtpicos a seguir daro maior nfase queles que so os mais comuns e usuais nas inspees peridicas de caldeiras e vasos sob presso, amparados pela Norma NR-13.

2.2.1 Exame Externo

A ABNT (Associao Brasileira de Normas Tcnicas) o define, de forma sucinta, como sendo a Inspeo de todos os componentes que podem ser verificados com o vaso de presso [ou caldeira] em operao. (Projeto 04.011.07-008:2004 Vasos de Presso em Servio - Inspeo de Segurana, p. 2). A Inspeo Externa deve ser executada visualmente. um ensaio bsico, todos os outros ensaios devem ser executados aps a inspeo visual. Para a inspeo externa tambm no necessria a remoo do revestimento externo (pintura, isolamento trmico, etc.) a menos que sejam detectadas regies suspeitas durante a inspeo. Compreende vrias anlises, detre elas: tubulaes, vlvulas de segurana, manmetros, flanges, bocais, verificao da ocorrncia de vestgios de pancada ou presso, rachaduras e/ou deformaes, oxidao/corroso, alm de vias de acesso ao vaso (escadas, plataformas, corrimos), iluminao e aterramento eltrico. Alm disso, o inspetor deve analisar, por ocasio das inspees externas, documentos e histricos referentes a outras inspees e/ou projetos de alteraes e reparos executados, bem como a existncia da placa de identificao do vaso (conforme descrito no item 13.6.3 da NR-13) ou caldeira (conforme item 13.1.5 da NR-13). Este exame, via de regra, vem acompanhado de medies de espessuras (geralmente pelo mtodo de ultra-som) em pontos estratgicos com a finalidade de avaliar as deterioraes que ocorrem no equipamento como um todo. Se uma perda excessiva de espessura for detectada (taxa de corroso elevada ou vaso com espessura prxima da espessura mnima), novos pontos devem ser acrescentados pesquisa. As medidas de espessura so usadas em diversos clculos, como por exemplo para a verificao da PMTA (Presso Mxima de Trabalho Admissvel) ou para a determinao da vida residual (ou remanescente) do vaso/caldeira. Consideram-se a seguir, os tipos de descontinuidades mais comuns a serem observados durante a inspeo externa de um vaso de presso:

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perda de espessura; deformaes; falhas no revestimento externo (pintura, isolamento trmico, revestimento de proteo contra fogo, etc.); rupturas de partes ligadas ao vaso (clipes e olhais de suportao de plataformas, chapas de ligao do aterramento eltrico, etc.); resistncia das vias de acesso s partes do vaso (plataformas, escadas, corrimos, etc.); estado de corroso da chaparia.

2.2.2 Exame Interno

Em analogia aos exames externos, estudados no tpico anterior a este, entende-se por exame interno a Inspeo de todos os componentes que podem ser verificados com o vaso de presso [ou caldeira] fora de operao (Projeto 04.011.07-008:2004 Vasos de Presso em Servio - Inspeo de Segurana, p. 2, grifo nosso). Sua finalidade consiste basicamente em verificar parmetros como corroso/oxidao do vaso em partes de difcil acesso quando em operao (lado interno), bem como inspecionar as soldas e possveis deterioraes em partes internas. Assim como no caso das inspees externas, comumente utilizam-se ensaios nodestrutivos como formas alternativas de auxiliar na inspeo interna de um vaso sob presso. As inspees nas soldas pelo mtodo de ultra-som o mais difundido desses ENDs. Outra anlise importante efetuada nesse tipo de exame (interno), a dos resduos depositados internamente, que constumam ser retirados para posterior anlise qumica. Convm lembrar que deve-se escolher criteriosamente os pontos a serem inspecionados como sendo representativos do vaso como um todo. Uma ateno especial deve ser dada aos bocais, nas regies de solda do pescoo com o corpo do vaso. Essas regies devem ser avaliadas quanto possibilidade de vazamentos e, quando necessrio, analisadas por Ensaios No-Destrutivos (ENDs). O Projeto 04.011.07-008:2004, da ABNT, recomenda ainda que a inspeo interna do vaso seja completada com algum exame no-destrutivo nas partes de maior concentrao de tenses (como bocais, mudanas de forma, ponto de interseo entre soldas circunferenciais e longitudinais, etc.), caso o vaso esteja sujeito a

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mecanismos de deteriorao que possam provocar descontinuidades do tipo trinca associadas a tenses por exemplo, corroso sob tenso (CST), fadiga, etc. Vasos com revestimento interno (ex. pintura, refratrio, etc.) devem ser avaliados visualmente sem a necessidade de remoo do revestimento, a menos que este apresente suspeita de descolamento ou outra deteriorao que possa expor o substrato ao meio. Quando o revestimento no for removido, essa parte do vaso deve ser avaliada externamente quanto perda de espessura atravs de medio de espessura com ultra-som ou outro mtodo. Em alguns casos necessrio tambm avaliar a continuidade do revestimento, quanto sua espessura e aderncia. Vasos com suspeita de descontinuidade interna do tipo trinca devem ter sua inspeo complementada com ensaio radiogrfico, ultra-som ou outro exame no destrutivo mais indicado para avaliao de descontinuidade que se espera encontrar ou se queira avaliar. Outros exames no-destrutivos no convencionais podero ser usados quando tratar-se de vasos de grande risco, quando for necessria uma avaliao mais detalhada do vaso ou quando o vaso tiver descontinuidades subcrticas conhecidas ou ainda a critrio do Profissional Habilitado (engenheiro responsvel) lembrando que so inmeros os ensaios nodestrutivos atualmente em uso, sendo que eles esto permanentemente em evoluo, inclusive com pesquisa e aplicao de novos mtodos medida que a sofisticao nos processos de fabricao acontece.

2.2.3 Teste Hidrosttico

Segundo a ABNT, um Ensaio por meio de fluido incompressvel, at um dado valor de presso, com a finalidade de aliviar as tenses residuais, avaliar a integridade e a resistncia estrutural dos componentes sujeitos a presso, dentro das condies estabelecidas para a sua realizao. (Projeto 04.011.07-008:2004 Vasos de Presso em Servio Inspeo de Segurana, p. 3). Conforme j mencionado anteriormente, este ensaio, assim como os dois anteriores (subitens 2.2.1 e 2.2.2), est previsto na Norma NR-13 sendo que a sua no-aplicao, nos casos previamente regulamentados e exigidos pela Norma, constitui risco grave e iminente. Nos casos em que este teste for tecnicamente invivel, o teste hidrosttico pode ser substitudo

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por outra tcnica de ensaio no-destrutivo ou inspeo que permita obter segurana equivalente, e tal fato deve ser registrado no livro de ocorrncias do mesmo, isto , no Registro de Segurana que acompanha a documentao do vaso/caldeira, sendo este devidamente assinado pelo engenheiro responsvel (NR 13 - Caldeiras e Vasos de Presso, pela Portaria n 57 da SIT de 19/06/08, p. 12). So exemplos de ensaios alternativos bastante difundidos: Teste Pneumtico: Muito utilizado em vasos que possuem, por exemplo, Amnia (NH3) como fluido de servio ou outros fluidos que no devem ser misturados com gua; alguns vasos cujas paredes sejam de vidro, dentre outros. No teste pneumtico geralmente so utilizados gases inertes, tais como o Nitrognio (N2), Argnio (Ar) ou ar comprimido. Ensaios No Destrutivos: So exemplos de ENDs utilizados em substituio ao TH: Exame de Ultra-som, Ensaio Radiogrfico, Lquidos Penetrantes, Ensaio com Partculas Magnticas, Estanqueidade, Leakage Before Breaking. Na grande maioria das vezes utilizada a gua como fluido de teste de presso (teste hidrosttico), em virtude de haver grande disponibilidade em indstrias de processamento; pequena compressibilidade da gua, exigindo pouca energia e tempo para a elevao da presso; alm disso, na possibilidade de propagao de uma fratura instvel no decorrer da pressurizao com ar ou outro fluido compressvel, pode ocorrer uma exploso com sbita liberao de energia armazenada, o que no ocorre com a gua, j que um pequeno vazamento permite uma queda brusca do carregamento aplicado. A seguir, algumas das recomendaes bsicas para os testes hidrostticos: A rea deve ser isolada; Manmetros devidamente calibrados e aferidos (de preferncia, dois, sendo um na parte inferior e outro na superior do vaso); Manmetro principal com uma escala tal que a PMTA esteja no tero superior do mesmo; Utilizao de solues formadoras de bolhas para uma melhor constatao de vazamentos. importante fazer-se uma distino entre estanqueidade e teste hidrosttico. Por

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vezes esses dois termos se misturam de modo que, erroneamente, utiliza-se a expresso teste hidrosttico para referir-se a um teste de estanqueidade ou vice-versa. A diferena clara, e consiste no fato de que o primeiro hidrosttico um teste mais detalhado e tem por finalidade detectar insuficincia de resistncia dos componentes sujeitos a presso; j o segundo, mais simples, visa apenas a deteco de vazamentos. Utiliza-se no TH presses superiores s presses operacionais ou de projeto, normalmente na ordem de 1,5 vezes a PMTA. Simula-se ento uma condio operacional mais rigorosa, com um fluido relativamente mais seguro (geralmente gua), objetivando a garantia de que em servio normal (fluidos de servio geralmente perigosos, a presses mais baixas) no ocorrero falhas ou vazamentos. Em decorrncia da definio de TH, vista a pouco, este teste visa no somente detectar vazamentos e/ou deformaes aparentes, mas serve tambm para aliviar as tenses residuais aps intervenes em partes que operem sob presso (por exemplo, alvio de tenses aps um procedimento de soldagem ou mandrilamento). No caso de caldeiras, onde no h a obrigatoriedade do teste hidrosttico nas inspees peridicas (desde que no tenha havido um reparo ou interveno mecnica em partes que operem sob presso, como descrito acima), este teste pode ou no ser realizado a critrio do PH (engenheiro responsvel pela inspeo), sendo que a aplicao do mesmo em caldeiras ser vista com mais detalhes no captulo IV desta monografia, item 4.2.1.

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CAPTULO III

PROPOSTA DE TRABALHO

3.1 METODOLOGIA

No que se refere ao modelo de estudo, a pesquisa caracteriza-se por ser um estudo de caso em uma empresa alimentcia Multinacional instalada na regio Noroeste do Estado de So Paulo Araatuba/SP. O mtodo de anlise foi uma visita tcnica a esta indstria alimentcia do ramo de laticnios, onde foram realizadas pesquisas bibliogrficas e documentais a fim de se obter dados relativos a vasos de presso e caldeiras instalados na mesma, bem como a constatao fsica desses dados nos prprios locais de instalao desses equipamentos. Efetuou-se, portanto, um trabalho de campo para melhor conhecer as caractersticas tcnicas desses vasos e/ou caldeiras, contando inclusive com questionrios (ver Apndice A) estruturados para obteno de dados tcnicos desses equipamentos, alm de entrevistas a nvel operacional. A idia era medir determinadas variveis de relevante importncia para a seleo do objeto de estudo a ser priorizado por esta dissertao. Dois pontos foram cruciais para a escolha da caldeira a lenha como objeto de anlise para este trabalho: Primeiro por tratar-se de uma caldeira, isto , um trocador de calor complexo que por si s j seria um diferencial em relao a vasos de presso comuns; como se no bastasse, existe um ingrediente a mais que a torna to especial a ponto de merecer destaque frente aos demais: A caldeira a lenha completou no ano passado 25 anos e, segundo a NR-13,
Ao completar 25 (vinte e cinco) anos de uso, na sua inspeo subseqente, as caldeiras devem ser submetidas a rigorosa avaliao de integridade para determinar a sua vida remanescente e novos prazos mximos para inspeo, caso ainda estejam em condies de uso. (NR 13 pela Portaria n 57 da SIT de 19/06/08, p. 6).

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3.2 Motivao para o Trabalho

A obrigatoriedade das inspees peridicas em vasos de presso e caldeiras no Brasil, especialmente pela existncia de requisito legal (NR-13), torna este trabalho interessante. Desde o princpio procurou-se fazer um estudo que pudesse trazer maiores esclarecimentos para aqueles que tm o interesse de conhecer um pouco mais sobre este assunto to vasto e cheio de particularidades. A escolha foi motivada pela complexidade dos testes e ensaios que estavam para ser realizados no objeto selecionado e que poderiam ser acompanhados de perto para o enriquecimento deste trabalho. Uma vez que as caldeiras so tambm consideradas vasos sob presso, conhecer um pouco sobre as inspees que envolvem este tipo de equipamento auxilia no entendimento tambm das inspees de vasos de presso em geral, haja vista que estes ltimos, na maioria das vezes, no requerem tantos cuidados especiais como os primeiros.

3.3 A Empresa

Para a realizao deste trabalho de pesquisa, escolheu-se uma Unidade Fabril, de uma grande Multinacional, cujo foco est voltado para o mercado de Produtos Lcteos e que atende no apenas o mercado nacional, tendo uma atuao expressiva nas exportaes. A empresa em questo ser doravante chamada simplesmente de Empresa. Com sua estrutura industrial montada na regio do Noroeste Paulista, a Empresa, inaugurada a cerca de 45 anos com o intuito de atender a crescente demanda por produtos alimentcios na rea de lcteos, ocupa uma rea total de cerca de 144.000 m. Inicialmente, quando foi inaugurada, eram processados 400.000 litros de leite por dia e, atualmente, cerca de 800.000 litros de leite in natura e 60.000 litros de leite pr-condensado. Dentre os produtos fabricados nesta Unidade, pode-se destacar: Leite em P (convencionais e modificados), Cremes de Leite (Esterilizados ou processados em U.H.T. Ultra Hight Temperature), Bebidas Lcteas, Base para Sorvetes, etc. A Empresa possui 3 (trs) caldeiras, sendo que a principal delas a CALDEIRA A LENHA, que produz diariamente cerca de 360 toneladas de vapor com um consumo de

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combustvel que gira em torno de 90t de cavaco de lenha/dia. Esta caldeira trabalha 24h por dia sem parar, fazendo apenas uma parada anual pra reviso, ocasio em que so feitas vrias inspees as quais podem durar algumas semanas. O vapor gerado nas caldeiras da Empresa o chamado Vapor Culinrio, nome dado ao vapor saturado que gerado em cada uma das trs caldeiras com fins de aquecer, cozinhar (linhas de produo do creme de leite), ou condensar o leite (linha de p). Os principais consumidores de vapor na fbrica so: As trs linhas de Condensao (Condensao um processo no qual retirado gua do leite tornando-o mais denso, para que posteriormente ele seja pulverizado e transformado em p); a Desnatadeira (que separa a nata, parte gordurosa, do leite desnatado); e os Esterilizadores VTIS (para cremes de leite com processo U.H.T.) e Jumbomat (esterilizadores comuns, para o creme tradicional). Alm desses, que so os maiores consumidores, existem outros lugares na fbrica para onde o vapor gerado nas caldeiras tambm destinado, tais como: os esterilizadores dos Laboratrios de Anlises (Autoclaves), a cozinha do Restaurante Interno, banheiros, etc. A tabela a seguir traa um comparativo entre as 3 (trs) caldeiras da Empresa:

Tabela 7: Comparativo entre as caldeiras da Empresa

Fonte: Prpria

Como pode-se observar, a caldeira a lenha fornece uma produo maior de vapor por hora (18 t/h). Como a produo na fbrica oscila muito, nem sempre essa vazo suficiente para atender a demanda da fbrica. Quando h muitas linhas rodando ao mesmo tempo, necessrio ligar uma das caldeiras a gs, ou mesmo as duas, para no sobrecarregar apenas uma delas. Alm de um rendimento maior (maior vazo), a caldeira a lenha tambm mais econmica, devido a disponibilidade de cavaco de lenha ser grande na regio. Quando a

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caldeira a lenha obrigada a parar em virtude da reviso anual, a Empresa chega a gastar, por dia, cerca de 8 a 11 mil reais a mais no oramento para manter as duas caldeiras a gs em operao. A tabela ainda ressalta outras importantes diferenas alm da capacidade de produo de vapor e do tipo de combustvel. A caldeira a lenha classificada, quanto passagem dos gases, de aquatubular, o que quer dizer que na troca de calor para que haja a evaporao da gua, a gua passa por dentro de estreitos tubos e o fogo fica por fora. J as caldeiras a gs so flamotubulares (ou fogotubulares), significando que o fogo (gases quentes provenientes da combusto do GNP) passa por dentro dos tubos, e a gua fica por fora (em volta dos tubos). A posio dos tubos tambm diferente nessas caldeiras. Na caldeira a lenha eles ficam na vertical e nas caldeiras a gs da Empresa, eles ficam na horizontal. Por tudo isso, e principalmente devido ao tipo de combustvel, as caldeiras a gs so bem compactas (dimenses reduzidas) em relao caldeira a lenha. Devido ao fato de a caldeira a lenha processar a queima de um combustvel slido, sua fornalha (ou cmara de combusto) deve possuir um tamanho relativamente grande e isso requer muita alvenaria.

Figura 6: Viso panormica da Caldeira a Lenha Fonte: Prpria

Figura 7: Caldeira a Lenha (viso aproximada) Fonte: Prpria

Na Figura 7 caldeira a lenha vista de perfil possvel visualizar parte do balo superior (ou tubulo), que o local onde o vapor gerado a 15kgf/cm de presso e a uma temperatura de 200,4C (tabela de vapor saturado a 15kgf/cm de presso). A parte do balo que pode ser visualizada na figura um de seus tampos (calota) no formato de uma meiaesfera, na parte superior da figura ele ser estudado com mais detalhes no item 3.4.11.

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3.4 Equipamento Selecionado

Conforme j demonstrado anteriormente (Tabela 7), a caldeira a lenha da Empresa trata-se de uma caldeira aquatubular vertical de circulao positiva natural, fabricada pela Conterma Construtora Industrial e Termotcnica S/A, modelo TV2PM-GA de 1983. A figura a seguir ilustra uma caldeira deste tipo, detalhando suas principais partes.

Figura 8: Desenho ilustrativo de uma caldeira aquatubular vertical Fonte: http://www.pme.poli.usp.br/sisea/Portugues/disciplinas/2008/ArtigosCorretosRecebi dosAte12Set-PROMINP.pdf

A seguir sero brevemente apresentadas cada uma das partes que compem a caldeira em estudo. Ser mostrada uma viso geral da caldeira a lenha para que se possa ter uma melhor noo do porte da mesma, inclusive com caractersticas de projeto e detalhamento do fluxo geral de funcionamento, desde a entrada do combustvel na grelha, passando por diversas etapas, at a gerao e sada de vapor para os processos industriais diversos inerentes fabricao dos produtos.

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3.4.1 Ptio de Lenha

Tudo comea no Ptio de Lenha. A Empresa, onde essa pesquisa foi realizada, possui um acordo com proprietrios de florestas da regio de Minas Gerais, onde se cultiva o Eucalipto rvore de onde se origina o cavaco que utilizado como combustvel na caldeira a lenha. O cavaco, que trazido dessas florestas por vrias carretas quase todos os dias, fica depositado num espao destinado para este fim denominado de Ptio.

