Trabalhador Avulso
Trabalhador Avulso
Trabalhador Avulso
O estudo adiante desenvolvido tem como escopo abordar o trabalho avulso que se realiza fora da rea dos portos organizados objetivando responder os seguintes questionamentos: 1- possvel utilizar mo-de-obra de trabalhadores avulsos fora do contexto porturio com segurana jurdica para o tomador de servio? 2-Qual o posicionamento da doutrina e da jurisprudncia trabalhistas com relao ao trabalho avulso no-porturio? Antes de responder tais questionamentos imperioso fazer breve relato do contexto histrico em que se desenvolveu o trabalho avulso, para em seguida trazer a lume as bases doutrinria e jurisprudencial dessa forma de prestao laboral que, atualmente, est totalmente despida de regulamentao legal.
2-BREVE HISTRICO DO TRABALHO AVULSO. Para compreenso do trabalho avulso no-porturio, ou seja, aquele que desenvolvido fora da rea dos portos organizados na execuo de atividades diferentes daquelas que esto definidas no artigo 57, 3, da Lei n 8.630/93 (estiva, capatazia, conferncia e conserto de cargas, vigia de embarcaes e bloco), faz-se necessrio buscar os antecedentes histricos do trabalho avulso no mbito porturio. O comrcio entre naes se expandiu atravs do meio aquavirio e proporcionou o surgimento de portos e cidades que se desenvolveram e ainda hoje fazem parte das principais rotas martimas nacionais e internacionais. As tripulaes dos navios mercantes, aps longos e cansativos dias de mar, quando aportavam, repassavam o carregamento ou descarregamento das mercadorias a outros trabalhadores com o intuito de gozarem merecido descanso, e assim, recomporem suas energias para novamente suportarem os longos e cansativos dias a bordo ao singrarem os oceanos. Resultando em oportunidades de trabalho. Historicamente, a estivagem de cargas nos conveses e pores das embarcaes era executada pelos trabalhadores avulsos estivadores [01] intermediados pelo respectivo sindicato. J a movimentao de cargas feita em terra, na faixa do cais e armazns situados dentro do porto era executada pelos empregados das Companhias Docas, cujo contingente nem sempre era suficiente para atender demanda de servio, fazendo-a recorrer mo-de-obra de
trabalhadores avulsos do comrcio armazenador situado em rea contgua ao porto, chamada de fora supletiva [02], que era constituda pelos trabalhares "arrumadores" [03] que atuavam em conjunto com os trabalhadores porturios em terra e sem vnculo empregatcio com a intermediao do sindicato. Encerrada a demanda de servios, os avulsos eram dispensados. Com o passar do tempo, a cultura e as caractersticas peculiares do trabalho avulso porturio adquiriram normatizao consuetudinria que, paulatinamente, foi sendo consubstanciada em dispositivos legais, so exemplos: a regulamentao das atividades de conserto de carga e descarga pela Lei n 2.191/54 e Decreto n 56.414/65. Dos conferentes de carga e descarga pela Lei n 1.561/52 e Decreto n 56.367/65. Dos vigias porturios pela Lei n 4.859/65 e Decreto n 56.467/65 e o trabalho da capatazia executado pelos empregados das Companhias Docas [04] que ainda hoje disciplinado pela Lei n 4.860, de 26/11/1965. Nessa esteira, a Consolidao das Leis do Trabalho, at agosto de 1993, disciplinava nos artigos 254 a 292 os servios de estiva e de capatazia nos portos. Outros diplomas legais regraram, exclusivamente, o trabalho porturio, so exemplos: os Decretos-Leis n 03/66; 05/66 [05]; Decreto n 59.832/66, entre outros. Textos relacionados
