Processo Evolutivo e Tendências Contemporâneas Da Ciência Da Informação
Processo Evolutivo e Tendências Contemporâneas Da Ciência Da Informação
Processo Evolutivo e Tendências Contemporâneas Da Ciência Da Informação
PROCESSO EVOLUTIVO E TENDNCIAS CONTEMPORNEAS DA CINCIA DA INFORMAO EVOLUTION AND CONTEMPORARY TRENDS IN INFORMATION SCIENCE
Lna Vnia Ribeiro Pinheiro1 Resumo
Estudo da Cincia da Informao sob abordagem da Epistemologia Histrica, retraando, cronologicamente, a evoluo da rea desde o seu surgimento, em trajetria na qual so ressaltadas as principais contribuies de tericos e especialistas, sobretudo nos aspectos conceituais e metodolgicos. Na anlise emergem correntes de pensamento de diferentes pases e culturas, principalmente dos Estados Unidos, Gr-Bretanha, antiga Unio Sovitica e Brasil. As transformaes da rea, ao longo do tempo, so apontadas, bem como as tendncias contemporneas relativas interdisciplinaridade, conceitos, terminologia, e ao objeto informao, na sua relao com dados e conhecimento, alm de desdobramentos interdisciplinares e epistemolgicos.
Palavras-chaves
CINCIA DA INFORMAO HISTRIA DA CINCIA DA INFORMAO TEORIA DA CINCIA DA INFORMAO CONCEITOS DE CINCIA DA INFORMAO CONCEITOS DE INFORMAO INTERDISCIPLINARIDADE DA CINCIA DA INFORMAO
1 INTRODUO O presente trabalho enfoca o desenvolvimento cientfico da Cincia da Informao, em abordagem da Epistemologia histrica, e corresponde a um captulo da tese da autora (PINHEIRO, 1997), com as necessrias explicitaes e atualizaes, no sendo descritos os resultados da pesquisa emprica para mapeamento do domnio epistemolgico, utilizando como fonte o Annual Review of Information Science and Technology (ARIST). So privilegiadas e sistematizadas as principais contribuies de tericos e especialistas da Cincia da Informao, sobretudo no exterior, nesse enfoque, nos seus aspectos conceituais e metodolgicos.
Pesquisadora do IBICT e professora do Programa de Ps - Graduao em Cincia da Informao (Convnio IBICT-UFF). Dra. em
Num traado espacial e seguindo certa cronologia, afloram correntes de pensamento oriundas de diferentes continentes, regies e culturas, principalmente dos Estados Unidos, Inglaterra e antiga Unio Sovitica, pases onde os avanos da Cincia da Informao ocorreram e ocorrem de forma mais acentuada. Estes marcos so decorrentes de fatores cientficos, tcnicos e tecnolgicos, no contexto da Cincia e Tecnologia, entre os quais Borko (1968, p.4) relaciona cinco que estariam transformando a sociedade naquele momento:
1 O tremendo crescimento da cincia e da tecnologia e o passo acelerado com
que o novo conhecimento e torna disponvel e os velhos se tornam obsoletos; 2 o rpido ndice de obsolescncia do conhecimento tcnico, tanto que o antigo graduado deve retornar escola para atualizar suas habilidades; 3 o grande nmero de cientistas em atividade e o grande nmero de peridicos cientficos hoje existentes; 4 o aumento da especializao, que torna muito difcil a comunicao e a troca de informaes; e 5 o pequeno intervalo de tempo entre a pesquisa e aplicao, que torna mais premente e imediata a informao.
Passados mais de 30 anos, podemos afirmar que, excetuando o aumento da especializao (quarto item), todos os aspectos restantes foram se intensificando cada vez mais, enquanto a especializao vem sendo substituda pela inter ou transdisciplinaridade, tendncia hoje, na cincia. Diferentes autores demarcaram histrica e epistemologicamente a Cincia da Informao e um deles, Harmon (1971, p.239), levou em conta dois pontos: primeiro, a Cincia da Informao era muito recente para permitir uma reconstruo histrica e, segundo, a histria da rea a histria de todas as disciplinas que para ela contriburam, assim como o conjunto de fatores envolvidos na sua emergncia. Admitindo a Documentao e a recuperao da informao como paradigmas que deram origem Cincia da Informao, a sua distribuio cronolgica considera que, em geral, a emergncia, crescimento e o incio da diferenciao na Cincia da Informao no so distintos das correspondentes fases do desenvolvimento de disciplinas mais antigas, por ele, estudadas anteriormente. Alguns aspectos da questo so relativizados pelo prprio Harmon (1971, p.239), inclusive seus clculos. Pode ser questionada tambm a demarcao do ano de 1895 para emergncia da rea, no caso, da Documentao, e no propriamente da Cincia da Informao, cujo alvorecer apontado por alguns autores e sinalizado por seus eventos propulsores, em torno de 1950. Por outro lado, a dcada de 90 mostra que a Cincia da Informao ainda pode estar no seu perodo de emergncia ou, no mximo, de evoluo uniforme, conforme veremos no decorrer deste artigo. conveniente esclarecer que o reconhecimento da interdisciplinaridade da Cincia da Informao se d desde os seus primrdios sem, no entanto, haver aprofundamento desta discusso na fase inicial. Embora para a sistematizao das pesquisas tericas sobre Cincia da Informao o marco tenha sido 1961/62, dois autores o antecedem e so muito significativos pela grandiosidade de seu papel na rea: Paul Otlet e Mikhailov. O primeiro, por sua obra Trait de Documentation, de 1934, com idias inovadoras e precursoras da Cincia da Informao, elaborao do Repertrio Bibliogrfico Universal (RBU) do Repertrio Iconogrfico Universal, criao do Mundaneum, do Instituto Internacional de Bibliografia (IIB), a Classificao Decimal Universal (CDU), (PEREIRA, 2000, p.ix-x), enfim, pela amplitude e vanguarda da obra. O segundo, Mikahilov (1959), grande terico cujos estudos, na sua maioria aqui analisados, no ano de 1959 publicou um artigo sobre as finalidade e problemas da informao cientfica, alm de ter sido presidente do Comit FID/RI - Pesquisas sobre
as Bases Tericas da Informao, e por sua liderana no que podemos considerar a corrente de pensamento sovitica. 2 FASES DO PROCESSO EVOLUTIVO DA CINCIA DA INFORMAO O ARIST, em 37 anos de edio (1966-2003) publicou cinco artigos de reviso sobre histria, teoria e epistemologia da Cincia da Informao, conforme o quadro a seguir:
Autores 1. Shera e Cleveland 2. Zunde e Ghel 3. Boyce e Kraft 4. Heilprin 5. Buckland e Liu Ano de publicao 1977 1979 1985 1989 1995 Total No. documentos revistos 121 161 198 36 225 741 Perodo de cobertura 1933-1976 1950-1979 1963-1985 1879-1989 1945-1995
Quadro 1 - Artigos do ARIST sobre histria e fundamentos da Cincia da Informao Fonte: PINHEIRO, Lena Vania R. A Cincia da Informao entre sombra e luz: domnio epistemolgico e campo interdisciplinar (1997)
Estes artigos de reviso constituram a base para seleo da literatura da rea na abordagem deste trabalho e, de acordo com as pesquisas e estudos analisados estabelecemos, a partir de interpretao epistemolgico-histrica, trs fases: de 1961 at 1969, de reconhecimento do alvorecer de um novo campo cientfico, a Cincia da Informao, e discusses iniciais, principalmente sobre sua origem e denominao, conceitos e definies e natureza interdisciplinar; a segunda fase, de 1970 a 1989, de busca de princpios, metodologia e teorias prprias, delimitando seu terreno epistemolgico, alm de transformaes decorrentes das novas tecnologias; e o ltimo perodo, de 1990 em diante, na pesquisa da tese at 1995 e neste trabalho chegando aos dias de hoje, de consolidao de sua denominao e de alguns princpios, mtodos e teorias, e de debate sobre a sua natureza e relaes interdisciplinares com outras reas. preciso esclarecer que a delimitao adotada neste artigo no significa, necessariamente, discordncia de outras j existentes na rea, mas foi a que melhor se harmonizou com os propsitos da pesquisa-tese da qual oriundo. 2.1 Fase conceitual e de reconhecimento interdisciplinar: 1961/62 - 1969 As discusses da dcada de 60 enfatizam a natureza interdisciplinar da rea, as denominaes iniciais, principalmente a confuso terminolgica com a Informtica, nos mais diferentes pases, suas origens e a interface principalmente com a Documentao, Informtica e Biblioteconomia, numa proliferao e multiplicidade de conceitos e definies. O seu registro oficial, que corresponde ao primeiro conceito formulado especificamente para Cincia da Informao, ocorreu durante a 2 reunio no Georgia Institute of Technology, realizada no perodo de 12 e 13 de abril de 1962, embora tenha havido uma primeira etapa da reunio em 1961 (NATIONAL Science Foundation, 1961/62) e ainda que existam indcios anteriores de seu nascimento, conforme j mencionado.
