Nadjala Ghabar - Dissertação Sobre Druzos

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1

PONTIFCIAUNIVERSIDADECATLICADESOPAULO
PUCSP




Najla

LAR DRUZO BRASILEIRO:


O DRUZISMO VERDE E AMARELO



MESTRADOEMCINCIASDARELIGIO

SoPaulo
2013
2

PONTIFCIAUNIVERSIDADECATLICADESOPAULO
PUCSP



Najla


LAR DRUZO BRASILEIRO:
O DRUZISMO VERDE E AMARELO

MESTRADOEMCINCIASDARELIGIO
















Dissertao apresentada Banca
Examinadora como exigncia parcial para
obtenodottuloemMestreemCinciasda
Religio, pela Pontifcia Universidade Catlica
de So Paulo, sob a orientao do Prof.
DoutorFrank Usarski.


SoPaulo
2013
3

BancaExaminadora


_______________________________


_______________________________


_______________________________

4


DEDICATRIA (OPCIONAL)
5

AGRADECIMENTOS

6

RESUMO

Esta pesquisa se refere presena do druzismo no Brasil, especificamente no Lar
Druzo Brasileiro de So Paulo, uma das instituies representativas da comunidade
druza no pas. O objetivo deste trabalho conhecer a histria dessa instituio, bem
como identificar os elementos que a caracterizam como uma comunidade-referncia na
formao da identidade druza no Brasil.
Esta dissertao composta por trs captulos. No primeiro captulo "O
Druzismo" recuperada a histria da religio, desde suas origens at assumir a forma
como a conhecemos. Posteriormente, so apresentados os elementos da organizao, da
doutrina e das prticas que caracterizam essa tradio religiosa. No segundo captulo
"Lar Druzo Brasileiro, do passado ao presente, feito um resgate da histria dessa
instituio, bem como das aes que promovem o exerccio da identidade druza entre os
pares da comunidade. Para finalizar, o terceiro captulo "O papel do Lar Druzo
Brasileiro luz dos depoimentos da prpria comunidade" discute o papel que o LDB
ocupa na formatao da identidade druza para seus membros.

Palavras-chave: Druzismo, druzos, religio, Lar Druzo Brasileiro.

7

ABSTRACT

This research refers to the presence of the Druzism in Brazil, specificallly in the
Lar Druzo Brasileiro de So Paulo, one of the representative institutions of the Druze
community in the country. This work aims at knowing the history of this institution as
well as identifying the elements which characterize it as a reference in the formation of
Druzes identity in Brazil.
This work has been divided in three chapter. In the first one entitled The
Druzism, has been rescued the history of religion since its origins until nowadays.
Subsequently, it is presented the elements of the organization, doctrine and practices
that characterize this religious tradition. In the second chapter, entitled Lar Druzo
Brasileiro, from past to present, it is rescued the history of this institution, as well as
the actions that promote the practice of identity among peers in a Durze community.
And finally, in the third chapter, entitled "O papel do Lar Druzo Brasileiro luz dos
depoimentos da prpria comunidade" which discusses the role of the LDB in the Druze
identity formating towards its members.

Keywords: Druzism, druzes, religion, Lar Druzo Brasileiro.

8

SUMRIO


INTRODUO.............................................................................................................09

CAPTULO I - O Druzismo..........................................................................................11

CAPTULO II - Lar Druzo Brasileiro, do passado ao presente....................................30

CAPTULO III - O papel do Lar Druzo Brasileiro luz dos depoimentos da prpria
comunidade.....................................................................................................................66

CONSIDERAES FINAIS........................................................................................81

BIBLIOGRAFIA...........................................................................................................83



















9


INTRODUO
A presente pesquisa Lar Druzo Brasileiro: O Druzismo Verde Amarelo, refere-se
presena do druzismo no Brasil, especificamente no Lar Druzo Brasileiro de So Paulo
(LDB
1
), uma das trs instituies que rene e representa a comunidade druza no Brasil.
O objetivo deste trabalho conhecer a histria dessa instituio, bem como identificar
os elementos que a caracterizam como uma comunidade referncia na formao da
identidade druza no Brasil.
Nosso estudo tambm visa ampliar o universo do conhecimento sobre o Unitarismo,
visto que esse um campo de pesquisa praticamente indito no Brasil. Apesar de fazer
parte das muitas tradies religiosas que compem o campo religioso brasileiro, o
druzismo uma religio absolutamente negligenciada no mbito das Cincias da
Religio brasileira, pois no h nenhum estudo sistemtico que o trate como religio
que . Os dois nicos trabalhos encontrados que tangenciam essa temtica pertencem a
outras abordagens, e ambos no tm como objeto a religio, apesar de utiliz-la para
desenvolver seus trabalhos.
Para colaborarmos com a diminuio dessa lacuna, elaboramos um percurso didtico
que permitir ao leitor compreender os principais elementos que caracterizam o
universo druzo, identificando os elementos de permanncia desta comunidade, que
faz com que a gerao que nasceu no Brasil - a segunda gerao dos druzos
brasileiros - ainda se reconheam como tal e assumam a tarefa anunciada, pelos
fundadores, de preservar a tradio.
O primeiro captulo - O Druzismo - resgata a histria da origem dessa religio at
assumir a forma como a conhecemos. Posteriormente, so apresentados elementos que
caracterizam a organizao, a doutrina e as prticas dessa tradio.
O segundo captulo - LDB, do passado ao presente - recuperamos a histria desta
associao, bem como as aes que promovem o exerccio dessa identidade entre os
pares da comunidade. Partiremos das motivaes e circunstncias que envolveram a
fundao do LDB; conheceremos o caminho criado pelas diferentes lideranas, que na

1
O Lar Druzo Brasileiro ser identificado pela sigla LDB.

10

preocupao de unir o passado ao presente, criaram caminhos que de alguma forma
envolvessem no s a gerao imigrada como aqueles que nasceram e nascero longe
das razes que os geraram. Nesse contexto, sero apresentados alguns dos principais
elementos que caracterizam essa instituio, que vo desde estrutura fsica e financeira,
atividades no religiosas e religiosas que so realizadas intra e extra muros .
O terceiro captulo - O papel do LDB luz dos depoimentos da prpria comunidade-
teremos a oportunidade de nos aproximarmos da subjetividade dos participantes dessa
comunidade, "dando voz" aos seus membros, para compreendermos como essa
identidade elaborada. Num primeiro momento conheceremos os aspectos
metodolgicos que envolveram essa pesquisa, em seguida apresentaremos os resultados,
para ento finalizarmos com a interpretao das entrevistas luz do quadro terico.
Vale lembrar que a identidade dos entrevistados ser protegida, portanto, no haver
qualquer identificao na apresentao dos depoimentos.




















11

Captulo I - O DRUZISMO

1.1 Reflexo preliminar
Tendo o presente trabalho como ttulo: Lar Druzo Brasileiro: O Druzismo Verde
Amarelo, para nos aproximarmos do objeto desta dissertao faz-se necessrio
conhecermos o druzismo, religio dos druzos que justifica a existncia do Lar Druzo
Brasileiro, e que nas palavras de um dos scios fundadores Rafic Chaar seria "um lugar
que proporcionasse a unio familiar, fortalecesse os laos e preservasse os costumes e a
tradio".
Para tanto, elaboramos um percurso didtico que permitir ao leitor compreender os
principais elementos que caracterizam o universo druzo. Nosso ponto de partida a
histria da origem da religio at assumir a forma como a conhecemos. Posteriormente,
nos debruaremos sobre a organizao, doutrina e prticas que caracterizam essa
tradio.
Ao longo do texto teremos a oportunidade de conhecer uma das principais fontes do
druzismo que influenciou de maneira significante a articulao final dessa religio: o
xiismo, uma das principais vertentes do Isl. Concentram-se aqui apenas os aspectos
que so essenciais para essa compreenso, j que no nossa inteno trabalhar com
todos os elementos que o caracterizam, mas sim, os que so comuns a ambas. So eles:
monotesmo, mahdi, Id al-Adha (celebrao da Festa do Sacrifcio) e Taqiyyah
(dissimulao).