Estabilidades provisrias Base de clculo do ISS na terceirizao Penhorabilidade do salrio no TJPR Dependncia econmica no Direito do Trabalho: (re)significao Pagamento de gorjeta (os 10%) obrigatrio? Com o advento da lei n 8.630/93, conhecida como Lei de Modernizao dos Portos, o modelo de gerenciamento de mo-de-obra avulsa tomou novo contorno, mas o trabalho em si no perdeu suas caractersticas. de bom alvitre destacar que, a mo-de-obra avulsa no composta por um bando de trabalhadores que se ajunta na faixa do cais ou nos pores e conveses das embarcaes para trabalhar ao lu.Trata-se de prestao laboral diferenciada, posto haver aspectos no vistos em outras atividades laborais. A intermediao de mo-de-obra que era feita pelos sindicatos de avulsos passou a ser competncia legal do rgo Gestor de Mo-de-Obra (OGMO) [06]. Os sindicatos passaram a
exercer somente o papel de representao dos trabalhadores na defesa dos seus direitos e conquistaram novas prerrogativas [07], entre elas, a negociao da remunerao, definies de funes, composio dos ternos [08] e demais condies de trabalho por meio de acordos e convenes coletivas de trabalho. Hodiernamente, o trabalho avulso porturio disciplinado pelas leis n 8.630/93 e 9.719/98. Evoluiu a ponto de ter sido contemplado com uma norma especfica para resguardar a segurana e a sade do trabalhador [09]. Esse arcabouo jurdico consolidou em novas bases a utilizao e o gerenciamento da mo-de-obra avulsa nos portos brasileiros. Impulsionados pelo desenvolvimento do pas e de suas fronteiras agroindustriais, o comrcio armazenador e entrepostos de mercadorias se expandiram para as mais diversas regies, que passaram a demandar grande quantidade de mo-de-obra. A sazonalidade de alguns produtos imprimiu os tomadores de servio a utilizarem, em parte, o trabalho avulso como fora supletiva de mo-de-obra em moldes parecidos ao que era realizado no cais, anteriormente lei de modernizao dos portos pelas companhias docas. Em conseqncia, o trabalho avulso que era restrito aos portos e rea retroporturia ao longo da costa brasileira se expandiu para o interior do pas, levando consigo a cultura da intermediao sindical. Diferentemente do que ocorreu com algumas atividades profissionais, como a de peo de rodeio, por exemplo, que regulamentada pela Lei n 10.220/01, o trabalho avulso no porturio, atualmente, encontra-se totalmente despido de regulamentao legal, o que no o desnatura, mas tem proporcionado insegurana jurdica para aqueles que dele necessitam e para o prprio trabalhador. Entretanto, tem tido guarida na doutrina e jurisprudncia trabalhistas, como ser visto mais adiante.
3-TRABALHO
AVULSO
PORTURIO
TRABALHO
AVULSO
NO-
PORTURIO. DEFINIO LEGAL E DIFERENCIAO. O trabalho avulso ainda amplamente conhecido como aquele que tem um sindicato fazendo o elo entre o trabalhador e o tomador do servio. O enfoque dado pela maioria dos doutrinadores centra-se na eventualidade, na ausncia de subordinao, na curta durao da prestao laboral e nos seus mltiplos demandantes, cingindo-se ao trabalho avulso no contexto porturio anterior lei de modernizao dos portos. Pouqussimas referncias h sobre o trabalho avulso no-porturio.
As Leis n 8.212/91 e 8.213/91 que disciplinam, respectivamente, o plano de custeio e o plano de benefcios da Previdncia Social definem genericamente trabalho avulso como: "quem presta, a diversas empresas, sem vnculo empregatcio, servios de natureza urbana ou rural definidos em regulamento". Por sua vez, o Regulamento da Previdncia Social, aprovado pelo Decreto n 3.048/99, no artigo 9, VI dispe sobre o trabalhador avulso da seguinte forma, verbis: Art.9. So segurados obrigatrios da previdncia social as seguintes pessoas fsicas: I a V- omissis VI - como trabalhador avulso - aquele que, sindicalizado ou no, presta servios de natureza urbana ou rural, a diversas empresas, sem vnculo empregatcio, com a intermediao obrigatria do rgo gestor de mo-de-obra, nos termos da Lei 8.630/93 ou do sindicato da categoria. Dessume-se, pela literalidade da redao do supracitado inciso VI do artigo 9, que o gnero trabalho avulso se reparte em: a) avulso porturio que labora com a intermediao do rgo Gestor de Mo-de-Obra (OGMO), nos termos da Lei 8.630/93 e