Verificamos no somente a adoo do termo informao, mas tambm a preocupao com aspectos cientficos da nova rea, o que transparece nos mtodos e na introduo da palavra cincia na denominao da rea, como busca de cientificidade.Os principais tericos e especialistas dessa fase esto relacionados no quadro a seguir.
Anos 1961/62 1966 1967 1968 1969 Autores de estudos e pesquisas Wooster. Mikhailov & Chernyi & Gilyarevski, Cuadra, Taylor, Gorn. Weisman, Fairthorne, Weisman . Borko, Hoshovsky & Massey , Kitagawa, Shera, Slameka. Merta, Menou, Foskett, Mikhailov, Mikhailov & Chernyi & Gilyarevski, , Lasso de La Vega, Yovits,
Em 1966 publicado o primeiro volume do ARIST, onde foi includo o artigo de Robert Taylor (1966), cuja definio de Cincia da Informao serve de base para a de Borko (1968), no seu famoso artigo O que Cincia da Informao?. Embora escrito h quase trinta anos, merece ser destacado porque contm as questes primordiais da Cincia da Informao como rea cientfica, muitas das quais discutidas ainda hoje, da sua atualidade. Para Borko (1968, p.3) esse novo campo uma cincia interdisciplinar derivada e relacionada com a Matemtica, a Lgica, a Lingstica, a Psicologia, a tecnologia do computador, a pesquisa operacional, as artes grficas, as comunicaes, a Biblioteconomia, a Administrao e assuntos similares. Abrange um corpo de conhecimentos relacionados origem, coleo, organizao, armazenagem, recuperao, interpretao, transmisso, transformao e utilizao da informao, conceito decisivo para a compreenso das diferenas entre Cincia da Informao e Biblioteconomia (BORKO, 1968, p.3). No nosso entendimento, enquanto a Biblioteconomia est concentrada no processamento de documentos e nas tcnicas correspondentes, a Cincia da Informao cobre o fluxo da informao ou transferncia da informao e abarca desde a sua origem, isto , a gerao, num processo que a aproxima do conhecimento, ou como os cientistas produzem informao, o que inclui o ciclo da pesquisa e criao. E mais, quais as conseqncias nos indivduos e comunidades que a utilizam, no processo cognitivo de aquisio e transmisso de informao, alm das questes de organizao e processamento, estas sim, mais relacionadas Biblioteconomia. O artigo de Borko (1968, p.3) tambm importante porque, alm de ressaltar a interdisciplinaridade, mostra a dupla face da rea, de cincia pura que investiga o assunto sem relao com sua aplicao, e de cincia aplicada, que cria servios e produtos, sendo a Biblioteconomia e Documentao aspectos aplicativos da Cincia da Informao. Borko (1968, p.3) tambm vincula fortemente a Cincia da Informao Cincia e Tecnologia, da a nfase e at hegemonia da informao cientfica e tecnolgica na nova rea. Neste primeiro perodo no podem deixar de ser ressaltadas as obras de Mikhailov, escritas geralmente com Chernyi e Gilyarevski. Sob o ponto de vista da elaborao de uma teoria da Cincia da Informao, um documento de capital importncia a coletnea intitulada Problemas tericos sobre Informtica, conhecida como FID 435, editada pelo Institute of Scientific Information, VINITI, rgo vinculado Academia de Cincias, na antiga USSR (FOSKETT, 1970, p.11). Essa publicao reuniu trabalhos que seriam apresentados na reunio de 1968, em
Moscou, no realizada, e fruto da FID-RI, Comit institudo trs anos antes, em 1965, e j mencionado. As designaes da FID e do Comit, assim como o prprio ttulo do documento so indicadores das mutaes terminolgicas e tecnolgicas daquela fase: documentao, informao e informtica, sem esquecer que esta ltima corresponde denominao sovitica de Cincia da Informao. O prefcio da publicao, assinado pelo Presidente do Comit, Mikhailov (1969, p.4-5) emblemtico do momento de debates da nova rea e de grande relevncia por mapear as disciplinas da Cincia da Informao ou os temas de pesquisas. A publicao FID 435 inclui estudos clssicos como os dos russos Mikhailov, Chernyi e Gilyarevski sobre o escopo e mtodos da Cincia da Informao, de Foskett (Gr-Bretanha), de Fairthorne (Estados Unidos), de Michel Menou (Frana) e de Merta, da antiga Checoslovquia, alm de especialistas de outros pases da Europa Oriental (MIKHAILOV, 1969). Em seu trabalho, Mikhailov e colaboradores (1969, p.8) afirmam que a principal razo para a emergncia da Informtica no foi tanto o aumento dos produtos e sadas da literatura mas os aspectos inerentes ao estgio atual do desenvolvimento da cincia e tecnologia. Os autores identificam e localizam os principais eventos indicadores da emergncia da rea, entre instituies fundadas, peridicos editados, alm de descobertas. Para eles, essa nova tendncia na cincia tem o seu reconhecimento oficial em 1952 [...], com a fundao do j citado VINITI. Mikhailov et al (1969, p.14) respondem primeira questo: qual a substncia do assunto de informao?:
so processos, mtodos e leis relativas ao registro, processamento sintticoanaltico, armazenamento, recuperao e disseminao da informao cientfica, mas no a informao cientfica tal qual atributo de uma respectiva cincia ou disciplina [...] E para clarificar o significado de informao cientfica eles explicam que aquela [...] usada, no caso, para significar a informao lgica obtida no processo de cognio que adequadamente reflete leis do mundo material e atividades espirituais de experincia humana e utilizada na prtica scio-histrica.