1.2 Os Druzos

Apresentar os druzos e sua religio, o druzismo, no tarefa fcil pois as controvrsias
comeam pelo prprio nome. Apesar de publicamente serem conhecidos como druzos,
autodenominam-se Unitaristas, em rabe Muahidin. Insistem que essa nomenclatura
mais correta j que anuncia o cerne de sua f, a crena no Deus nico:
Reconhecem Deus Todo-Poderoso como Ser nico e Eterno [...] Uma
religio que se desenvolveu, prosperou, amadureceu e cresceu junto
ao Islamismo, Cristianismo e outras fs mais antigas (MOUKARIM,
2003, p.11).

12

Na literatura possvel encontrar diferentes justificativas para o termo druzo. A mais
popular estaria relacionada ao missionrio Nachtakin Adrazi (da, druzo), que
incumbido de disseminar a doutrina no Lbano e na Sria, traiu sua comunidade
alterando as mensagens e os ditos em benefcio prprio e por isso acabou sendo morto
por seus pares. Outra possvel explicao para o termo apresentada pelo Sheique
Nagib Assarauy (1967, p.24):

Outros historiadores afirmam que o nome Durzi (em rabe) no vem de Adrazi
e sim do nome do clebre comandante Anujur Adduruzi que dirigiu as foras
Fatimitas na Sria e foi vencedor dos Marceditas (habitantes de Alepo), que se
movimentaram rumo Palestina para fazer retroceder as tropas Fatimitas.
Afirmam tambm que o nome Durzi no pode de ser corruptela de Addraz.

A controvrsia no se limita ao nome, tambm diz respeito a como diferentes autores
apresentam essa religio. Vejamos: Assrauy refere-se a ela como seita xiita islmica
qual foram acrescentadas contribuies de filsofos gregos, gerando um tipo de
sincretismo religioso. Makarem a ela se refere como uma ordem secreta, de cunho
esotrico. Mircea Eliade a classifica como uma seita de ghults, ou extremistas, que
proclamam a divindade dos ims e a crena na metensomatose das almas
2

(tansukh al-
arwh) e Firro acrescenta a presena de princpios do hindusmo doutrina original.
Por enquanto, em linhas gerais, podemos dizer que druzo todo aquele que nasce dentro
da religio druza, no havendo converso, isto , no h possibilidade de algum de
outro credo tornar-se druzo. Estes acreditam que, perante Deus, o fundamental a
verdade, e que a falsidade o pior mal. Por serem transmitidos fundamentalmente por
tradio oral, os ensinamentos so aprendidos na famlia, sendo pai e me os
responsveis por manter viva a tradio druza. na infncia que aprendem a lngua e os
preceitos que aliceram as regras de convivncia; afinal, para o druzo, viver aprende-se
vivendo, ser druzo aprende-se no dia-a-dia convivendo, casando-se entre seus pares e
enterrando seus mortos, com a promessa de que suas almas reencarnaro novamente
como druzos.



2
Transmigrao de corpos
13


1.3 As Origens e Perodo Formativo

O druzismo tem sua origem no sculo X, no ano de 1017, na cidade do Cairo, Egito
3
.
fundado no perodo de ascenso do califa fatimida Al Hakim Bi Amr Allah,
"governante por merc de Deus", quando alguns de seus seguidores, o proclamam
Mahdi, " a encarnao divina"
4
.
O perodo que compreende a origem e a formao do druzismo recebe o nome de
Da'wa, em portugus, Chamado Divino. Inicia-se em 1017, com o reconhecimento do
califa fatmida
5
Al Hakim, como a encarnao do Uno
6
e caracteriza-se pela pregao e
divulgao da nova f. Aps sua morte, desencadeia-se uma srie de perseguies e
como decorrncia dessas, em 1043 encerra-se "o Chamado" e a comunidade torna-se
fechada, pois no buscava e nem aceitava novos convertidos. Foram vinte e seis anos de
Da'wa.
Para compreendermos o que vem a ser o Chamado e seus desdobramentos preciso
voltar no tempo. Al Hkim promove a abertura do Chamado (1017-1021) em que ele
[...] anuncia uma nova era, na qual a verdade sobre a Unicidade de Deus seria
revelada e o conhecimento divino seria aberto para aqueles que tinham se
preparado para este momento desde a origem do homem. Editou um decreto,
estabelecendo que as pessoas removessem, de si mesmas, as causas do medo, da
alienao, do conformismo e encorajou-as a declarar abertamente a sua crena
(KADI, 1997, p.50).

Nesse momento a converso deveria ser voluntria. A aceitao do novo membro
acontecia numa conveno, na qual testemunhas atestavam quanto honestidade,
integridade e valor pessoal do candidato. Posteriormente, as listas com os nomes dos
novos adeptos eram encaminhadas para o primeiro e o segundo Dignitrios. Aps serem
aceitos na comunidade, os convertidos que acreditavam no novo Chamado reuniam-se

3
Algumas fontes bibliogrficas datam o druzismo como uma religio que teria surgido no sculo XI, na
Sria.
4
Desde o estabelecimento deste califado (unio do poder temporal e espiritual), em 909-1171, com uma
pregao extensiva, estimulou-se uma expectativa em torno da volta do Mahdi (guiado por Deus,
designando o im de que se espera a vinda ou o regresso), personificado na figura do im califa.
5
Dinastia que alegava serem descendentes de Ali e Ftima, genro e filha do Profeta Mohamed,
respectivamente.
6
Deus nico.
14

de comum acordo, por sua livre escolha. Ser druzo, portanto, no uma atribuio
divina, mas sim uma escolha, opo consciente, feita historicamente. considerado
como um ato irreversvel e naturalizado como uma herana gentica (KADI, 1997,
p.51).
Para angariar novas converses o califa Al Hakim liderou um grupo de cinco homens,
espcie de ministros (hudud), cuja funo bsica era servi-lo e revel-lo como Senhor
do universo. So conhecidos como hudud Sham'a deTawhid (vela do Unitarismo), no
por acaso descritos como cinco Luminares ou Dignitrios Espirituais, ou seja, aqueles
que de alguma forma so responsveis pela "vela que emana a luz" da mensagem, que
a Unicidade de Deus. So os nicos que revelaram a religio de Tawhid e que
chamaram a humanidade a abra-la. Cada um deles seria representante de um estado
fsico e outro espiritual. Durante o Chamado, foram eles:

I - Hamza bin-Ali, conhecido como Al-AKel, a Mente Universal (razo);
II - Ismail Mohammad Al-Tamimi, conhecido como Al- Nafs, a Alma
Universal;
III Mohammad Wahd Al Qurashi, conhecido como Al-Kalima, o Verbo;
IV - Salama Abdel-Wahhab, Al-Samurri, a Asa Direita, tambm conhecido
como o Antecessor e a Causa;
V - Baha Al-Din, Al-Muqtana, a Asa Esquerda, tambm conhecido como o
Sucessor e o Efeito (MOUKARIM, 2003, p.18).

Os drusos acreditam que os Luminares so emanaes da Mente Universal,
repetidamente passam de uma vida para a outra. Para exemplificar, o primeiro dos cinco
Luminares: Hamza bin-Ali, Al Akel (A Mente Universal), teria aparecido em todas as
pocas, mas sob diferentes nomes. So eles: na era de Ado, ele foi Shantil; na era de
No, ele foi J ibrael; na era de Abro, ele foi Duwijanis; na era de Isaas, ele foi Cristo;
na era de Maom, ele foi Salman El-Farsi e na era de Al Hakim, ele foi Hmza Bin-Ali.
Entre os Luminares destaca-se a figura de Hamza bin-Ali, que deu vida nova f.
Considerado o verdadeiro pai da doutrina druza, mostra-se um pregador incansvel,
convoca todos os partidrios do califa Al Hakim que nele veem a emanao do Uno.
Desta forma:
A f dos druzos vinha da doutrina de Hamza ibn 'Ali ; ele levou em frente a
ideia ismaelita de que os ims eram encarnaes das inteligncias emanadas do
Deus nico, e afirmava que o prprio Uno estava presente para os seres
humanos, e havia finalmente se encarnado no califa fatimida Al -Hakim (966-
15

1021) que desaparecera das vistas humanas mas ia voltar (HOURANI, 2001,
p.194).