b) avulso no-porturio, que labora com a intermediao do sindicato. Nos termos da Lei n 8.630/93, no dizer do acima mencionado decreto, significa que o trabalhador avulso porturio desprende suas energias na execuo de operaes porturias que se desenvolvem na movimentao ou na armazenagem de mercadorias provenientes do transporte aquavirio ou a ele destinada, dentro das instalaes porturias de uso pblico ou de uso privado situadas nos limites da rea do porto organizado [10], na "faixa do cais", nos armazns, nos "conveses", nos "pores" ou no "costado do navio" nas atividades de estiva, capatazia, conferncia e conserto de cargas, vigia de embarcaes e bloco. Para isso, dever ter prvia habilitao profissional mediante treinamento em entidade indicada pelo OGMO, sem formar vnculo empregatcio com ele, nos termos do artigo 27 e 20, respectivamente, da supramencionada lei. A atuao dos sindicatos no trabalho avulso porturio ocorre na representao da categoria na defesa de seus direitos e interesses junto aos operadores porturios e tomadores de servio. No so intermediadores de mo-de-obra, posto que a lei reserva tal atribuio ao OGMO. O acesso ao trabalho feito mediante escala rodiziria organizada pelo OGMO, para que todos os trabalhadores possam ter equitativas
oportunidades de trabalho. O efetivo de trabalhadores nos quadros do OGMO repartido entre "registrados e cadastrados" [11]. Portanto, o trabalho avulso porturio est adstrito aos seguintes pressupostos legais: a) prestao de servio dentro da rea geogrfica [12] do porto organizado; b) execuo de atividades definidas por lei; c) ter habilitao profissional; d) colocar sua fora de trabalho disposio dos operadores porturios por intermdio do OGMO; e) no ter vnculo empregatcio com o OGMO. Diferentemente, o trabalhador avulso no-porturio labora com a intermediao do sindicato fora da rea dos portos organizados e executa, normalmente, servios que demandam pouca ou nenhuma qualificao profissional, como o carregamento e/ou descarregamento de mercadorias e outros elencados no artigo 350, II, da Instruo Normativa MPS/SRP n 03/2005. O acesso ao trabalho precrio e varia de acordo com os usos e costumes de cada regio do pas. Ademais, h situaes que nem sempre existe um sindicato a intermediar o trabalho e a remunerao restringe-se apenas ao pagamento de dirias, sem contemplar direitos sociais bsicos, como frias acrescidas do tero constitucional, gratificao de natal e FGTS, entre outros [13]. imperioso ressaltar que o trabalhador avulso, seja ele porturio ou no, tem os mesmos direitos trabalhistas do trabalhador com vnculo empregatcio permanente, por fora do artigo 7, XXXIV, da Constituio Federal. Portanto, relativamente ao avulso no-porturio, pode se inferir que tem os seguintes parmetros: a) prestao de servio fora da rea dos portos organizados, no meio urbano ou rural; b) execuo de atividades no definidas por lei; c) prestao de servio que no demandam qualificao profissional e d) colocar sua fora de trabalho disposio de mltiplos tomadores por intermdio do sindicato.
4-
TRABALHO
AVULSO
NO-PORTURIO.BASES
DOUTRINRIA
JURISPRUDENCIAL. Com o disciplinamento institudo pela lei n 8.630/93 e a consequente revogao expressa de vrios dispositivos legais que regravam a utilizao de mo-de-obra nos portos, surgiram questionamentos acerca da existncia do trabalho avulso fora da rea porturia.No entanto, como j dito em linhas anteriores, um dos objetivos da lei, relativamente mo-de-obra avulsa porturia, foi afastar a intermediao dos sindicatos de avulsos nas operaes
