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2014v19n1p01
QU ES LA CIENCIA DE LA INFORMACIN?
RESUMO
Introduo: Apresenta um panorama da Cincia da Informao em trs momentos.
Inicialmente, seu surgimento e consolidao na dcada de 1960, como confluncia de vrios
fatos: a distino em relao Arquivologia, Biblioteconomia e Museologia; a relao
com a Documentao; a ocupao do espao institucional da Biblioteconomia; as atividades
dos primeiros cientistas da informao; as tecnologias da informao; e o uso da Teoria
Matemtica.
Objetivo: Analisar a ampliao vivida nas dcadas seguintes com o desenvolvimento de
subreas, das caracterizaes do campo e da evoluo do conceito de informao.
Metodologia: Reviso de Literatura.
Resultados: So apresentadas as tendncias contemporneas: as sistematizaes da
rea, os trs modelos para o estudo da informao e o desafio recente de dilogo com a
Arquivologia, a Biblioteconomia e a Museologia.
Concluses: muitos processos e eventos aconteceram no campo da Cincia da Informao
nestes ltimos 45 anos. Diferentes subreas foram formadas, conceitos formulados e
reformulados, caracterizaes problematizadas e discutidas, relaes com outros campos
de conhecimento tensionadas e concretizadas.
Palavras-chave: Histria da cincia da informao. Epistemologia da cincia da informao.
Conceito de informao.
Este texto foi produzido como parte das atividades do autor como Pesquisador Visitante junto ao
Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao da Universidade de Londrina (PPGCI/UEL),
no perodo de janeiro a maro de 2013, com bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Cientfico e Tecnolgico (CNPq).
Inf. Inf., Londrina, v. 19, n. 1, p. 01 30, jan./abr. 2014.
http:www.uel.br/revistas/informacao/
INTRODUO
acaso que surgem nesta poca os primeiros tratados e manuais sobre os acervos de
arquivos, bibliotecas e museus. Com a transio da Idade Mdia em direo
Modernidade, essas instituies so reconstrudas, e surgem novos tratados e
manuais voltados para as regras de conduo das instituies destinadas a guardar
esses acervos. Esse processo avana e no sculo XIX h uma grande nfase na
sistematizao das regras de tratamento tcnico destes acervos e a que se
observa o surgimento formal das disciplinas Arquivologia, Biblioteconomia e
Museologia, como cincias relacionadas com os acervos, as instituies e os
procedimentos tcnicos de tratamento destes acervos nestas instituies.
Tais fatos e a consolidao disciplinar destas trs reas no sculo XIX so
importantes, pois ser no dilogo com (ou melhor, na oposio a) estas reas,
conformadas desta maneira, que se construiu a ideia de uma Cincia da
Informao. Nos primeiros relatos sobre o que deveria ser a Cincia da Informao
havia a crtica ao biblifilo, ao bibliotecrio erudito, ao historiador atuante nos
arquivos a crtica de que tais profissionais focavam-se no contedo das obras, na
instituio custodiadora, em vez de se preocuparem em promover a disseminao, a
circulao e o efetivo uso das obras custodiadas. Foi nessa direo, querendo se
tornar uma outra coisa que no a Arquivologia, a Biblioteconomia e a Museologia
desse perodo, que se construiu o empreendimento da CI. Tal empreendimento
envolveu diversos fatos histricos e cientficos que ocorreram em pocas e locais
diferentes. Embora estes fatos sejam mltiplos, sero agrupados a seguir em cinco
dimenses: o surgimento da Bibliografia e da Documentao; a relao institucional
com a Biblioteconomia; a atuao dos primeiros cientistas da informao no
provimento de servios em cincia e tecnologia; o incremento tecnolgico; a
fundamentao na Teoria Matemtica.
1.2
Da Bibliografia Documentao
No sculo XV, com a inveno da imprensa, aumentou a produo de livros
coleo nem construir uma instituio fsica, mas sim inventariar a produo
intelectual humana, produo essa expressa em diferentes livros e manuscritos
espalhados por diferentes bibliotecas. essa mudana de perspectiva que, sculos
depois, ser o ponto de fundao da Cincia da Informao, naquilo que alguns
pesquisadores diro tratar-se de um primeiro trao de uma preocupao pscustodial: no se tratava nem da juno de uma coleo, nem da criao de uma
instituio para a guardar. Contudo, a tarefa de produo de bibliografias demandou
um trabalho de descrio dos livros e, nesse sentido, a Bibliografia aproximava-se
da Biblioteconomia das regras dessa descrio. Assim, Biblioteconomia e
Bibliografia foram se desenvolvendo em direo a certas construes tericas, ao
longo dos sculos, e entre elas no se desenvolveu uma distino significativa.