Por volta de 1018, Hamza se retira para meditar e planejar. Sua relao com Al Hakim
fica cada vez mais slida. Hamza se proclama im, guia e porta-voz do califa. Em 1021,
misteriosamente Al Hakim desaparece. Hamza declara que o califa se retirara, mas
haveria de voltar. Quarenta dias aps o desaparecimento de Al Hakim, seu sucessor, o
califa al-Zahir comeou a perseguio aos Unitaristas.
Uma nova fase se iniciou conhecida como os sete anos de perseguio (1021 a 1027).
Aqui encontraremos duas verses. Uma delas relata que, juntamente com outros trs
luminares, Hamza se refugia no Cairo, ficando em silncio durante os anos de
perseguio. A outra, narra o desaparecimento de Hamza, bem como dos outros trs
Luminares:
Hamza teria desaparecido no final de 1021 como o xiita Al-Mahdi, mas
aparecer no fim dos tempos em grande poder e glria para destruir aqueles que
rejeitaram a apoteose de Al- Hakim. Depois dele os hudud -ministros tambm
desaparecem, com exceo De Baha al-Din al-Muqtana, que assumiu o
comando da administrao da comunidade druza- (MOOSA, 2011, p 4).

De 1027 a 1035 o Unitarismo volta a se expandir, agora sob a liderana do luminar
Baha al Din. Este recebe uma carta de Hamza, ordenando-lhe escrever, pregar e difundir
publicamente a mensagem, enviando missionrios e assumindo a responsabilidade do Chamado
na ausncia dos demais luminares (MOUKARIM, 2003, p.19).
Baha al Din, alm de enfrentar a austera perseguio, deparou-se com resistncias
internas, devido s divises dentro da prpria comunidade, decide pela suspenso do
Chamado (1035 - 1043). Despede-se de seus companheiros e retira-se. Desta forma, os
Unitaristas se tornaram uma comunidade fechada que no buscava e nem aceitava novos
convertidos (MOUKARIM, 2003, p.20).

Essa perspectiva se mantm at os dias de hoje, permanecendo apenas aqueles que
entraram durante os vinte e seis anos em que esteve aberta a Da'wa (Chamado Divino) a
novos fieis. Desde ento so considerados druzos apenas aqueles que nascem de pais
druzos. Para sobreviverem, os adeptos tiveram que manter segredo em torno da nova f.
Praticando aquilo que chamam de Taqiyyah , que consiste em permitir a adoo formal
de outra crena, na inteno de proteger a "crena interior". At hoje, essa perspectiva
se mantm.
16

1.4 Organizao

Atualmente podemos encontrar comunidades druzas espalhadas pelo mundo todo, no
entanto a maioria est concentrada no Lbano, na Sria e em Israel. No por acaso, as
instncias representativas desse grupo, tribunais reconhecidos pelo governo local, esto
localizadas no Lbano e na Sria, em nmero de quatro e um, respectivamente.
Os druzos, como grupo religioso, organizam-se a
partir dos princpios da religio. O druzismo
uma religio hierarquizada que se estrutura pela
liderana dos telogos (Maxihhat Akel). Nessa
tradio, identificamos uma estrutura
hierrquica, que est sob a coordenao de um
lder reconhecido como ministro espiritual de
toda comunidade druza, o qual denominado
sheique Al Akel
7
, o sbio (imagem 1) Sua funo
liderar a comunidade druza, dentro e fora do
Lbano, bem como supervisionar o tribunais
druzos que legislam sobre vrios assuntos, dentre
eles: divrcio, herana e casamento.
A comunidade dividida em duas categorias: os Uukkal (plural de Akel, sbio, em
algumas literaturas traduzido como inteligentes) e os Juhal, (ignorantes ou
imperfeitos). Os primeiros so os nicos iniciados no estudo da religio e em seus
segredos. Somente eles podem participar de determinadas celebraes religiosas. Nas
palavras de Kadi (1997, p.52):

Os al-Uukkal diferenciam-se pelo grau de iniciao, dada em parte pela leitura
dos Al Hikmat (livros de sabedoria) e por mritos prprios e devem praticar
rigorosamente a doutrina, abstendo-se de hbitos (fumar e beber) e servindo de
exemplo moral comunidade. Esta distino pode ser notada pelo tipo de lafeu
usado pelos homens. Os chefes religiosos possuem um papel de liderana que
ultrapassa o limite da atuao religiosa formal e estende-se ao campo da
poltica, atuando inclusive em situaes de guerra, como a Civil Libanesa; ou
no campo social, como a proibio de uso de som mecnico nas festas e
reintroduo do drbak (tamborim) e manjaira (flauta doce).

7
Segundo Kadi, Makarem observa que, embora a palavra Akel tenha sido traduzida para o ingls como
inteligncia, razo, ela no apreende a ideia original que envolve a vontade de Deus, seu pensamento e
viso (KADI, 1997, p.49).
Imagem 1 - Sheique Al Akel Naim Hasan
Revista Al-Rissalah, maro de 2007

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19

compreenso dessa f. So eles: monotesmo, o mahdi, a reencarnao, a alma, e a
soteoriologia.
Ao adentrarmos o terreno da doutrina druza, possvel identificar que os princpios que
aliceram essa religio, criada por telogos, so compostos por vrios elementos das
tradies que a antecedem, como podemos confirmar nas citaes abaixo:

Escritos drusos, antigos e contemporneos, mostram que seu sistema religioso
um conglomerado de ismaelismo, xiismo, maniquesmo, zoroastrismo, sufismo,
os ensinamentos do Ikhwan al-Safa (Irmos da Pureza), e da filosofia grega,
especialmente o neoplatonismo (MOOSA, 2011, p.2).

Margarida Santos Lopes (2010, p.106) destaca ainda que os druzos reconhecem uma parte do
Coro, adaptaram a crena judaica de que Deus exclusivo e aceitaram a doutrina da
reencarnao de J esus.

No entanto, apesar de diferentes autores apontarem para a diversidade de influncias
caractersticas do corpo doutrinrio druzo, possvel observar que a presena do xiismo
merece um olhar mais apurado. Os telogos dessa tradio encontraram boa parte da sua
fundamentao no ismaelismo fatmida. Tal fato pode ser verificado nas terminologias
bem como na filosofia presente nos livros denominados Al-Hikmat, que tm como tema
central a Unicidade de Deus.
A seguir poderemos conhecer alguns aspectos estruturais da doutrina druza, bem como
as afinidades que a aproximam da elaborao xiita.

1.5.1 Monotesmo

Aqui o druzismo mostra suas razes. A crena no Deus nico de tal relevncia que os
seguidores dessa tradio se auto-identificam como Unitaristas, em rabe, Muahidin. Os
textos sagrados so enfticos:

A principal crena dos Unitaristas a absoluta singularidade de Deus, que no
responde a nenhum nome, caracterstica ou expresso; que no gera e no
gerado. Est alm da compreenso e do entendimento humano, pois o
reconhecimento da Unidade de Deus, sem procurar entender a natureza do Seu
Ser, a base da f dos Unitaristas. A conscientizao do Unitarismo a meta
mais alta, o tesouro mais precioso, a mais nobre realizao; o equilbrio da
Verdade sobre a qual se apoiam o Cu e a Terra (MOUKARIM, 2003, p.21).