porturias, substituindo-os pelo rgo Gestor de Mo de Obra, sem, entretanto, excluir o trabalho avulso no-porturio. Esse entendimento j foi adotado pelo TRT da 6 Regio, quando do julgamento do processo n 00533-2004-010-06-00-8, publicado no dirio oficial em 21/04/2005, que teve como juiz relator Valdir Jos Silva de Carvalho, cuja ementa transcrevo abaixo: RECURSO ORDINRIO. TRABALHO AVULSO. SERVIO PRESTADO FORA DA LIDE PORTURIA. POSSIBILIDADE. O escopo da Lei n. 8.630/93 consiste em disciplinar o regime de explorao dos portos organizados e instalaes porturias, abolindo a atuao do ente sindical, na intermediao do labor prestado nas lides porturias, tarefa que passou a ser exercida pelos Orgos Gestores de Mo-de-Obra. Referido diploma legal, no entanto, no excluiu a possibilidade de outras formas de trabalho avulso, desde que presentes os elementos configuradores desse tipo de relao jurdica, de modo que no a circunstncia de emprestar a fora de trabalho longe da atividade desenvolvida nos portos, por si, razo suficiente para desnaturar liame dessa natureza. Recurso ordinrio a que se d provimento. Valentin Carrion assevera que o trabalhador avulso aquele que "presta servios a inmeras empresas, agrupado em entidade de classe, por intermdio desta e sem vnculo empregatcio". (in "Comentrios Consolidao das Leis do Trabalho". Editora Saraiva, 27a edio, pg. 34), Paulo Ribeiro Emlio de Vilhena ensina que "O trabalhador avulso o trabalhador adventcio, tal como conceitua a doutrina italiana: o prestador de servios alternados ou intermitentes, mas habitualmente indispensveis empresa, isto , o periodicamente necessrio e que se coordena a uma anormal necessidade ocorrente em intervalos mais ou menos breves, segundo exigncias inerentes ao exerccio da empresa. Os servios do avulso so peridicos e no ocasionais. As jornadas gozam de previso, cujo permetro relativamente condicional (a chegada do navio, a chegada do caminho)." (Relao de Emprego, Estrutura Legal e Supostos 2 ed. So Paulo: LTr, 1999 - p. 386). Aluisio Rodrigues, em estudo em homenagem a Elson Gottschalk, relata que "em todas as manifestaes do trabalho avulso, h sempre presentes alguns requisitos da relao de emprego definidora da figura do empregado. O trabalho executado por pessoa fsica, o servio de natureza no eventual, a contraprestao salarial satisfeita e o elemento dependncia est consubstanciado no acatamento das ordens ou determinao do beneficirio da prestao. Aprofundando-se na anlise, o contrato de atividade, e no de
resultado, e a remunerao por unidade de pea ou produo. Ocorre que, apesar de conter todas essas caractersticas do trabalho tutelado pelo artigo 3 da Consolidao das Leis do Trabalho, falta-lhe a ligao direta entre o prestador do servio e o tomador da mode-obra. H um intermedirio entre ambos: ou o sindicato da categoria ou o rgo de gesto de mo-de-obra do trabalho porturio, figura introduzida pela Lei n 8.630/93" (Noes atuais de Direito do Trabalho: estudos em homenagem ao professor Elson
Gottschalk/coordenao Jos Augusto Rodrigues Pinto - So Paulo: LTr, 1995 - pg. 100/ 101). No trabalho avulso no-porturio, o sindicato alm de ser o intermediador de mo-de-obra, obrigatoriamente, como prev o artigo 9, VI, do Decreto n 3.048/99, tem a incumbncia de elaborar as folhas de pagamento por contratante de servios especificando a remunerao paga a cada um dos trabalhadores [14], registrando o montante de mo-de-obra (MMO), bem como as parcelas referentes ao dcimo-terceiro salrio e s frias, inclusive, efetuar o pagamento do salrio-famlia mediante convnio com o INSS. O tomador de servio o responsvel pelo recolhimento de todas as contribuies previdencirias e daquelas destinadas a outras entidades ou fundos, bem como pelo preenchimento e entrega da GFIP, observadas as demais obrigaes previstas no Regulamento da Previdncia Social, de acordo com a Instruo Normativa MPS/SRP n 03/2005. Quanto legitimidade do sindicato para atuar como intermedirio na prestao de servios de trabalhadores avulsos no-porturios, a jurisprudncia tem adotado os seguintes posicionamentos: TRABALHADOR AVULSO. RESPONSABILIDADE DO SINDICATO. Embora o trabalho seja avulso, o sindicato de classe, mesmo no sendo empregador, organiza a atividade e se encarrega de cobrar os preos, com seus adicionais, para repass-los aos