Figura 9: Ptio de Lenha da Empresa Fonte: Prpria

3.4.2 Silo

Depois de ser depositado no Ptio de Lenha, o cavaco segue rumo ao Silo. Silo um depsito enorme situado nas proximidades da Caldeira a Lenha onde ficam armazenados cerca de 600m de cavaco de lenha (quando do seu enchimento). Do Silo, o cavaco transportado para o Grelhado da Caldeira da mesma forma como transportado do Ptio para o Silo, ou seja, por meio de esteiras eltricas que podem ser vistas na Figura 10.

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Figura 10: Silo de Armazenagem de Cavaco Fonte: Prpria

3.4.3 Grelhado

O cavaco vindo do Silo cai ento no Grelhado, situado na Fornalha da Caldeira (item seguinte, 3.4.4). A velocidade com que ele cai no Grelhado controlada atravs de duas roscas helicoidais (roscas sem fim) situadas no p da esteira vista na figura anterior (Fig. 10). A velocidade dessas roscas controlada pelo Operador da Caldeira a Lenha no Painel Principal da Caldeira e pode variar de 15 a 65 rpm.

Figura 11: Painel Principal da Caldeira a Lenha Fonte: Prpria

Esse range deve ser respeitado para assegurar uma velocidade mnima de transporte para que a combusto seja completa, e uma velocidade mxima, de modo que no ocorram

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deposies e entupimentos na entrada do grelhado. Outro fato importante que a umidade do combustvel deve ser a menor possvel para que haja uma boa queima. Convm mencionar que o Grelhado composto por um conjunto de trs carrinhos de grelhas com dimetros diferentes (25mm, 50mm e 100mm), contando com um sistema de movimentao hidrulico. Existem trs pistes hidrulicos que ficam o tempo todo movimentando o grelhado (cada pisto movimenta um carrinho) para espalhar o cavaco e fazer com que as chamas queimem o maior nmero de partculas possvel, alm disso, esse movimento de vaivm dos pistes serve tambm para fazer com que as cinzas que no foram queimadas caiam nos Cinzeiros (item 3.4.6) da Caldeira.

Figura 12: Pistes Hidrulicos Fonte: Prpria

Figura 13: leo dos pistes em baixo dos mesmos Fonte: Prpria

Figura 14: Fluxograma afixado no Painel Principal da Caldeira da Empresa indicando a posio do grelhado. Fonte: Prpria

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3.4.4 Fornalha

Tambm chamada de Cmara de Combusto, a fornalha de uma caldeira a lenha o local onde de fato ocorre a queima. Consiste em uma construo de alvenaria prpria para abrigar as chamas provenientes da combusto do cavaco. composta de tijolos e cimentos refratrios, materiais que possuem a propriedade de manter o calor no interior da fornalha da caldeira. Por um lado eles no deixam escapar a temperatura atingida no interior da fornalha, por outro lado impedem que a temperatura exterior penetre para o interior, assim protegendo a temperatura interna da fornalha da caldeira e garantindo um rendimento maior, pois minimiza o desperdcio de combustvel evitando a perda de calor/ energia. Por esse motivo os materiais que compem a fornalha de uma caldeira so chamados de refratrios (tijolos e cimentos) e isolantes (l de rocha que fica entre os tubos da parede dgua e as paredes da fornalha).

Figura 15: Representao do interior da Fornalha de uma Caldeira a Lenha Fonte: Prpria

Figura 16: Janela na qual possvel ver o interior da fornalha da caldeira a lenha TV2PM-GA Fonte: Prpria

3.4.5 Ar de Combusto

o ar que trazido para dentro da fornalha empurrado por um ventilador chamado de Ventilador de Tiragem Forada. Esse ventilador pode ser melhor visualizado no Fluxograma da Caldeira a Lenha da Empresa, mostrado na pgina anterior (Figura 14), ao lado da chamin. Como o prprio nome j diz, ele fora o ar ambiente a entrar na caldeira, rumo ao Pr-Aquecedor (que ser visto com detalhes no item 3.4.7). Esse ar, conforme ser

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visto adiante, passa pelo Pr-aquecedor e tem sua temperatura elevada para que depois desa para a fornalha j aquecido. Dentro da fornalha, a mistura ar mais combustvel deve ser feita de modo que haja, ao redor de todas as partculas, quantidade de ar necessria para a combusto. O Ventilador de Tiragem forada possui um motor Weg de 50HP de potncia e seu rotor gira a uma velocidade de 1960rpm. Foi projetado para trabalhar a uma temperatura mdia de 30C produzindo uma vazo de ar de 29000m/h com uma presso de 750mmca.

Figura 17: Ventilador de Tiragem Forada (Ar de Combusto) Fonte: Prpria

Como mostra a figura, imediatamente acima do ventilador na juno entre o ventilador e o duto que conduz o ar at o Pr-Aquecedor existe um pisto que regula o damper desse ventilador. uma espcie de p que se auto-regula abrindo e fechando de acordo com a quantidade de cavaco que entra na caldeira (grelha). Essa ajustagem automtica e feita para que a presso na fornalha se mantenha numa faixa aceitvel (de -3mmca a -1mmca) e a combusto seja boa. Apesar de esta regulagem ser automtica, o operador da caldeira pode acionar esse pisto de regulagem do damper sempre que achar necessrio, bastando apenas alterar o controle para o modo manual.

3.4.6 Cinzeiro

Em baixo da fornalha esto localizados os chamados cinzeiros. Neles so depositados

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os resduos slidos da queima do cavaco de lenha. So trs portas para a retirada dos resduos. O tipo de resduo depende da distncia em relao chamin. Nas fotos colocadas abaixo (Figura 18), a porta mais esquerda (mais longe da chamin) recebe um material mais rochoso e em menor quantidade. J na porta mais direita (perto da chamin), caem fragmentos menores e em quantidade maior.

Figura 18: Cinzeiros para a retirada de resduos Fonte: Prpria

Devido s impurezas existentes no cavaco (como a presena de pedras, areia, e outras substncias no combustveis), nem toda a lenha queimada. Os gases provenientes da combusto e outros resduos leves so arrastados pelo exaustor da chamin (ver item 3.4.9), porm os resduos mais pesados caem nos cinzeiros e so retirados pelos operadores da caldeira.

3.4.7 Pr-Aquecedor

Os Pr-Aquecedores de ar so aparelhos que aquecem o ar de combusto, utilizando como fonte de aquecimento os prprios gases de combusto que circulam nas partes posteriores da caldeira. Estes equipamentos proporcionam uma significativa economia de combustvel decorrente do aumento da temperatura do ar de combusto, com conseqente elevao do rendimento trmico global da caldeira. Conforme mostrado no fluxograma da caldeira a lenha da Empresa (p.49), antes de irem para a chamin, os gases eliminados na queima do cavaco passam pelos tubos do Economizador (item 3.4.8) e, em seguida, passam pelos tubos do Pr-Aquecedor. S depois que seguem rumo chamin da caldeira. O PrAquecedor da caldeira a lenha Conterma TV2PM-GA da Empresa composto de 462 tubos

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retos em ao ASTM A-178-A e 3 espelhos (um superior e dois inferiores) em ao ASTM A285-C. A figura a seguir mostra como ocorre a troca de calor no Pr-Aquecedor entre os gases de combusto (que esto indo para a chamin) e o ar que est entrando na caldeira (para servir de comburente l na fornalha).

Figura 19: Esquema de funcionamento de um Pr-Aquecedor de Ar Fonte: http://www.chdvalvulas.com.br/artigos_tecnicos/caldeiras/aquatubulares.html

Na Empresa, os gases de combusto que passam pelo Pr-Aquecedor entram com uma temperatura que pode variar de 170C a 290C e, depois de aquecer o ar que est indo para a fornalha (que vinha com uma temperatura ambiente e chega na fornalha com a temperatura numa faixa que varia entre 140 a 220C), tem sua temperatura reduzida entre 140 e 240C (temperatura de entrada na chamin).

3.4.8 Economizador

Os Economizadores de gua so aparelhos que aquecem a prpria gua de alimentao da caldeira, utilizando como fonte de aquecimento os prprios gases de combusto que circulam nas partes posteriores da caldeira. Estes equipamentos proporcionam um significativo aumento na produo de vapor decorrente do aumento da temperatura da gua de alimentao. Antes de entrar na caldeira a lenha da Empresa, a gua vem do Desaerador (que

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ser visto no item 3.4.14) com uma temperatura de 98 a 104C. Ao passar pelo Economizador, ela tem sua temperatura elevada para algo em torno de 130 a 170C e entra no Balo Superior (item 3.4.11) com esta temperatura.

Figura 20: Tubos do Economizador da Caldeira a Lenha Conterma TV2PM-GA Fonte: Prpria

O Economizador da Caldeira a Lenha Conterma TV2PM-GA da Empresa composto de vinte e duas serpentinas (tubos com dimetros de 44 e 45mm em ao A-178-A) e possui uma superfcie de aquecimento de 85 m.

3.4.9 Exaustor

Conhecido como Ventilador de Tiragem Induzida, um ventilador centrfugo enorme, que suga os gases resultantes da combusto dos cavacos de lenha, conduzindo-os at a chamin. Quanto s caractersticas tcnicas construtivas, trata-se de um exaustor de mdia presso (da ordem de 250 a 380mmca), projetado para trabalhar a uma temperatura mdia de 165C. Como a temperatura de operao superior a 100C, o acionamento d-se atravs de uma transmisso por polias e correias (o revestimento em amarelo, mostrado na Figura 21, trata-se da capa de proteo da correia). Com um motor WEG de 125HP, foi projetado para uma vazo de 62500m/h com uma velocidade de 1460rpm.

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Figura 21: Exaustor de Tiragem da Caldeira a Lenha da Empresa Fonte: Prpria

importante mencionar que esse exaustor, ao retirar os gases da fornalha da caldeira e conduz-los chamin, traz com eles minsculas partculas de resduos leves (cinzas) que devido ao fato de possurem um peso desprezvel, acabam no caindo nos cinzeiros (item 3.4.6) e flutuam junto com os gases de combusto. Como a chamin da caldeira no deve conter cinzas, apenas gases, resolve-se esse problema com a instalao de Extratores e Multiciclones.

Figura 22: Extratores da caldeira a lenha da Empresa Fonte: Prpria

Figura 23: Multiciclones Fonte: Prpria

Antes de ir para a chamin (estrutura metlica em formato cilndrico e de cor clara esquerda da Figura 21), os gases passam primeiro pelos extratores (Figura 22), onde so

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depositadas as partculas maiores de cinza que esto dispersas nos gases de combusto, e depois passam pelos Multiciclones (Figura 23), que receber minsculas partculas de cinza (poeiras de cinza) que no foram depositadas no Extrator.

3.4.10 Chamin

Conforme j foi dito, no final do subitem 3.4.7, os gases chegam chamin com uma temperatura numa faixa que pode variar entre 140 a 240C. So vrios os gases que so produto da combusto do cavaco, tais como: Monxido de Carbono (CO), Dixido de Carbono (CO2), Oxignio (O2), dentre outros. A quantidade desses gases monitorada durante as Anlises Laboratoriais dos Operadores de Caldeira (existe um laboratrio in loco na rea de Caldeiras para as diversas anlises envolvendo a qualidade da gua, vapor, ar, etc). Chamins de caldeiras, geralmente, ou so de alvenaria ou metlicas e podem ser autoestveis ou suportadas por tirantes. Sua altura e dimetros so construdos em funo da disperso dos poluentes e do tipo de tiragem (forada ou natural). No caso da chamin da Caldeira a Lenha Conterma da Empresa, trata-se de uma chamin metlica (SAC-50) autoestvel, cuja altura de 35m e com um dimetro de 1,15m.

Figura 24: Chamin da Caldeira a Lenha Conterma TV2PM-GA Fonte: Prpria

3.4.11 Balo Superior (Tubulo de Vapor)

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Como j foi dito, o Balo Superior ou Tubulo o local onde o vapor gerado a 15 kgf/cm de presso. Ele assim chamado, pois, como bem ilustra a Figura 8, em caldeiras como esta Conterma, da Empresa, existem dois tubules: o de cima e o de baixo. O de baixo, contendo apenas a chamada lama que uma gua com uma elevada concentrao de sais e produtos qumicos que se precipitam quando da evaporao da gua chamado de Balo Inferior. J o de cima, cujo nvel de gua fica pela metade (na metade de baixo fica somente gua e na metade de cima somente vapor), chamado de Balo Superior. A Figura 25 mostra um Tubulo (Balo Superior) que acabou de ser fabricado, dando destaque para os seus furos na parte inferior do mesmo, que interligam-se ao Balo Inferior por meio dos tubos (feixes tubulares, vide item 3.4.12).

Figura 25: Balo Superior fora da caldeira Fonte: Prpria

3.4.11.1 Formas de Purga

Existem 3 (trs) formas de se purgar os sais que se precipitam quando da evaporao da gua, diminuindo assim o excesso e garantindo uma gua de qualidade (com baixa concentrao de produtos como os cloretos, fosfatos, sulfitos, etc.). Purga de Fundo: De acordo com as anlises feitas pelos operadores deve-se fazer, uma vez por turno, a purga de fundo. A purga de fundo consiste em eliminar

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(purgar) os sais depositados no fundo do Balo Inferior quando este se encontra com alto teor de produtos (sais). Movimenta-se uma vlvula que canaliza a lama contida no Balo inferior para o Tanque de Expanso onde com a reduo da presso, a gua salina vinda do Balo Inferior se resfria e cai por um dreno existente neste tanque na rede de esgoto. Purga de Contnua: A purga contnua consiste em limpar a superfcie da gua contida no Balo Superior, que tambm contm certos tipos de sais (como sais de slica) que costumam flutuar na superfcie da gua. Uma espcie de raquete fica o tempo todo empurrando esses sais que, em um processo semelhante ao da purga de fundo, faz com que essa soluo aquosa seja canalizada para o Tanque de Expanso que expele a gua salina para um dreno. Purga dos Coletores: O processo similar aos outros dois. Uma vez por turno (de acordo com as anlises laboratoriais realizadas pelos operadores) acionada a vlvula de purga dos coletores. Coletor uma tubulao que d a volta nas quatro paredes da caldeira, ou seja, mais ou menos na metade de sua altura existe uma tubulao horizontal que contorna as quatro paredes da caldeira formando a figura geomtrica de um quadrado. Nesses quatro tubos (um em cada parede) existe uma interligao com os demais tubos, verticais, da parede dgua (item 3.4.13) que so ligados perpendicularmente aos coletores. Na parte inferior desses coletores ficam depositados alguns sais que, de forma anloga s duas purgas anteriores, seguem em direo ao mesmo Tanque de Expanso e so drenados toda vez que a vlvula acionada.

3.4.11.2 Caractersticas Construtivas dos Tubules da Caldeira TV2PM-GA

A Tabela 8 resume as principais caractersticas dos bales superior e inferior (Obs.: Os dados contidos nas Tabelas 8 e 9 foram extrados do Pronturio da Caldeira a Lenha Conterma, Modelo TV2PM-GA, da Empresa).

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Tabela 8: Caractersticas bsicas dos Bales da Caldeira a Lenha Conterma - TV2PM-GA - da Empresa

Fonte: Pronturio da caldeira a lenha Conterma, TV2PM-GA

As medidas de distncia na Tabela 8 encontram-se em milmetros (mm). Outro ponto que merece destaque, com relao s caractersticas construtivas dos tubules da caldeira, diz respeito ao tipo de tratamento trmico dado aos bales no processo de fabricao dos mesmos: Tanto o Balo Inferior quanto o Superior receberam um Tratamento Trmico de Recozimento temperatura de 620C. Trata-se de um aquecimento controlado at a temperatura supracitada, permanncia nessa temperatura e resfriamento lento. Esse tipo de tratamento serve para diminuir as tenses geradas por trabalhos j realizados nas chapas, reduz a dureza e aumenta a ductibilidade (capacidade de o material se deformar plasticamente sem se romper). A tabela a seguir detalha os dados tcnicos dos tubules da caldeira em avaliao:

Tabela 9: Dados Tcnicos dos Tubules da Caldeira a Lenha da Empresa DADOS Cdigo de Projeto/ Ano de Edio Presso de Projeto Presso de Operao Presso de Teste Hidrosttico Temperatura de Projeto Temperatura de Operao Radiografia Eficincia de Juntas Sobrespessura para Corroso Material Isolamento VALORES ASME Seo I - Diviso 1/ 1980 17,0 kgf/cm 15,0 kgf/cm 25,5 kgf/cm 371,1C 200,4C Total 1,0 2 mm A-285 GrC Sim

Tempo de Servio 25 anos Fonte: Pronturio da caldeira a lenha Conterma, modelo TV2PM-GA

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O Isolamento citado na tabela acima composto de uma camada de l de rocha em volta de todo o tubulo que serve para inibir a condutividade trmica do mesmo recoberta por uma estreita capa feita em alumnio (Al). As prximas figuras mostram uma foto do Balo Inferior (Figura 26) coma a Porta de Inspeo (ou Boca de Visita) aberta, do Balo Superior (Figura27), e uma foto do interior do Balo Superior da Caldeira a Lenha TV2PM-GA da Empresa, quando os mesmos foram submetidos a inspees internas.

Figura 26: Balo Inferior da Caldeira a Lenha da Empresa Fonte: Prpria

Figura 27: Balo Superior da Caldeira a Lenha da Empresa Fonte: Prpria

Figura 28: Interior do Balo Superior da Caldeira da Empresa Fonte: Prpria

3.4.12 Feixe Tubular

So os tubos que interligam o Balo Superior com o Balo Inferior e, conforme Figura8, esto sempre cheios dgua. Tambm na Figura 8 possvel ver o fluxo dos gases de combusto (que aquecem as guas que passam no feixe tubular) atravs das setinhas de cor vermelha. O posicionamento do feixe tubular, bem como a geometria dos tubos que o compe, so estrategicamente dimensionados de modo a fazer com que a troca de calor nesses tubos seja a mais intensa possvel e, alm disso, direcionem os gases para a chamin imediatamente aps essa troca com os tubos. A esse direcionamento dos gases conduzindo-os de forma eficiente no interior da caldeira d-se o nome de Chicana dos Gases.

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Figura 29: Chicana dos Gases Fonte: http://www.chdvalvulas.com.br/artigos_tecnicos/caldeiras/aquatubulares.html

Na caldeira a lenha da Empresa (Conterma TV2PM-GA), o feixe tubular composto de 355 (trezentos e cinqenta e cinco) tubos em ao A-178-A com dimetros de 50,8mm (dimetro externo de cada tubo) e espessuras de parede com 3,75mm, fixados nos bales (superior e inferior) e tambm nos coletores.

3.4.13 Parede d'gua

Em volta das quatro paredes da Caldeira a Lenha em estudo, existem tubos verticais que compem a chamada Parede dgua. Como o prprio nome diz, esses tubos ficam cheios dgua do mesmo modo que os tubos dos feixes tubulares vistos no item anterior, e se comunicam com eles. A existncia desses tubos garante um aumento na rea de contato entre a chama e gases com a gua dos tubos, aumentando com isso a rea de troca trmica como conseqncia, eleva o rendimento da caldeira e aumenta a capacidade de vapor.

