Gerencia Rejeitos Radioativos

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GERÊNCIA DE REJEITOS RADIOATIVOS

Rejeito Radioativo: “....são todos aquele materiais gerados nos diversos usos dos
materiais radioativos, que nào podem ser aproveitados e que contêm subst6ancias
radioativas em quantidades tais que não podem ser tratados como lixo comum.”

1 INTRODUÇÃO:

Radionuclídeos na pesquisa:
• crescimento considerável na utilização;
• os principais radionuclídeos utilizados nos laboratórios caracteriza-se por emissões
de energia baixa e por meias-vidas curtas ( H-3 e o C-14 );
• as concentrações de atividade manipuladas são baixas, em relação à gerência de
rejeitos radioativos;
• o volume e as concentrações de atividade manipuladas são baixas, mas é
necessário a gerência de rejeitos radioativos para minimizar as doses nos
trabalhadores e indivíduos do público e preservar o meio ambiente.

Tabela 1 - Principais radionuclídeos utilizados em laboratórios de pesquisa

RADIONUCLÍDEO TIPO DE EMISSÃO MEIA-VIDA

H-3 β 12,2 anos


C-14 β 5.730 anos
Na-24 βeγ 14,9 horas
P-32 β 14,3 dias
S-35 β 87,9 dias
Ca-45 β 163 dias
Cr-51 γ 27,8 dias
Ga-67 γ 78,3 horas
Tc-99m βeγ 6 horas
I-125 γ 60,2 dias
I-131 βeγ 8 dias
Au-198 βeγ 2,7 dias
Tl-201 γ 73,1 horas
2 CLASSIFICAÇÃO DOS REJEITOS RADIOATIVOS:

Classificados em três grupos: sólidos, líquidos e biológicos.

Os rejeitos sólidos:
• luvas, ponteiras de pipetas e micropipetas, papéis de limpeza (papel higiênico,
lenços de papel, papel toalha), algodão, e materiais de forração de bancadas e
leitos;
• densidade média de 0,1 g/cm3.;
• são classificados como “rejeito sólido β,γ de baixo nível de radiação (SBN)”,conforme
Norma CNEN-NE-6.05 “Gerência de rejeitos radioativos em instalações radiativas”;
• são classificados como rejeitos sólidos compactáveis.

Os rejeitos líquidos:
• são classificados de acordo como “rejeito líquido β,γ de baixo nível de radiação
(LBN)”, conforme Norma CNEN-NE-6.05;
• os orgânicos de soluções cintiladoras ou os inorgânicos constituem-se de soluções
tampão e de lavagem.

Os rejeitos biológicos:,
• cobaias utilizadas nos experimentos;
• recebem a mesma classificação que os rejeitos sólidos;
• são agrupados separadamente devido a patogenicidade associada aos mesmos,
aos cuidados distintos no manuseio e ao tipo de tratamento posterior.

3. SISTEMA DE GERÊNCIA DE REJEITOS EM LABORATÓRIOS DE PESQUISA:


A gerência de rejeitos radioativos é um conjunto de atividades administrativas e
técnicas envolvidas no manuseio de materiais radioativos.
O fluxograma apresenta as etapas do gerenciamento de rejeitos na própria instalação,
onde foi gerado..

3.1 Aquisição, utilização e geração de rejeitos radioativos


A utilização de substâncias radioativas em instituições de pesquisa, está condicionada a aprovação
prévia da Comissão Nacional de Energia Nuclear, CNEN, de acordo com a Norma CNEN-NN-6.01.

3.2 Minimização
• volume de rejeitos radioativos gerados está relacionado, ao número de embalagens
de coleta, transporte e a área para armazenamento;
• qualquer redução deste volume, implicará em uma redução significativa dos custos
de sua gerência e ao envio de alguns rejeitos ao CENEN, pois uma das variáveis do
valor cobrado é o volume de rejeitos.

• rejeitos sólidos
- reutilização de luvas e materiais de transferência, tais como ponteiras de
micropipetas;
- racionalização do consumo de papéis de limpeza e de forrações de bancadas;
- monitoração das forrações de bancadas, descartando como rejeito radioativo
apenas as áreas contaminadas.
• rejeito líquido
- redução do volume de soluções de análise;
- otimização do volume de soluções de lavagem.
• rejeito biológico
- otimização da atividade administrada;

considerar a utilização de novos processos e metodologias: redução da atividade


manipulada, substituição do radionuclídeo utilizado por outro de meia-vida mais curta.