No artigo, Mikhailov, Chernyi e Giliarevski (1969, p.14) enfatizam as relaes da Cincia da Informao com determinadas reas como Semitica, Psicologia e Biblioteconomia, importantes para o desenvolvimento terico desse campo. E, para assinalar a diferena da Biblioteconomia, os autores citam novos mtodos e meios de servios de informao cientfica desconhecidos da Biblioteconomia. Ao lado da denominao sovitica Informtica, a de informao cientfica tambm deu margem a equvocos terminolgicos e conceituais. Outro trabalho publicado na FID 435 o de Merta (1969) sobre os aspectos sociais, j que a Cincia da Informao, como uma tpica disciplina sinttica de carter social e cientfico, tem por objetivo estudar e criar elos sociais e transmitir e intercambiar informao. Ele afirma: um cientista da informao, como um socilogo e um psiclogo, avalia o contedo da comunicao, sobretudo do ponto de vista do movimento da informao, isto , observa a informao de sua origem at sua utilizao social (MERTA, 1969, p.35-36). Como Cincia Social, a Cincia da Informao tem sua terminologia em constante desenvolvimento e, diferentemente da maioria das Cincias Naturais ou Exatas, cujo desenvolvimento de estruturas de pensamento so mais ou menos formalizadas, no apresenta terminologia nem estruturas formalizadas ou consolidadas (MERTA, 1969, p.36, 39).
oportuno ressaltar o predomnio dos aspectos sociais da Cincia da Informao no pensamento da maioria dos autores de pases socialistas ou comunistas, tendncia bastante coerente, ideologicamente. Sobre as pesquisas tericas da Cincia da Informao, Merta (1969, p.35-36) conclui que o objeto de estudo dessa rea contm um nico complexo de processos, em particular, o processo de transformar novos conhecimentos em informao [...] e que a Cincia da Informao, alm de recorrer aos mtodos das vrias cincias, busca os seus prprios mtodos. Encerra este perodo Lasso de la Vega (1969), que no seu denso Manual de Documentacin, como o prprio ttulo indica, aborda a Documentao, enfocando definies e conceitos e a evoluo terminolgica da Bibliografia Documentao, explicando a ciso entre documentalistas e bibliotecrios, o que pode contribuir para o entendimento das origens da Cincia da Informao. 2.2 Fase de delimitao do terreno epistemolgico: princpios, metodologia e teorias prprios e influncia das novas tecnologias: 1970 a 1989 Nas dcadas de setenta e oitenta verificamos a presena de trabalhos que tendem a realizar experimentos matemticos na formalizao de fenmenos da Cincia da Informao, o que pode ser interpretado como busca de metodologias das Cincias Exatas, ou talvez forma de galgar o status cientfico. Ao mesmo tempo, provavelmente em funo da maturidade alcanada pela rea e da existncia de massa crtica, os estudos so mais rigorosos quanto cientificidade.
Anos Autores de estudos e pesquisas Anos 1970 Goffman, Saracevic, Foskett, Otten & 1980 Debons. 1971 Harmon, Saracevic. 1981 1973 Foskett, Artandi. 1983 1974 Otten. 1984 1975 Mikhailov, Chernyi & Gilyarevski, Wersig & Nevelling, William & Kim, Goffman , Brookes. 1976 Belkin & Robertson, Roberts. 1977 Dow, Shera & Cleveland, Dervin. 1979 Zunde & Gehl, Farradane. 1985 1986 1987 1989 Autores de estudos e pesquisas Brookes, Farradane, Mikhailov & Chernyi & Gilyarevski Brookes, Zunde, Small Machlup & Mansfield Herner, Zunde, Keren, Schrader, McGarry, Kochen, Afsharpanah, Harris Boyce & Kraft, Salton, Wersig & Windel Schrader, Paisley, Harris Chambaud & Le Coadic Heilprin, Borgman & Schement
Esse segundo perodo, de 1970 a 89, inaugurado com um artigo de Goffman, (1970) cujo ttulo espelha o impasse do momento: "Cincia da Informao: disciplina ou desaparecimento". E talvez com essa preocupao os profissionais da rea introduziram a palavra cincia, na sua designao, tal como o fizeram os de Cincia da Computao. Para Goffman (1970, p.589), a origem dessa rea data de 1950, no conjunto de novos campos interdisciplinares como a Engenharia de Sistemas e Ciberntica, tambm decorrentes do desenvolvimento cientfico e tecnolgico da guerra, quando foram manipuladas grandes quantidades de informao.
O cerne da questo - objeto e natureza da rea - est entre os pontos estudados. Sobre o que deve tratar a Cincia da Informao Goffman assinala "todos os fatos observveis e eventos relacionados noo de informao". Embora informao no possa ser definida nem medida, o fenmeno mais amplo que a Cincia da Informao pode tratar a gerao, transferncia ou comunicao e uso da informao, aspectos contidos na sua definio: "[...] deve ser um corpo organizado de conhecimentos, baseado em princpios explanatrios e deve buscar descobrir e formular, em termos gerais, as condies sob as quais ocorrem fatos e eventos relacionados com a gerao, transmisso e uso da informao" (GOFFMAN, 1975, p.5-6). Outro terico deste perodo Saracevic, que em 1970 elabora o conceito de relevncia, de capital importncia para a rea, sobretudo nos aspectos relacionados transferncia da informao em sistemas e cuja obra ser analisada no item 3. Um dos pesquisadores dessa fase, j mencionado no incio deste trabalho, Harmon, que chama ateno para a cronologia da emergncia das cincias do comportamento e da comunicao: "1933, Lingstica, Semntica; 1938, Teoria do valor; 1939, Teoria da deciso;1944, Teoria dos jogos; 1945, Documentao; 1948, Teoria da informao, Ciberntica; 1950, Teoria geral dos sistemas; e1950's, formao das Cincias da Comunicao e Comportamento". Observamos que em pouco mais de quinze anos surgiram teorias, disciplinas e metodologias, e esta cronologia ressaltada, certamente porque Harmon (1971, p.236) acredita que "o desenvolvimento dessas disciplinas envolve a expanso do escopo e considervel interpretao das disciplinas irms". Podemos observar, pela primeira vez, a introduo das telecomunicaes no debate, o que com o advento das redes vai se tornar indispensvel. tempo, segundo Roberts (1976, p.250), de se pensar com equilbrio essas questes para uma base apropriada do futuro desenvolvimento da Cincia da Informao e questionar se uma "deliberada orientao rumo s Cincias Sociais deve ser buscada". Este autor observa, ainda, que "o ponto de vista institucional-social deve ser equilibrado pelas perspectivas sociais - interpessoais" e, o que mais importante, "as implicaes sociais da comunicao e informao so tais que somente a base social mais ampla aceitvel na rea de estudo da Cincia da Informao", que ou dever ser uma disciplina social com fins prticos ( ROBERTS, 1976, p.251). Roberts tambm cita Brookes , o "protagonista mais formidvel" da corrente de pensamento da Cincia da Informao como manifestao social. Para ele, o principal nas idias desse terico estudar o conhecimento, no de forma isolada, mas parte de um processo contnuo, o que requer "o estudo objetivo do conhecimento, no somente como um fenmeno cognitivo, mas tambm como fenmeno social peculiar para a evoluo do homem." (ROBERTS,1976, p.254). O rigor cientfico demonstrado nas pesquisas do perodo pode ser exemplificado com o trabalho de Brookes, de grande densidade terica, intitulado "The foundations of Information Science", apresentado em quatro partes: - na primeira (BROOKES, 1980, parte I) trata de aspectos filosficos, utilizando a Filosofia da Cincia e a Epistemologia; - na segunda parte so abordados os aspectos quantitativos, sobre classes de coisas e os desafios da individualidade humana, na qual faz uma retrospectiva dos estudos quantitativos e de freqncia (srie de freqncia versus estatstica de freqncia) e aborda o efeito Mateus, princpio bsico da Bibliometria (BROOKES, 1980, parte II); - na terceira, ainda sobre estudos quantitativos, o autor trata de mapas objetivos e "paisagens" subjetivas e enfoca espaos fsicos e mentais da informao ou "caractersticas mtricas, comparadas aos espaos fsicos (BROOKES, 1980, parte III); e - a ltima, de mudanas de paradigmas, na qual