No sculo XIX ocorreram algumas mudanas importantes relacionadas s
formas de se descrever e organizar os documentos impressos, sobretudo com o
aumento da quantidade e importncia dos peridicos cientficos e da crescente
produo de livros em diferentes partes do mundo. Em 1895, Paul Otlet e Henri La
Fontaine organizaram a I Conferncia Internacional de Bibliografia. Criaram, a
seguir, o Instituto Internacional de Bibliografia (IIB). O objetivo dos dois era a
construo de um grande movimento cooperativo, em nvel planetrio, para que
fosse estabelecida uma espcie de inventrio de toda a produo humana de
conhecimento registrado. Para tanto se engajaram na construo de um Repertrio
Bibliogrfico Universal e na padronizao das formas de tratamento tcnico dos
registros (com as fichas catalogrficas e a Classificao Decimal Universal), sendo
nesta ltima tarefa que se promoveu, mais uma vez, um dilogo intenso com a rea
de Biblioteconomia, que forneceu as principais bases a partir das quais tais formas
se desenvolveram.
No plano propriamente cientfico, Otlet comeou a visualizar a criao de uma
nova disciplina cientfica, que viria a ser chamada de Documentao. Ela seria, para
os arquivos, os museus, os centros de cultura e demais instituies que custodiavam
registros humanos, aquilo que a Bibliografia tinha sido para a Biblioteconomia.
nesse sentido que a Documentao representou uma novidade em relao a outras
reas do conhecimento e instituies (como os arquivos, as bibliotecas e os
museus) que tambm lidavam com o conhecimento registrado: seu objetivo no era
juntar uma coleo, guardar um estoque numa determinada instituio, mas sim
promover um servio transversal, cooperativo entre as diferentes instituies (e entre
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os diferentes tipos de instituies, tambm), Com isso, acirrando-se a natureza pscustodial das aes. No se tratava de negar o custodial, a importante e necessria
funo promovida pelas instituies de guardar, custodiar, os acervos documentais.
O que a Documentao props foi uma outra linha de ao, uma outra frente de
trabalho, composta por uma gigantesca rede de registros destes acervos
custodiados nas instituies. Mais do que ter o documento, interessava aos
pesquisadores envolvidos com a Documentao promover uma listagem, um registro
de onde poderia estar cada um dos documentos produzidos pelos seres humanos.
A Documentao se desenvolveu nos anos seguintes no plano institucional e
no plano terico-cientfico. Institucionalmente, foram promovidos eventos, encontros,
e chegou-se mesmo proposta de construo de uma cidade do conhecimento, o
Mundaneum. Em 1931, o IIB mudou seu nome para Instituto Internacional de
Documentao (IID) e, em 1938, para Federao Internacional de Documentao
(FID). A importncia desses eventos to significativa que, no Brasil, a primeira
instituio de Cincia da Informao, o IBICT (Instituto Brasileiro de Informao em
Cincia e Tecnologia), foi criado a partir do ento Instituto Brasileiro de Bibliografia e
Documentao (IBBD).
Mas a Documentao tornou-se tambm uma disciplina cientfica. Nesse
sentido, uma contribuio fundamental foi a elaborao, por Otlet, do conceito de
documento como significando a totalidade dos artefatos humanos, registrados das
mais diversas maneiras, nos mais diversos suportes: livros, manuscritos, fotografias,
pinturas, esculturas, imagens em movimento, registros fonogrficos, selos,
estampas, etc. Surgia aqui um primeiro elemento que seria fundamental, dcadas
depois, para a elaborao do conceito de informao: um conceito nico,
representando uma determinada abstrao, capaz de congregar diferentes
manifestaes empricas. A legitimao terica e conceitual da Documentao se
deu primeiro com Otlet, que em 1934 publicacou o Trait de Documentation. Nas
dcadas seguintes, outros autores em diferentes contextos como os Estados Unidos
(Bradford), Frana (Briet) e Espanha (Lpez Ypez) trabalharam na mesma direo.
Entre as contribuies destes autores destaca-se, entre outras, uma nova ampliao
do conceito de documento, incorporando no apenas os artefatos produzidos pelo
ser humano mas, tambm, objetos naturais e mesmo seres vivos que podem, num
determinado contexto, assumir uma funo documental.