3.3 Segregação e coleta


• rejeitos radioativos segregados fisicamente: sólidos e líquidos e por radionuclídeo
presente;
• coletados no mesmo local em que foram gerados, em recipientes específicos para
rejeitos radioativos, identificados com o símbolo de radiação, outros recipientes para
o lixo “comum”;
• embalagem para coleta de rejeitos radioativos sólidos é o saco plástico amarelo
com espessura entre 0,08 - 0,2 mm, de 20 litros, inserido em lixeira de acrílico ou
chumbo, radionuclídeo manipulado;
• objetos perfurocortantes devem ser descartado em pequenas caixas ou latas.

• rejeitos radioativos líquidos inorgânicos coletados separadamente dos orgânicos,


em recipientes plásticos ou vítreos, com capacidade variando entre 2 e 20 litros;
• certificar que os rejeitos coletados possuem a mesmas características químicas e
que não vão causar reações exotérmicas ou geração de gases, e os recipientes
devem ser colocados sobre uma bandeja de material inquebrável, com
profundidade suficiente para conter a quantidade do líquido, caso haja um
derramamento.
• rejeitos biológicos (cobaias) devem ser embrulhados, um a um, em papel
permeável ( jornal ), e armazenados em freezer, destinado para este fim.

3.4 Caracterização primária


• consiste na avaliação e determinação de diversas características, sejam elas
físicas, químicas e radiológicas.
• Características radiológicas é necessário a determinação da concentração de
atividade para definir o destino dos rejeitos, se serão eliminados na rede de esgoto
ou na coleta de lixo urbano ou hospitalar, se serão armazenados para decaimento e
posterior eliminação, se serão enviados para incineração, ou ainda se serão
enviados aos institutos da CNEN para tratamento.
• rejeitos radioativos líquidos a determinação da concentração de atividade,
equipamentos, é obtida a partir da implantação do seguinte procedimento padrão:
a) homogeneizar o volume total do rejeito;
b) retirar alíquota representativa e suficiente para análise;
c) contar em equipamento devidamente calibrado;
d) calcular a concentração em Bq/mL ou µCi/mL.
• nos rejeitos sólidos a determinação da concentração da atividade é difícil, pois o
rejeito não é homogêneo, a energia de alguns radionuclídeos presentes é muito
baixa, e os laboratórios não dispõem de equipamentos para realização de análises
para classificação dos mesmos.

Recomenda-se a realização do balanço de atividade durante o manuseio com substâncias radioativas,


como por exemplo:
a) anotar a atividade inicial a ser utilizada no experimento, A0;
b) determinar a atividade do rejeito líquido gerado, A1;
c) determinar a atividade retida nos recipientes de transferência, At (considerar 2%
de A0);
d) determinar a atividade na sobra, As;
e) calcular a atividade no rejeito sólido, Ars = A0 - ( A1 + At + As );
f) se os recipientes de transferência forem descartados como rejeito sólido, somar
suas atividades à Ars;
g) pesar o rejeito sólido;
h) determinar a concentração de atividade em Bq/g ou nCi/g.
A caracterização dos rejeitos biológicos é feita por meio da determinação da razão
entre a atividade administrada na cobaia e a massa da mesma.

3.5 Registros
Todos os dados referentes a gerência de rejeitos radioativos devem ser anotados em
formulários próprios. Basicamente, três tipos de formulários são utilizados para este
fim. Um formulário para controle de aquisição e utilização de substâncias radioativas,
apresentado na figura 2, que deve ser preenchido pelo gerador e outros dois
formulários para controle de armazenamento e eliminação de rejeitos, apresentados
nas figuras 3 e 4, que devem ser preenchidos pelo Serviço de Radioproteção.

LABORATÓRIO: RADIONUCLÍDEO:

AQUISIÇÃO UTILIZAÇÃO GERAÇÃO DE REJEITOS PESQUISADOR


Data Atividad Data Atividad Atividade Atividade RESPONSÁVE
e e rejeito rejeito líquido L
( mCi ) ( mCi ) sólido ( mCi )
( mCi )

Figura 2 - Controle de aquisição e utilização de substâncias radioativas e de


geração de rejeitos.

CÓDIGO ORIGE DATA RADION. ATIVIDA PESO CONC. DATA DATA DATA
DA M DA PRESEN DE (g) ATIVIDA PREVIST DO ENVI
EMBALA (LAB.) COLE TES ESTIMA DE A DESCA O
GEM TA DA (nCi / g) DESCAR RTE CNEN
(nCi) TE

Figura 3 - Controle de armazenamento e eliminação de rejeitos radioativos


sólidos

CÓDIGO ORIGE DATA RADION. VO CONC. DATA DATA DATA DATA


EMBALAG M DA PRESEN L ATIVIDAD PREVIS DO ENVI ENVIO
EM (LAB.) COLET TES (m E TA DESCAR O INCINE
A L) (µCi / mL) DESCA TE CNEN R.
RTE

