O Que Os Outros Pensam SOBRE NÓS
O Que Os Outros Pensam SOBRE NÓS
O Que Os Outros Pensam SOBRE NÓS
sobre ns
Que imagem projeta de si no trabalho, nos afetos e na relao com a sua prpria sade?
or que razo o que os outros pensam sobre ns tem tanta (ou, em alguns casos, to pouca) importncia? Somos seres sociais, vivemos em grupo, logo natural sentirmos a sua influncia e darmos importncia forma como somos vistos e valorizados. Muitas vezes, atravs dos outros que nos integramos a ns mesmos, responde Catarina de Castro Lopes, psicloga clnica. Na prtica, o impacto da opinio alheia depende da interpretao que damos a essa informao e da nossa autoestima. Podemos chegar concluso de que determinada opinio foi importante para ns, em certo momento, ou perceber que de nada nos serve ou ajuda. Pode decidir rejeit-la, defender-se ou, se fizer sentido para si, receb-la com humildade e aprender alguma coisa, proporcionando crescimento pessoal. A anlise que reunimos de oito especialistas sem querer deix-la ficar refm do potencial juzo dos outros (dependente tambm da personalidade de quem avalia) pretende ajud-la a detetar aspetos que desconhecia e a melhorar a imagem que projeta sobre si e na qual gosta (ou no) de se rever. Porque, no final, como sublinha a psicloga, mais importante do que os outros pensam de ns o que pensamos sobre ns mesmos.
Os nossos especialistas
Prof. Dr. Manuel Carrageta, mdico cardiologista e presidente da Fundao Portuguesa de Cardiologia
trabalho
A forma como gere a presso no emprego vista por quem trabalha consigo, segundo o psiclogo clnico Vtor Rodrigues.
Ao trabalhar em equipa...
Tento liderar o grupo Fico bloqueada pO que pensa o chefe Ou trato esta pessoa com pezinhos de l ou mais vale despedi-la. No aguenta a presso, logo poder ir-se abaixo quando mais precisar dela. pE os seus colegas? pena, mas esta pessoa no consegue aguentar-se. Se precisarmos dela, poder no estar l, por isso melhor no contarmos com ela. pMelhore a sua atitude sempre bom mostrar capacidade para trabalhar bem, mesmo em condies difceis. Bloqueios deste tipo costumam surgir perante altos nveis de ansiedade e, por isso mesmo, podem desaparecer quando se aprende a geri-la melhor. A ansiedade at pode contribuir para bons resultados, pois s se torna bloqueante quando excessiva. pO que pensa o chefe Tem capacidade de liderana e de afirmao pessoal e, provavelmente, capaz de negociar, de ouvir o outro e de mediar. indicado para funes de responsabilidade, de mediao de conflitos e de negociao comercial, analisa Alcina Rosa. pE os seus colegas? Se forem pessoas bem resolvidas, podem perceber que algum capaz de estabelecer consigo uma relao de cooperao. Se tiverem grande capacidade de afirmao e no gostarem de ver o outro a afirmar-se, podem achar que prepotente. pMelhore a sua atitude Se tem boas ideias, produtiva, ouve os outros e sabe manifestar-se, deve continuar assim, mas evite deslumbrar-se com a sua capacidade. Se isso acontecer passa a centrar-se em si mesma e pode perder esse trunfo. No consigo expor as minhas ideias pO que pensa o chefeSe se viu representada nas decises tomadas, ele pensa: Tenho aqui algum mesmo muito bom para trabalhar numa funo com um nvel de responsabilidade menor: sabe ouvir e consegue trabalhar na dependncia de algum, diz Alcina Rosa. pE os seus colegas? Haver os que olham para si como algum ideal com quem trabalhar porque sabe faz-lo em equipa, sabe ouvir e capaz; mas pode haver quem a veja simplesmente como algum que no se queixa e de quem se pode abusar. pMelhore a sua atitude Pense em que aspetos se pode desenvolver. Valorize-se para ganhar a confiana necessria para ir manifestando a sua posio e sentir que tem um papel ativo a desempenhar. Prefiro trabalhar sozinha DO que pensa o chefe um timo candidato para projetos individuais, diz Alcina Rosa. Noutros casos, pode vir a sugerir-lhe que desenvolva as suas competncias sociais. DE os seus colegas? Estas pessoas normalmente so vistas como muito competente e confiveis mas socialmente inbeis, muito tmidas. So valorizadas e estimadas e vistas como algum com quem se deve contar porque h determinadas informaes que s elas dominam. DMelhore a sua atitude Tem um lugar na organizao mas, se quiser melhorar as suas competncias sociais, tem de fazer um trabalho de desenvolvimento pessoal e possivelmente at psicoteraputico para vencer os seus medos sociais.