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Figura 30: Ilustrao da parede dgua de uma caldeira aquatubular Fonte: http://www.chdvalvulas.com.br/artigos_tecnicos/caldeiras/aquatubulares.html

Na caldeira em estudo, os tubos da parede dgua possuem um dimetro externo de 76,2mm com espessura de 4,19mm e, assim como no feixe tubular, so feitos de ao A-178-A so 86 tubos nas laterais, 23 na parte frontal e 31 na interna.

3.4.14 Informaes Complementares

Sopragem da caldeira: A queima do cavaco, diferentemente de outros combustveis como o GLP ou o GNP, que so considerados de combusto limpa, provoca muita sujeira. A fumaa que desprendida libera uma grande quantidade de fuligem que acaba se impregnando nos tubos da caldeira e precisa ser eliminada de tempos em tempos. Isso feito por meio de um componente instalado em caldeiras desse tipo que se chama Soprador de Fuligem.

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Figura 31: Representao esquemtica de um Soprador de Fuligem Fonte: http://www.pme.poli.usp.br/sisea/Portugues/disciplinas/2008/ArtigosCorretosRecebi dosAte12Set-PROMINP.pdf

Na compra de caldeiras como a da Empresa (Caldeira a Lenha Conterma TV2PM-GA) este item j vem incluso (so 9 sopradores ao todo). Em praticamente todos os casos de caldeiras a lenha os sopradores de fuligem vm embutidos na ocasio da instalao. O princpio de funcionamento baseia-se em transformar um movimento retilneo (operador puxando para baixo uma corrente) em um movimento circular que gira um registro e abre a sada de vapor de modo que o prprio vapor gerado na caldeira soprado, por intermdio de um tubo soprador (Figura 31), nos demais tubos e deste modo desprendendo a fuligem dos mesmos. Essa fuligem acaba saindo, juntamente com os gases de combusto, pela chamin da caldeira. Na Empresa esse procedimento feito a cada 3 (trs) dias.

gua de Alimentao: a gua que bombeada para dentro da caldeira (Balo Superior) para ser transformada em vapor. Ela fica armazenada num tanque chamado de Desaerador (Figura 32) que tem a principal funo de eliminar os gases corrosivos (especialmente O2 e CO2 livre). No Desaerador chega gua de duas vias diferentes: retorno do condensado; e gua adicional. O retorno do condensado trata-se do vapor que foi gerado pela caldeira, foi usado em algum processo de troca de calor na fbrica (aqueceu algum item) e se condensou novamente (estado lquido). Essa gua no estado lquido canalizada de volta para o circuito da caldeira ficando armazenada no Desaerador para, posteriormente, entrar novamente no Balo Superior e voltar a virar vapor. A outra via pela qual entra gua no Desaerador a chamada linha da gua adicional. Ela existe pois, como a rede do retorno

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do condensado no 100% eficiente h perdas em partes do processo e tambm no prprio trajeto de volta para o Desaerador torna-se necessrio, medida que ocorrem essas perdas, a adio da gua vinda da E.T.A. (Estao de Tratamento de gua existente na fbrica) ao Desaerador para repor essas perdas. Em suma, a linha da gua adicional consiste na gua potvel vinda da E.T.A., que passou por um Filtro de Carvo (Figura 33) para que fosse retirado todo o Cloro contido nesta gua (pois a gua que adentra a caldeira deve ser desprovida de Cloro), e finalmente passou pelo Abrandador (Figura 34), que serve para retirar da gua todo o Clcio (Ca) e Magnsio (Mg), que prejudicam as tubulaes da caldeira podendo causar problemas de incrustao (formao de crostas de sais nos tubos, podendo acarretar at mesmo em um entupimento dos tubos).

Figura 32: Desaerador Fonte: Prpria

Figura 33: Filtro de Carvo Fonte: Prpria

Figura 34: Abrandador Fonte: Prpria

Em baixo do Desaerador existem 5 (cinco) bombas, cada uma com uma vazo de 25m/h, que retiram a gua dele para enviar para as 3 (trs) caldeiras da Empresa. Esse processo todo automtico, inclusive o da entrada da gua adicional no Desaerador, que acontece toda vez que o seu nvel se encontra abaixo do nvel mnimo. Tanque de Produtos: Em baixo do Desaerador tambm existe um pequeno tanque, denominado de Tanque de Produtos Qumicos (Figura 35). Este tanque contm 3 (trs) tipos de produtos diferentes: Fosfato Trissdico (Na2PO4); Soda Custica (NaOH); e Sulfito de Sdio (Na2SO3). Duas bombas localizadas em sua tampa fazem o papel de levar esses produtos at o Desaerador. De acordo com as anlises da gua da caldeira realizadas pelos operadores, so adicionadas certas quantidades de cada produto neste tanque.

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Figura 35: Tanque de Produtos Fonte: Prpria

Cada um desses trs produtos tem um papel diferente no tratamento da gua das caldeiras. Fosfato Trissdico: Ajuda a terminar de retirar da gua do Desaerador o Clcio e o Magnsio que porventura o Abrandador deixou passar; Soda Custica: Serve para eventuais correes do pH da gua; Sulfito de Sdio: Tem a funo de retirar o oxignio da gua (a concentrao de O2 na gua da caldeira deve ser inferior a 30ppm).

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CAPTULO IV

REVISO DE 25 ANOS DESENVOLVIMENTO E RESULTADOS

4.1 AVALIAO DE INTEGRIDADE

Neste captulo sero apresentadas as atividades que fazem parte do escopo da Avaliao de Integridade de uma caldeira (Exame de 25 anos), bem como sero tecidos comentrios a respeito de como se deu essa inspeo na caldeira em estudo. Em seguida ser mostrada a proposta deste trabalho, que foi a criao de um programa computacional como forma de armazenar os resultados obtidos durante as inspees e ensaios realizados e tambm como meio de auxiliar na prpria Avaliao Integridade, pois o mesmo traz facilidades como clculos, frmulas, armazenamento de fotos, dentre outras coisas. A Avaliao de Integridade consiste em uma reviso detalhada do equipamento e visa, dentre outras coisas, definir a situao dos materiais das partes sob presso. Para tanto, realiza-se uma srie de testes e ensaios, alguns dos quais sero descritos a seguir lembrando que esses so os usuais, porm, a critrio do Profissional Habilitado responsvel pelos testes, outros ensaios complementares podero ser executados caso entenda-se necessrio. Reclculo da PMTA Executar o reclculo mecnico para definir a PMTA a ser confirmada, conforme ASME I, utilizando as espessuras medidas, incluir bocais, reforos e perifricos; Anlise dos Cordes de Solda Ensaiar 100% dos cordes de solda das partes sob presso de modo a avaliar defeitos e falta de penetrao. Dois mtodos so usados para se inspecionar os cordes de solda: Ensaio com Lquido Penetrante e Ensaio com Ultra-som;

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Extensometria, Rplica Metalogrfica e Dureza Ensaiar com extensometria, rplica metalogrfica e realizar ensaios de dureza nas partes sob presso para garantir uma melhor avaliao da estrutura metalrgica e das caractersticas mecnicas do material base. Um relatrio detalhado emitido ao fim das inspees descrevendo todos os

procedimentos efetuados na caldeira e apontando, caso haja, todas as irregularidades encontradas e as aes corretivas necessrias ao atendimento da norma de projeto. Convm lembrar que todos esses ensaios foram de fato realizados na caldeira estudada at aqui, inclusive com a emisso desse Laudo Tcnico da Avaliao de Integridade, documento este ao qual foi permitido acesso para anlise e conferncia dos resultados obtidos. Conforme j mencionado no incio deste captulo, foi proposto o desafio de criar um programa que armazenasse em um banco de dados prprio, todas as informaes tcnicas do equipamento e, de acordo com as inspees realizadas, faz-se o levantamento dos dados obtidos (medidas de espessuras, corroso, soldas, etc), inserindo-os no programa de modo que os clculos so feitos com agilidade. A soluo foi a criao de um programa em linguagem VBA (Visual Basic for Application), uma linguagem de programao poderosa que permite usurios a programarem macros repetitivas ou complexas automaticamente dentro do Microsoft Excel. A Figura 36 apresenta a tela de abertura do programa enquanto a Figura 37 mostra a tela principal do software, onde aparecem os campos para o armazenamento dos principais dados tcnicos dos equipamentos, bem como os botes de opo na coluna da direita, que dizem respeito s inspees realizadas nesta Avaliao de Integridade.

Figura 36: Tela de Boas Vindas do programa Fonte: Prpria

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Figura 37: Tela principal do programa com destaque no vaso de n 16 (Reservatrio de GLP) Fonte: Prpria

Um detalhe importante a ser dito que a princpio a idia era abranger caldeiras, mas o resultado foi to satisfatrio, que optou-se por expandi-lo para todos os vasos de presso da fbrica onde foi realizada a pesquisa de campo, de modo que criou-se um histrico em que foram cadastrados os 83 (oitenta e trs) vasos de presso existentes na Empresa (incluindo as trs caldeiras).

4.2 Discusses e Anlises

A caldeira foi inspecionada conforme os requisitos da norma NBR 12177-2 da ABNT e contou com exames que normalmente no so feitos nas inspees anuais (peridicas). Alm dos exames externos e internos, medidas das espessuras do tampo e do costado dos tubules (ultra-som) e testes nas vlvulas de segurana, foram realizadas outras diversas atividades que caracterizam a Avaliao de Integridade, e so essas atividades que sero melhor exploradas neste subitem, a saber: Teste Hidrosttico; Extensometria; Reclculo da PMTA; Metalografia; Ensaio de Dureza; Lquidos Penetrantes e Ultra-som nas soldas. Convm lembrar que a Avaliao de Integridade para caldeiras compreende uma srie de exames que so feitos em diversas partes e componentes de sua estrutura. Para melhor

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esclarecer este ponto, pode-se tomar como exemplo o exame de metalografia (ou rplica metalogrfica), que nada mais do que a avaliao do ao a nveis microscpicos onde se consegue ver a forma estrutural em que o metal se arranja, proporcionando um zoom de aproximadamente 400x (microscpio ptico), que j bastante significativo, podendo at atingir valores superiores a 5000x (microscpio eletrnico). Este exame, assim como os demais (extensometria, dureza, lquidos penetrantes e ultra-som), foi realizado em diversos pontos da caldeira, tais como: Tubulo Superior; Tubulo Inferior; Tampos dos tubules superior e inferior; Coletor de Vapor; Tubos do Feixe Tubular; Tubos da Parede dgua da fornalha; etc. Como pode-se perceber, tratar de todos os pontos de medio onde cada exame foi realizado seria invivel. Como o objetivo deste projeto de monografia passar uma viso geral sobre os trabalhos de inspeo realizados na caldeira a lenha da Empresa, bem como a forma como este tema foi trabalhado no desenvolvimento prtico com o software de gerenciamento, convencionou-se tratar apenas dos testes efetuados no Tubulo Superior da caldeira, que o local onde de fato o vapor gerado e enviado para o restante da fbrica. Deste modo, entendendo por exemplo como se deu o processo de ensaio de dureza no balo superior da caldeira, ou mesmo a aplicao de um lquido penetrante neste balo, possvel replicar o mesmo procedimento para o balo inferior, ou para qualquer outra parte da caldeira que opere sob presso como seus tubos e bocais para a sada de vapor ou outros perifricos. Para que haja uma maior clareza, sugere-se rever a Tabela 9 onde constam os dados tcnicos tanto do tubulo superior quanto do inferior. Atravs dela possvel constatar, dentre outras coisas, o material de construo desses tubules que trata-se do ao-carbono ASTM A285- Gr C. As tabelas a seguir mostram a composio qumica e as propriedades mecnicas, respectivamente, para aos desse tipo.

Tabela 10: Composio Qumica (%) das chapas em ao A-285-C

Fonte: http://www.vidalfer.com.br/

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Tabela 11: Propriedades Mecnicas das chapas em ao A-285-C

Fonte: http://www.vidalfer.com.br/

4.2.1 Teste Hidrosttico (NBR 12177-2)

Apesar de ser um assunto que j foi tratado no Captulo II deste presente trabalho, este tema ser novamente abordado, porm agora, sob a perspectiva da caldeira a lenha em estudo: Caldeira a Lenha Conterma Modelo TV2PM-GA, categoria NR-13 tipo B. Embora este comentrio j tenha sido feito, importante lembrar que no caso das caldeiras, este ensaio no obrigatrio nas inspees peridicas (diferente do que acontece com a maioria dos vasos de presso), salvo em ocasies especiais como quando elas so submetidas a reparos em partes sob presso ou, como neste caso, quando realizada uma Avaliao de Integridade. A Norma da ABNT NBR 12177- Parte 2 diz que a presso de teste a ser aplicada em caldeiras como esta em estudo (caldeira aquatubular) deve obedecer o seguinte critrio: [1]

PTH = A x PMTA Onde: A o fator de sobrepresso para fixao do valor da PTH; PTH a presso de teste hidrosttico, em kPa, medida na sada da caldeira; PMTA a presso mxima de trabalho admissvel, dada em kPa.

O valor de A, mostrado na equao [1], deve ser igual ao valor original mximo, aplicado nos ensaios hidrostticos realizados durante a construo da caldeira, de acordo com o cdigo adotado para o projeto da mesma. Geralmente esse valor segue o descrito abaixo:

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A = 1,5 para PMTA (atualizada) inferior a 3900 kPa ( ou seja: PMTA < 39,77 kgf/cm); A = 1,2 para PMTA (atualizada) igual ou superior a 3900 kPa (ou seja: PMTA 39,77 kgf/cm); A NBR 12177-2 adverte que nenhuma parte pressurizada deve ser ensaiada com presso inferior a 1,25 vez a sua PMTA, para presso de projeto abaixo de 3900 kPa ( 39,77 kgf/cm), ou inferiores sua PMTA, para presss de projeto iguais ou superiores a 3900 kPa.

4.2.1.1 Mtodo de Ensaio

A Norma recomenda que a temperatura da gua esteja entre 15C e 40C e a taxa de elevao (te) da presso de teste obedea a equao a seguir: [2]

te < PTH / 300

Onde a taxa de elevao, te, representa a velocidade com que a presso elevada nos tubules em termos de kPa/s. Depois de cheia dgua, a presso elevada obedecendo-se a equao [2], at atingir o valor da PTH. Aps, aguardam-se 30 minutos nesta condio, reconduzindo a presso PTH caso o manmetro indique reduo de presso. Esgotados os 30 minutos, o Profissional Habilitado que estiver executando o teste deve reduzir a presso para a PMTA (que via de regra ser menor ou, em alguns casos, igual PTH) e realizar um exame cuidadoso e completo, pesquisando vazamentos, deformaes visveis e outras quaisquer anomalias perceptveis, na totalidade da rea onde possam ocorrer. Enquanto realizado o exame visual, a presso deve ser mantida em valor igual PMTA. Concludo o exame, a presso reduzida de maneira progressiva e contnua, com a mesma taxa acima fixada ( equao [2] ). Espera-se que com a sobrevivncia do equipamento a esta presso elevada, o mesmo seja capaz de desempenhar sua funo operacional com segurana, sob condies menos severas.

4.2.1.2 Gerenciamento pelo Software

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Aplicando-se a equao [1] na caldeira a lenha da Empresa onde foi feito este estudo de caso, obtm-se as equaes [3], [4] e [5]: [3]

PTH = 1,5 x PMTA

O fator 1,5 aparece como sendo o fator de sobrepresso A visto na equao [1], uma vez que a PMTA da caldeira (tubules), de acordo com a Tabela 7, inferior a 3900kPa. Considerando-se o valor da PMTA dado pela Tabela 7 j convertido para a unidade kPa, e substituindo-o na equao [3] tem-se: [4]

PTH = 1,5 x 1667,13

O que resulta na presso de teste hidrosttico (PTH) demonstrada na equao [5] e que totalmente compatvel com a PTH dada pela Tabela 9 confirmando o mtodo estabelecido pela Norma. [5]

PTH = 2500,7 25,5 kgf/cm

De posse da PTH, possvel ainda se calcular a taxa de elevao (te) mxima para a execuo do teste hidrosttico, estabelecida pela norma NBR 12177 por meio da equao [2]: te < 2500,7 / 300 Logo, te tem de ser menor que 8,336 kPa/s, o que corresponde a 5,1 kgf/cm / min. Na tela principal do programa, vista na Figura 37, existe um campo destinado a se cadastrar o valor da PMTA do vaso. De acordo com o valor que se coloca neste campo, possvel se calcular a presso de teste hidrosttico (PTH) e a taxa de elevao mxima (te) para a execuo do TH, inclusive gerando-se um grfico do ensaio. Para tanto, basta pressionar o boto T.H. (NBR 12177) (primeiro boto em verde, visto na tela principal do programa Figura 37). Os resultados so exibidos em uma nova janela que se abre conforme ilustra a Figura 38. [6]

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Figura 38: Resultados para o Teste Hidrosttico efetuado na caldeira a lenha Fonte: Prpria

Convm lembrar que ao clicar no boto T.H. (NBR 12177), o programa verifica qual o valor de sobrepresso A, constante na equao [1] (que pode ser 1,5 ou 1,2 a depender da PMTA) e calcula a PTH e a te baseado no valor que foi colocado ao preencher o campo PMTA, na tela principal do programa. Esse clculo e a gerao do grfico pode ser obtido para qualquer que seja o vaso visualizado no cadastro e no se restringe caldeira a lenha.

4.2.2 Anlise de Tenses (Extensometria)

A Anlise Experimental de Tenses (Extensometria) uma tcnica de medio de tenses mecnicas em corpos slidos atravs das deformaes. Esta tcnica empregada em diversas reas da engenharia para medida de deformaes em estruturas sob a ao de foras estticas e dinmicas. As deformaes nas estruturas so de fundamental importncia para os projetos, respeitando-se os limites estticos e de fadiga dos materiais.

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No estudo da Resistncia dos Materiais, determina-se as sees transversais dos elementos componentes de uma estrutura para que eles satisfaam certas condies relativas a segurana contra ruptura e deformaes. Utilizam-se os ensaios de trao e compresso para se avaliar o comportamento desses materiais quando submetidos a determinados tipos de esforos. Considere a figura a seguir:

Figura 39: Representao esquemtica da Tenso Mecnica Fonte: www.eletr.ufpr.br/marlio/especial/extensometria1.pdf

A tenso mecnica () uma fora de reao interna do material a uma fora externa aplicada. Ela dada pela equao:

[7] As tenses admissveis so fixadas pelas Normas Tcnicas e levam em conta um fator de segurana que deve prevenir: - Todas as falhas nas suposies de clculo; - As variaes involuntrias na qualidade do material; - Os excessos excepcionais das cargas previstas. Logo:

[8] Onde:

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= tenso admissvel;

= limite de escoamento (ou tenso de escoamento); = coeficiente de segurana;

Portanto, tem-se que a tenso atuante () deve ser sempre menor que a tenso admissvel do material ( ).