Figura 4 - Controle de armazenamento e eliminação de rejeitos radioativos


líquidos
Além desses formulários, é de responsabilidade do gerador e do Serviço de
Radioproteção, o preenchimento da etiqueta de identificação de cada embalagem que
contenha rejeitos radioativos. Um exemplo dos dados que devem estar contidos nesta
etiqueta é apresentado na figura 5.
REJEITO RADIOATIVO
NOME E LOGOMARCA DA
INSTITUIÇÃO
Origem:
Data de recolhimento:
Descrição do material:

ETIQUETA DE IDENTIFICAÇÃO
DE REJEITOS RADIOATIVOS
Radionuclídeos presentes:
Atividade / data:
CUIDADO Taxa de dose na superfície:
Forma física:
Composto químico
Peso ou volume:
Risco biológico:
Cuidados adicionais:
MATERIAL RADIOATIVO
EM CASO DE EMERGÊNCIA
CHAMAR.....................
Responsável / data:
frente verso
Figura 5 - Exemplo de etiqueta de identificação de rejeitos radioativos

3.6 Armazenamento, eliminação ou envio aos institutos da CNEN


Após a realização da caracterização primária dos rejeitos, podemos definir o destino
final dos mesmos, ou seja, se serão eliminados imediatamente, se serão armazenados
para eliminação futura, ou ainda se serão encaminhados aos institutos da CNEN . Esta
definição baseia-se na meia-vida dos radionuclídeos presentes nos rejeitos e na
concentração de atividade dos mesmos.

• rejeitos sólidos
De acordo com a Norma CNEN-NE-6.05, o limite de descarga para os rejeitos sólidos é
de 74 Bq/g (2 nCi/g), para qualquer radionuclídeo. Isto significa que aqueles rejeitos,
cuja atividade específica seja inferior a 74 Bq/g, são considerados resíduos e podem
ser eliminados na coleta de lixo urbano ou hospitalar. Aqueles rejeitos com atividade
específica superior a este limite devem ser armazenados na própria instalação por um
período que permita o decaimento de sua atividade até valores inferiores ao limite de
descarga. Para a determinação do tempo de armazenamento utiliza-se a seguinte
expressão:
ln (Ao / A) .
T =
λ
onde:
Ao é a atividade específica do rejeito determinada na etapa de caracterização
primária
A é o limite de descarga estabelecido na Norma CNEN-NE-6.05 de 74 Bq/g;
λ é a constante de decaimento do radionuclídeo presente, λ = ln2 / T1/2;
T1/2 é a meia-vida do radionuclídeo presente.
Baseando-se nos radionuclídeos manipulados nas instituições de pesquisa, o período
máximo de armazenamento recomendado é de 2 anos. Aqueles rejeitos com atividade
específica superior ao limite de descarga, e que necessitem de um período de
armazenamento superior a 2 anos devem ser enviados ao institutos da CNEN para
tratamento. Enquadram-se nesta categoria, principalmente, os rejeitos contendo H-3 e
C-14.

• rejeitos líquidos
De acordo com a Norma CNEN-NE-6.05, a eliminação de rejeitos líquidos na rede de
esgotos sanitários está sujeita aos seguintes requisitos:
a) o rejeitos deve ser prontamente solúvel ou de fácil dispersão em água;
b) a quantidade de cada radionuclídeo liberada diariamente pela instalação, na rede
de esgoto sanitários, não deve exceder o maior dos seguintes valores:
- a quantidade que, se diluída no volume médio diário de esgoto, liberado pela
instalação, resulte numa concentração média igual aos limites especificados na
tabela 2, coluna 1;
- dez vezes o limite especificado na tabela 2, coluna 2;
- a quantidade anual total de radionuclídeos, excluindo o H-3 e o C-14, liberada na
rede de esgoto sanitário, não deve exceder 3,7 x 1010 Bq (1 Ci);
- a quantidade anual de H-3 e C-14, liberada na rede de esgoto sanitário, não
deve exceder 18,5 x 1010 Bq (5 Ci) e 3,7 x 1010 Bq (1 Ci), respectivamente.