esse pesquisador (BROOKES, 1981, parte IV) analisa a idade do peridico, a lei de Bradford e sua relevncia social. Brookes (1981, parte IV) ressalta o papel muito importante da Cincia da Informao, ainda no reivindicado por nenhuma outra rea e a liderana da tecnologia da informao no processo da rea, at ento, ressaltando a necessidade de se olhar mais seriamente para a informao na sua relao com o conhecimento. Em importante trabalho, Herner (1984, p.158-160) enumera os protagonistas da histria da Cincia da Informao e seus inventos e contribuies, com a ressalva de que uma lista parcial, mencionada aqui ainda de forma mais restrita: Eugene Garfield, na manipulao automtica de ndices, fundador do Current Contents, do Science Citation Index e do Social Science Citation Index; Roger Summit, da Lockheed, considerado o "pai dos sistemas" (DIALOG); Frank B. Rogers, fsico e bibliotecrio da National Library of Medicine, que desenvolveu o Medlar's (Medical Literature Analysis and Retrieval System), a primeira rede regional e nacional de bibliotecas e que tambm contribuiu para tornar acessvel nacionalmente o MEDLINE; J. Crane, responsvel, durante 43 anos, pelo Chemical Abstracts; Frederick Kilgour, que desenvolveu e implementou a OCLC-Ohio College Library Center, hoje Online Computer Library Center; Henriette Avram, que aplicou a tecnologia de computador aos catlogos em ficha de bibliotecas e Carlos Cuadra, por sua atuao no ARIST. preciso chamar a ateno para o fato de que os principais atores dessa histria relatada por Herner so aqueles dedicados s atividades prticas e aplicativas e no os tericos, exceo feita apenas a Fairthorne, a quem ele considera "um dos primeiros e mais astutos analistas da moderna Cincia da Informao, e um dos poucos a distinguir cdigos, palavras, mensagens e informao - conceitos ainda constantemente confundidos." (HERNER, 1984, p.162). Considerando-se a forte relao entre Cincia da Informao e tecnologias, a introduo desse trabalho pertinente. Alguns dos tericos da segunda fase dedicaram-se a pesquisar o objeto de estudo da rea, a informao, e constituem outro captulo da tese de Pinheiro (1997), da serem aqui abordados somente os principais, de forma sinttica, uma vez que o presente trabalho enfoca mais a rea como um todo, sob o enfoque epistemolgico, conforme explicado no incio deste artigo. Para Wersig e Nevelling (1975, p.129), informao no uma certeza na medida em que acreditam ser "um possvel objeto." O termo " o mais extremo caso de polissemia na comunicao tcnica da informao e documentao e o problema sua "ambigidade". A observao final dos autores que, se no podemos evitar o termo informao, como prope Fairthorne, "temos que deixar claro, a todo instante, o que significa"( 1965 apud WERSIG ; NEVELLING, 1975, p.132 ). Uma das definies de informao mais conhecidas e adotadas a de Belkin, na qual informao tudo que for capaz de transformar estruturas. No seu trabalho ora analisado e escrito juntamente com Robertson, (1974, p.198), sobre Cincia da Informao e o fenmeno da informao, o seu objetivo foi "determinar o fenmeno fundamental de interesse para a Cincia da Informao". A estrutura, para os autores, olhada como uma categoria, mais do que um conceito tem aplicabilidade universal no sentido de todas as coisas terem estrutura, noo bsica para todos os usos de informao. A idia de estrutura modificada, tal como aparece na sua definio. Belkin e Robertson (1976, p.198) reconhecem a amplitude, principalmente na viso de natureza das categorias de estrutura, pois "contm muitas noes para as quais o termo informao jamais foi usado". Informao pode, todavia, ser descrita no contexto no qual ocorre, assim caracterizada pelo espectro da informao.
Outros dois artigos especficos sobre informao, por sua importncia tambm aqui analisados, so de Farradane (1980) e Menou (1995), este ltimo estudado no prximo tpico deste trabalho. Um dos mais respeitados tericos desse campo, Farradane (1980), faz a relao entre conhecimento, informao e Cincia da Informao e traa um quadro do escopo da rea e da natureza dos elementos com os quais opera. O esquema por ele elaborado mostra que grande parte da rea cognitiva, isto , trata com processos de pensamento, uma das mais difceis reas de investigao (FARRADANE, 1980, p.75). Finalizando este perodo, abordamos uma coletnea de vital importncia para os estudos tericos da Cincia da Informao, organizada por Machlup e Mansfield (1983), reunindo ensaios interdisciplinares sobre informao, de professores das mais renomadas universidades, inclusive o Massachusetts Institute of Technology (MIT), de reas bem diversificadas, num total de 41 trabalhos, dos quais 38 so norte-americanos, dois da Gr-Bretanha e um do Canad. Os ensaios foram distribudos por nove sees, algumas mais diretamente relacionadas Cincia da Informao, nos seus diferentes aspectos interdisciplinares, em especial com a Informtica, Cincia Cognitiva, Biblioteconomia e a relevncia, para a rea, de teorias como a de informao e de sistemas. 2.3 Fase de consolidao da denominao e de alguns princpios, mtodos e teorias, e aprofundamento da discusso sobre interdisciplinaridade com outras reas O perodo a partir de 1991 at 1995 foi estudado na tese de Pinheiro, e para os anos seguintes foi feita pesquisa complementar visando a sua atualizao, de acordo com o prximo quadro.
Anos 1992 1993 1995 1998 Autores de estudos e pesquisas Brier, Capurro, Davenport, Frohmann, Hayes, Hoel, Khavam, Miksa, Rayward, Saracevic, Smit, Vakkari , Wersig Wersig, Buckland, Menou Hann & Buckland, eds., Buckland, Rayward, Hahn, Williams, Buckland & Liu, Mizzaro Rieusset-Lemari
Em 1991 aconteceu a mais importante reunio, sob o ponto de vista terico e cientfico da Cincia da Informao, realizada em Tampere, na Finlndia, em celebrao ao vigsimo aniversrio do Departamento de Estudos de Informao da Universidade de Tampere (VAKKARI; CRONIN, 1992). Podemos afirmar que os trabalhos desta reunio equivalem, nos anos 90, aos da reunio da FID que seria realizada em Moscou publicados e analisados no incio deste artigo, tanto pela temtica quanto pela presena de alguns dos mais renomados professores, pesquisadores e especialistas da Cincia da Informao, alm de mais de 100 participantes de 17 pases. Pela similaridade de abordagem entre os documentos da Conferncia e a pesquisa de Pinheiro (1997), parte deles aqui analisada, no sendo enfocados os mais especficos, voltados para determinada disciplina da Cincia da Informao ou localizados geograficamente, como o caso do estudo sobre pesquisas nos pases nrdicos. No podemos deixar de mencionar a tendncia, em alguns desses documentos, a enfocar questes mais da Biblioteconomia e no a Cincia da Informao, pois o tema abarca ambas e, neste caso, tambm so excludos.