<

[9]

Deve-se lembrar que, na equao [8], a tenso de escoamento (y) possui valores tabelados para cada material e que, para cada temperatura, existe um valor de y diferente. O coeficiente de segurana () tambm caracterstico do material e geralmente adotam-se:

Ao: variao de = de 1,5 a 2; Ferro Fundido: variao de = de 4 a 8; Madeira: variao de = de 2,5 a 7,5; Alvenaria: variao de = de 5 a 20.

Para que se possa entender melhor o que um ensaio de extensometria, pode-se fazer uma analogia com uma barra simples como a mostrada na figura abaixo:

Figura 40: Barra simples sendo submetida a um ensaio de trao Fonte: Adaptado de www.eletr.ufpr.br/marlio/especial/extensometria1.pdf

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A barra da figura 40 est sendo submetida a um ensaio de trao (esticamento) devido a duas foras (F) atuantes em suas extremidades. Inicialmente ela tinha um comprimento L e, aps ser tracionada, houve um alongamento L em seu comprimento, conforme mostrado na figura. Dessa analogia surge um outro conceito importantssimo no estudo da extensometria que a definio do Alongamento Especfico () ou deformao.

[10] Esse alongamento representa o deslocamento que ocorre no material, para uma dada fora (Strain), por unidade de comprimento da barra. Esse alongamento necessita de medidas muito precisas porque as variaes L do comprimento L so muito pequenas e apesar disso decisivos para a distribuio de foras em uma estrutura. Essa variao de comprimento L da Figura 40 vem sempre acompanhada de um decrscimo da dimenso transversal d da barra (ver figura), porm, a relao d/d menor que a relao L/L. Se ao invs de uma barra retangular fosse considerado uma com seo transversal circular (formato cilndrico), ou mesmo um fio com um dimetro d, esse dimetro sofreria uma reduo que pode ser medido em funo da deformao () sofrida pela barra e em funo de um parmetro caracterstico do material chamado de Coeficiente de Poisson ():

[11] Onde representa o coeficiente de Poisson e d a variao do dimetro do fio em relao ao seu dimetro inicial d.

Agora que foram apresentados esses dois conceitos-chaves no estudo da extensometria, isto , o conceito de tenso mecncia () e a definio de deformao (), possvel, a partir desses, compreender um terceiro conceito tambm incorporado a este estudo, que a chamada Lei de Hooke Aplicada a Materiais:

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[12]

Onde E, no primeiro membro da equao, representa o mdulo de elasticidade (ou mdulo de Young, como tambm conhecido), que uma constante para cada material. O mdulo de elasticidade (ou Young) uma constante de proporcionalidade entre a tenso e a deformao e estabelece uma relao linear entre essas grandezas, linearidade esta que no se mantm medida em que a deformao atinge altos valores. Em outras palavras, em um diagrama tenso-deformao tpico de um ensaio de trao, a lei de Hooke s vlida na regio elstica de tenso, isto , no incio do grfico (trecho reto) onde se observa um comportamento linear. Esta regio representa a poro do grfico em que as deformaes sofridas pelo material no so grandes o suficiente para provocar deformaes permanentes, de modo que o material volta a sua forma original quando o esforo retirado (carregamento reversvel).

Figura 41: Grfico Tenso x Deformao Fonte: Adaptado de BONFIM, 2009, p. 6

A parte do grfico onde est indicado o fim do regime elstico representa o chamado Limite Elstico (ou Limite de Proporcionalidade), onde termina a validade da lei de Hooke. O teste de extensometria aplicado em caldeiras ou vasos de presso baseado na Lei de Hooke, j que as deformaes nesses testes encontram-se sempre abaixo do Limite Elstico

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uma vez que um vaso submetido ao teste de extensometria, caso atingisse a regio plstica do grfico, poderia estar comprometido (deformaes permanentes mesmo depois de ser despressurizado). Nesses testes, mede-se a tenso de uma forma indireta, isto porque primeiro se faz a medio da deformao e ento determina-se a tenso aplicando-se a lei de Hooke, vista na equao [12]. A deformao, e mesmo deformaes muito pequenas, medida com o uso de extensmetros (strain gages).

4.2.2.1 Strain Gages: Definio e Tipos

Extensmetros so dispositivos usados para medir deformaes em slidos. Existem vrios tipos de extensmetros, sendo que o mais usual deles (e tambm o que ser focado neste trabalho), o Extensmetro Eltrico de Resistncia (EER). Os EERs, ou strain gages, so considerados transdutores eletromecnicos. Transdutores so dispositivos conversores que convertem uma modalidade de energia em outra e, no caso dos strain gages, medem deformaes mecnicas atravs de uma grandeza eltrica (resistncia). O tipo mais comum utilizado em ensaios de estruturas so os do tipo lmina, conforme mostrado na figura 42. Dependendo do tipo de base e do material metlico resistente, os extensmetros eltricos tero suas caractersticas e aplicaes caracterizadas. Inicialmente, os extensmetros eltricos (EER) de fios retos eram muito grandes e aplicados atravs de cutelos pea em estudo. A partir da dcada de 1950, foram produzidos os EER do tipo folha ou lmina (foil strain-gages), cuja configurao de grade obtida a partir de uma folha metlica atravs de um processo de ataque qumico (similar fabricao de circuitos impressos). Para possibilitar o manuseio, o filme metlico aderido a uma folha de plstico que serve de suporte e isolante entre o EER e a pea em estudo. Este suporte tambm traz marcas que facilitam a instalao. O princpio bsico de funcionamento baseia-se na 2 Lei de Ohm, que diz que a resistncia R de um fio condutor funo do seu comprimento L, da rea da seo transversal A e da resistividade do seu material, conforme equao que segue: [13]

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Note que a mudana na resistncia R do strain gage ser usada para se calcular o alongamento do objeto inspecionado.

Figura 42: Exemplo de um EER Fonte: www.lrm.ufjf.br/pdf/extensometria.pdf

A figura em perspectiva mostra claramente o fole metlico (material resistivo constitudo de ligas de um fio fino disposto em zigue-zague) revestido de filmes plsticos ou outro material isolante. Para obter uma mudana relativa na resistncia, os logaritmos para todos os membros da equao devem ser diferenciados. Primeiramente tira-se o logaritmo, e ento, faz-se a derivada. [14] Resultando na expresso: [15]

S que, como [16] (onde o coeficiente de Poisson, visto anteriormente na equao [11]) Ento podemos escrever tambm:

[17]

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Onde, l/l no nada mais que a deformao, , vista em [10]. Ento finalmente pode-se escrever a equao anterior da seguinte forma:

[18] A mudana na resistividade eltrica, , ocorre proporcionalmente com a mudana volumtrica do material de modo que : [19] (onde m uma constante proporcional, que determinada experimentalmente) E que: [20]

Permutando as trs ltimas equaes, podemos escrever a expresso:

[21]

A maioria dos materiais resistivos comumente usados em extensmetros so ligas de cobre e nquel (constantan), onde m aproximadamente igual unidade, o que leva a parte direita da ltima equao ser aproximadamente igual a 2.

[22]

O valor definido por esta ltima equao chamado de sensibilidade deformao do material metlico, bastante conhecido como Fator de Gauge, e geralmente expresso pelo

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smbolo k. Uma vez que o valor de k determinado dependendo do material resistivo usado para o extensmetro, esta ltima equao pode ser mudada para:

[23] A qual indica que a mudana relativa na resistncia proporcional magnitude da deformao medida. Ento, desejvel que o material resistivo tenha um valor da constante k sem correlao com a magnitude da deformao. O elemento sensor de deformao de um extensmetro disposto formando uma grade de material resistivo em uma pequena rea fornecendo uma dada resistncia, usualmente 120 . A sensibilidade deformao k corresponde ao fator do extensmetro, ks, o qual correlaciona a deformao no membro ensaiado, com a mudana na resistncia relativa no medidor (esses fatores so fornecidos pelo fabricante). Com relao deformao, os materiais costumam ser classificados de 2 formas: Metal e Semidondutor: Pequenas deformaes: < 20m; Elstico: At 50% de seu comprimento original. Com relao s especificaes mais usuais, conforme dito anteriormente, temos: Material resistivo: Geralmente Liga Cu-Ni (Constantan); Resistncia mais comum: 120 ; Sensibilidade deformao ou Fator de Gage: k = 2.

Observe agora a Tabela 12:

Tabela 12: Comparao entre o Strain Gage de Silcio e o de Constantan

Material Constantan Silcio

Fonte: Prpria

Composio K Ni, Cu (tipo p) 2

Coeficiente de temperatura 2x10-5/ C

100 a 170 70 a 700x10-5/C

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A tabela acima mostra a diferena entre os strain gages de Constantan e os de Silcio. Alm da diferena no valor do Fator de Gage, percebe-se que os strain gages de Silcio so muito mais sensveis temperatura que os de Constantan. Ainda dentro deste assunto, convm dar uma olhada tambm na figura 43:

Figura 43: Variao do Fator de Gage com a Temperatura Fonte: Prpria

O grfico mostrado na figura 43 indica a variao do Fator de Gage (k), em porcentagem, em funo da variao na temperatura. Para exemplificar, pode-se tomar como exemplo a curva do Constantan (Advance Cu-Ni). possvel perceber que o Fator de Gage, que para o Constantan vale 2 (Tabela 12), a uma temperatura de -240C valer 90% desse valor, ou seja, k = 1,8. Embora, neste caso, no represente uma variao expressiva, dependendo do material utilizado na fabricao do strain gage essa variao pode fazer uma grande diferena. A variao relativa da resistncia R devida a uma variao da temperatura um efeito indesejvel, chamado de Efeito Joule o aumento da temperatura propicia uma perda de resistividade, pois favorece a passagem dos eltrons. Dois mtodos so utilizados para a compensao da variao da temperatura: Atravs de circuitos em ponte de Wheatstone: Uma configurao em ponte, bastante utilizada para esta finalidade, pode ser vista na Figura 44, onde utiliza-se um strain gage de compensao (dummy). Esse strain gage fixado fisicamente prximo ao strain gage chamado ativo (que o que ir medir a deformao do objeto e dever estar orientado de tal forma que a parte longitudinal do fio em zigue-zague esteja

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alinhada na mesma direo da deformao esperada) para estar submetido mesma temperatura, entretanto dever ser orientado perpendicularmente a ele, para que a fora aplicada no alongue tambm os seus fios.

Figura 44: Configurao em ponte para anular as variaes da temperatura Fonte: www.ime.eb.br/~aecc/Automacao/Sensores_Parte_1.pdf

Seleo do material resistivo: Uma outra alternativa seria a utilizao de Ligas de materiais que possuem baixa variao de resistividade com a temperatura (Constantan). A mudana na resistncia em um strain gage de fio pequena, apenas unidades

percentuais do valor nominal, possivelmente menos que um Ohm. Medir tais resistncias requer um circuito em ponte. Os equipamentos de leitura das deformaes nos strain gages disponveis no mercado baseiam-se no circuito em ponte de Wheatstone. Geralmente so acompanhados por softwares que fazem a aquisio e o tratamento de dados gerando inclusive grficos para uma melhor visualizao da situao analisada. A seguir sero mostradas as fotos de alguns desses equipamentos.

Figura 45: Equipamentos de leitura de deformaes Fonte: www.nepae.feis.unesp.br/Apostilas/Extensometria%20basica.pdf

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Quanto aos tipos, os strain gages podem ser classificados como: Classificao de acordo com o material resistivo: - Fios resistivos; - Lmina; - Semicondutor; - Semicondutor por difuso. Classificao de acordo com o material de base: - Base de papel; - Base de baquelita; - Base de polister; - Base de poliamida; - Outros (finalidades especiais). Classificao de acordo com sua configurao: - Uniaxiais; - Biaxiais; - Mltiplos eixos (roseta); - Padronizao especial. A seguir, exemplos de alguns tipos de strain gages so mostrados na figura 46

Figura 46: Tipos de Extensmetros (Stain Gages) Fonte: www.ebah.com.br/metrologia-extensometria-pdf-pdf-a4052.html

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Quando no se conhece o campo de tenses ou a direo das tenses principais antes da anlise, utiliza-se rosetas de 3 elementos para que, deste modo, se consiga determinar o campo das tenses (as rosetas permitem medir as deformaes em vrias direes distintas).

4.2.2.2 Mtodo de Ensaio na Caldeira em Estudo

Inicialmente a caldeira deve ter sua superfcie preparada. Foi feita uma raspagem na superfcie dos bales (superior e inferior) nos pontos estratgicos onde ser pretendia fixar os strain gages. Essa raspagem serve para deixar a superfcie livre de micro-deformaes e tirar, caso haja, toda a tintura superficial superfcies com uma certa rugosidade podem interferir nas leituras. O tratamento da superfcie de fixao dos strain gages requer a remoo de ferrugem, tintas, rebarba do corpo de prova, que pode ser feita com uma lixa ou uma microretfica. A rea limpa para fixao deve ser maior que o extensmetro. A superfcie deve ficar essencialmente um pouco spera no polida. Com a rea de colagem limpa e regularizada deve-se proceder com a leve escarificao do lugar onde o extensmetro ser colado. Estas ranhuras que se formam nas duas direes servem para melhorar as caractersticas de adeso da cola com o corpo de prova. Em seguida foram realizadas as marcaes riscando com pontas metlicas os eixos de posicionamento dos extensmetros nos lugares de colagem dos corpos de prova. As superfcies onde os strain gages so colados devem ser escovadas para que sejam retiradas as rebarbas e restos de materiais estranhos. Devem ser removidos os leos, graxas e gorduras com um absorvente limpo de algodo ou gaze usando um solvente adequado. A rea desengordurada deve ser maior que a rea de colagem do extensmetro. Nove strain gages foram utilizados na aplicao do Ensaio de Extensometria da Caldeira a Lenha, conforme Figura 47, sendo que os strain gages de 1 a 6 foram postos no tubulo superior (tubulo de vapor) e os strain gages 7, 8 e 9 no tubulo inferior.

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Figura 47: Representao esquemtica do posicionamento dos strain gages Fonte: Relatrio de Inspeo da Caldeira a Lenha

Os strain gages foram posicionados nas regies mais solicitadas da caldeira (prximos a vlvulas de segurana, unies soldadas, prximos da sada de vapor, etc.). Em seguida foi realizado um Teste de Estanqueidade na presso de operao da caldeira (15kgf/cm). Este teste teve a durao de 1 (uma) hora e a deformao sofrida em cada strain gage foi monitorada durante todo o teste. importante dizer que o tempo de durao do Teste de Estanqueidade deve ser o suficiente para detectar o maior nmero de variaes de tenso nos bales (recomenda-se 1 hora de durao para abranger o maior nmero de oscilaes). O Strain Gage n 3, localizado prximo a uma das vlvulas de segurana, foi escolhido aleatoriamente como sendo representativo dos demais, e servir como exemplo para as prximas demonstraes para que, deste modo, se tenha uma idia do que aconteceu em cada um deles.

Figura 48: Strain Gage colado no tubulo de vapor da caldeira estudada Fonte: Prpria

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De acordo com o que foi estudado no subitem 4.2.2.1, os strain gages so compostos de um material condutor ou semicondutor (material resistivo) sensvel s variaes de comprimento (esticamento ou compresso) de modo que tm sua resistncia alterada dependendo da deformao (aumenta na trao e diminui na compresso). Em outras palavras, se o objeto cuja superfcie est instrumentada com o strain gage posto sob tenso, o gage vai ser esticado e os fios alongados. Os fios no apenas ficam mais longos como tambm mais finos, e ambas as aes fazem com que a resistncia total do fio cresa, uma vez que, conforme equao [13], seu comprimento diretamente proporcional resistncia do condutor, enquanto que a rea da seo transversal inversamente proporcional resistncia. Essa mudana na resistncia do strain gage usada para calcular o alongamento (deformao) do objeto. As deformaes que ocorreram no Strain Gage n3 podem ser visualizadas no grfico deformao x tempo mostrado na Figura 49.

Figura 49: Deformaes ocorridas no Strain Gage n 03 ao longo do tempo Fonte: Relatrio de Inspeo da Caldeira a Lenha TV2PM-GA

Analisando o grfico, pode-se perceber claramente que existe um pico, ao longo do teste de estanqueidade, que ocorreu a mais ou menos 400 segundos. De acordo com o disposto no grfico, a deformao neste instante chegou a um valor que corresponde a aproximadamente 150 m/m (0,00015 m/m). Esse valor, por ser o mximo encontrado na regio ocupada pelo Strain Gage n03, ser usado no clculo para se determinar a tenso mxima neste ponto.

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O grfico mostrado na Figura 49 foi retirado do relatrio de inspeo emitido pela empresa de engenharia responsvel pelos ensaios efetuados na caldeira a lenha em estudo. Esse grfico traz ao seu lado um quadro onde consta as observaes do inspetor. De acordo com essas observaes, essa deformao mxima (150 m/m) encontrada no strain gage n3 durante o teste de estanqueidade, correspondeu a uma tenso mxima, atuante neste ponto, de cerca de 31 MPa (ou 4496 psi). O prximo subitem desta monografia trar detalhes de como esse clculo feito.