20

O princpio da unicidade de Deus (tawhid) tem suas razes no isl. Afinal, ambos
reconhecem Deus como o nico criador, o misericordioso, o nico amparo, entre tantas
outras qualidades, Deus o nico merecedor de adorao.
Mas, apesar do monotesmo aproximar a f islmica do druzismo, os caminhos
percorridos pelos muulmanos e pelos druzos na crena no Deus nico bifurcaram-se e
os druzos encontraram uma elaborao bastante prpria. Um dogma fundamental da
tradio druza a revelao da divindade em forma humana (tajalli)
10
. Na concepo
desse grupo a divindade deveria fazer-se conhecer.
Segundo Matti Moosa (2011, p.), o dogma fundamental que separa os drusos de outras seitas
extremistas xiitas a sua crena em Al-Hakim como a divindade e apenas um. Estamos nos
referindo deificao do califa ismaelita fatmida Al-Hakim bi Amr Allah, bem como a
doutrina druza concede a Hamza ibn Ali al-Zawzani al-Khurasani, um contemporneo
de Al-Hakim, uma posio de destaque em seu sistema religioso. Segundo os textos
druzos a divindade quis aparecer em uma forma corprea, e isso se d na figura do
califa Al-Hakim, considerado aqui a teofania final de Deus. Nessa perspectiva, o califa
a encarnao do Uno (Deus) e que s ser enxergado como tal se for visto com "o olho
do conhecimento"; em uma abordagem espiritual, o seguidor no v uma imagem
humana, e sim o prprio Deus.

Al-Hakim teria aparecido em 72 ciclos que duraram milhes de anos, mas apenas alguns
so conhecidos. Aqui ciclo compreendido como perodo entre as diferentes aparies
da divindade, at que teria aparecido nos califas fatmidas, dos quais Al-Hakim foi a
ltima manifestao, que agora estaria em segredo at sua apario no ltimo dia. Este
perodo chamado de al-Zaman Sitr (o perodo de ocultao).
Atrelada figura de Al Hakim, est Hamza Bin-Ali, que se outorgou uma posio de
divindade no sistema religioso druzo. possvel observar que vrios textos druzos so
de sua autoria, o que nos permite dizer que parte importante da teologia do druzismo
est associada perspectiva de Hamza. No por acaso atribuda a ele a
responsabilidade da criao do Unitarismo.


10
Este dogma to fundamental que os drusos se chamam Banu Ma'ruf, ou seja, aqueles que arafu
(atingido) o conhecimento do divino em forma humana.

21

1.5.2 Mahdi

Segundo a elaborao xiita o mundo no pode prescindir do im, seja presente ou oculto
(como estaria agora o Mahdi), j que este visto como um intrprete autorizado que tem
como tarefa dar continuidade presena do Profeta; em outras palavras, um guia
divinamente orientado por Deus e como tal recebe sua autoridade do prprio Deus.
Como j mencionado, o druzismo uma religio que apresenta uma forte influncia do
xiismo. Os principais preceitos religiosos dos drusos so os dos xiitas fatmidas, que por
sua vez esto baseados no sistema religioso dos ismaelitas. Em ambas as tradies
identificamos a figura do Mahdi, o im oculto: Hamza o Mahdi do druzismo, isto ,
um homem guiado por Deus e por Ele enviado para restaurar o reinado da justia que
precederia o fim do mundo.
Para os druzos, a Mente Universal Hamza, que se tornou o
governante do universo. Ele uma espcie de semideus, mas
suficientemente poderoso que no dia do juzo vai agir em nome da Al-
Hakim para julgar se os homens acreditam em Al-Hakim ou o negaro
(MOOSA, 2011, p.9).
Hamza teria proclamado a divindade do califa Al-Hakim que, na sua ausncia,
proclama-se seu im, guia e porta-voz. De fato, sua atuao de interlocutor entre a
divindade, no caso, emanada na figura de Al-Hakim e os novos seguidores do
Unitarismo.
Os relatos druzos apresentam Hamza bin-Ali, Al Akel como a A Mente Universal, que
teria desaparecido no final de 1021 mas aparecer no fim do tempo em grande poder e
glria para destruir aqueles que rejeitaram a apoteose da Al-Hakim.

1.5.3 A reencarnao, alma e a soteoriologia

Indiscutivelmente um dos grandes pontos de divergncia entre druzos e muulmanos a
crena na reencarnao. A perspectiva druza de reencarnao chamada de taqammus,
que significa:

[...] a alternncia sucessiva das almas em corpos humanos para que esses sejam
testados e purificados. Assim que uma alma deixa um corpo, Deus prepara para
22

ela renascer em outro corpo. Deus faz isso com grande sabedoria, pois cada
alma precisa de um corpo e no pode existir sem ele. (MOOSA, 2011, p.10)

Aps essa considerao, no nos causar estranhamento quando Kadi (1997, p.53)
afirma que, para o druzismo, a reencarnao a base de toda a compreenso de
evoluo humana, a evoluo espiritual progressiva do homem e faz parte do
movimento mais geral do Universo em direo Doutrina do Uno (Tawhid).


Para compreendermos o caminho percorrido pelo druzismo para afastar-se da
perspectiva islmica do ps morte, preciso retroceder s origens desta religio, mais
precisamente figura de Al Hakim, que dentre as vrias histrias que envolvem seu
califado, uma delas fundamental na formatao daquilo que conhecemos da teologia
druza. Estamos falando da criao da Casa da Sabedoria, (Dar Al-Hikmat), cuja funo
era ensinar s pessoas de todas as classes sociais a f dos ismaelitas. Era um lugar no
qual se encontravam telogos versados no apenas no islamismo, mas tambm em
outras tradies religiosas como zoroastrismo. O conhecimento religioso e o
conhecimento filosfico gozavam do mesmo status, ambos vistos como fonte de
sabedoria. No por acaso que na teologia druza filsofos como Scrates e Plato so
deificados, afinal, so eles que trazem para o druzismo a concepo de alma e a sua
relao com a identidade.

Entre os numerosos conceitos elaborados por Plato em seus dilogos, um dos
que mais marcaram a reflexo filosfica foi certamente a da alma. [...] props
uma viso sobre o homem na qual a noo de alma desempenha papel central e
est intimamente associada s principais caractersticas e aspectos do seu
pensamento [...] Plato desenvolve uma anlise da natureza humana que afirma
forte distino entre a alma, como sede da identidade, do pensamento e da
deliberao, e o corpo, como seu invlucro frequentemente a pr-se como
obstculo ao pleno exerccio de suas capacidades (BOLZANI, 2012, p.25).

Podemos observar que a perspectiva platnica de alma e da relao com a identidade do
sujeito reverbera no druzismo, j que nessa tradio acredita-se que ao longo das
encarnaes a alma vai acumulando conhecimento e discernimento especialmente no
que se refere "ser muahidin." O fato de ter nascido no seio de uma famlia druza
indicador de um compromisso assumido na abertura do Chamado (dawa), que
atravessou o tempo e o espao, por isso que para "ser druzo" necessrio nascer druzo,
isto j o suficiente para dizer quem ele e a que veio, j que a alma quem carrega a
identidade.
23

O grande objetivo da alma a busca da pureza, por isso sua passagem pela morada
humana um srio desafio. Para tanto, importante que, nas suas diferentes vidas, por
meio do exerccio da verdade, f, honestidade, integridade, perdo, respeito, modstia,
generosidade, coragem, controle dos anseios e necessidades fsicas, entre outras, alcance
um maior conhecimento.
No de se estranhar que no druzismo, aqueles que fazem a opo pela vida religiosa
busquem viver no ascetismo, pois os desejos do corpo so vistos como "amarras" que
podem afast-los da pureza. Muitos dos sheiques reconhecidamente religiosos, quando
decidem pela vida religiosa, alm de despir-se de qualquer tipo de vaidade, por isso a
roupa que os caracterizam (uma espcie de uniforme que os igualam), adotam o
celibato. Segundo relatos, mesmo entre os casados no h vida sexual.

Segundo a doutrina desenvolvida por Plato, a clebre doutrina das Formas,
existem realidades invisveis e inacessveis aos sentidos, apreensveis apenas
pelo pensamento. Ora, o pensamento a atividade da alma, e esta, para poder
conhecer plenamente tais realidades deve alcanar um estado de completa
independncia das limitaes impostas pelas sensaes, as quais esto
intimamente relacionadas a desejos e paixes resultantes de necessidades
corporais, como fome, sede e sexo. Por isso, a alma s alcana esse pleno
conhecimento da suprema realidade suprassensvel, quando est livre das
amarras corporais - depois da morte. (...) Estamos, portanto perante a tese de
que a alma sobrevive morte (BOLZANI, 2012, p.25).