Responsabilidade
Os erros devem...
s Ser LOGO assumidos
Passa a imagem de uma pessoa honesta, confivel que sabe assumir responsabilidades mesmo que seja difcil, diz Vtor Rodrigues. Mas ateno: No deixe que uma eventual tendncia para ter sentimentos de culpa a leve a assumir erros com demasiada facilidade. Parece ter boa vontade mas o senso de responsabilidade e lealdade no dos melhores. Dava jeito que soubesse trabalhar em equipa, pode pensar o seu chefe. Se no partilha, como podemos confiar nele?, possvel que aqueles que trabalham consigo se questionem. Mude: Aprenda a partilhar responsabilidades e a pedir ajuda, mostrando esprito de colaborao e humildade: Fiz asneira e estou tentar resolv-la. Alguma sugesto?.
s Tenho dificuldade em assumir erros
Autoestima
f Se existir uma autoestima fortalecida, ser mais fcil tolerar as crticas e aprender
Acredito em mim
com os erros: se estiver segura do seu valor, sentir maior serenidade perante as opinies dos outros. Algum detentor de uma autoestima adaptativa ou adequada tolera eficazmente os feedbacks do exterior. Pessoas com nveis mais elevados de autocrtica so mais capazes de naturalizar as crticas dos outros, tolerando-as e aprendendo com os seus prprios erros.
Sou insegura
f Pode sentir uma espcie de dependncia da opinio dos outros para tomar decises. Se a sua autoestima no estiver fortalecida ou se for demasiado exigente consigo mesma pode haver um gnero de filtro mental que absorve todas as crticas negativas ou depreciativas, indo ao encontro da imagem negativa que tem de si prpria.
Tome nota
A forma como nos veem vai depender da personalidade de quem avalia e dos objetivos que tem na empresa, sublinha Alcina Rosa.
No se espante se o seu chefe pensar quem funciona assim no est aberto a aprender. Quando a oportunidade surgir, talvez seja melhor promover outra pessoa. No tenha receio de dizer: ajudem-me a ir mais longe da prxima vez.
famlia
Interpretaes de dilogos e monlogos da vida conjugal, segundo Quintino Aires, psiclogo clnico.
Uma pessoa com quem se pode trabalhar. sincera e tem boa vontade.
Esta pessoa d-me imenso jeito. Vamos aproveitar tanto empenho, enquanto no estourar?
Temos de competir mesmo quando tem mais tempo e ns precisamos de cumprir obrigaes com a famlia. Est a pr-nos em causa.
Algum que se sacrifica demais pelo trabalho pode criar, nos outros, hbitos de abuso. Pode ainda criar, junto dos colegas, desconfianas e ressentimentos.
Redes sociais
80 % 100% 50%
Se tem um chefe para quem o fundamental estar a trabalhar, ele vai olhar para si como algum que v o trabalho como uma prioridade e que poder promover. Alguns colegas podem consider-la uma ameaa: quer colar-se ao chefe para benefcio pessoal e/ou que no tem mais nada para fazer.
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Tome nota
do tempo
Se o seu chefe no beneficia dos seus contactos sociais, vai ter a imagem de um trabalhador que valoriza menos e a quem sero atribudos menores graus de responsabilidade, porque no est focado. Alguns colegas pensaro o mesmo: algum que desvaloriza o trabalho, um abusador: o que no faz vai sobrar para os outros.
do tempo
Desinteresse, desrespeito, irresponsabilidade esta a imagem que passa s chefias e aos seus pares. Se tiver necessidade de manter o emprego ser obrigada a mudar.
do tempo
Partilha
em relao educao dos filhos...
Tarefas domsticas
sude
Quem manda sou eu pO que o seu companheiro pensa uma postura agressiva de quem no sabe valorizar nem respeitar o ponto de vista do outro. De onde, seremos tendencialmente vistos como arrogantes, intransigentes, agressivos e fechados ao dilogo, refere Vitor Rodrigues. pO que o seu filho sente Voc o chefe, indica Alcina Rosa, e portanto tudo lhe vai ser dirigido, sendo provvel que pai e filho se juntem para tentarem demov-la. As crianas tendem a imitar o comportamento dos pais, por repetio ou por oposio. Poucas so as que o fazem por construo (melhorar o comportamento dos pais). Neste caso, o filho uma vtima potencial: na infncia, se se quiser impor s outras crianas pode ser posta de parte; na idade adulta, pode ter padres sociais mais agressivos ou passivos. Em ambos os casos os outros afastam-se, no segundo tambm podem tentar aproveitar-se dela.
No me consigo impor pO que o seu companheiro pensa No posso contar muito com ela. Era prefervel que tivesse autoridade, para podermos educar os filhos em conjunto, descreve Vtor Rodrigues. pO que o seu filho sente No manda, no conta ou no se importa, est ausente, no quer saber (est mais envolvida noutro projeto, profissional, por exemplo). Os filhos sabem que pedem e que acaba por ceder. Estas crianas podem ser muito manipuladas, sentem que no tm poder, que no so capazes de se impor porque no so capazes de cortar o vnculo emocional, deixam-se levar, alerta Alcina Rosa.