4.2.2.3 Gerenciamento pelo Software

Antes de se analisar como o programa calcula a tenso mxima em um determinado ponto associada deformao sofrida pelo strain gage, importante fazer algumas consideraes sobre o Cdigo ASME. O ASME o cdigo mais utilizado no Brasil para projetos de caldeiras e vasos de presso, em especial o ASME Seo VIII Diviso I. Segue-se uma filosofia de projeto baseado em regras (design by rule), o que significa dizer que qualquer equipamento projetado por este Cdigo utilizar as mesmas regras e frmulas de clculo de forma padronizada, muitas vezes sem levar em considerao as condies especficas a que estaro sujeitos os equipamentos. Admite-se que elevadas tenses podem existir localizadamente, entretanto as regras e tenses admissveis foram estabelecidas para limit-las a um nvel seguro. Os desvios que possam vir a ocorrer, relacionados ao projeto, fabricao e condies operacionais sero absorvidos (cobertos) por um fator de segurana suficientemente grande para atender a esta finalidade. A definio das tenses reais aplicadas e dos fatores de segurana utilizados por este Cdigo est diretamente relacionada aos valores das tenses admissveis. Assim, tendo sido selecionado o material a ser utilizado em um determinado projeto, as tenses admissveis (que so uma funo da temperatura) tero introduzidas nelas fatores de segurana relacionados s tenses de escoamento e ruptura do material. A Tabela 13 permite visualizar os valores das tenses admissveis em funo das tenses de escoamento e ruptura dos materiais:

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Tabela 13: Tenses Admissveis segundo o ASME Tenso Admissvel O menor valor entre Onde: Antes da Edio 2000 Edio 2000

r/4 y/1,5

r/3,5 y/1,5

r y

Limite de resistncia na temperatura de referncia Limite de escoamento na temperatura de referncia

Obs: valores aplicveis para temperaturas abaixo do limite de fluncia

Fonte: ASME Seo VIII Diviso 1

Os valores de tenso admissvel foram incrementados a partir da edio de 2000, significando uma reduo dos fatores de segurana relacionados tenso de ruptura de 4 para 3,5. O valor do fator de segurana relacionado ao escoamento no sofreu alterao com a nova edio do ASME. Analisando-se cuidadosamente a tabela acima, possvel concluir que a equao demonstrada no incio do subitem 4.2.2 [8], pode ser, dependendo do caso, reescrita da seguinte forma:

[24] De um modo geral, utiliza-se a equao [8] para materiais dcteis, e a equao [24] para materiais frgeis. Aplicando-se o critrio visto na Tabela 13, no material de que constitudo os tubules da caldeira a lenha, objeto de estudo deste trabalho, temos:
Tabela 14: Tenses de Referncia para o material ASTM A-285-C (em MPa) Material ASTM A-285 GrC
(*) Temperatura ambiente

Limite Mximo de Ruptura (r) 379,3

Tenso de Escoamento (y) 206,9

Tenso Admissvel (*) 95,2

Fonte: ASME Seo VIII Diviso 1, anterior Edio de 2000

Uma observao mais detalhada da Tabela 14 revela que, a tenso admissvel, para o material selecionado, funo do limite de resistncia (ou limite mximo de ruptura) devendo

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portanto ser calculada conforme equao [24], onde = 4 (cdigo do projeto da caldeira anterior Edio 2000 do ASME). Admitindo-se, ento, o valor de 95,2 MPa como sendo o limite mximo aceitvel para as tenses nos tubules (superior e inferior), durante o teste de extensometria da caldeira a lenha analisada at aqui, criou-se tambm, no software desenvolvido para este trabalho de concluso de curso, uma seo dedicada ao teste de extensometria da caldeira a lenha. Para acess-la, basta pressionar o boto Extensometria, na tela principal do cadastro que foi mostrada na Figura 37. A Lei de Hooke, vista na equao [12], estabelece que o Mdulo de Young igual razo entre a tenso e a deformao sofrida, e uma caracterstica de cada material. Para o exemplo estudado, tem-se: E = 2,1414 x 1010 kgf/m. A deformao mxima sofrida durante o teste de extensometria, foi detectada no strain gage n 03, conforme Figura 49, e foi de aproximadamente 150 m/m. Portanto, com base na Lei de Hooke, pode-se escrever a seguinte equao:

[25] [26]

A resposta acima dada em kgf/m, e equivale a 316,11 kgf/cm. Porm, como o relatrio emitido pela empresa de engenharia que efetuou o exame traz a resposta em MPa (que a unidade padro do S.I.), temos: [27] Isso cofirma a observao do inspetor demonstrada na Figura 49. O software desenvolvido realiza este clculo para cada um dos strain gages dispostos nos bales (superior e inferior) de forma automtica, bastando apenas informar a deformao sofrida em um determinado strain gage. Para tanto, basta clicar em um dos strain gages que aparecem na tela (Figura 50). Uma caixa de dilogo ser aberta perguntando qual foi a deformao mxima, associada quele strain gage, durante o teste de estanqueidade.

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Figura 50: Resultados do Teste de Extensometria realizado na caldeira a lenha da Empresa pesquisada Fonte: Prpria

Conforme pode ser visto na figura acima, o programa vai armazenando os resultados em uma lista que fica no canto direito da tela. Alm disso, ao pressionar o boto Ok da caixa de dilogo que serve para se informar a deformao mxima no strain gage (caixa na parte superior da Figura 50), o programa emite um sinal sonoro acompanhado de uma mensagem que alm de informar a tenso sofrida naquele ponto, diz ainda se esta tenso atende ou no as especificaes (tenso < 95,2 MPa, que a tenso admissvel vista na tabela 14). Em caso afirmativo, uma mensagem informa que a caldeira pode Operar sem restries e, em caso negativo, o programa retorna uma mensagem dizendo que a caldeira est sofrendo naquele ponto uma tenso crtica devendo ser interditada para reparos. Alm disso, na lista de resultados (canto direito da tela), o valor desta tenso aparecer tarjado em vermelho. Antes de encerrar este assunto pode-se, para fins didticos, demonstrar ainda a variao que houve na resistncia do strain gage n03 quando ocorreu a sua deformao mxima (150 m/m). Para tanto, basta utilizar a equao [23]. Supondo que o Fator de Gage (k) desse strain gage seja igual a 2 esse valor fornecido pelo fabricante e sua resistncia sem carga (R) igual a 120 (valores mais usuais), tem-se:

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[28] [29]

Em suma, o equipamento usado na inspeo interpreta essa variao da resistncia, associa esse R deformao da estrutura (que a mesma do strain gage, que est aderido sua superfcie) e, finalmente, a partir da deformao sofrida na estrutura, descobre-se atravs deste programa de gerenciamento, a tenso ocorrida naquele ponto (Lei de Hooke), tudo de forma simples, com preciso e economia de tempo.

4.2.3 Ultra-Som e o Clculo da PMTA

Em virtude da Avaliao de Integridade, foi feito pela empresa contratada para a realizao das inspees, o reclculo da PMTA (Presso Mxima de Trabalho Admissvel) da caldeira em estudo. O clculo da PMTA deve ser realizado tambm, sempre que a perda de espessura exceder o valor de corroso permitido no projeto e, caso seja detectado nesse reclculo que a PMTA atualmente em uso est inadequada, ela dever imediatamente ser rebaixada para um valor compatvel com o clculo. A presso mxima admissvel deve ser determinada para todos os componentes principais, como casco (ou costado), tampos (fundos), e para todos os componentes secundrios, como flanges, bocais, reforos e perifricos. Segundo Carlos Falco, Cada um destes componentes tem uma presso mxima prpria, sendo a PMTA do equipamento a menor destas presses. (Apostila de Dimensionamento Mecnico de Vasos de Presso e Trocadores de Calor, 2008, p. 140). Na prtica, estabele-se a PMTA para os componentes principais conforme ser demonstrado no subitem 4.2.3.2 e depois, faz-se uma verificao para checar se os demais componentes (tubos, pescoo e reforo dos bocais, flanges padronizados dos bocais, etc.) so adequados para esta PMTA. Caso no sejam, estabelece-se uma nova PMTA. Em geral, as espessuras dos componentes principais (casco e tampos) que na maioria das vezes so construdos a partir da unio de chapas so maiores do que as espessuras

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requeridas de clculo, conseqncia da padronizao comercial de espessuras. Assim sendo, esses componentes podem suportar uma presso maior do que a de projeto. Por esse motivo, alguns estabelecimentos adotam como PMTA a prpria presso de projeto do equipamento, o que dependendo do caso, totalmente aceitvel ( o que acontece com a caldeira em estudo que, conforme Tabela 7, possui uma PMTA de 17kgf/cm, valor este que coincide com a sua Presso de Projeto, vista na Tabela 9). A medio de espessura parte fundamental no clculo da PMTA. Por medidas de segurana, utiliza-se no clculo da presso mxima, a menor das espessuras encontradas durante as inspees por ultra-som. Em seguida, calcula-se a PMTA com base na menor espessura, utilizando-se o Cdigo de Projeto do equipamento (neste caso, o Cdigo de Projeto utilizado na construo da caldeira em estudo o ASME I - Div. 1, de 1980).

4.2.3.1 Mtodo de Ensaio

Antes de falar sobre os resultados obtidos nos ensaios de ultra-som feitos na caldeira analisada por este trabalho, importante comentar um pouco a respeito da tcnica de ultrasom. Descoberta no final do sculo XIX pelos irmos Curie, esta tcnica s comeou a ser mais explorada e melhor estudada aps a conflagrao mundial 1939/1946. Atualmente bastante utilizada na manuteno do Controle de Qualidade dos materiais visando principalmente a deteco de descontinuidades, falha interna e defeitos em peas ou equipamentos. Sabe-se que, quando um feixe de luz incide sob um ngulo com a normal a uma superfcie, o raio se reflete em parte e em parte se transmite ao segundo meio. Tal fenmeno bastante conhecido e chamado de fenmeno da reflexo-refrao. Fazendo-se uma analogia com esse conceito fsico sobre fontes luminosas, o feixe snico, ao incidir num meio de impedncia acstica especfica diferente (definida pelo produto densidade x velocidade de propagao) h uma reflexo e uma transmisso e a quantidade de energia que refletida ou transmitida depende da relao das impedncias acsticas especficas de ambos os meios. O som nada mais do que uma onda mecnica que se propaga atravs de um meio elstico (meio favorvel propagao do som). Por tratar-se de uma onda mecnica, necessrio que haja matria (por exemplo, ar) para que as ondas se propaguem, no havendo portanto, a

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transmisso do som no caso de uma barreira de vcuo. Os aparelhos de ultra-som tm a funo de introduzir uma energia vibratria no material num determinado ponto e recolher essa mesma energia no mesmo ponto ou em ponto diferente. Existem vrios tipos e modelos de aparelhos de ultra-som sendo que, dentre os mais comuns em inspees de equipamentos e tambm o que foi utilizado no ensaio da caldeira estudada est o D-METER.

Figura 51: D-METER sendo utilizado numa medio de espessura por ultra-som Fonte: http://www.pme.poli.usp.br/sisea/Portugues/disciplinas/2008/ArtigosCorretosRecebi dosAte12Set-PROMINP.pdf

Diferentemente do aparelho de ultra-som utilizado nas inspees de solda (que ser visto com detalhes no subitem 4.2.4.1), o d-meter uma aparelho construdo essencialmente para medies de espessuras em partes de difcil acesso (apesar de ser utilizado tambm para a deteco de descontinuidades, porm sem uma preciso muito apurada). Trata-se de um aparelho relativamente simples de se operar no exigindo grandes conceitos tericos para a interpretao dos resultados (como os ultra-sons de ecograma). Como a velocidade de propagao do som no material sob ensaio constante pelo menos assim considerada a escala pode ser calibrada em termos de distncia, embora na realidade seja uma escala de tempo. O pulso emitido lanado simultaneamente no transdutor e no receptor, e deve ser posicionado no ponto zero indicando o zero de aplicao pelo transdutor, incio da pea. O pulso eltrico convertido em pulso snico pelo transdutor, percorre toda a pea e se reflete no final da mesma, provocando um fenmeno chamado de eco de base. Esse tempo que o som leva pra percorrer a pea e provocar esse eco fornece o comprimento da pea na escala de distncias estabelecida na prpria tela, conforme Figura 51. Foi feito nos tubules da caldeira a lenha da empresa pesquisada, medies de

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espessura em pontos estratgicos, conforme ilustra a Figura 52.

Figura 52: Regies do Tubulo Superior da Caldeira a Lenha inspecionadas por ultra-som Fonte: Relatrio de Inspeo e Avaliao da Integridade da Caldeira TV2PM-GA

Os tubules (tanto o superior quanto o inferior) foram divididos em 13 regies, conforme mostra a figura acima, sendo designadas pelas letras do alfabeto, em ordem crescente, de A a N. Cada regio foi medida em 4 pontos diferentes, sendo o primeiro de cada regio considerado o zero de referncia, a partir do qual contou-se 90 para a prxima medio, at completar uma volta inteira no balo. Os resultados esto dispostos na Tabela 15.
Tabela 15: Resultados das medies de espessura nos tubules da caldeira a lenha (mm)
LOCAL A B C D E F G H I J L M N 0 29,73 29,40 28,62 29,93 28,73 29,43 30,30 30,70 30,60 30,60 30,40 30,50 30,30 TUBULAO SUPERIOR 90 180 270 29,42 30,09 29,93 29,89 29,54 30,00 29,33 29,52 29,51 29,63 29,90 29,87 28,88 29,79 30,00 29,25 29,68 29,67 28,70 28,50 28,50 28,50 28,70 28,70 28,70 28,60 28,60 28,70 28,60 28,60 28,62 28,65 28,62 29,00 28,70 28,60 28,70 28,90 28,62 0 22,70 22,60 22,10 22,60 22,60 25,40 24,80 24,80 24,70 24,40 24,70 24,40 24,70 TUBULAO TUBULAO INFERIOR 90 180 270 22,30 22,10 22,50 22,40 22,70 22,50 22,70 22,60 22,50 22,11 22,70 22,60 23,00 22,70 22,40 24,90 24,70 24,70 24,70 24,40 24,70 24,40 24,50 24,50 24,40 24,80 25,00 24,40 24,80 25,00 24,70 25,00 24,80 24,40 24,80 24,80 24,70 25,00 24,80

Fonte: Relatrio de Avaliao da Integridade da Caldeira TV2PM-GA

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Para esta anlise, sero considerados apenas os resultados do tubulo superior, sendo que nele, conforme tabela, foram feitas 52 medies (quatro em cada regio) sendo que as regies de A a E correspondem ao costado, e as regies de F a N aos tampos. Conforme mostrado na tabela, a regio C do costado apresentou problemas de baixa espessura, enquanto que nos tampos, as regies que apresentaram problemas foram G e H. Conforme determina o ASME, essas espessuras mnimas encontradas no tampo (28,5mm) e no casco (28,62mm) sero usadas no clculo da PMTA para as partes principais da caldeira, que ser visto no prximo subitem deste trabalho. Antes de passar para a prxima etapa, que seria o clculo da PMTA, convm abrir um parnteses pra falar um pouco mais sobre este ensaio. Note que, de acordo com a Tabela 8 (e tambm Apndice A), o casco (e tambm os tampos) do balo superior foi construdo originalmente com uma espessura de 28,6mm. Porm, ao se analisar os resultados do ensaio de ultra-som (Tabela 15), percebe-se que a menor espessura encontrada no casco foi de 28,62mm, o que no nada convencional, uma vez que o natural , com o passar do tempo, haver uma reduo de espessura (corroso) e no o contrrio. Por este motivo este ensaio est sob suspeita. Vem sendo apuradas as possveis causas desse desvio, que poderiam estar relacionadas a: Troca do Tubulo: Esta hiptese foi descartada de imediato, pois jamais houve registro de mudana de tubulo sendo que, os que ali se encontram, so os mesmos instalados a 25 anos atrs na ocasio da montagem da caldeira na empresa; Tipo de chapa: Quando questionada sobre o assunto, a contratada se defendeu dizendo que por ser antiga a caldeira, provavelmente os tubules foram montados com chapas de 11/8 (o que de fato verdade) e que, talvez, no houvesse preciso suficiente para essas chapas o que poderia ter ocasionado o erro. Esta hiptese tambm no vem sendo aceita, uma vez que relatrios de inspees anteriores detectaram uma espessura menor que a mnima encontrada neste ltimo ensaio; Calibrao do aparelho: Na poca no houve interesse, por parte da contratante, em exigir o laudo de calibrao do equipamento utilizado nos ensaios (d-meter), que talvez estivesse vencido, ou calibrado para um material diferente do que estava sendo ensaiado (ao-carbono ASTM A-285-Gr.C); Operacional: Apesar de no ser um aparelho demasiadamente complexo, a utilizao do d-meter exige alguns cuidados na preparao da superfcie, bem como habilidades operacionais associadas experincia de campo para que se
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tenha resultados satisfatrios. Diante de todo esse impasse, optou-se por dar continuidade a este trabalho, utilizando os valores obtidos na Tabela 15 como sendo verdicos, e sero utilizados nas demonstraes de clculos futuras apesar do referido ensaio estar sob investigao.

4.2.3.2 Clculo da PMTA e Gerenciamento pelo Sofware

Conforme j mencionado, a caldeira estudada foi construda segundo o Cdigo ASME Seo 1, Diviso 1, Edio de 1980. A partir de agora, ser visto um resumo das frmulas e critrios deste Cdigo para o clculo mecnico dos componentes principais de uma caldeira, bem como a aplicao destas frmulas e conceitos na caldeira selecionada. Em seguida ser demonstrada a utilizao do software desenvolvido neste trabalho para que esses clculos fossem feitos de forma simplificada e com praticidade. O software desenvolvido faz o clculo da PMTA dos componentes principais da caldeira, ou seja, tampos e costado do balo inferior e tampos e costado do balo superior. O programa, ao efeturar esses clculos, faz uma verificao para saber qual dessas PMTAs a limitante, ou seja, qual componente limita a PMTA da caldeira por suportar uma menor carga de presso em relao aos demais. Para simplificar, ser demonstrado apenas o clculo da PMTA do costado do balo superior, e o clculo da PMTA dos tampos do balo superior, lembrando que o mesmo procedimento deveria ser adotado tambm para o balo inferior. As frmulas desse cdigo (ASME I) so baseadas na teoria da membrana, contendo, portanto, alguns coeficientes empricos de correo. PMTA do costado do Balo Superior: Para o objeto em estudo, tem-se: - Temperatura de projeto: 700F ou 371C; - Material empregado: ASTM A-285-Grau C; - Presso de clculo (projeto): 17 kgf/cm = 242,84 psi; - Dimetro Externo do Tambor: 1450mm; - Eficincia diagonal E3 (dado): 0,518 (Obs.: ver figura 53);

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- Passo Longitudinal (P1): 228mm (Obs.: ver figura 53); - Passo Circunferencial (P2): 169,18mm (Obs.: ver figura 53); - Maior dimetro encontrado nos furos do costado: 76,2mm; - Sobrespessura para corroso: 2mm;

Figura 53: Furos do costado do balo superior para conexes com os tubos Fonte: Prpria

Considerando a menor espessura encontrada no costado (28,62mm, conforme Tabela 15), o valor da PMTA (Presso Mxima de Trabalho Admissvel) do costado, pelo ASME I, ser dado atravs da expresso:

[30] Onde: tc = Menor espessura encontrada no ensaio de ultra-som; S = Taxa de trabalho para a temperatura de projeto ( o mesmo valor da tenso admissvel ( ) na temperatura de projeto); E' = Enfraquecimento furao (ou eficincia da solda); D = Dimetro externo do tambor; C = Sobre espessura para corroso (fator de corroso). Mas antes de se calcular a PMTA preciso descobrir qual o valor de E (eficincia) a ser usado na equao acima. Para tanto, utiliza-se o seguinte critrio: E =

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Mnimo (E1, E2, E3). O E3 j um valor fornecido pelo fabricante e pode ser encontrado no Memorial de Clculo do equipamento. E1 e E2 so calculados respectivamente pelas equaes: [31]

[32]

Sendo que P1 (passo longitudinal) e P2 (passo circunferencial) so dados mensurados pelos inspetores e que j foram fornecidos no incio deste clculo, e d o maior dimetro encontrado nos furos do costado (esse valor tambm se encontra na lista de dados passada anteriormente). Utilizando-se os dados fornecidos, chega-se aos valores: [33] [34] [35]

Portanto, neste caso, o valor de E' utilizado no clculo da PMTA ser igual ao prprio E3 = 0,518. Outro parmetro que precisa ser encontrado antes de se calcular a PMTA da caldeira em estudo a Taxa de Trabalho (S), que a tenso admissvel bsica do material em funo da temperatura de projeto do costado da caldeira. Essas tenses so obtidas em tabelas como a que segue abaixo:
Tabela 16: Tenses admissveis para aos-carbonos em funo da temperatura

Fonte: Cdigo ASME, Seo VIII, Diviso 1

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Como a temperatura de projeto do costado (371C) no existe na Tabela 16, ser adotado o valor mais conservativo, isto , a temperatura imediatamente superior de projeto do casco, que corresponde a 375C. Para esta temperatura, no material especfico (A-285-C), tem-se uma tenso admissvel igual a 928 kgf/cm. De posse de todas essas informaes, possvel, por meio da equao [30], se calcular a PMTA do casco que corresponde a: [36]

PMTA = 17,91 kgf/cm

PMTA dos fundos do balo superior: Os dados dos tampos so: - Temperatura de projeto: 232C (450F); - Material empregado: ASTM A-285-Grau C; - Presso de clculo (projeto): 242,84 psi (17 kgf/cm); - Raio de abaulamento dos tampos: 1259mm; - Eficincia de solda: 1 (Obs.: ver Tabela 17); O Cdigo ASME (1980), Seo I, Div. 1, fornece as equaes para o clculo da

PMTA dos tampos de uma caldeira em funo do valor mnimo encontrado para a espessura desses componentes (que para o caso especfico da caldeira analisada, foi 28,5mm). importante ressaltar que os tampos podem ter vrios formatos, dos quais os mais usuais so os seguintes: semi-elptico, toriesfrico, hemisfrico, cnico, toricnico e plano. So comuns em caldeiras o semi-elptico e o torisfrico. A caldeira a qual este trabalho se refere possui tampos semi-elpticos 2:1, ou seja, o dimetro do tampo quatro vezes a sua altura. O Cdigo fornece frmulas diferentes para os tampos elpticos com relao de semi-eixos de 2:1, e para os tampos com outras relaes de semi-eixos, quando submetidos presso pelo lado cncavo. Para o caso estudado tem-se: [37]

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Sendo: tf = Menor espessura encontrada nos fundos (Tabela 15); S = Taxa de trabalho dos fundos na temperatura de projeto (Tabela 16); E' = Eficincia da solda; R' = Raio de abaulamento (curvatura); Todas as soldas dos vasos de presso (incluindo caldeiras) devem ser submetidas a exames para a deteco de possveis defeitos. A radiografia um dos mtodos de inspeo de soldas utilizados na ocasio da instalao desses equipamentos. O coeficiente de eficincia das juntas soldadas (E'), conforme o mesmo cdigo, depende do grau de inspeo adotado, como consta na Tabela 17.