Vale lembrar que ela, a alma, possui condies suficientes para vencer o desafio, desde
que o deseje. A ideia que diferentes experincias, como riqueza, pobreza, sorte,
doena, entre outras, oportunizem a redeno da alma. dessa forma que se realiza a
justia divina.
A imortalidade da alma (...), envolve, assim toda uma viso da realidade, uma
metafsica que privilegia o conhecimento do que puramente inteligvel e
desvaloriza os eventos relacionados vida corporal e sensvel (...) a alma deve
controlar o corpo e viver uma vida, na medida do possvel, voltada para valores
como justia e virtude (BOLZANI, 2012, p.26).

Todas as almas humanas foram criadas de uma s vez. Seu nmero para sempre fixo e
no est submetido a aumentos ou diminuies. As almas esto livres para escolher
entre o certo e o errado, afinal so criadas com igual tendncia tanto para o bem quanto
para o mal.
Os druzos acreditam tambm que no ltimo Dia as almas recobraro a memria de
todas as existncias, em ordem de acontecimentos e obras. Esse dia ou o Dia do Juzo
24

visto como o fim de uma longa jornada de repetidas existncias para que a alma alcance
o pleno desenvolvimento. Gradualmente se aproximar e se unir Mente Universal,
segundo seu grau de elegibilidade e competncia podendo alcanar a perfeio em sua
busca de pureza (MOUKARIM, 2003, p.26).


A reencarnao permite alma transcender a experincia humana e sua durao
estende-se at o ltimo julgamento, quando ser avaliada pelas suas aes e pela adeso
ao Unitarismo.

Naquele dia Hamza ir vingar aqueles que derramaram o sangue dos Muahidin
(druzos), e ir encerrar todas as leis e religies do planeta. Ele ento proclamar
o Tawhid e os druzos herdaro a Terra para sempre [...] Para os druzos a Janna
(paraso) um lugar espiritual onde s eles gozaro de felicidade por terem
conhecido e abraado a verdadeira religio de Tawhid. Esta recompensa final
baseada em sua crena de que eles so os melhores da criao de Deus, isto , o
povo escolhido de Deus (MOOSA, 2011, p11).

No final dos tempos, Al Hakim e Hamza retornaro, troves e relmpagos sacudiro a
Terra. Aqueles que tiveram uma vida digna e piedosa iro participar do governo do
mundo, junto com Deus.


1.6 Prtica

Apesar de ser uma religio, com uma doutrina especfica, quando nos referimos s
prticas que a caracterizam, iremos observar que no estamos falando de uma religio
convencional, pois a prtica unitarista quase no apresenta um ritualismo formal. Nas
palavras de Same Makarem (1976 apud KADI, 1997, p.53):

uma religio simples, que no envolve nenhum ritual. Ela considera apenas a
constante busca do homem por sua autorrealizao em Deus, a realidade
absoluta, sem o qual ningum pode realizar-se, a menos que ele se afaste de seu
prprio ego que o separa e aliena da Unidade que compreende toda a existncia.

Alguns autores chegam a afirmar que o druzismo insiste menos nas manifestaes
exteriores do culto que nas obrigaes morais, talvez por isso a prtica religiosa
encontra-se muito mais voltada ao plano individual que ao coletivo.

A vivncia dessa religiosidade no exige necessariamente a sua exteriorizao
como ida regular ao templo (obrigatria apenas para os religiosos, s quintas
feiras) ou cultos coletivos. O exerccio da religiosidade fica mais no plano
individual, podendo realizar suas oraes, ou outra atividade em casa. Esse tipo
25

de ritualismo os faz parecer muitas vezes como no-religiosos (KADI, 1997,
p.58).

Os sete mandamentos druzos, podem ser um bom exemplo, j que deixam claro ambas
perspectivas: as obrigaes morais, que podemos observar em cada um dos
mandamentos e a ao sempre direcionada ao sujeito. Segundo Moukarim (2003, p.21):

1. Falar a verdade.
2. Cultivar e proteger os irmos.
3. Extirpar os enganos e a falsidade.
4. Rejeitar o vilo e o agressor.
5. Adorar a Deus em todo tempo e lugar.
6. Aceitar alegremente tudo que provm de Deus.
7. Submeter-se espontaneamente vontade de Deus.

Apesar dessa nfase da experincia de f ser vivida no plano individual, no seria
correto dizer que o druzismo uma religio completamente desprovida de prticas
coletivas. Grosso modo, poderamos destacar trs momentos em que a comunidade se
rene: O Id al-Adha, o casamento e os funerais.
Alguns poderiam sentir falta da meno das reunies realizadas nas noites de quinta-
feira, j que foi neste dia da semana que teve incio o Chamado e, que tambm teria
ocorrido o nascimento de Hamza bin-Ali. No entanto, a obrigatoriedade da presena
est circunscrita apenas ao grupo dos religiosos Uukkal.

1.6.1 Eid El Adha Al Mubarak
Os encontros e desencontros com o isl tambm se do no plano da prtica. Alguns
autores afirmam que os sete mandamentos druzos tm substitudo os deveres religiosos
considerados sagrados pelo Isl: a profisso de f, a orao, o zakat (esmola), o jejum, o
Hajj, e a Jihad. Se olharmos cuidadosamente para cada um dos pilares do Isl, veremos
que parte significativa deles est voltada para a prtica coletiva. O que dizer das
refeies antes da aurora e depois do pr do sol durante o perodo de Ramadan? Ou
ento da peregrinao Meca?! Qual muulmano no sonha em estar junto dos seus
pares realizando aquilo que esperado de todo seguidor: que pelo menos uma vez na
vida, se tiver sade e condio financeira, faa o Hajj. Apesar do dever ser individual, a
realizao acontece na coletividade. Intrigante pensar como o druzismo conseguiu ficar
longe de tudo isso.
26

A nica celebrao que faz parte do calendrio religioso dos druzos tem suas razes no
Isl. o Eid El Adha Al Mubarak, isto , a Festa do Sacrifcio, na qual celebrada a
obedincia de Abrao. A festa coincide com o final da peregrinao a Meca, conhecida
como Hajj, que acontece no ltimo ms do calendrio islmico. Os muulmanos
sacrificam animais para lembrar o carneiro substitudo por Deus quando Abrao foi
chamado a sacrificar seu filho Ismael, como um teste de f. Para os druzos no h
sacrifcio animal, apesar de a carne fazer parte dos pratos tpicos dessa celebrao. Em
ambas as tradies dia de prece, mas tambm dia de festa, dia de reunir a famlia e
amigos que se abraam e se cumprimentam com votos de Eid.


1.6.2 O casamento
O casamento endogmico uma das especificidades do druzismo. Tem como princpio
a unio entre os membros da comunidade, a "mistura" com um no druzo ameaaria a
pureza do grupo, j que seus descendentes no seriam Unitaristas legtimos, no trariam
em si o conhecimento acumulado pelas diferentes encarnaes. Em muitos casos, a
transgresso dessa prtica pode trazer como consequncia o no reconhecimento da
pertena comunidade druza, em outras palavras, o transgressor banido do grupo. As
portas at ento abertas se fecham para aqueles que no cumprem com o compromisso
assumido no Chamado.
O casamento na f Unitarista monogmico. A poligamia e os casamentos temporrios
no so permitidos. Os casamentos so baseados no regime de comunho parcial de
bens, segundo os prprios druzos, prtica indita em poca anterior ao Chamado.
Os noivos e as testemunhas dirigem-se a um juiz da seita, onde so arguidos sobre a
livre vontade de realizarem a unio, constatado o fato, este compromisso escrito. No
Lbano isso acontece quando o casal toma a deciso de casarem-se, o que caracterizaria
aquilo que chamamos de noivado. J aqui no Brasil, isso pode acontecer momentos
antes da cerimnia.
Segundo os preceitos druzos, o marido deve tornar a esposa uma scia paritria e dar-
lhe o que devido de tudo que ele tem. O casamento no visto como indissolvel e a
27

separao ou divrcio so previstos em algumas circunstncias, como explica
Moukarim (2003, p.25):
a. Caso se verifique que a esposa tenha confrontado o marido e que
ele se comportou de forma justa com ela, e que no haja outra
alternativa seno a separao ou divrcio, o marido poder
reclamar a metade do que a esposa possui.

b. Caso o marido seja culpado e ela tenha se rebelado por coao, vai
embora com tudo o que ele tem, sem que o marido tenha o direito
de reclamar parte alguma.

c. Caso o marido queira a separao ou divrcio, sem que haja
conduta imprpria por parte da mulher, ela tem o direito metade
daquilo que ele tem em riquezas e propriedades, inclusive sua
prpria camisa.