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O objetivo da Conferncia foi "clarificar as concepes do objeto de pesquisa, o escopo e fenmeno central da Cincia da Informao e da Biblioteca em trs diferentes perspectivas, histrica, emprica e terica, que correspondem ao tema da reunio, em trabalhos distribudos pelas seguintes sesses (VAKKARI; CRONIN, 1992, p.1-4): perspectivas histricas, abordagem filosfica, explorando o domnio, busca de paradigmas, problemas na construo de teoria e mapeando o terreno. oportuno voltar a discutir a nomenclatura da rea, a partir da prpria denominao do evento. Quando afirmamos anteriormente que o nome consagrado Cincia da Informao, nos referimos a uma tendncia principalmente nos Estados Unidos, onde a rea surge e se desenvolve sob outras circunstncias histricas e abordagem. No entanto, muitas vezes Cincia da Informao acoplado o nome de um outro campo. Assim que, mesmo nos Estados Unidos, tambm adotada a denominao de Cincia da Informao e da Biblioteca (Library and Information Science), e no exatamente Biblioteconomia (Librarianship), da mesma forma que Cincia e Tecnologia da Informao (Information Science and Technology), denominao inclusive utilizada desde o seu incio pelo ARIST. Em funo da diversidade terminolgica, identificamos os Departamentos dos autores e chegamos aos seguintes resultados: seis (6) instituies apresentam a denominao Cincia da Informao e da Biblioteca (Library and Information Science), sendo quatro nos Estados Unidos e duas no Canad; seis so Escolas de Biblioteconomia (Librarianship), trs na Dinamarca e as demais na Alemanha, Noruega e Austrlia, respectivamente; quatro recebem a denominao de Estudos de Informao, trs na Finlndia e uma na Gr-Bretanha; e as restantes, uma em cada pas: Cincia da Informao, na Gr Bretanha, Estudos de Biblioteca e Informao, no Canad, Educao e Psicologia, na Sucia, Cincias da Comunicao, em Berlim, e Comunicao, Informao e Estudos de Informao e Biblioteca, nos Estados Unidos. Na apresentao dos anais, Perti Vakkari (1992, p.1), seu editor juntamente com Blaise Cronin, chama a ateno para o fato de que h poucas reunies cientficas internacionais em Cincia da Informao e da Biblioteca e h ausncia de massa crtica em muitos sub-campos da rea que limitam os seus avanos. Estes eventos dependem de colaborao entre aqueles que trabalham um determinado problema e "tm algum grau de coordenao de esforo de pesquisa". Ele menciona a discusso de nvel terico geral nos anos 70, embora pesquisas empricas e histricas fossem mais raras nessa fase, o que incluiria a discusso sobre a natureza da rea em geral, a relao entre Biblioteconomia e Cincia da Informao, o nome apropriado da disciplina e sua definio e dos conceitos bsicos de conhecimento, informao e necessidades de informao. (VAKKARI, 1992, p.1-2). A razo dessa reflexo est na "institucionalizao social e cognitiva da disciplina, a primeira relacionada ao grau de organizao interna e definio de fronteiras", manifestada em associaes cientficas e peridicos, e tambm no "grau de integrao em estruturas sociais predominantes de legitimao e alocao de recursos". Este ltimo refere-se integrao em departamentos universitrios e currculos de ensino, em especial em programas de doutorado (VAKKARI, 1992, p.2). A institucionalizao cognitiva refere-se "ao grau de consenso e clareza da formulao terica, critrios de relevncia do problema, definio e aceitabilidade de solues, assim como mtodos adequados utilizados". Ele observou uma nova onda de discusso relativa natureza da rea e acredita que somente pela "alta qualidade da pesquisa e competente ps-graduao, pode a cincia esperar ser aprovada pela comunidade cientfica e que pesquisas em Cincia da Informao podem vir a contribuir para a soluo de problemas em campos adjacentes". Isto requer o aperfeioamento da
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qualidade das pesquisas, a discusso das relaes desse campo com outras disciplinas e auto-reflexo, com resultados tratando de problemas gerais (VAKKARI, 1992, p.2-3). Vakkari (1992, p.2-3) afirma que a discusso sobre a natureza da Cincia da Informao morreu nos anos 70, mas muitas questes ficaram em aberto. Embora hoje a formulao dos problemas seja mais concreta, ainda precisamos refletir sobre o objeto de pesquisa e fundamentos da rea, isto , "[...] analisar conceitualmente a disciplina com o objetivo de esboar as suas articulaes centrais e conceitos bsicos, assim como as relaes entre eles." Um dos trabalhos da Conferncia, de Ivar A. L. Hoel, parte da seguinte pergunta: "deveria a Cincia da Informao ser interpretada como uma cincia histrica e humanstica?". Para respond-la o autor recorre hermenutica, discutida segundo a hermenutica clssica e a hermenutica de experincia, sendo a primeira mais adotada pela Cincia da Informao. Mas a "hermenutica filosfica incorporada num conceito mais amplo de experincia, tambm incluindo o conhecimento histrico, que pode fornecer Biblioteconomia e Cincia da Informao um novo ponto de partida" (HOEL, 1992, p.69). A informao que passa por uma biblioteca ou sistema de informao, diferentemente de outros tipos de informao, " inevitavelmente um registro do conhecimento que vem do passado... um conhecimento que j se tornou histrico muito antes de ser transformado e disseminado pelo sistema". Mas este fato, por si s, no significa para o autor que a Cincia da Informao e da Biblioteca seja histrica. (HOEL,1992, p.70). H 10 ou 15 anos atrs, Hoel tinha preocupaes com os fundamentos conceituais da Cincia da Informao e da Biblioteca e a dvida se esta seria uma disciplina cientfica com seu prprio estatuto e leis gerais ou uma atividade interdisciplinar que se utilizaria de outras disciplinas cientficas. Passados esses anos, o autor afirma que nada realmente importante aconteceu. (HOEL,1992, p.71) Sobre os mtodos cientficos, ele afirma no ser novo o questionamento da necessidade de um conjunto de operaes metodolgicas diferentes das Cincias Naturais, ou melhor, de as Cincias Sociais desenvolverem metodologia prpria. Figuram nessa explanao, entre outros filsofos, Windelband, na tradio kantiana, e Popper e seu pensamento sobre a unidade da cincia. O foco de discusso, segundo Hoel, deveria ser a informao e suas propriedades e o significado do termo cincia, na Biblioteconomia/Cincia da Informao, o que "nunca foi seriamente discutido". Esta sua concluso limitada porque se restringe a trabalhos e autores de pases nrdicos, isto , voltados Biblioteconomia e sem tradio em Cincia da Informao, ignorando um grande volume de pesquisas, inclusive analisadas neste artigo e que podem ser consideradas "srias discusses". (HOEL, 1992, p.72). No entanto, o seu trabalho, por sua perspectiva histrica, uma contribuio considervel. Outro importante terico da reunio da Finlndia foi Capurro, de especial interesse para este artigo, porque seu trabalho uma crtica a trs paradigmas da Cincia da Informao: o da representao, o da fonte-canal-receptor e o platonstico. Alguns paradigmas desse campo tm, para ele, suas razes na Grcia e na filosofia moderna, da acreditar que a hermenutica (Heidegger e Gadamer) e a filosofia analtica de Wittgenstein nos levem a vislumbrar novos caminhos importantes para a reflexo sobre os fundamentos da Cincia da Informao. (CAPURRO, 1992, p.79). A sua anlise da Cincia da Informao como sub-disciplina retrica tem por base os trs tipos de discurso de Aristteles: o discurso deliberativo, o jurdico e o laudatrio. [...] contrariamente idia de informao como uma esfera