Tabela 17: Coeficientes de eficincia de solda

Fonte: Katsuki, L. K.; Razuk, P.C., 2001

A caldeira que est sendo estudada teve suas soldas totalmente radiografadas pelo mtodo da gamagrafia e, com isto, possui Eficincia de Solda (E') igual a 1,0 para os fundos. A tenso admissvel ou taxa de trabalho (S) dos fundos (temperatura de projeto = 232C) pode ser encontrada na Tabela 16 e igual a 969 kgf/cm. Com isso, o clculo da PMTA dos tampos dessa cadeira, utilizando-se a equao [37], resulta em:

PMTA = 21,06 kgf/cm

[38]

O programa de gerenciamento desenvolvido compara os valores obtidos em [36] e [38] e adota como PMTA a menor presso obtida (neste caso: 17,91 kgf/cm), conforme

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ilustra a Figura 54.

Figura 54: Clculo da PMTA das partes principais da caldeira a lenha conforme ASME I Div.1 (1980) Fonte: Prpria

A tela exibida na Figura 54 surge aps ser pressionado o boto Clculo da PMTA, na tela principal do programa. Nesta seo o usurio deve fornecer as caractersticas da caldeira, tais como material empregado na fabricao dos tampos e costado; temperaturas de projeto (tampos e costado); espessuras mnimas encontradas no ensaio de ultra-som; grau de inspeo nas soldas; e caractersticas geomtricas da caldeira. O boto Calcular dever ser pressionado aps o fornecimento de todos os dados, causando a exibio dos resultados para os tampos e costado na parte inferior da tela. Os dados obtidos so a Eficincia da Solda (E'), Tenses Admissveis ou Taxa de Trabalho (S) e a PMTA para ambos os casos. Alm disso, o programa exibe tambm uma mensagem de confirmao sugerindo qual o valor da PMTA a ser adotada. Caso o usurio queira, possvel ainda se calcular a PMTA segundo as frmulas do Cdigo ASME Seo I, Diviso 1 para verses aps a Edio de 2000, ou conforme ASME VIII, Diviso 1, Edio de 2000 (mais usada para vasos de presso).

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4.2.4 Outros Ensaios

Alm dos ensaios vistos at aqui teste hidrosttico, extensometria, ultra-som para o clculo da PMTA existem, conforme dito anteriormente, mais alguns testes que envolvem uma Avaliao de Integridade como esta reviso de 25 anos feita na caldeira que vem sendo estudada ao longo deste trabalho. Estes outros ensaios, por serem de carter analtico e no exigirem clculos complexos, sero ligeiramente abordados neste subtpico apenas para efeito de curiosidade acerca dos trabalhos realizados nesta caldeira, de modo que no houve interesse em gerenci-los pelo software desenvolvido.

4.2.4.1 Ultra-som nos Cordes de Solda

No incio deste captulo, foi mencionado algo a respeito da necessidade de se ensaiar 100% dos cordes de solda das partes sob presso. Um dos mtodos usados a utilizao de uma tcnica de ultra-som denominada pulso-eco. Este ensaio j no pode ser feito com um aparelho simples de ultra-som como o d-meter, visto no subitem 4.2.3.1, mas deve ser feito com um aparelho de ultra-som capaz de gerar um ecograma para a anlise dos resultados, como o mostrado na Figura 55.

Figura 55: Aparelho de ultra-som equipado com ecograma Fonte: http://www.pme.poli.usp.br/sisea/Portugues/disciplinas/2008/ArtigosCorretosRecebi dosAte12Set-PROMINP.pdf

Como todo conceito envolvendo os ultra-sons j foi visto no subitem 4.2.3.1, este subitem tratar especificamente da utilizao desta tcnica de pulso-eco nas inspees dos

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cordes de solda. A inspeo de soldagens pelo mtodo de ultra-sons pulsados ou pulso-eco, na grande maioria dos casos, apresenta resultados superiores aos demais mtodos de inspees em soldas. Segundo NEPOMUCENO: Existem diversos tipos de soldagens, mas, em todos eles, possvel obter resultados excelentes com a inspeo ultra-snica, bastando para isso que o operador esteja devidamente instrudo e que possua um treino adequado. (Tcnicas de Manuteno Preditiva, 1989, p. 707). Trata-se de uma inspeo que visa detectar defeitos como descontinuidades ou falta de penetrao das soldas, e um ensaio extremamente dependente da habilidade do operador, sendo que este, deve possuir conhecimentos tericos amplamente satisfatrios, associados a uma prtica de longo perodo em campo. As concluses so tiradas pelas diferenas que so observadas na energia recebida pelo cabeote (que ao mesmo tempo um emissor e um receptor de energia sonora). Essa energia recebida, chamada de eco, apresenta trs caractersticas importantes: Amplitude: Indica qual a rea aproximada da descontinuidade responsvel pelo eco. Posio: A posio em que o eco aparece no eixo horizontal indica a distncia entre o local de aplicao do transdutor e a descontinuidade. Forma: Atravs da forma do eco, possvel saber qual o tipo de descontinuidade responsvel pelo eco (existem diversos tipos de descontinuidades identificadas). Vrias freqncias so utilizadas na emisso do ultra-som, sendo que, comercialmente, utilizam-se freqncias que vo de 100 kHz a 20 MHz para inspees ultra-snicas. De acordo com NEPOMUCENO:
Na inspeo de metais, os fundidos obrigam ao uso de freqncias baixas, 400 kHz para o ferro fundido cinzento, com resultados sofrveis, at 5 MHz para forjados especiais e 10 MHz para alumnio qualidade aeronutica. As freqncias mais comuns se situam entre 1.0 MHz e 5.0 MHz sendo a freqncia de 2.25 MHz a praticamente estabelecida nas especificaes referentes ao ensaio de soldagens, chapas de ao e dispositivos assemelhados. (Tcnicas de Manuteno Preditiva, 1989, p. 706).

Um outro ponto a ser destacado, e que foi omitido no subitem 4.2.3.1, ocasio em que se discorria acerca dos ensaios de ultra-som como forma de se medir as espessuras de chapas, que, para que seja introduzida energia snica numa pea, h a necessidade de interpor, entre as duas superfcies, um material que fornea um casamento aceitvel de impedncias, material esse chamado de acoplante ou acoplador. So vrios os tipos de acopladores utilizados,

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podendo ser usados nos casos prticos, leos, graxas, vaselina, gua, glicerina, etc. Ele serve apenas para criar uma interface para favorecer a passagem do som, de modo a fazer com que as superfcies do transdutor e da pea coincidam. Alm disso, as superfcies do equipamento inspecionado devem estar preferencialmente retificadas, planificadas e polidas. A seguir sero dados detalhes de como se deu a inspeo nas soldas dos tubules da caldeira a lenha sob anlise. a) Primeiramente deve-se marcar com giz, paralelamente ao cordo de soldagem, duas retas, a primeira correspondendo a meio pulo e a outra a um pulo e meio conforme ilustrao na parte superior da Figura 56. b) A partir de uma das riscas feitas a giz, deve-se movimentar o cabeote em movimento de zig-zag de maneira a fazer com que o cabeote toque alternadamente numa reta e na outra as flechinhas da ilustrao no topo da Figura 56 indicam o percurso do cabeote. c) Durante o movimento de zig-zag, deve-se dar ao cabeote um ligeiro movimento de bamboleio no eixo vertical. Esse percurso do cabeote denominado de varredura e deve-se cobrir totalmente a regio de solda, de alto a baixo. Por isso o cabeote colocado a uma distncia conveniente do cordo de soldagem e so feitos os movimentos de zig-zag, para que o feixe snico cubra toda essa regio. Diferentemente do cabeote de um aparelho de medies de espessura comum, como por exemplo o d-meter, neste caso o cabeote emite um feixe snico em ngulos, que geralmente so de 45, 60 ou 70. As trs ilustraes na parte inferior da Figura 56 mostram exatamente como se d o percurso snico de um cabeote que emite um feixe com um ngulo de 70.

Figura 56: Movimento do cabeote (topo) e percurso snico (corte transversal) numa inspeo de solda Fonte: NEPOMUCENO, 1989, p. 710

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Olhando as trs ilustraes na parte de baixo da Figura 56, percebe-se que, na primeira, cabeote mais prximo do cordo, o feixe cobre a poro inferior do cordo de solda, enquanto que na terceira cabeote mais distante da solda o feixe atravessa a parte de cima do cordo. Isso explica o porqu do movimento de vaivm do cabeote, que serve para cobrir (varrer) todo o cordo, procurando possveis descontinuidades existentes no mesmo. A prxima Figura mostra os resultados deste ensaio, feito em Agosto de 2009, no tubulo superior da caldeira a lenha Conterma estudada at aqui.

Figura 57: Resultado das inspees de solda do tubulo superior da Caldeira a Lenha Conterma - TV2PM-GA Fonte: Relatrio de Avaliao de Integridade

Dentre outras coisas, a figura acima revela a freqncia do aparelho de ultra-som utilizado (4 MHz), os ngulos dos cabeotes usados (45 e 60), e o tipo de acoplante (Metil Celulose). A Norma de aplicao do ensaio foi o ASME V.

4.2.4.2 Lquidos Penetrantes nos Cordes de Solda

Uma outra forma de se inspecionar os cordes de solda atravs dos ensaios de lquidos penetrantes. Trata-se de um processo de inspeo no destrutiva usado para a deteco de descontinuidades abertas superfcie de materiais slidos, no porosos, e que

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no so visveis a olho n, tais como trincas ou fissuras superficiais e pequenas cavidades (microporosidades). Em decorrncia desta definio, convm destacar que a superfcie do material ensaiado no pode ser porosa ou absorvente, e alguns processos de preparao da superfcie devem ser, na medida do possvel, evitados como o jateamento, lixamento e esmerilhamento pois podem encobrir as descontinuidades e impedir a passagem do penetrante. Apesar dessas limitaes, atualmente, este o ensaio no destrutivo mais utilizado devido a ser um mtodo rpido e bastante seguro (desde que aplicado corretamente), alm de possuir um custo consideravelmente baixo. Esse mtodo baseia-se na capacidade de certos lquidos em molhar a superfcie dos materiais e penetrar em cavidades superficiais de magnitude microscpica. A ao da capilaridade (boa penetrabilidade) arrasta o lquido para dentro da abertura, podendo detectar descontinuidades (trincas ou fissuras) extremamente finas, permitindo a deteco de fissuras da ordem de 10 a 20 m em aos ou at menos mediante a tcnicas especiais. Devido capilaridade, o material examinado precisa ser meticulosamente limpo e seco, pois qualquer corpo estranho poder obstruir a abertura e falsear o resultado. Basicamente, o ensaio segue a seguinte seqncia: Limpeza da superfcie; Aplicao do lquido penetrante e espera adequada (dwell time); Remoo do penetrante superficial; Aplicao do spray (ou p) revelador e espera para secagem, conforme determinao do fabricante; Avaliao e inspeo; Limpeza do material aps o ensaio.

Durante a aplicao, necessrio um certo tempo para a absoro do penetrante no interior da descontinuidade, conforme normas ou procedimento aprovado. Aps a remoo do penetrante e secagem (ar quente pode ser usado), aplicado o revelador que arrasta o penetrante da descontinuidade, tornando-a visvel. O fluxograma abaixo ilustra bem como se d esse processo de aplicao de lquidos penetrantes de modo simplificado e de fcil entendimento.

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Figura 58: Seqncia ilustrativa de aplicao dos lquidos penetrantes Fonte: Adaptado de NEPOMUCENO, 1989, p. 630

A Figura 58 mostra claramente todo o processo dando, inclusive, exemplos de penetrantes e reveladores utilizados nas indstrias. O tipo de ensaio realizado na caldeira em estudo seguiu esse mtodo, chamado de dye penetrant, ou seja, ensaio feito com uma soluo penetrante base de leo acrescida de corante em tom violeta (ou vermelho), que apresenta excelente contraste com o plano de fundo do material ensaiado e/ou com o fundo branco do revelador alm do dye penetrant existe um outro mtodo no qual se usa lquidos penetrantes contendo substncias que radiam luz visvel (fluorescente) quando expostos a radiao ultravioleta, mas este mtodo no ser detalhado nesta abordagem. O ensaio com lquidos penetrantes (dye penetrant) deve ser aplicado a uma certa faixa de temperatura com mnima de 10C e mxima de 52C. Outro aspecto importante que a remoo do penetrante (fase 3 do fluxograma visto na Figura 58) deve ser perfeita para evitar mascaramento dos resultados. O tempo de penetrao (fase 2) varia geralmente entre 5 e 15 minutos (podendo, em alguns casos particulares, passar de horas). A camada do revelador (colorao branca) deve ser fina e uniforme. Conforme mostrado na Figura 58, ele extrai o penetrante atravs de sua ao absorvente que constitui o chamado efeito revelador. Deve ser dado um tempo suficiente para que a pea esteja seca antes de se efetuar a inspeo. Logo aps o incio da secagem, deve-se acompanhar a evoluo das indicaes no sentido de definir e caracterizar o tipo de descontinuidade e diferenci-las entre linear e arredondadas. As descontinuidades finas e rasas demoram mais tempo para serem reveladas, enquanto que aquelas maiores rapidamente mancham o revelador. importante ressaltar que uma descontinuidade linear sempre mais nociva do que a arredondada.

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Todas as substncias usadas no ensaio da caldeira a lenha possuem certificao, e o nmero do certificado de anlise qumica arquivado como histrico. A seguir ser visto uma foto tirada durante o ensaio por lquidos penetrantes no tubulo superior desta caldeira.

Figura 59: Aplicao de lquido penetrante nas soldas da Boca de Visita do Tubulo Superior Fonte: Prpria

Embora este comentrio j tenha sido feito, importante dizer que este, bem como vrios dos ensaios realizados, foram feitos em diversas partes da caldeira. O ensaio de lquidos penetrantes nos tubules foram realizados em todas as soldas de conexes tais como soldas da boca de inspeo (como mostrado na figura acima) e soldas dos bocais.

4.2.4.3 Rplica Metalogrfica

Outro teste que de fundamental importncia numa Avaliao de Integridade a chamada Rplica Metalogrfica. Trata-se de um procedimento metalogrfico no destrutivo que registra e preserva o relevo de uma amostra metalogrfica em negativo sobre um filme plstico e que posteriormente, em anlise laboratorial, permite avaliar a microestrutura desse material metlico ensaiado por rplica (amostra metalogrfica). Essas amostras geralmente so feitas em superfcies acessveis de equipamentos ou acessrios de mquinas. O desenvolvimento da metalografia est historicamente relacionado com a evoluo da microscopia ptica e tambm da microscopia eletrnica. A necessidade de aprofundar o conhecimento sobre a microestrutura dos metais e materiais semicondutores exigiu imagens com aumentos mais significativos do que aqueles obtidos por microscopia ptica tradicional. Com isto, tambm aumentou a complexidade dos procedimentos para a preparao das amostras. As tcnicas relacionadas com a preparao de amostras para a observao microscpica so denominadas de tcnicas metalogrficas e so elas que garantem a

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reproduo e a confiabilidade da investigao. Segundo Vander Voort, 1984:

A observao microscpica dos materiais metlicos e dos materiais semicondutores fornece uma srie de informaes relevantes sobre a composio e a constituio estrutural dos mesmos, que permite correlacionar as etapas de fabricao, desde a matria prima at o produto final. (disponvel em http://74.125.113.132/search?q= cache:T1MYgswUpd4J:www.pucrs.br/edipucrs/online/microscopia.pdf+%22a+obs erva%C3%A7%C3%A3o+microsc%C3%B3pica%22+%22Vander+Voort%22&cd =1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br).