O casamento endogmico, sem sombra de dvida, o responsvel pela sobrevivncia da


tradio j que a famlia a instituio responsvel, no s pela aprendizagem daquilo
que implica ser druzo, bem como pelo fato de ser reconhecido como tal. Em outras
palavras, nessa tradio religiosa a pertena crena no est condicionada a converso,
j que essas no so permitidas, mas sim a uma condio "hereditria", j que para ser
druzo necessrio nascer de pai e me druzos.
Vale lembrar que h alguns grupos que afirmam que se apenas o pai for druso o filho
tambm pode ser considerado. Na prtica, essa regra resolveria o problema que surgiu
na imigrao. Segundo Assrauy, as mulheres druzas eram proibidas de imigrar, dessa
forma, os homens druzos, agora na condio de imigrantes, acabaram casando-se com
mulheres no druzas que por sua vez geraram filhos. Se esses no fossem reconhecidos
como tal, a imigrao representaria uma ameaa continuidade dessa tradio.
Para os druzos, quando a tradio vigente quebrada e a pessoa que no segue
os padres estabelecidos pela comunidade banida do grupo, renegada por
todos e essa deciso torna-se irrevogvel. Quanto aos filhos, estes no so
considerados druzos se forem de uma mulher druza cujo esposo no pertence a
esse grupo religioso. Ao contrrio, os filhos de um homem druso, casado com
algum no druzo, so considerados druzos, porm so rejeitados por muitos
dessa comunidade, pois no tero permisso para se casar com filhos de outros
druzos (MAHASSEN, 2009, p.8).


Portanto espera-se que a religio seja alimentada no ambiente familiar, por meio de uma
conduta tica e cumprimento do dever, que dentre muitos casar entre seus pares e dar
continuidade tradio.
28

1.6.3 Taqqya: Dissimulao, cautela ou prudncia?

O termo rabe taqqya, traduzido do ingls como dissimulao, pode ser traduzido como
cautela ou prudncia. Ao crente era ensinado o uso de frmulas secretas para se
reconhecerem quando se encontrassem. Em ambientes hostis eles eram estimulados a
ocultar sua religio, se ela os expusesse ao perigo e a se conformar pela taqqya,
maneira do grupo dominante (SALIBI, citado por FIRRO, 1992, p. 21 apud KADI,
1997, p.56).
A prtica da taqiyyya origina-se no xiismo, e consiste em permitir a adoo formal de
outra crena, na inteno de proteger a "crena interior". Em situaes nas quais a
comunidade sentia-se ameaada, era esperado que o grupo buscasse caminhos para
sobreviver. Essa prtica autorizaria o seguidor a ocultar sua f se isso, de alguma forma,
acarretasse perigo para a sua vida. Essa permisso justifica-se na adeso demonstrada
pelo povo aos Ims, o que para as autoridades da poca apresentava-se como motivo de
ameaa ao poder. Apesar de essa prtica ocupar um lugar de importncia para a
comunidade unitarista, o termo no encontrado em nenhum livro druzo.
Para o druzismo parece clara a ligao entre a prtica da taqqya e a dimenso secreta da
doutrina. Alguns autores a relacionam ao carter gnstico do druzismo, uma vez que s
tem acesso ao texto sagrado poucos iniciados e a exposio da "verdade" estaria vetada
queles que no apresentam as condies necessrias para entend-la. O segredo druzo
uma caracterstica inerente tradio gnstica, porque dado somente a poucos iniciados a ler e
entender as doutrinas gnsticas. Revelar os mistrios da verdade gnstica expe a f perverso
(FIRRO, 1996, p.21 apud KADI, 1997, p.55).
Para compreender a origem dessa prtica e seus desdobramentos no druzismo
necessrio recorrer a diferentes autores. Salem, explica que Hamze, aps a morte de
Darazi, temendo o crescimento da nova seita e das divergncias que poderiam vir,
decide pela proibio da pregao; Assrauy e Salibi atribuem perseguio sofrida
pelos druzos o elemento determinante para a prtica da taqqya; Makarem a considera o
maior fator de manuteno do segredo da doutrina usada em situaes de perigo
externo. Seja l como for, o fato que "a prtica da taqqya tornou-se uma instituio
importante na organizao do druzismo como um grupo fechado" (KADI, 1997, p.55),
explicando assim um dos principais aspectos que caracterizam a organizao da
29

comunidade druza, que a diviso entre os iniciados, os Uqqal e o restante os leigos, os
Juhhal.
Importante mencionar que essa prtica pode ser observada nos dias de hoje. Como
exemplo, podemos citar o fato de integrantes da comunidade druza batizarem seus
filhos na Igreja Catlica para sentirem-se mais seguros em relao prpria insero na
sociedade brasileira.
Se no passado, taqiyya foi a forma encontrada para proteger a comunidade, atualmente
encontram-se controvrsias em torno dela e dos desdobramentos que acompanham a
comunidade. A questo posta por Mahassen (2009, p.25-26) faz pensar:

Essa perspectiva se mantm, causando males e prejuzos aos druzos, por
desconhecerem sua crena, quer historicamente quer socialmente. Entendemos
no haver, pois, nenhuma razo nos dias de hoje para que o mistrio perdure,
mas que se deveria transmitir aos filhos o conhecimento de sua religio, j que
os druzos crescem e se multiplicam na imigrao sem conhecer absolutamente
nada do credo de seus pais.


O fato de o conhecimento da doutrina no ser compartilhado, no contexto de imigrao,
poder ser observado nas entrevistas apresentadas no captulo trs desta dissertao,
pois, quando perguntado da disponibilidade para entrevistas, vrios respondiam que era
melhor procurar algum que entendesse da religio, como exemplificam os depoimentos
a seguir:

O problema que eu no sei nada sobre nossa cultura e religio, [...] seria
melhor fazer a entrevista com algum que entende dos costumes, n? (N.F)

Eu sou druza porque nasci de pai e me druzo, e no conheo nada, casei com
druzo, separei. Hoje eu acho lindo! Fao questo de dizer que sou druza! Eu
vou falar o que eu acho, eu no sei nada [...] Gostaria que a gente fosse mais
esclarecido. (N.H)

Atualmente a situao s tende a agravar-se j que a probabilidade de encontrar outras
referncias fora do universo do druzo so reais, j que a boa parte da prpria
comunidade reclama da falta de elementos que os faam compreender a identidade
druza, no dito popular "aquilo que no encontramos em casa, a gente procura na rua".