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descontextualizada ou situao independente, as vises hermenutica e retrica pressionam para a contextualidade (incluindo as dimenses culturais, estticas, ticas e polticas) do pensamento". (CAPURRO, 1992, p.79). A indagao do ttulo do artigo,"para qu Cincia da Informao?" , para o seu autor, uma questo retrica, na concepo da rea como uma sub-disciplina da retrica, o que "implica um duplo lao metodolgico." (CAPURRO, 1992, p.92). O trabalho deste autor muito importante por buscar, num caminho singular, uma forma tambm de reconciliao com as tecnologias, muitas vezes olhadas em oposio aos aspectos scio-culturais da Cincia da Informao. O tema central de outro trabalho da conferncia de Tampere a idia da unidade da Cincia da Informao, na perspectiva da Filosofia da Cincia e cujo autor, Brier (1992), critica o mecanicismo e reducionismo desta abordagem, principalmente as idias de Vickery e Vickery, e Brookes, demonstrando preocupao com o significado de conceitos, entre os quais conhecimento, informao, inteligncia e especialidade. Alguns pressupostos norteiam o seu pensamento como, por exemplo, o significado de informao, compreendido somente em um "[...] contexto scio-cultural e na perspectiva histrica" e considerando a linguagem, porque o comportamento social humano que determina o conceito de seu significado. Para ele, a Cincia da Informao interdisciplinar, "incluindo aspectos tanto das Cincias, quanto das humanidades e Cincias Sociais, e importante ter em mente que o principal ponto tentar integrar o pensamento cientfico com as perspectivas sociais e psicolgicas, tanto na teoria quanto na prtica. O maior problema da "rea no encontrar leis de Informao, mas fazer com que o conhecimento terico de muitas diferentes reas de pesquisa interajam com a experincia prtica, de forma frutfera e prtica, em relao a algumas metas bem definidas" (BRIER, 1992, p.107). O trabalho apresentado por Francis Miksa (1992) trata de dois paradigmas da Cincia da Informao e da Biblioteca, o primeiro da biblioteca como instituio social, e o segundo, do movimento da informao como um sistema de comunicao humana, ambos analisados na sua problemtica e difceis de combinar pela fragilidade de cada um. O primeiro paradigma no ser abordado, por no apresentar interesse direto para o presente trabalho. O movimento de informao como um sistema de comunicao humana consiste num grupo de idias relacionado a esse processo, como um sistema de comunicao de idias, surge da teoria da informao e da Ciberntica e tornou-se a base de tentativas para caracterizar e modelar o processo de recuperao. Este paradigma influencia profundamente o campo da Cincia da Informao, embasou as pesquisas de recuperao da informao e bibliometria, contribuindo no s com a palavra informao, mas tambm com um conjunto de termos inteiramente novos que podem caracterizar a atividade (MIKSA, 1992, p.232-233) Os estudos dos impactos da informao de Menou (1995, p.479) conduzem, inevitavelmente, teoria da informao, tanto que o primeiro item intitulado "a necessidade de uma teoria" e, para tal, o autor traa, numa tentativa de retratar o uso real da informao, um quadro com as externalidades e internalidades que interferem no uso da informao, explicitando as etapas do processo de soluo de problemas, considerando principalmente a base interna de conhecimento, seja individual ou coletiva, que deve ser combinada com os recursos interiores. Essa base interna de conhecimento influenciada por fatores como personalidade, cultura, emoo, lgica e inteligncia e o processo de transformao e conduo da informao, do dado informao, do conhecimento at saber. Para Menou, "todos os processos, fontes e estados interagem constantemente e so interdependentes. O estado do contedo da
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informao pode ser feito em sucessivas etapas, semntica, sinttica e paradigmtica. e todas contribuem para a construo do significado". (MENOU, 1995, p.483) Finaliza este tpico a coletnea editada por Hann e Buckland (1998) sobre a Histria da Cincia da Informao, contendo relevantes trabalhos sobre Histria e historiografia da rea (RAYWARD, 1998, BUCKLAND ; LIU, 1998), iniciada com os estudos desde Otlet at aos aspectos tericos, discutindo conceitos de documento e relevncia, bem como questes sobre bibliometria, instituies e pesquisadores da rea, tcnicas, instrumentos e sistemas etc. 3 O PENSAMENTO DE MIKHAILOV, SARACEVIC E WERSIG Ao estudarmos o processo evolutivo da rea, numa forma de repassar e repensar a histria da Cincia da Informao, nos seus aspectos tericos, alguns nomes sobressaram, pela profundidade e lucidez de seu pensamento, e trs no poderiam deixar de ser destacados: Mikhailov, Saracevic e Wersig. O primeiro dominou forte corrente da Cincia da Informao nas dcadas de 60 e 70, conforme j vimos, e os dois ltimos, presentes desde esses primrdios, o primeiro, nos Estados Unidos e, o segundo, na Alemanha, se mantm na vanguarda da Cincia da Informao e suas idias perpassaram diferentes momentos da Cincia da Informao, da serem estudados em destaque. O trabalho de Tefko Saracevic (1992, p.5) uma sntese das origens e evoluo da rea e prima pela clareza, sendo iniciado pela afirmativa de que um campo "definido pelos problemas que trata e pelos mtodos escolhidos para solucion-los ao longo do tempo". As trs caractersticas da Cincia da Informao ou leit-motif constituem a estrutura que permite estud-la no passado, presente e futuro, e outras reas apresentam as mesmas peculiaridades: natureza interdisciplinar, mudana nas relaes com outras disciplinas e perspectivas de longa durao da evoluo da interdisciplinaridade; conexo inexorvel tecnologia da informao; e participao ativa e deliberada na evoluo da sociedade da informao, assim como outras reas (SARACEVIC, 1992, p.6) Sobre a origem da Cincia da Informao, muito j foi discutido e, para explicar melhor as circunstncias do seu aparecimento, Saracevic cita o importante trabalho de Wersig e Nevelling antes analisado, no presente artigo: "a Cincia da Informao desenvolveu-se historicamente porque problemas de informao mudaram completamente a sua relevncia na sociedade [...]", ainda que estivessem sempre mais ou menos presentes e sua emergncia no seja s na Cincia da Informao. (WERSIG ; NEVELLING, 1975 apud SARACEVIC, 1992, p.7) Outro aspecto ressaltado a natureza internacional ou global da rea - no existiria uma Cincia da Informao norte-americana - a evoluo em diferentes pases ou regies pode ter seguido distintas prioridades, mas "a justificao bsica e conceitos so os mesmos, globalmente" (SARACEVIC, 1992, p.7). A evoluo da recuperao da informao seria a grande responsvel, no a nica, mas a mais forte, para o surgimento da rea. Na verdade, a Cincia da Informao progrediu muito mais do que a recuperao, mas problemas relacionados recuperao esto presentes no seu ncleo. Da mesma forma, a recuperao muito influenciou a evoluo da indstria da informao, mas, neste caso, no foi a nica, e a indstria da informao muito mais do que a recuperao da informao. O paradigma da recuperao da informao evoluiu e, a partir dos anos 70, passou a incorporar contextos mais amplos como usurios e interao e houve o reconhecimento de que "a
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base da Cincia da Informao est relacionada com os processos de comunicao humana" (SARACEVIC, 1992, p.9). A pesquisa bsica da Cincia da Informao, segundo Saracevic (1992, p.10) tem utilizado a Matemtica, a Lgica e a Estatstica e estudado diferentes problemas relacionados informao, usurios e estudos de uso, formulaes matemticas de dinmicas da comunicao e Bibliometria e Cientometria. A parte mais rica do trabalho de Saracevic (1992, p.11) trata da interdisciplinaridade da Cincia da Informao, direcionada a quatro reas, analisadas de per si: Biblioteconomia, Cincia da Computao, Cincia Cognitiva e Comunicao. Essas relaes interdisciplinares transparecem numa das mais recentes definies de Tefko Saracevic (1992, p.11) para Cincia da Informao:
[...] o campo devotado investigao cientfica e prtica profissional que
trata dos problemas de efetiva comunicao de conhecimentos e de registros do conhecimento entre seres humanos, no contexto de usos e necessidades sociais, institucionais e /ou individuais de informao. No tratamento desses problemas tem interesse particular em usufruir, o mais possvel, da moderna tecnologia da informao.