Neste sentido, a rplica possui alguns objetivos especficos, os quais podem ser resumidos da seguinte forma: Observao da morfologia; Constituio do material; Distribuio das fases presentes; Determinao dos tamanhos dos gros; Determinao da microdureza; Deteco de descontinuidades (trincas, incluses, cavidades ou mesmo variao das propriedades) que podem levar perda de resistncia ou colapso em servio. A figura a seguir mostra os resultados para a rplica realizada no tubulo superior da caldeira a lenha Conterma TV2PM-GA da empresa pesquisada (casco e tampo):

Figura 60: Rplica Metalogrfica realizada no tubulo superior da caldeira a lenha Conterma Fonte: Relatrio de Avaliao de Integridade

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Antes de se avaliar os resultados desta rplica e saber se foram bons ou ruins, convm elucidar como se deu a realizao deste ensaio na caldeira em estudo. Para efeitos de didtica, o ensaio de rplica realizado na caldeira TV2PM-GA da Empresa pode ser dividido em duas partes: 1) Preparao da Superfcie: Nesta etapa houve inicialmente um desbaste superficial, por meio de uma lixadeira rotativa (rotao varivel na faixa de 400 a 1000 rpm). Este desbaste serve para remoo de tinturas e remoo de camadas descarbonetadas e de xido. Na seqncia houve um lixamento manual por 7 (sete) lixas com granulaes especiais, conforme segue: 1) Disco de desbaste AllSteel; 2) Disco lamelar Quick-Step G60; 3) Disco lamelar Quick-Step G120; 4) Disco Quick-Step Blendex grosso; 5) Disco Quick-Step Blendex mdio; 6) Disco Quick-Step Blendex fino; 7) Disco ornamental Deco muito fino. Essas lixas do um acabamento muito mais apurado. O objetivo deixar a superfcie a ser ensaiada com aspecto especular, isto , como um espelho. Encerrando essa primeira etapa, houve um polimento atravs de pastas de diamante com especificaes de 3m e 1m respectivamente, sendo que a direo de cada polimento deve diferir de 90 em relao ao outro. importante dizer que durante toda esta etapa de preparao da superfcie, o inspetor monitorava a rea polida por meio de um microscpio metalogrfico porttil de campo, que fornecia um zoom de 100x. Esse monitoramento serve para se controlar a qualidade do acabamento superficial, evitando assim que amostras de rplica fossem recusadas na hora de se fazer a anlise microscpica em laboratrio. 2) Inspeo: Depois de polida a superfcie, os inspetores seguiram a inspeo com o chamado ataque qumico. Trata-se do uso de um reagente qumico, que no caso da caldeira em estudo foi o Nital (mistura composta de 1 a 5ml de

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cido ntrico HNO3 completado a 100ml com etanol ou metanol a 95%). Esse reagente o mais indicado para rplicas em ao-carbono, porm, podem ser usados outros reagentes conforme Apndice B. Esses reagentes tm a funo de incitar os gros do material ensaiado para que haja um melhor contraste no momento da avaliao da microestrutura. Aps esse ataque, seguiu-se com a aplicao de um verniz transparente na superfcie a ser ensaiada. Depois da secagem desse verniz, efetuou-se a colagem de uma etiqueta de acetato de celulose sobre a superfcie do tubulo. Esta etiqueta foi pressionada contra ele durante cerca de 1 minuto para ento ser removida trazendo as impresses deixadas pelo ao. A pelcula de acetato contendo a cpia da amostra metalogrfica (rplica) enviada ento para um laboratrio credenciado que efetua a anlise e emite um laudo com os resultados. No caso da caldeira em estudo, essa anlise foi feita em um microscpio ptico proporcionando uma ampliao de 400x (Figura 60). Algumas recomendaes devem ser seguidas para que se obtenham resultados satisfatrios neste exame: De acordo com a Norma ASTM E 1351-01: Em geral, uma rea de 12 por 18mm (0,5 a 0,75") satisfatria. (ASTM E 1315-01, 2001, p. 2, traduo nossa); As regies em que se localizam os pontos para anlise metalogrfica nodestrutiva devem ser previamente estabelecidas tendo em vista o propsito do ensaio; Durante a execuo do ensaio, o ambiente circundante deve ser mantido isento de poeira e protegido contra ventos fortes. Caso o ensaio seja executado ao ar livre, deve ser prevista proteo contra sol e chuva; A rplica deve ser obtida logo aps a preparao da superfcie e ataque metalogrfico, a fim de evitar contaminao da superfcie preparada; Aps a obteno da rplica, o filme plstico (ou acetato de celulose) deve ser protegido e bem guardado para evitar sujeiras e danos durante seu transporte e arquivamento, pois qualquer marca adicional que aparecer nas rplicas atrapalhar o laudo final;

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A qualidade da rplica metalogrfica deve ser controlada sempre que possvel logo aps sua obteno, devendo reproduzir a topografia de toda a microestrutura que caracteriza a superfcie que foi replicada.

As fotografias a seguir foram tiradas no dia do exame de metalografia da caldeira a lenha destacada neste trabalho.

Figura 61: Preparao da superfcie para o exame de Rplica Metalogrfica no Tubulo Superior da caldeira Fonte: Prpria

Conforme fotografia direita da Figura 61, foi retirado parte do revestimento de isolao trmica e foi feito uma raspagem no ao-carbono do tampo do balo superior da caldeira. Esse local foi ensaiado por rplica e os resultados desta anlise seguem abaixo: Tamanho do gro: 9; Dureza: 138 HV (vickers); Classificao dos danos por fluncia: Sem espaos vazios/ descontinuidades. Operar sem restries; Microestrutura observada: Ferrita (ferro alfa + carbono) e Perlita Lamelar (Perlita Lamelar = Ferrita + carbonetos de ferro em forma de lminas); Classificao da transformao da microestrutura: A presena da Perlita, e a ausncia da Cementita (carbonetos de ferro Fe3C) em forma de esferas (mais dura), indicam que no h qualquer tipo de transformao por superaquecimento. O exame metalogrfico no-destrutivo efetuado na caldeira a lenha em estudo foi

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aplicado conforme Norma ISO 3057, mas tambm foram usadas algumas normas de referncia tais como: ASTM E-112; ASME; JISI/JIM, dentre outras. A concluso dos inspetores aps o laudo emitido pelo laboratrio foi de que O tubulo superior no apresenta transformaes metalrgicas e est bem dimensionado para a presso de operao, conseqentemente pode continuar operando sem restries dentro dos limites previstos no projeto.

4.2.4.4 Ensaio de Dureza

Dureza uma propriedade resultante de diversos fatores, tais como: composio qumica; processos mecnicos a que o material foi submetido; tratamentos trmicos aplicados; e, principalmente, da microestrutura do material. Dureza representa ento o resultado da manifestao combinada de vrias propriedades inerentes ao material e costuma ser definida como a resistncia penetrao, deformao plstica e ao desgaste. A dureza pode ser mensurada em diversas escalas, sendo que existe uma relao de intercambialidade entre elas. As mais conhecidas so Rockwell (HR), Brinell (HB) e Vickers (HV). Quanto aos mtodos de medio, eles podem ser divididos em: 1) Risco: Vrios materiais podem ser organizados de acordo com a capacidade de riscarem uns aos outros. Mohs (1822) identificou essa caracterstica e classificou a dureza de 10 minerais quanto capacidade de serem riscados, conforme Tabela 18.
Tabela 18: Escala de dureza de Mohs (Ano de 1822)

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Fonte: http://74.125.47.132/search?q=cache:KcnZB0cLP2EJ:www.lrm.ufjf.br/pdf/ 11brinell.pdf+tabela+de+dureza+de+mohs&cd=4&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br

A tabela mostra que o Talco, cuja dureza ao risco igual a 1, o material mais macio enquanto que o Diamante (dureza ao risco igual a 10) o mais duro. Esta escala de dureza no conveniente para os metais. 2) Penetrao: Esse o mtodo de medio de dureza mais utilizado em processos de fabricao. Consiste em comprimir lentamente uma superfcie plana, polida e limpa de um metal, por meio de um penetrador de ponta esfrica (mtodos Rockwell e Brinell), piramidal (Vickers) ou at mesmo cnica (Rockwell). Ao pressionar o material, o penetrador produz uma impresso (afundamento) de rea A na pea ensaiada diretamente proporcional fora F aplicada pelo penetrador. A dureza neste caso tida como a relao da carga aplicada (F) previamente conhecida e a rea do afundamento impresso no material (A), medida aps a aplicao do penetrador. Geralmente o durmetro j traz consigo uma escala de medio compatvel com o teste aplicado, ou ento essas medies so feitas com auxlio de microscpio.

Figura 62: Durmetro para ensaio de dureza Rockwell Fonte: http://www.lrm.ufjf.br/pdf/12rockwell.pdf

Observa-se esquerda da Figura 62 um durmetro para o ensaio de dureza rockwell e direita, um desenho esquemtico da esfera sendo introduzido numa pea. 3) Ressalto: Esse foi o mtodo para medio de dureza utilizado na caldeira a lenha modelo para esta dissertao. Para tanto, foi utilizado um durmetro de impacto da marca PROCEQ/ Modelo TH-180, como o apresentado na Figura

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64. Depois de ser posicionado corretamente, formando um ngulo de 90 com a superfcie a ser avaliada, o mesmo foi acionado e sua esfera de impacto foi lanada contra a parede do tubulo da caldeira, fazendo surgir no visor do aparelho um valor que corresponde dureza do material. Na Figura 60 foram mostrados os resultados de dureza para o casco (134 HV) e tampos (138 HV) da caldeira sob anlise nesta dissertao. O durmetro utilizado nesta inspeo possibilita ainda selecionar outras unidades para a leitura dos resultados como Rockwell e Brinell. A figura a seguir ilustra como se d a aplicao deste ensaio.

Figura 63: Representao esquemtica da utilizao de um durmetro de impacto Fonte: http://www.interlogis.com.br/ernesto/9-MATERIAIS.pdf

Quando a esfera projetada contra a superfcie do material, pela ao de uma mola acionada a partir de um gatilho, avalia-se a dureza pelo ricochete (ou ressalto) da esfera. O impacto da esfera de material duro na superfcie sob ensaio ocasiona uma deformao na superfcie testada, o que resulta em uma perda da energia cintica. Esta perda de energia calculada atravs de medies de velocidade. O mtodo de medio definido como o coeficiente da velocidade de rebote do dispositivo de impacto sobre a velocidade de impacto. Olhando para a Figura 63, percebe-se claramente que no quadro da esquerda, existe uma energia potencial gravitacional (energia de impacto) que se transforma em uma energia cintica com o lanamento da esfera contra a amostra e que a mesma impactada por meio da energia potencial elstica e ento ricocheteia ocasionando o chamado rebote. A razo da velocidade do ricochete vr, dividida pela velocidade de impacto vi multiplicada por 1000 resulta num valor de dureza denominado HL (Leeb Hardness), em homenagem

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ao cientista Dietmar Leeb, criador do mtodo em 1975. Esse valor convertido facilmente para outras unidades de dureza por meio de coeficientes adequados.

Figura 64: Durmetro de impacto PROCEQ TH-180, modelo utilizado na inspeo da caldeira a lenha Fonte: http://www.woltest.com.br/catalogos/ST%20-%20MOD.%20TH%20180.pdf

Dentre outras caractersticas deste durmetro da PROCEQ, pode-se destacar: Energia de Impacto igual a 11 Nmm; Ponta de Impacto uma esfera dura de Carboneto de Tungstnio; a Faixa Mxima de Medio igual a 980 HV. importante dizer que esse durmetro d o resultado na hora do ensaio, no entanto, conforme visto no subitem anterior, ao se fazer a anlise da rplica metalogrfica avaliado novamente a dureza no laboratrio de modo a saber se a mesma corresponde com a dureza do material avaliado in loco.

4.3 Outras funcionalidades do software

O programa computacional desenvolvido neste trabalho j foi implantado na empresa pesquisada e cogita-se at torn-lo corporativo, de modo que seja utilizado em outras Unidades desta Multinacional aqui no Brasil. Alm dos recursos j mencionados ao longo desta monografia, o programa contempla outras funcionalidades as quais sero brevemente abordadas neste subtpico.

4.3.1 Sistema de Cadastro

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Essa talvez seja a maior vantagem deste software, ou seja, por meio dele criou-se um mecanismo que auxilia no gerenciamento e garante uma maior rapidez no acesso ao histrico de cada vaso de presso. Esse histrico tem sido constantemente atualizado de modo que a cada nova inspeo efetuada em um vaso, os resultados pertinentes so devidamente lanados no programa visando sempre assegurar a fidelidade das informaes contidas no mesmo.

Figura 65: Dados relativos caldeira a lenha da Empresa, na tela principal do software Fonte: Prpria

A tela exibida na Figura 65 o ambiente onde o usurio fornece as caractersticas do vaso/caldeira, tais como o nmero de inventrio na empresa em que est instalado, o ano de fabricao, fluido de servio, PMTA, volume interno e categoria NR-13. Alm disso, no lado direito da tela o usurio fornece dados concernentes ltima inspeo realizada no vaso, armazenando dentre outras coisas o reclculo da PMTA e a nota dada avaliao realizada pelo inspetor. Na parte inferior da tela so registradas as principais observaes feitas pelo inspetor no Relatrio de Inspeo do vaso. Observe tambm o boto Ver Cadastro, no canto inferior direito da tela. Ao clicar neste boto, o programa abre uma nova janela onde ser exibido um relatrio contendo todos os vasos inseridos pelo usurio no programa, bem como seus dados cadastrados anteriormente, conforme mostrado na Figura 66.

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Figura 66: Lista para impresso dos vasos cadastrados Fonte: Prpria

4.3.2 Alertas de Inspeo

Quando se idealizou este programa, vislubrava-se dentre outras coisas, a criao de um sistema que gerenciasse datas e prazos para as inspees de modo a no se perder os prazos estipulados pela NR-13. Foi incorporado ento uma codificao na progamao do mesmo que verifica a data da mquina e, caso haja alguma inspeo a ser feita dentro do ms, o programa exibe mensagens de alerta no instante em que aberto. Deste modo, executando-se o programa ao menos uma vez no ms, voc no correr o risco de perder alguma inspeo previamente agendada. A Figura 67 mostra o momento em que o programa emite um aviso sobre uma inspeo a ser feita no ms, e a Figura 68 exibe uma tela com as 5 prximas inspees previstas esta janela exibida ao ser pressionado o boto Prximas Insp., na tela principal do programa.

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Figura 67: Mensagem de alerta de inspees Fonte: Prpria

Figura 68: Janela com as cinco prximas inspees Fonte: Prpria

Note que no caso de haver alguma inspeo marcada para o ms, o vaso cuja inspeo est para vencer fica tarjado de amarelo destacando-se dos demais ( o que aconteceu com o vaso n 25, caldeira a lenha, na Figura 68).

4.3.3 Categoria NR-13

Outra vantagem do programa desenvolvido que, quando no se sabe a categoria em que o vaso ou caldeira se enquadra, possvel classific-lo com o uso do programa. Para tanto, basta na tela da Figura 65 clicar no boto Calcular. Uma nova janela se abre perguntando se trata-se de uma caldeira ou de um vaso. Escolha a opo e clique no boto Ok. Pronto! De acordo com os dados previamente informados na tela principal, tais como fluido de servio, volume do vaso e PMTA, o programa identifica automaticamente a que classe pertence o fluido e qual o grupo de potencial de risco do vaso conforme o P.V (presso vezes o volume). Ento o programa cruza esses dados e fornece a categoria NR-13 do vaso segundo os critrios da Tabela 3 (se for vaso de presso) ou da Figura 2 (se for uma caldeira).

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Figura 69: Identificao da categoria de um vaso Fonte: Prpria

No caso de caldeiras, o programa pede pra voc informar ainda qual a presso de operao em que ela trabalha esses dados so solicitados em caixas que s sero exibidas neste caso, e servem para classific-la em A, B ou C. As rotinas criadas para a execuo desses clculos podem ser vistas no Apndice C.

4.3.4 Determinao da Geometria

Como um recurso adicional, optou-se por criar uma seo dentro do programa para se calcular algumas grandezas envolvendo a geometria de vasos de presso cilndricos, tais como sua rea, volume e peso. Esses dados so obtidos em funo de alguns parmetros j conhecidos. Para o clculo da geometria de vasos cilndricos, foram criadas trs pginas de modo a distribuir melhor as vrias informaes envolvidas. A tela exibida na Figura 70 apresenta a primeira das 3 pginas desta seo e trs informaes relativas ao costado do vaso, como o tipo de material usado na fabricao (ao inoxidvel ou carbono), comprimento, espessuras, etc. Deve-se preencher todos os campos e em seguida pressionar o boto Calcular para se obter os resultados conforme mostra a figura a seguir

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Figura 70: Caractersticas do Costado do Vaso cilndrico Fonte: Prpria

Esses clculos so efetuados conforme equaes descritas por Katsuki & Razuk (2000). Na segunda pgina do mdulo, mostrada na Figura 71, so exibidos dados relativos aos tampos do vaso cilndrico. Duas opes so dadas para os tampos: Tampo Semi-elptico ASME 2:1 (o mesmo da caldeira analisada); Tampo Torisfrico ASME 10% (tambm amplamente usado nas indstrias). Aguarda-se o fornecimento do dimetro interno do tampo, espessura do tampo, e altura da parte reta (ou saia) do tampo, conforme Figura 71.

Figura 71: Caractersticas do Costado do Vaso cilndrico Fonte: Prpria

Alguns campos estaro em condio disabled e servem apenas para informar ao usurio os coeficientes de clculo a depender do tipo de tampo escolhido. So trs os campos

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abertos para entrada de dados sendo que os campos Dimetro interno e Altura da parte reta (ou saia do tampo) j carregam os valores inseridos na pgina anterior (considera-se o dimetro do tubulo como sendo o prprio dimetro interno do tampo). O programa permite tambm o fornecimento de diferentes valores para esses campos. O boto Calcular dever ser pressionado aps o fornecimento de todos os dados, causando a exibio dos resultados na coluna da direita. Os dados obtidos nesta pgina so: volume do tampo; dimetro do disco (ou dimetro planificado do tampo); altura da parte curva; altura total do tampo; rea; e peso do tampo. Os resultados obtidos das duas pginas anteriores so armazenados e, na ltima pgina deste mdulo, so apresentados os dados de volume, rea e peso, sendo que, no caso do tampo, esses valores aparecem multiplicados por 2 para o clculo total, de modo que se considera o mesmo tipo de tampo de fechamento em ambas as extremidades do vaso (Figura 72).

Figura 72: Resultados da geometria apresentados na ltima guia Fonte: Prpria

Para efetuar o encerramento do programa deve-se pressionar o boto Voltar, para que se retorne tela principal, e em seguida o boto Sair. Fazendo isso o programa salvar automaticamente as modificaes feitas no cadastro antes de fechar.

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CONCLUSO
O uso de ferramentas computacionais para a verificao de certos parmetros apresenta excelentes resultados quando bem elaboradas e pautadas sob conceitos e princpios slidos da engenharia. A experincia prtica permitiu que fossem adquiridos novos conhecimentos alm daqueles obtidos em salas de aula, sendo fundamental para dar a profundidade desejada ao tema escolhido e assegurar a confiabilidade do sistema computacional desenvolvido. A principal contribuio que este trabalho deixa de legado a possibilidade de obter resultados na determinao de parmetros referentes ao clculo da PMTA de uma caldeira, determinao da tenso atuante (anlise de tenses), verificao de variveis intrnsecas a testes hidrostticos, alm de outras. O sistema apresenta a facilidade de comunicao com o usurio auxiliando atravs de vrias mensagens, fornecendo tambm a possibilidade de alterar parmetros j gravados anteriormente a fim de adequar a novas situaes. Com relao caldeira em estudo, diante de todos os testes e inspees realizadas na mesma, e tambm com o auxlio do programa desenvolvido, no foi encontrada nenhuma irregularidade que impedisse seu funcionamento. Portanto, pode-se concluir que a mesma se encontra bem dimensionada e apta a continuar operando sem restries, conseqncia do uso correto da mesma ao longo de seus 25 anos de existncia e do tratamento adequado para a sua gua pois a gua de uma caldeira, em alguns casos, deve ser mais bem cuidada e com qualidade controlada sob padres mais rigorosos do que a gua que bebemos, e neste ponto a empresa pesquisada se destaca contando inclusive com estao de tratamento prpria. Por fim, conclui-se que investir em segurana, alm de ser um dever de todos, tambm uma forma de se manter competitivo no mercado de trabalho que anda cada vez mais exigente e com foco em segurana. Manter-se atualizado em relao s evolues e mudanas que ocorrem nesta rea, e fazer uso de ferramentas tecnolgicas disponveis para se atingir esta meta, garantem uma srie de benefcios s empresas, alm de evitar problemas maiores e imprevistos que prejudiquem seus interesses e negcios. Pertence ao CEO da empresa pesquisada a seguinte frase, estampada logo na fachada da mesma: A segurana inegocivel. Para trabalhos futuros, sugere-se a interligao do sistema computacional criado, a um banco de dados complexo tais como o Oracle, InterBase, ou mesmo o ACCESS, com suporte a linguagem SQL, de modo a torn-lo independente e gerando um executvel para aplicativo.