Aqueles rejeitos com concentração de atividade ou atividade total superior aos limites
apresentados, devem ser armazenados na própria instalação por um período que
permita o decaimento de sua atividade até valores inferiores ao limite de descarga.
Para a determinação do tempo de armazenamento utiliza-se a seguinte expressão:

ln (Ao / A) .
T =
λ
onde:
Ao é a concentração de atividade do rejeito determinada na etapa de caracterização
primária
A é o limite de descarga do radionuclídeo, estabelecido na Norma CNEN-NE-6.05 de
acordo com a tabela 2;
λ é a constante de decaimento do radionuclídeo presente, λ = ln2 / T1/2;
T1/2 é a meia-vida do radionuclídeo presente.
Tabela 2 - Limites máximos permissíveis para liberação de rejeitos radioativos
líquidos
Coluna 1 Coluna 2
RADIONUCLÍDEO Concentração de atividade Atividade total
Bq / mL µCi / mL 104 Bq µCi
3
H-3 3,7 x 10 1 x 10-1 40 10
C-14 7,4 x 102 2 x 10-2 400 100
Na-24 2,2 x 102 6 x 10-3 40 10
P-32 1,8 x 101 5 x 10-4 40 10
S-35 7,4 x 101 2 x 10-3 400 100
Ca-45 1,1 x 101 3 x 10-4 40 10
Cr-51 1,8 x 103 5 x 10-2 4000 1000
Ga-67 3,7 x 101 1 x 10-3 40 10
Tc-99m 7,4 x 103 2 x 10-1 400 100
I-125 1,5 4 x 10-5 4 1
I-131 2,2 6 x 10-5 4 1
Au-198 7,4 x 101 2 x 10-3 400 100
Tl-201 3,3 x 102 9 x 10-3 400 100

Assim como para os rejeitos sólidos, em geral, o período máximo de armazenamento é


de 2 anos e aqueles rejeitos com concentração de atividade superior ao limite de
descarga, e que necessitem de um período de armazenamento superior a 2 anos
devem ser enviados ao institutos da CNEN para tratamento. Enquadram-se nesta
categoria, principalmente, os rejeitos contendo H-3 e C-14.
Alguns rejeitos líquidos orgânicos possuem em sua composição química, solventes
orgânicos (tolueno, xileno, benzeno). Por este motivo, estes rejeitos, mesmo
apresentando concentração de atividade inferior ao limite de descarga e sendo
prontamente dispersável, não devem ser eliminados na rede de esgoto. Neste caso, a
instituição deve contatar uma empresa que disponha de incinerador, para que estes
efluentes sejam incinerados.

• rejeitos biológicos
Os procedimentos para armazenamento e eliminação deste tipo de rejeito são os
mesmos que aqueles adotados para os rejeitos sólidos.
3.7 Local de armazenamento para decaimento
O local da instalação, destinado ao armazenamento dos rejeitos, devem atender a
diversos critérios estabelecidos na Norma CNEN-NE-6.05. Estes critérios são:
a) conter com segurança os rejeitos, do ponto de vista físico e radiológico, até que
possam ser eliminados ou enviados aos institutos da CNEN;
b) possuir um sistema que permita o controle da eliminação;
c) dispor de monitoração de área;
d) situar-se distante das áreas normais de trabalho, sendo cercado e sinalizado, com
acesso restrito a pessoal autorizado;
e) ter piso e paredes impermeáveis, com cantos arredondados;
f) possuir blindagem para o exterior;
g) possuir sistemas de ventilação, exaustão e filtragem;
h) possuir proteção contra entrada de animais;
i) apresentar delimitação clara das áreas de trabalho;
j) possuir sistemas de tanques e drenos;
k) dispor de meios para evitar decomposição de matérias orgânicas;
l) prover segurança contra ação de eventos induzidos por fenômenos naturais;
m) possuir barreiras para minimizar a dispersão de material radioativo;
n) dispor de procedimentos de trabalho;
o) possuir planos de proteção física e radiológica, para situações normais e de
emergência.

EXERCÍCIOS

1. Considerando que a concentração de atividade de um rejeito sólido contendo 131I, é


de 592 Bq/g, qual o tempo de estocagem para que esse rejeito possa ser liberado
na coleta de lixo comum? Dado: T1/2 = 8 dias
2. De acordo com a Norma CNEN-NE 6.05, como são classificados os rejeitos líquidos
e sólidos em instituições de pesquisa?
3. Podemos liberar na rede de esgoto sanitário, 10 litros de rejeito líquido contendo 32P
com concentração de atividade de 4 x 107 Bq/m3 ?
4. Quais as principais características a serem consideradas na segregação de
rejeitos?
5. Possuímos em nosso laboratório uma bombona contendo 20 litros de rejeito
radioativo contaminado com 14C. Após caracterização, verificamos que a
concentração de atividade é de 15 x 108 Bq/m3 . Este rejeito pode ser liberado para
a rede de esgoto sanitário?
6. O que é gerência de rejeitos radioativos?
7. Quais as principais características do local destinado ao armazenamento provisório
de rejeitos?
8. O controle de rejeitos radioativos deve ser registrado. Quais os dados devem
constar nestes registros?
9. Como podemos avaliar a concentração de atividade dos rejeitos radioativos
líquidos, sólidos e biológicos?
10. Quais procedimentos podemos adotar para minimizar o volume de rejeitos
radioativos sólidos, líquidos e biológicos?

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