Raramente estamos de acordo pO que o seu companheiro pensa Esta situao implica, por vezes, uma expectativa negativa face capacidade do outro para dialogar, o que no ajuda, considera Vtor Rodrigues. pO que o seu filho sente A criana pode achar que normal ou ento viver em sofrimento. Pode sentir-se a causa da conflitualidade; viver com medo de uma separao ou num desejo constante de que ela ocorra ou, at, numa ambivalncia de sentimentos, retrata Alcina Rosa. Pode ainda encontrar um benefcio secundrio: se tenho de aguentar este sofrimento, utilizo a situao em meu proveito: se um dos meus pais disser no, peo ao outro.
Ou os seus filhos a veem como uma mulher submissa e crescem a pensar que ao sexo feminino que cabe este tipo de responsabilidade ou como algum exigente, obsessivo, que no deixa ningum participar porque acha que os outros no fazem as coisas to bem, descreve Alcina Rosa. pMude a sua forma de pensar Pergunte-se porque faz as tarefas sozinha: se por ser muito exigente, cabe-lhe mudar de atitude. Mesmo que os outros no as faam to bem, voc pode ensinar os seus mtodos de modo construtivo e, at, melhorar o desempenho dos outros; se o faz por ser submissa, se no tem fora na sua relao para que o outro partilhe as tarefas consigo pode, pelo menos, mudar a sua postura em relao aos filhos, ensinando-os a serem solidrios, aconselha.
O que diz (e o que no diz) ao seu mdico interfere na qualidade do servio prestado. Leia como algumas opes que faz, dentro e fora do consultrio, so interpretadas por quem cuida de si.
DA alternativa A comunicao assertiva, que respeita o outro e sabe fazer-se respeitar, resulta muito melhor. Diga antes sinto isto e estou muito interessada na tua perspectiva; vamos decidir em conjunto, tendo em conta o interesse dos nossos filhos; no importa ter razo, mais relevante educar bem, sugere Vtor Rodrigues.
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DA alternativa At um pouco antes da adolescncia, as crianas do-se bem com uma ditadura benevolente ou uma democracia musculada, em que sejam respeitadas mas sintam que existe uma estrutura clara, indicando-lhes, com afeto, com o que contam, o que podem e no podem fazer, o que esperado delas. Esta abordagem pode exigir algum trabalho pessoal. Em alguns casos, para uma economia de esforo, pode ser prefervel reencaminhar os pedidos dos filhos para o marido, refere Alcina Rosa.
DA alternativa Interesse-se pelo ponto de vista do outro. Mais do que procurar ter razo ou vencer uma discusso, importa considerar que o objetivo comum o bem dos filhos. Por causa dos filhos, escolho pensar e agir contigo, aconselha Vtor Rodrigues. Se a criana revela agressividade, passividade, choro, alteraes do apetite ou do sono, deve tentar mudar a relao com a ajuda de terapia familiar, aconselha Alcina Rosa.
Tome nota
As crianas tendem a imitar o comportamento dos pais, por repetio ou por oposio
Vive uma situao de falsa partilha e passa a imagem aos filhos de que a responsabilidade sua e que, portanto, quando os outros fazem alguma coisa por simpatia e voc ainda tem de agradecer, refere Alcina Rosa. pMude a linguagem. Em vez de pe-me a mesa, apanha-me a roupa, diga pe a mesa para todos, apanha a roupa e eu dobro-a. Se o objetivo for modelar a partilha, tem de passar a ideia de que as tarefas so uma responsabilidade coletiva, acrescenta.
Considero positivo os doentes enviarem questes por email antes da consulta, diz Manuel Carrageta
Sabia que...
Muitas vezes, percebe--se que o doente est a mentir ou a omitir dados. Quer parecer bem comportado. frequente e parece-me muito humano. Contudo, h situaes em que ocultar questes ou hbitos que tm grandes implicaes na vigilncia mdica pode impedir que se faam bons diagnsticos, alerta Lisa Vicente, ginecologista e obstetra.
s No cumpre o tratamento
Peo para prescrever medicamentos que no so da especialidade do mdico pO que pensa o mdico Compreendo plenamente esta atitude. Resulta da dificuldade que os pacientes tm em marcar consulta com o mdico de famlia. Por outro lado, muitas vezes, tm de marcar (e pagar) uma consulta apenas para que possam ter acesso s receitas dos medicamentos de que necessitam: no s no justo como implica uma menor eficincia de todo o sistema de sade, considera Lus Gouveia Andrade. Como agir Pode aproveitar para pedir receita de alguns medicamentos essenciais e cuja continuidade esteja em risco, mas no deve abusar ou desvirtuar o objetivo da consulta, convertendo-a numa simples ao de transcrio de receiturio, refere o especialista. p
O mdico vai querer perceber as razes que a levam a no cumprir os tratamentos e explicar as vantagens e inconvenientes da teraputica. Nestes casos, conta Manuel Carrageta, cardiologista, da maior importncia o mdico dizer ao paciente que est disponvel. Assim, mais provvel que o contacte antes de interromper uma teraputica.
s No consegue perguntar nada
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A grande desvantagem que sai da consulta sem colocar as suas prprias dvidas e, com isso, acaba por no ter uma fonte segura e rigorosa de informao que o seu prprio mdico, aponta Lisa Vicente.