Entre as suas concluses destacamos a de que o imperativo tecnolgico fora o desenvolvimento e aplicao sempre crescente de produtos de informao e servios ou de seu refinamento, e de variedades de redes de informao. Em sentido amplo, a evoluo acelerada da sociedade de informao potencializa o papel social e econmico de toda e qualquer atividade de informao e seu valor estratgico, em nveis globais, regionais e institucionais de cooperao. Por outro lado, os aspectos humanos (conhecimento, registros do conhecimento, comunicao, contextos sociais, institucionais e individuais, uso e necessidades de informao) so fundamentais para a construo de solues tecnolgicas na relao homem e tecnologia. A Cincia da Informao oscila entre esses dois fins, humanos e tecnolgicos. A efetividade, por exemplo, est estreitamente relacionado tecnologia, embora mais derivado do ponto de vista humano do que do tecnolgico e de seus critrios. Assim, mudanas, demandas e critrios de efetividade esto levando ao desenvolvimento de novos sistemas de informao (SARACEVIC, 1992, p.20-21). Ao final, Savacevic (1992, p.23) fala da ecologia da informao, o que para ele significa um "[...] sistema ecolgico complexo e inter-relacionado como qualquer ecologia biolgica", no qual "desde sempre a comunicao do conhecimento esteve envolvida". O ttulo do artigo de Wersig (1993), baseado na comunicao da Conferncia Internacional de Tampere - denota a sua abordagem da Cincia da Informao, vista por um prisma ps-moderno, ou melhor, do conhecimento sob condies de mudana do seu papel na sociedade, expondo algumas estruturas bsicas de abordagens da Cincia da Informao. interessante observar que Wersig professor do Departamento de Comunicao, de uma Unidade de Trabalho em Cincia da Informao, na Universidade de Berlim, o que se reflete nas suas idias, pela forte relao de Comunicao e Cincia da Informao. Para ele, juntamente com a Ecologia, a Cincia da Informao um prottipo de cincia ps-moderna, portanto, no uma cincia clssica, e surge mais pela necessidade de criar estratgias para solucionar problemas causados pela cincia e tecnologia (WERSIG, 1993, p.229). Conforme j exposto, o que aconteceu foi a mudana do papel do conhecimento, para os indivduos, organizaes e cultura. "Esta mudana revolucionria e tem pelo
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menos duas dimenses, filosfica e tecnolgica. Comeou a acontecer aproximadamente nos anos 60, e tornou-se parte de um movimento algumas vezes denominado ps-modernismo. Ao final, Wersig lana as seguintes perguntas: sero os novos tipos de disciplinas organizadas similarmente s disciplinas tradicionais ou mais como campos de estudos? Pode um campo de estudos relacionado a novas situaes do conhecimento ser chamado de "informao qualquer coisa"? E ele mesmo tem a resposta:" Isto ser alcanado pelas pessoas que primeiro compreenderem o problema bsico e convencerem a comunidade cientfica de sua especialidade. - "a Cincia da Informao tem a chance" . (WERSIG, 1993, p.235) Para a Cincia da Informao tambm so fundamentais os modelos bsicos de conceitos cientficos amplos, a reformulao cientfica de inter-conceitos e intertecer modelos e conceitos. Este trabalho de interconceptualizao, para Wersig deve ser um exerccio evolucionrio, sinptico e transdisciplinar, proporcionando Cincia da Informao "desenvolver algum tipo de navegao conceitual que poderia, por sua vez, se desenvolver dentro de uma teoria sob a forma ps-moderna, numa rede centrada no conhecimento, sob a tica do problema do uso do conhecimento em condies psmodernas de informatizao" (WERSIG, 1993, p.238-239). 4 ESTUDOS TERICOS SOBRE CINCIA DA INFORMAO NO BRASIL No Brasil, as pesquisas de cunho histrico, terico e epistemolgico sobre a Cincia da Informao ainda so em nmero pequeno e a maioria est concentrada ou decorrente do Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao do IBICT, o nico que inclui uma linha de pesquisa de Epistemologia e Interdisciplinaridade da rea. Este fato talvez se deva a que este Programa, o primeiro no Brasil e na Amrica Latina, durante muito tempo foi tambm o nico a se dedicar Cincia da Informao, enquanto os demais, hoje existentes, eram em Biblioteconomia e na dcada de 90 mudaram a sua denominao para Cincia da Informao. Assim, natural o panorama brasileiro restrito de estudos com esse enfoque. Devemos mencionar entre as primeiras preocupaes nesse sentido, a reunio realizada pelo IBICT (SEMINRIO DE INFORMTICA, 1968) e o Seminrio sobre Documentao e Informtica, promovido pela Fundao Getulio Vargas (1971), ainda que em ambos seja constatada a confuso terminolgica entre Informtica e Cincia da Informao. Este problema foi logo percebido e corrigido tanto pela denominao do mestrado, em 1970, quanto pela do peridico do IBICT, tambm Cincia da Informao e cujo primeiro nmero, em 1972, inclui um artigo que aborda, a partir da Bibliografia, o nascimento da Cincia da Informao e problemas terminolgicos da nova rea (ZAHER ; GOMES, 1972). No plano acadmico, merece ser destacada a dissertao de Gonzalez de Gmez (1982), sobre a configurao temtica do mestrado do IBICT que, embora com foco no mestrado, abordou o territrio disciplinar e interdisciplinar da Cincia da Informao e, anos depois, a tese de Pinheiro (1997) sobre o domnio epistemolgico e o campo interdisciplinar da Cincia da Informao. Na dcada 90 houve um aumento de estudos tericos e deve ser citado o nmero da revista Cincia da Informao, comemorativo dos 25 anos do mestrado do IBICT, que incluiu trs artigos especificamente sobre histria, fundamentos e teoria da Cincia da Informao: de Gonzalez de Gomz, Pinheiro e Loureiro, e Braga (1995). Em 1999 o IBICT lana o primeiro volume do Projeto Ziman- Conhecimento pblico, sobre Cincia da Informao, Cincias Sociais e Interdisciplinaridade, com