30

Captulo II LAR DRUZO BRASILEIRO: DO PASSADO AO PRESENTE

Considerando que o foco dessa pesquisa identificar em que sentido o Lar Druzo
Brasileiro So Paulo
11
- LDB SP - fonte identitria para o ser druzo no Brasil, dito
de outra forma, em que medida essa instituio proporciona aos seus membros
referenciais identitrios da tradio druza, faz-se necessrio recuperar a histria desta
associao, bem como as aes que promovem o exerccio dessa identidade entre os
pares da comunidade.
Para resgatar essa histria foram consultadas diferentes fontes, dentre as quais esto os
estatutos de 1969 (imagem 1), posteriormente reformulado em 1988 (imagem 16), atas
de reunio, revistas do LDB e fotografias que so parte do acervo da instituio e dos
associados, que tambm colaboraram com seus relatos de uma memria que se faz viva
na reconstruo dessa histria.
Na tarefa de conhecer aspectos identitrios, que permitam aos associados
reconhecerem-se como drusos, partiremos das motivaes e circunstncias que
envolveram a fundao do LDB; conheceremos o caminho criado pelas diferentes
lideranas, que na preocupao de unir o passado ao presente, criaram caminhos que de
alguma forma envolvessem no s a gerao imigrada como aqueles que nasceram e
nascero longe das razes que os geraram. Para tanto, sero apresentados alguns dos
principais elementos que caracterizam essa instituio: estrutura fsica e financeira,
atividades no religiosas e religiosas que so realizadas intra e extra muros .

2.1 A chegada
Os druzos chegaram ao Brasil como parte de um grupo maior, os rabes. Foram
milhares de imigrantes srios, libaneses e palestinos que desembarcaram no pas entre o
fim do sculo XIX e as primeiras dcadas do XX.
Segundo Hajjar
12
(1985 apud KADI, 1997, p.75) a chegada dos druzos no Brasil se deu
por volta de 1885/1890:


11
O Lar Druso Brasileiro ser identificado pela sigla LDB.
12
Hajjar (1985, p.2), in Kadi p. 75
31

[...] sendo que os primeiros oito imigrantes homens se aglutinaram em Tefilo
Otoni e formaram uma grande famlia, que chegou a possuir 176 membros.
Quando o patriarca e centralizador das atividades morreu, as principais
ramificaes foram emigrando, uns para o norte e outros para o sul.

Kadi (1977, p.76) complementa que:

No Brasil, a data inicial da imigrao druza 1890, aproximadamente
representada pelas famlias Hamze, Hamdan, Dabien e Mattar que se fixaram,
inicialmente, em Minas Gerais, atrados pelas caractersticas montanhosas de
seu relevo, muito semelhantes s de suas cidades de origem no Lbano e Sria.

Entre 1908 e 1941, observou-se um nmero significativo de rabes de diferentes credos
aportando no nosso pas. Entre estes apenas 15% eram identificados como muulmanos,
que podiam ser sunitas, xiitas, alautas ou druzos, aqui classificados de maneira
equivocada como muulmanos.

O grupo druzo aparece em vrios trabalhos s como constatao da sua
existncia, sem merecer, contudo um tratamento especfico, em parte devido
ao pequeno nmero ou pelo reconhecimento de que a maioria dos emigrados
para o Brasil era composta de cristos (KADI, 1977, p.74).

Para aqueles que permaneciam ligados comunidade de origem, a questo da
identidade religiosa ocupava um lugar de destaque, tanto que j no incio do sculo XX
podemos encontrar registros da criao de instituies religiosas. Inicialmente eram
sociedades beneficentes e centros de juventude, s depois viriam a ser os locais de culto.
A inteno era promover formas de solidariedade entre os membros e compartilhar
suas tradies com as novas geraes (PINTO, 2009, p.25).
Do ponto de vista cronolgico os rabes muulmanos, mais tardiamente que os cristos,
criaram suas instituies, como por exemplo, a Sociedade Beneficente Muulmana de
So Paulo, criada em 1929. Os druzos, que no processo migratrio foram identificados
como muulmanos, mas na realidade no o so, tambm buscaram criar suas prprias
instituies.
Como a principal rea de imigrao dos druzos foi Minas Gerais, l se
concentraram suas primeiras instituies. Em 1929, foi fundada a Sociedade
Beneficente Druziense em Oliveira (MG), transferida para Belo Horizonte(MG)
em 1956. Em 1969, criado o Lar Druzo Brasileiro em So Paulo (SP), e mais
recentemente, em 2009 o Lar Druzo de Foz do Iguau(RS) (PINTO, 2009,
p.27).

Vale ressaltar, que no foram todos os imigrantes druzos que formalizaram canais de
agregao tnica, j que, at ento, o nmero reduzido de famlias existentes na ocasio
32

no viabilizava tal projeto. Desta forma, ficou para o espao familiar realizar esse papel,
seja por meio de visitas sistemticas seja pelas festas que proporcionavam a reunio
entre os pares dessa colnia.
Segundo os relatos dos nossos entrevistados, aps a dcada de sessenta houve
incremento da imigrao dos druzos para So Paulo, poca em que aumentou o interesse
e a necessidade de terem sua prpria representatividade, pois toda sociedade rabe tinha
suas agremiaes representando suas regies ou religies.

2.2 Fundao do Lar Druzo Brasileiro

Para compreendermos a natureza do que vem a ser o LDB, necessrio reforar alguns
pontos que j foram mencionados no primeiro captulo, como por exemplo, o fato de
somente um grupo especfico ter autoridade para "falar" sobre a religio, j que no
druzismo apenas os iniciados tm contato com os textos sagrados. Apesar de druzos, os
que aqui chegaram no tinham autorizao de criar um espao dedicado aos cultos
religiosos. A circunstncia da imigrao e as dificuldades caractersticas de quem busca
uma vida melhor, alimentado pelo sonho de retornar a ptria me, o Lbano, fez com
que o grupo responsvel pela fundao do LDB criasse um espao que aproximaria as
famlias druzas, criando aqui um "mini Lbano, dentro de um outro pas" (MAHASSEN,
2009, p.8), no nosso caso o Brasil.
Em uma reunio informal com comerciantes da Rua 25 de maro, Sr. Ramez Saad, que
sempre reclamava da ausncia druza nos eventos e recepes sociais, prontificou-se a
convocar os druzos da capital, e num s dia convocou todos os druzos da redondeza.
Com o objetivo de juntar a colnia, as reunies aconteciam a cada dez dias. Afinal, era
necessrio angariar contribuies para a criao da sonhada associao. Para tanto, as
visitas eram feitas bairro a bairro e cada um contribua de acordo com suas
possibilidades.
Aos dez dias de setembro de 1969, os senhores Sheik Chakib Takieddine, Najm Rachid
El Andari, Naim Rachid, Chafic Abdul Khalek, Nabih Abou El Hosn, Dr. Fauzi Sanjad,
Munir Zahreddin, Fawaz Monzer, Youssef El Masri, Khalil Halabi, Ramez Ghannam,

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associaes congneres no pas ou fora dele. Ao lermos
o texto que apresenta as finalidades do LDB, fica
explcita a natureza social da instituio, em
contrapartida religio, que o elemento comum
entre os membros do recm nascido LDB, vista
com reservas, como podemos observar na escrita do
estatuto de 1969, especificamente no artigo 24 do
Captulo VI do Estatuto (p.11) em relao aos
deveres do scio, que orienta o associado a "abster-
se de qualquer manifestao ou discusso sobre
assunto de natureza poltica ou religiosa, nas
dependncias do LAR. No Estatuto reformulado
em 1988 (p.8), essa fala revista: "abster-se, nas
dependncias do LAR, de qualquer manifestao ou
discusso que venha perturbar a ordem.
Estatuto aprovado, o prximo passo foi eleger a primeira diretoria, assim constituda:
Presidente: Chakib Takieddine;
Vice-presidente: Chafic Abdo Kaled;
Secretrio Geral: Fauzi Said Sanjads;
1o Secretrio: Youssef Masri;
2o Secretrio: Salim El Aoaur;
1o Tesoureiro: Fawaz F. Mounzer;
Diretor Social: Nabih Abou El Hosn;
Sede: Munir Zahreddine;
Dir. Cultural: Ramez Takieddine.
Em um primeiro momento, acordou-se que a sede social ficaria provisoriamente na
residncia do Sr. Chafic Abdo Kaled, localizada Avenida Senador Queiroz, 579,
apartamento 1.102, em So Paulo, capital. As reunies aconteciam a cada dez dias.