trabalhadores.Responsabilidade da entidade sindical que se mantm para responder pelas diferenas reconhecidas. (TRT 12 R. 1 T. Ac. 07984 /99 - Rel. Juiz C. A. Godoy. DJ 26/07/99). TRABALHADOR AVULSO - RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO DAS PARCELAS TRABALHISTAS - APLICAO DA LEI N. 5.085/66. A Constituio Federal, em seu art. 7o, inciso XXXIV, concedeu igualdade de direitos entre os empregados com vnculo empregatcio e o trabalhador avulso, porm, a responsabilidade pela quitao das
parcelas trabalhistas dai decorrentes da entidade sindical, como preceitua a Lei 5.085/66. (TRT 24 R. - Ac. 0002697/97 Rel. Juiz Abdalla Jallad - DJ 16/12/97) Importante ressaltar, por se tratar de outra realidade social inconteste, o trabalho realizado por "chapas", que so aqueles trabalhadores que ficam s margens das rodovias ou s portas de estabelecimentos comerciais em busca de trabalho, normalmente, para carregarem ou descarregarem veculos. Estes no so avulsos, mas, trabalhadores autnomos, no albergados pela legislao trabalhista. A jurisprudncia tem reconhecido esta forma de prestao laboral, conforme os julgados abaixo: CHAPA. VNCULO EMPREGATCIO. INEXISTNCIA. No caracteriza o vnculo empregatcio o servio prestado pelos reclamantes na carga e descarga de caminhes de diversos proprietrios, sem subordinao jurdica. Tratam-se de trabalhadores autnomos, os conhecidos "chapas" na denominao comum. (ACRDO - 3. T - N. 11427/98.TRT/SC/RO-V 5841/98). RELAO DE EMPREGO. CHAPA. Inexiste vnculo empregatcio quando tipificada a atividade de chapa, trabalhando o reclamante em servios de carga e descarga de veculos somente quando existia este tipo de servio sem obrigao de comparecimento ou de permanecer disposio da empresa aguardando ou executando ordens. (TRT 12 R. RO-V 5180/92, Rel. Luiz Garcia Neto, DJ 8961, de 06-04-94, p. 63). CHAPA. VNCULO EMPREGATCIO. INEXISTNCIA. "chapa" o trabalhador braal que labora na carga e descarga de mercadorias de caminhes, recebendo a paga correspondente ao final do dia ou da semana, diretamente do interessado no servio executado ou do sindicato ou da cooperativa a que estiver vinculado, no gerando vnculo empregatcio com o tomador do servio. ACRDO-1T-N 09572/98- TRT/SC/RO-V 4340/98. Rel. Designada: LICLIA RIBEIRO''. A prestao de servio do avulso no-porturio, como dito anteriormente, ocorre em locais situados fora da rea dos portos organizados no meio urbano ou rural (na indstria, no comrcio, no meio agrcola etc), Trata-se de uma realidade social incontestvel e de grande monta, dado o universo de trabalhadores envolvidos. aqui que se encontra o cerne da questo. Ou seja, possvel diante da falta de disciplinamento legal utilizar trabalhadores avulsos para atender tais situaes sem configurar vnculo empregatcio com o tomador de
servio? A jurisprudncia inclina-se no sentido de que no h vnculo empregatcio, so exemplos, os julgados abaixo transcritos: VINCULO EMPREGATICIO - TRABALHADOR AVULSO. O fato de os trabalhadores avulsos arregimentados pelo sindicato prestarem servios no eventuais a uma mesma tomadora de servios, no caracteriza vinculo de emprego. Ademais, inexiste obrigao legal de o servio prestado ser de curta durao. Revista conhecida e provida. (2 Turma, TST - RR 182814/95, Rel. Min. ngelo Mario de Carvalho e Silva, DJ 06.02.1998). VNCULO DE EMPREGO. TRABALHADOR AVULSO. A caracterizao do trabalho avulso no se determina ou se afasta em razo do tempo em que prestados os servios. Presentes a totalidade dos elementos que informam a relao de trabalho avulso de se dar provimento ao recurso. (4 Turma, TRT 4 Regio - RO 00247.761/95-8, Rel. Juza Teresinha Maria Delfina Signori Correia,DJ 13.07.1998). VNCULO EMPREGATCIO. TRABALHADOR AVULSO. INOCORRNCIA. Tratandose de trabalhador avulso, vinculado ao Sindicato, tem-se como inexistentes os elementos caracterizadores da relao de emprego. Recurso desprovido.