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trabalhos sobre essa temtica e produzidos no mbito do Programa de Ps-Graduao do IBICT. No prefcio, Gilda Braga (1999, p. 9) ressalta o carter consiliente da rea, termo criado por Whewell, em 1840 e que significa um salto conjunto do conhecimento entre e atravs disciplinas, por meio da ligao de fatos e de teorias, para criar novas bases explanatrias. E para encerrar a produo cientfica brasileira sobre histria, fundamentos e teorias da rea, no podemos deixar de mencionar a publicao O campo da Cincia da Informao, coletnea editada pela Universidade Federal da Paraba, em 2002, contendo trabalhos nessa temtica, entre os quais de Miranda, Pinheiro, Gonzlez de Gmez e Barreto (2002). 5 VISLUMBRES DA CINCIA DA INFORMAO A Cincia da Informao tem dupla raiz: de um lado a Bibliografia/Documentao e, de outro, a recuperao da informao. Na primeira o foco o registro do conhecimento cientfico, a memria intelectual da civilizao e, no segundo, as aplicaes tecnolgicas em sistemas de informao, proporcionadas pelo computador. No entanto, foram a Cincia e Tecnologia os elementos fertilizadores e propulsores de seu nascimento, fruto do crescimento de equipes cientficas, do aumento do nmero de cientistas e pesquisadores e da acelerao de pesquisas, portanto, de conhecimentos, alm dos desenvolvimentos tecnolgicos, esforos decorrentes sobretudo da 2a. Guerra Mundial. Como Cincia Social que , a Cincia da Informao apresenta singularidades prprias de seu objeto de estudo, por si s, de acentuado grau de abstrao e complexidade e pela subjetividade que perpassa o ciclo de transferncia da informao, a compreendida a gerao de conhecimento, a sua subseqente representao em informao, por sua vez organizada, processada, recuperada, disseminada, disponvel na Internet e utilizada, num ininterrupto processo - moto contnuo. As crticas que lhe so feitas como disciplina cientfica, de fragilidade conceitual e terica aos resultados de aplicaes de leis, parecem responder a exigncias naturalistas e positivistas anacrnicas e inadequadas natureza da Cincia da Informao. Os muitos e relevantes estudos tericos analisados neste trabalho refutam a fragilidade conceitual assinalada por diversos autores. Pelo contrrio, h um srio e frtil empreendimento terico e, clara evoluo de conceitos, princpios, hipteses e mtodos, sendo relevncia um dos conceitos-chaves para sistemas de informao. Mas, por outro lado, constatamos o estgio incipiente das teorias ou quase-teorias. Construtos tericos, medidas de informao tais como preciso, revocao e relevncia tm sido formuladas e reformuladas, mas faltam estudos empricos, ou melhor, so inexpressivos em nmero, o que talvez explique uma certa estagnao da bibliometria durante algum tempo e seu retorno nos dias atuais, pelas facilidades tecnolgicas para sua aplicao. Causa estranhamento esta concluso, por ser apregoado, por muitos pesquisadores da rea, o carter emprico da Cincia da Informao, enquanto parece haver um divrcio entre prticos e tericos. Estudos empricos permitiriam testar hipteses e mtodos, no para buscar verdades e certezas matemticas e atender aos cnones positivistas ou naturalistas, mas identificar tendncias e regularidades. A qualidade de sistemas, redes e bases de dados, bibliotecas digitais e virtuais, enfim, servios, produtos e recursos e seus problemas de recuperao
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da informao, mago da questo, muito dependem da testabilidade dos princpios e medidas de informao, principalmente hoje, na Internet / Web. A terminologia confusa e difusa do perodo inicial da Cincia da Informao foi emergindo da penumbra e ganhou clareza. Podemos afirmar que a nomenclatura da rea est consolidada como Cincia da Informao, principalmente nos Estados Unidos, ainda que algumas vezes seja acoplada a Biblioteca ou a Biblioteconomia, talvez pelos laos originais com a Bibliografia e Documentao. No entanto, esta posio equivocada, na medida em que a Documentao surge da ciso com a Biblioteconomia, portanto, nasce da divergncia. Isto no significa negar as relaes interdisciplinares com esta disciplina, mas afirmar a independncia cientfica da Cincia da Informao, com seu prprio estatuto cientfico. Resultados deste estudo identificam uma tendncia mais recente denominao departamental de estudos de informao, o que pode significar a reunio, na estrutura universitria, de disciplinas cujo objeto de estudo seja a informao. A cadeia conceitual que caracteriza a Cincia da Informao vai desde o dado informao e conhecimento, de acordo com a idia de muitos de seus autores, algumas vezes incluindo saber, num crescendo de complexidade, da forma bruta e primitiva do dado sua elaborao como informao, e sua absoro, quando relevante, na estrutura cognitiva, transformando-se em conhecimento. Esta rede de conceitos poder ter seu processo final na cultura, aqui considerando a incorporao dessas informaes relevantes entre outras manifestaes e produes e vivncias do homem, individuais e coletivas. A Cincia da Informao j apresenta um corpo de conhecimentos que permite o seu reconhecimento cientfico, com as peculiaridades de sua natureza, objeto e fenmenos. Quanto s relaes interdisciplinares, foi havendo mutao no tempo, no incio aparecendo mais a Biblioteconomia e a Cincia da Computao, com as quais chegou, inclusive, a ser confundida, alm da Psicologia, Lingstica e Semitica, entre as mais constantemente relacionadas. Hoje, as duas primeiras continuam a ser, inegavelmente, fonte de exerccio interdisciplinar, mas surgem novas articulaes disciplinares, com a Comunicao, por exemplo, numa aproximao cada vez mais forte, alm da Administrao e Economia. Assim, a Cincia da Informao, a Comunicao e a Cincia da Computao formam um tringulo disciplinar altamente dependente da nova ordem tecno-cultural, principalmente as duas primeiras, o que poder, no futuro, levar formao de uma disciplina com caractersticas transdisciplinares, do tipo Infocomunicao. No Brasil, conforme foi constatado, raros so os estudos tericos e histricos, mais concentrados na linha de pesquisa Epistemologia e Interdisciplinaridade da Cincia da Informao, do Programa de Ps-Graduao do IBICT. A exigncia de conhecimentos e de fundamentos filosficos para estudos nesse enfoque podem explicar o panorama atual. A ps-graduao brasileira da rea deve investir em disciplinas, principalmente a Epistemologia, para possibilitar o desenvolvimento dessa linha de pesquisa, fundamental para a compreenso do domnio epistemolgico da Cincia da Informao e sua interdisciplinaridade e, portanto, de sua histria como campo cientfico. Abstract
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This is a study of theInformation Science under the historical epistemology approach showing the development in the area from the very beginning emphasizing, chronologically, the major contributions of theoreticians and experts especially in the conceptual and methodological aspects.In such analysis there comes different thinkers and currents of thought, for example from the United States, Great Britain, the former Soviet Union and Brazil. It is focused the evolution along the years, and some matters as the contemporary tendencies towards interdiciplinarity, concepts, terminology and the information science and its relation with data and knowledge,are pointed out , besidessome consideration about possible interdisciplinary and epistemological development.
Key-words
INFORMATION SCIENCE HISTORY OF INFORMATION SCIENCE INFORMATION SCIENCE THEORY INFORMATION SCIENCE CONCEPTS INFORMATION CONCEPTS INTERDISCIPLINARITY OF INFORMATION SCIENCE
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