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1.3
Conference
on
Scientific
Information.
Nesse
processo
de
de
forma
independente
do
documento
original.
Com
de
uma
disciplina
cientfica
nascente
que
precisava,
contudo,
de
uma
10
11
12
13
ps-moderna.
Levantada
por
Wersig
(1993),
tal
possibilidade
de
14
dos
sujeitos
que
se
relacionam
com
ela.
Os
fenmenos
15
AS TENDNCIAS CONTEMPORNEAS
disperso
de
achados
de
pesquisa,
sofisticaes
conceituais,
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17
18
19
20
21
3.2
22
Sujeito
Instrumentos para potencializar esse processo
Sujeito
Instrumentos para
potencializar esse processo
Transferncia
Documento
Documento
23
Conhecimento
Mente
Dado = Documento
Sujeito
Instrumentos e sistemas voltados
para duplicar o processo cognitivo
de busca da informao
Atualmente, no mbito da perspectiva contempornea pragmatista, inseremse o contexto sociocultural e a dimenso interacional dos sujeitos no escopo do
objeto de estudo do campo. Mas a Cincia da Informao no a cincia dos
contextos socioculturais e nem a cincia das interaes entre os sujeitos. Ela busca,
nesses elementos, algo de especfico, de particular: a dimenso informacional
presente nesses fenmenos. , mais uma vez, a que reside o olhar informacional, o
lugar de onde a Cincia da Informao observa os diferentes fenmenos da
realidade. Mais uma vez agrupando as classificaes dos diferentes autores citados,
pode-se dizer que aqui emerge um conceito INTERSUBJETIVO de informao.
A especificidade desta perspectiva foi sublinhada por Capurro (2008) sobre a
noo de informao. Para definir informao, o autor remonta aos conceitos gregos
de eidos (ideia) e morph (forma), significando dar forma a algo, que permite a
construo de um olhar que se inscreve no mbito da ao humana sobre o mundo
(in-formar) e a partir do mundo (se in-formar). Ou seja, os seres humanos, em
suas diferentes aes no mundo (produzir pesquisa cientfica, construir sua
identidade, monitorar o ambiente mercadolgico, testemunhar direitos e deveres,
etc.), produzem registros materiais, documentos eles in-formam. essa ao de
produzir registros materiais que a informao, que o objeto de estudo da Cincia
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direitos,
comunicar-se
com
os
outros,
etc.), utilizam
esses
Instituies e
sistemas (A, B,
M) que atuam
nesse processo
Acervo social do
conhecimento
3.3
Um Desafio Contemporneo
Como se pode visualizar na figura apresentada no tpico anterior, alm das
25
se
desenvolveu
ocupando
os
espaos
constitudos
pela
26
CONSIDERAES FINAIS
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REFERNCIAS
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SILVA, Armando Malheiro; RIBEIRO, Fernanda. Das cincias documentais
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Porto: Afrontamento, 2002.
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Title
What is Information Science?
Abstract
Introduction: An overview of Information Science in three stages. Initially, its emergence
and consolidation in the 1960s, as a confluence of several factors: the distinction regarding
Archival Science, Librarianship and Museology; the relationship with the Documentation; the
occupation of the institutional space of Librarianship; the activities of the first "information
scientists "; information technology; and the use of Mathematical Theory.
Objective: to analyze the expansion in the decades following with the development of
subfields, the characterizations of the field and the evolution of the concept of information.
Methodology: Literature Review.
Results: The results to present contemporary trends: the systematization of the area, the
three models for the study of information and the recent challenge of dialogue with Archival
Science, Librarianship and Museology.
Ttulo
Qu es la Ciencia de la Informacin?
Resumen
Introduccin: En este trabajo se ofrece una visin general de la Ciencia de la Informacin
en tres etapas. Inicialmente, su surgimiento y consolidacin en la dcada de 1960, como
una confluencia de varios factores: la distincin respecto Archivologa, Bibliotecologa y
Museologa; la relacin con la Documentacin; la ocupacin del espacio institucional de la
Bibliotecologa; la actividad de los primeros "cientficos la informacin"; la tecnologa de la
informacin; y el uso de la teora matemtica.
Objetivo: se analiza la expansin en las dcadas que siguieron con el desarrollo de subcampos, las caracterizaciones del campo y de la evolucin del concepto de informacin.
Metodologa: Revisin de la literatura.
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