(TRT 4 R. 6 T. - Ac. 00412.921/97-9 Rel. Juza Tnia Maciel de Souza.. DJ 30/03/00) TRABALHADOR AVULSO. CARACTERIZAO. Ficando caracterizado pelas provas produzidas nos autos que o reclamante efetuava trabalhos atravs do Sindicato de sua categoria para empresa terceira, e que sua remunerao era paga atravs de repasses feitos pela entidade sindical, dos valores pagos por aquelas empresas a esta, absolutamente clara a situao do obreiro como trabalhador avulso. Recurso Provido Parcialmente.(TRT 10 R. 2 T. Ac. 2799/92 Rel. Juiz Miguel Setembrino DJU 18/02/93) TRABALHADOR AVULSO. INEXISTNCIA DE VNCULO EMPREGATCIO COM O SINDICATO INTERMEDIADOR DOS SERVIOS. No obstante terem os avulsos seus direitos trabalhistas equiparados constitucionalmente aos demais empregados, a doutrina e jurisprudncia ptrias so unnimes quanto a considerar inexistente o vnculo empregatcio entre estes e o sindicato fornecedor de mo-de-obra, que apenas repassa a remunerao efetivada pelo tomador de servios."(TRT 22 R. Ac. 0610/98 Rel. Juiz Fausto Lustosa Neto DJ 24/04/98) VNCULO EMPREGATCIO - TRABALHADOR AVULSO CONTRATADO ATRAVS DE SINDICATO - INEXISTNCIA - AUSNCIA DOS REQUISITOS DO ART. 3, DA
CLT. Restou demonstrado que a prestao de servios realizada pelo reclamante a empresa Matosul no se revestia dos elementos essenciais aptos a ensejar o reconhecimento de um vnculo empregatcio; ao contrrio, laborava o autor como trabalhador avulso, instituto jurdico previsto expressamente na legislao trabalhista e na Constituio Federal. O fato da reclamada estar sujeita ao recolhimento de verbas trabalhistas no leva, necessariamente, a concluso de que a mesma mantinha um contrato de trabalho com o reclamante. O recolhimento era feito atendendo as disposies contratuais avenadas entre a demandada e o Sindicato e est previsto expressamente no art. 7o, inciso XXXIV, da CF: a igualdade de direitos entre o trabalhador com vnculo empregatcio permanente e o trabalhador avulso, ensejadora de tais verbas trabalhistas. Provada cabalmente a intermediao do Sindicato no oferecimento de mo-de-obra e inexistindo continuidade na prestao dos servios, no h como se reconhecer o pretendido vnculo empregatcio, porquanto ausentes os requisitos do art. 3 da CLT."(TRT 24 R. Ac. 0001520/95 Rel. Juiz Lus Araldo Skibinski - DJ 28/04/95).
5-CONSIDERAES FINAIS. O trabalho avulso no-porturio no foi extinto com a edio da lei de modernizao dos portos e tem tido aceitao pela doutrina e pela jurisprudncia trabalhista. No entanto, diante da falta de disciplinamento legal de to importante atividade e da grande quantidade de trabalhadores envolvidos, os sindicatos de avulsos no-porturios, por aplicao analgica das leis 8.630/93 e 9.719/98 poderiam adotar alguns de seus ditames, atuando da mesma forma que o rgo Gestor de Mo-de-Obra, por exemplo: organizando o efetivo de trabalhadores, de forma a propiciar equitativa distribuio de trabalho; verificarem se as normas de segurana e sade no trabalho esto sendo cumpridas pelos tomadores de servio; arrecadarem e repassarem aos respectivos beneficirios os valores devidos pela prestao de servio, incluindo frias e gratificao de natal, com a incidncia do FGTS e contribuio previdenciria, entre outros. Ao agirem dessa forma, estariam a exercer papel fundamental na garantia dos direitos trabalhistas e previdencirios dos trabalhadores, afastando a precariedade do trabalho existente em algumas situaes. Logicamente que, para bem exercerem seus misteres, devem ter uma estrutura administrativa mnima. Fora desse contexto, esto sendo meros intermediadores de mo-de-obra, a gerar insegurana para os tomadores de servio e,
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