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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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APNDICES

Apndice A Questionrio usado na visita tcnica realizada empresa de laticnios, para a caracterizao da caldeira a lenha TV2PM-GA, fabricante Conterma.

1. Identificao Marca: Conterma N: 2765 (N da O.S.) Ano: 1983 Modelo: TV2PM-GA Categoria: B Fabricante: Conterma Construtora Industrial e Termotcnica S/A Endereo: Rua Capote Valente, 1330 So Paulo/SP Data da instalao: 20 / 06 / 1983 1 instalao: Sim (x ) No ( ) 2. Caracterizao tcnica 2.1. Funcional Capacidade de produo de vapor: 18 000 kg/h com gua a de 98 a 104 C (e depois de passar pelo Economizador: de 130 a 170 C) Vapor (x ) Saturado PMTA: 1667,13 kPa Combustvel (fonte de calor): Normal: Cavaco de Lenha Auxiliar: leo BPF (Desativado) Tiragem: ( ) Natural ( ) Forada por aspirao ( ) Forada por insuflao ( ) Induzida para ar ( ) Induzida para vapor (x ) Mista Um Ventilador de Tiragem Forada (Ar de Comb.) e outro de Tiragem Induzida (Exaustor).

gua: (x ) Circulao natural (x ) Alimentao contnua ( ) Circulao auxiliada/assistida ( ) Alimentao intermitente ( ) Circulao forada (x ) Aproveitamento de condensado

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(passagem nica)

Tratamento da gua: (x) Sim ( ) No ( x) Dentro da caldeira ( x) Fora da caldeira

Processo de tratamento: Tratamento Primrio (E.T.A.); e Secundrio (Abrandador, Desaerador, produtos qumicos) Controle: Alimentao de gua: Ar: Combustvel: Ignio automtica: ( ) Manual ( ) Manual (x ) Manual ( ) Sim (x ) Automtico (x ) Automtico ( ) Automtico (x ) No

Composio da superfcie de aquecimento: Superfcie de aquecimento total: 490 m Gerao de vapor: Nmero de passes: 1 Passe Superaquecedores: Nmero: 0 Superfcie de aquecimento: 0 m Preaquecedores: Nmero: 0 Superfcie de aquecimento: 0 m Economizadores: Composto de 22 (vinte e duas) serpentinas - tubos c/ de 44 e 45mm em ao A-178-A. Nmero: 1 Superfcie de aquecimento: 85 m Preaquecedores de ar: So 462 tubos retos em ao A-178-A e 3 espelhos (1 sup. e 2 inf.) em ao A-285-C. Nmero: 1 Superfcie de aquecimento: _____________m

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Volume mdio de gua durante o uso normal: _________m Vaporizao: Por m de superfcie geradora de vapor: 30,61 kg/h Por kg de combustvel com 18 488 kJ/kg de poder calorfico inferior: 4 kg de vapor OBS.: PCS = 19.845,15 kJ/kg PCI = 18.488,64 kJ/kg

Rendimento: 80 % em relao ao (x ) poder calorfico inferior ( ) poder calorfico superior 2.2. Construtiva Cdigo adotado e ano de Edio: ASME Seo I - Diviso 1 / 1.980 Tipo de caldeira: Aquatubular Vertical de Circulao Positiva Natural Descrio resumida (classificatria): Uma caldeira aquatubular "Conterma" tipo TV2-PMGA, 02 corpos, tubos verticais e paredes d'gua lameladas na cmara de combusto, com grelhas de avano. Partes vitais: Tambores: Tratamento Trmico: Recozimento a 620C (grficos, radiografia total - fonte gamagrafia) Quantidade: 2 (um superior e o outro inferior) Construo: (x) soldada ( ) rebitada

Casco cilndrico: P.S.: Compr. Ext.: 4268mm (sup.); e 3796mm (inf.) Comprimento (mm) 4 210 (sup.); 3 745 (inf.) Dimetro interno (mm) 1 393 (sup.); 1 005 (inf.) P.S.: Dim. Ext.: 1450mm (sup.); e 1050mm (inf.) Espessura de parede (mm) projeto 28,6(s); 22,2(i) mnima admissvel 27,2(s); 20,27(i) Eficincia das juntas soldadas (%): Longitudinais SUP= 1; INF= 1 Circunferenciais SUP= 1; INF= 1 Especificao do material: ( 2 topo ) ( 3 topo )

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Extremidades fechadas por: ( ) Espelhos (x ) Tampos Tipo de tampo: Semi-Elpticos tipo 2:1, c/ Raio de Abaulamento = 1259 (sup.) e 903,3 (inf.) Caractersticas dos espelhos e/ou tampos: Com abertura Sem abertura Estalados ( x) ( ) ( )

No estalados ( ) Especificao do material: 28,6(s); 25,4(i) Espessura de parede (mm) projeto (tampos) mnima admissvel 23,06(s); 16,56(i) Tubos de gua de gerao de vapor: Fornalha A-178-A (parede d'gua) Quantidade 86 (laterais) 23 (frontal) e 31 (interna) Feixe tubular de conveco A-178-A Quantidade 355 Construo: Sem costura ( x)

Dimetro externo (mm) 50,8 (feixe tubular); 76,2 (parede d'gua). Espessura de parede (mm) projeto 3,75 (feixe); 4,19 (par.) mnima admissvel1,80 (feixe); 2,19 (par. d'gua) Especificao do material: A-178-A Fixados em: Tambores Coletores Cmaras simples Cmaras seccionais (x ) ( x) ( ) ( )

Tubos de superaquecedores: Quantidade: 0

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Construo: Sem costura ( ) Com costura ( ) Dimetro externo (mm) N/A Espessura da parede (mm) projeto N/A mnima admissvel N/A Especificao do material: N/A Outras partes pressurizadas 3. Itens obrigatrios Manmetro principal: Marca: Salcas Nmero: I- 0268, TAG: PI 41103 Dimetro externo (mm)100 Rosca de conexo: 1/2" Escala: 0 a 25 kgf/cm 0 a 354 psi 0 a 2450 kPa NOTA - 1 kgf/cm = 98,0665 kPa 1 psi = 6,894757 kPa Outros manmetros Localizao: Tampo Superior da garrafa de nvel Marca: WIKA Escala: 0 a 20 bar Nmero: I- 0266, TAG 41101 Diviso 0,5 kgf/cm 7 psi 49 kPa

Localizao: Painel Principal (Manmetro Controlador) Escala: 0 a 25 kgf/cm Marca: Bristol Termmetros: Localizao: Ar de Combusto Marca: ABB - Kent-Taylor Escala: 0 a 500C Nmero: I-1025, TAG TR- 41101 Nmero: I- 0494, TAG PIC 41101

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Localizao: gua do Economizador Marca: ABB - Kent-Taylor Localizao: Gases provenientes da combusto Marca: ABB - Kent-Taylor Indicadores de nvel: Quantidade: 2

Escala: 0 a 500C Nmero: I-1025, TAG TR- 41101 Escala: 0 a 500C Nmero: I-1025, TAG TR- 41101

Caractersticas de cada um: Um indicador em Display Digital (painel de controle da caldeira a lenha) e o outro, localizado prximo ao Balo Superior, um controle visual que pode ser visto tambm do painel principal devido a um monitoramento por cmera de vdeo instalada no local. Vlvulas de segurana principais: 1 Localizao: Balo Superior Tipo: Mola Quantidade: 2 Tamanho nominal: 3 L 6 (Cdigo ASME I) Marca: Crosby, N Srie 3194, Modelo HS-25

Capacidade: Presso Nominal: PN- 40 bar Presso de abertura: 16,5 bar Presso de fechamento: 15,9 bar 2 Localizao: Balo Superior Tipo: Mola Tamanho nominal: 2 1/2 K 4 (Cdigo ASME I) Marca: Crosby, N Srie 2834, Modelo HS-15

Capacidade: Presso Nominal: PN- 40 bar Presso de abertura: 17,0 bar Presso de fechamento: 16,4 bar Outras vlvulas de segurana: Vlvula de Alvio Localizao: Balo Superior Tamanho nominal: KVD - 100 mm Tipo: Alvio - KVD-100 Marca: Klinger Capacidade: PN- 40 bar Presso de abertura: N/A

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Presso de fechamento: N/A Vlvulas e registros de purga: coletores)

Quantidade: 10 (1 contnua, 1 de fundo, e 8 de

1 Localizao: Balo Sup. (purga contnua) Tamanho nominal: 25 mm Tipo: KVD 25 Material: Ao WCB 2 Localizao: Balo Inf. (purga de fundo) Tamanho nominal: 40 mm Tipo: AKV - 40 Material: Ao WCB 3 Localizao: Coletores (purga coletores) Tamanho nominal: 40 mm Tipo: KVD 40 Material: Ao WCB Dispositivos de alimentao de gua: Bomba alternativa Capacidade: 25 m/h cada (so 5 bombas) Presso: 270 mca Marca: KSB Material: Ferro Fundido Acionamento: 50 CV Acionamento: 36,77 kW (x ) eltrico ( ) a vapor ( ) outros Marca: Klinger Marca: Klinger Marca: Klinger

NOTA - 1 CV (mtrico) = 755,499 W. Dispositivos de circulao de gua: Quantidade: 0

Caractersticas de cada: Para uma maior segurana da caldeira existe um Sistema de Segurana para a Alimentao da gua da caldeira. Trata-se de um Gerador a Diesel, da marca Caterpillar, que garante o abastecimento de gua no Balo Superior da Caldeira, caso venha faltar energia eltrica.

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Aberturas para inspeo e limpeza: a) portas de inspeo Quantidade: 1 b) janelas de inspeo Quantidade: 1 c) portinholas Quantidade: 2 Localizao: Tambores Localizao: Fornalha Localizao: Fornalha

d) orifcios para inspeo e limpeza Quantidade: 9 Localizao: Sopradores

Dutos para tiragem dos gases: Especificao do material: Ao-Carbono Seo de passagem dos gases: Forma: Cilndrica rea: 1,04 m ( = 1150mm) Chamin: Cilindro Vertical Especificao do material: Chamin tipo metlica ( SA C- 50) Altura: 35 m Seo de passagem dos gases: rea: 1,04 m ( = 1150mm) Nmero de caldeiras servidas pela chamin: 1 Placa de identificao: Localizao: Fornalha Dizeres: ( ) ver desenho ou fotografia anexa ( x) abaixo transcritos - CLIENTE: Cia Ind e Com Bras de Produtos Alimentares;

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- CALDEIRA TIPO: TV2PM-GA; - ANO DE FABRICAO: 1983; - ORDEM DE FABRICAO N: 2765; - CAPACIDADE PRODUO DE VAPOR: 18000 kg/h; - PRESSO DE PROJETO: 17 kgf/cm; - PRESSO DE TRABALHO: 15 kgf/cm; - SUPERFCIE DE AQUECIMENTO: 490m; - TESTE HIDROSTTICO: 25,5 kgf/cm; - DATA: 20/06/1983. 4. Itens complementares - Obrigatrios ou no 4.1. Equipamentos de combusto (Mencionar aqui ou em anexo, com os respectivos dados caractersticos essenciais, os principais acessrios e equipamentos existentes para esta finalidade - queimadores, grelhas e outros). Um conjunto de grelha de avano mecnico, composto clulas de peas de FoFo liga especial, desmembrada em 3 sees: dosadora, queima e basculante, acionado individualmente atravs de pistes hidrulicos com uma superfcie de queima de 16,76m. Um alimentador de carvo automtico, construdo por um pndulo acionamento excntrico regulvel a moto-redutor. A fornalha dotada de 02 portas de alimentao FoFo 300x600, 03 portas-cinzeiro FoFo 900x600, 01 porta de inspeo FoFo 440x900. A cmara de combusto revestida de parede d'gua tubulares lameladas que aque cida por irradiao. 4.2. Movimentao de ar e gases (Mencionar aqui ou em anexo, com os respectivos dados caractersticos essenciais, os principais acessrios e equipamentos existentes para esta finalidade - ventiladores, sopradores, compressores, exaustores, injetores e/ou ejetores de ar ou vapor). - Ventilador de Tiragem (Zauli) com 62.500 m/h, 165C, presso de 250 a 380mmca, e vel. rot. = 1.460rpm. - Ventilador de Combusto (Zauli) com 29.000 m/h, 30C, 750mmca de presso e 1.960rpm (rotao). - 09 Sopradores (1 da marca Zauli e 8 da marca Hiter).

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Apndice B Reagentes metalogrficos por ataque qumico e eletroltico.

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Apndice C Rotina criada para encontrar a categoria NR-13 de um Vaso ou Caldeira.

Dim PotencialRisco As Byte Dim pressao As Double Dim volume As Double Private Sub cmbOk_Click() VerificaPotencialRisco If pressao <> 0 And volume <> 0 Then If optVaso.Value Then If PotencialRisco = 1 Then If UserForm1.lblClasse = "A" Then UserForm1.cmbCategoria = "I" ElseIf UserForm1.lblClasse = "B" Then UserForm1.cmbCategoria = "I" ElseIf UserForm1.lblClasse = "C" Then UserForm1.cmbCategoria = "I" ElseIf UserForm1.lblClasse = "D" Then UserForm1.cmbCategoria = "II" Else Unload Me MsgBox "Desculpe! No possvel descobrir a categoria do vaso pois o fluido no foi identificado.", vbInformation, "FLUIDO NO IDENTIFICADO!" End If ElseIf PotencialRisco = 2 Then If UserForm1.lblClasse = "A" Then UserForm1.cmbCategoria = "I" ElseIf UserForm1.lblClasse = "B" Then UserForm1.cmbCategoria = "II" ElseIf UserForm1.lblClasse = "C" Then UserForm1.cmbCategoria = "II" ElseIf UserForm1.lblClasse = "D" Then UserForm1.cmbCategoria = "III" Else Unload Me MsgBox "Desculpe! No possvel descobrir a categoria do vaso pois o fluido no foi identificado.", vbInformation, "FLUIDO NO IDENTIFICADO!" End If ElseIf PotencialRisco = 3 Then If UserForm1.lblClasse = "A" Then UserForm1.cmbCategoria = "II" ElseIf UserForm1.lblClasse = "B" Then UserForm1.cmbCategoria = "III" ElseIf UserForm1.lblClasse = "C" Then UserForm1.cmbCategoria = "III"

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ElseIf UserForm1.lblClasse = "D" Then UserForm1.cmbCategoria = "IV" Else Unload Me MsgBox "Desculpe! No possvel descobrir a categoria do vaso pois o fluido no foi identificado.", vbInformation, "FLUIDO NO IDENTIFICADO!" End If ElseIf PotencialRisco = 4 Then If UserForm1.lblClasse = "A" Then UserForm1.cmbCategoria = "III" ElseIf UserForm1.lblClasse = "B" Then UserForm1.cmbCategoria = "IV" ElseIf UserForm1.lblClasse = "C" Then UserForm1.cmbCategoria = "IV" ElseIf UserForm1.lblClasse = "D" Then UserForm1.cmbCategoria = "V" Else Unload Me MsgBox "Desculpe! No possvel descobrir a categoria do vaso pois o fluido no foi identificado.", vbInformation, "FLUIDO NO IDENTIFICADO!" End If Else If UserForm1.lblClasse = "A" Then UserForm1.cmbCategoria = "III" ElseIf UserForm1.lblClasse = "B" Then UserForm1.cmbCategoria = "IV" ElseIf UserForm1.lblClasse = "C" Then UserForm1.cmbCategoria = "V" ElseIf UserForm1.lblClasse = "D" Then UserForm1.cmbCategoria = "V" Else Unload Me MsgBox "Desculpe! No possvel descobrir a categoria do vaso pois o fluido no foi identificado.", vbInformation, "FLUIDO NO IDENTIFICADO!" End If End If Else If optA.Value Then UserForm1.cmbCategoria = "A" ElseIf optC.Value And CSng(UserForm1.txtVolInt) <= 0.1 Then UserForm1.cmbCategoria = "C" Else UserForm1.cmbCategoria = "B" End If End If End If Unload Me End Sub Public Sub VerificaPotencialRisco() If IsNumeric(UserForm1.txtPTMA) Then pressao = (CSng(UserForm1.txtPTMA) / 10.197) 'Dividi por "10,197" p/ transformar p/ MPa. Else Unload Me

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MsgBox "por favor, insira uma presso vlida!", vbInformation, "PRESSO INVLIDA" UserForm1.txtPTMA.SetFocus pressao = 0 End If If IsNumeric(UserForm1.txtVolInt) Then volume = CSng(UserForm1.txtVolInt) Else Unload Me MsgBox "por favor, insira um volume vlido!", vbInformation, "VOLUME INVLIDO" UserForm1.txtVolInt.SetFocus volume = 0 End If

If pressao * volume >= 100 Then PotencialRisco = 1 ElseIf pressao * volume >= 30 Then PotencialRisco = 2 ElseIf pressao * volume >= 2.5 Then PotencialRisco = 3 ElseIf pressao * volume >= 1 Then PotencialRisco = 4 Else PotencialRisco = 5 End If End Sub Private Sub optvaso_Click() frmDados.Visible = False End Sub Private Sub optcaldeira_Click() frmDados.Visible = True End Sub

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Apndice D Rotina criada para se definir os pontos da curva do Teste Hidrosttico.

Private Sub UserForm_activate() Dim PMTA As Double Dim A As Double Dim PTH As Double Dim te As Double If IsNumeric(UserForm1.txtPTMA) Then PMTA = (UserForm1.txtPTMA) / 0.010197 If PMTA < 3900 Then A = 1.5 Else A = 1.2 End If PTH = A * PMTA te = PTH / 300 lblPMTA = PMTA * 0.010197 lblPTH = PTH * 0.010197 lblTe = te * 0.010197 * 60 Else MsgBox "O valor colocado INCOMPATVEIS!!!" Unload Me End If End Sub

no

campo

'PMTA'

no

vlido!",

vbInformation,

"DADOS