2.3 O estabelecimento do LDB como espao fsico

Aps os esforos desse primeiro grupo, veio a aquisio de um espao fsico que
pudesse acolher a colnia, isto , a sede prpria, um salo que tomava todo primeiro
andar de um edifcio localizado Rua Paula Souza (imagem 3), regio central de So
Paulo. Apesar do local comportar aproximadamente 300 pessoas, o espao tantas vezes

ocupado por completo, demandou a busca por um lugar que pudesse acomodar melhor a
colnia. Assim, em 1974 foi adquirido o terreno (imagem 4), onde posteriormente seria

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Vale observar que segundo registros nas revistas do prprio LDB, encontramos "falas"
que externavam o deseja da nova sede abrigar um lugar dedicado aos ofcios religiosos.
Abaixo podemos acompanhar um fragmento da mensagem deixada por uma visitante,
Leila Chamm:

Um dia ao voltar ao Brasil espero ver um LDB em seu novo prdio e que nele
no haja s sales de festas e de jogos, mas, que encontremos um novo edifcio,
um salo no qual nas quintas-feiras possamos transmitir aos jovens de hoje as
palavras do nosso livro sagrado (LDB, 1981, p.4).

2.3.1 Financiamento

Atualmente a entidade apresenta algumas fontes de renda, sendo que a principal o
aluguel do imvel utilizado pelo Banco do Brasil. Tambm compem a receita do LDB
os aluguis dos dois sales de festa e a eventual venda de ttulos para novos associados.
A partir de dezembro de 2011 foi instituda uma taxa anual de manuteno no valor de
R$200,00, que posteriormente, por deciso da diretoria e do Conselho Deliberativo,
decidiu-se pela iseno da mesma.

2.4 Lideranas

No primeiro estatuto as instncias de poder apresentam um formato diferente do atual.
Inicialmente encontramos quatro categorias: a Diretoria, o Conselho Fiscal, a
Assembleia Geral e a Assembleia dos Fundadores. Quase duas dcadas depois, em
1988, com a reformulao do Estatuto (p.11) criado o Conselho Deliberativo, que
segundo os documentos do LDB seria "formado pelos scios idosos dando assim
oportunidade para a nova gerao assumir a direo executiva da Diretoria" (imagem
15). Interessante notar que tal deciso j demonstra certa preocupao de renovao,
que pretende compromissar a segunda gerao com o destino do LDB, sem descartar a
"velha guarda", expresso utilizada pela primeira gerao, para denominar aqueles que
foram responsveis pela fundao do Lar. A primeira diretoria tinha carter provisrio,
por isso seu mandato durou apenas quatro meses, at 31 de dezembro de 1969. Na
sequncia, mais precisamente 05 de janeiro de 1970, foi eleita uma nova diretoria,
considerando a estrutura apresentada no estatuto que previa que o corpo diretivo fosse
composto por treze membros, distribudos nos seguintes cargos: Presidente; Vice-
Presidente; Secretario Geral; 1o Secretrio; 2o Secretrio; 1o Tesoureiro; 2o Tesoureiro;

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partir de 1988 notaremos diretores mais jovens.

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1a Chakib Takieddine (in memorian) 10/09/1969 21/01/1971
2a Nahim Rachid 22/01/1971 28/01/1971
3a Nahim Rachid 29/01/1972 09/02/1973
4a Said Choaib (in memorian) 10/02/1973 25/01/1974
5a Najm El-Anderi 26/01/1974 21/01/1975
6a Ammar Helal 22/01/1975 21/01/1977
7a Amim Dau (in memorian) 22/01/1977 17/03/1978
8a Afif Chaar 18/03/1978 27/03/1980
9a Said Choaib (in memorian) 28/03/1980 31/03/1981
10a Samak El Awar (in memorian) 01/04/1981 29/03/1982
11a Samak El Awar (in memorian) 30/03/1982 28/01/1983
12a Nahim Rachid 29/01/1983 11/04/1984
13a Nassib Timani 12/04/1984 14/04/1985
14a Ammar Helal 15/04/1985 04/05/1986
15a Ammar Helal 16/05/1986 15/06/1986
"Jovem Guarda"
16a Carlos Ghabar 17/07/1988 17/03/1990
17a Walid El Anderi 27/03/1990 25/04/1992
18a Walid El Anderi 19/05/1992 25/03/1994
19a Sleiman H. Ghebar 11/07/1994 25/05/1996
20a Fahed Alameddine 18/06/1996 15/03/1998
21a Mahmoud Saleh Bahmad 14/04/1998 26/03/2000
22a Imad Mounzer 15/06/2000 17/03/2002
23a Fauzi Said Tanouri 11/04/2002 14/03/2004
24a Yasser Hassan Ghobar 08/04/2004 30/03/2006
25a Haissan Rafic Al Masri 19/04/2006 30/03/2008
26a Zayed El Tawel 09/04/2008 21/03/2010
27a Fouad Abou Daher 30/03/2010 25/03/2012
28a Housseam Karame 26/03/2012


O Conselho Deliberativo, como j citado anteriormente, foi implantado em 1988 com o
intuito de adaptar a convenincia da comunidade e atender a evoluo surgida em duas
dcadas de existncia do LDB. composto por quatorze scios idosos da comunidade,
isto , membros com idade superior a 45 anos e tem como objetivo valorizar a
experincias dos mais velhos e, ao mesmo tempo, dar nova gerao a oportunidade de
assumir a direo executiva. Os candidatos devem inscrever-se e ento so votados pela
comunidade. A eleio acontece a cada quatro anos em assembleia geral dos associados
do LDB, conforme seu estatuto.

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Apesar de no encontrarmos registros precisos quanto ao nmero de associados que
faziam parte no momento da fundao (1969), j que boa parte do acervo foi perdido
entre mudanas e reformas realizadas ao longo desses anos, a memria daqueles que
participaram dos primeiros anos de vida do LDB arriscam dizer que o nmero de
famlias que residiam em So Paulo e formavam esse primeiro grupo girava em torno de
cinquenta.
Na diretoria 86/88, foi realizada uma atualizao do quadro social, todos os associados
foram recadastrados e classificados a partir do local de residncia, isto , os membros da
grande So Paulo, que foram contabilizados em 151 associados e 76 seriam aqueles que
moravam fora da grande So Paulo, somando um total de 227 scios. Vale lembrar que
aqui entraria pessoas de diferentes estados do Brasil, desde o Paran at Belm do Par.
Uma nova atualizao aconteceu em 2012, que contabilizou 496 associados. Apesar de
estar sediado na cidade de So Paulo pudemos verificar que os associados esto
espalhados pelo Brasil. H registros de associados no Rio de J aneiro (4), Esprito Santo
(4), Minas Gerais (88), Paran (126), Braslia (10), Gois (18), Rio Grande do Norte
(09), Par (81), Amazonas (05), Roraima (06), Cear (01), Mato Grosso (02) e Mato
Grosso do Sul (04).
A existncia do LDB est condicionada ao mnimo de vinte associados, como prev o
Estatuto de 1969 e 1988, Ttulo VI, Artigo 95 (p.24):

Ser considerada legal a sociedade, enquanto o quadro social registrar um
mnimo de vinte scios. Quando o nmero de scios chegar a menos de vinte ou
quando por motivos imprevisveis e inevitveis, tornar-se necessria a
dissoluo do LDB, proceder-se- ao pagamento de todo o seu passivo [...] O
saldo remanescente dever ser enviado entidade DAR-EL-TAI-FAT EL-
DURZIAT - Beirute, Lbano, a ttulo de doao.

2.6 Atividades

Sabemos que a convivncia entre os pares o elemento que garante a sobrevivncia
desse grupo, por isso a existncia de um local, que proporcione o encontro e a vivncia
das tradies herdadas pelas geraes anteriores torna-se fundamental. Esse um
espao que foi concebido para privilegiar o convvio social, por isso no de se
43

estranhar que a maior parte das atividades promovidas pelo LDB no sejam de natureza
religiosa, apesar de ser esse o elemento que os vincule.
Na empreitada de atingir os objetivos anunciados na fundao dessa instituio, o LDB
ao longo de seus quarenta e trs anos de existncia promoveu e promove vrias
atividades, que podem ser classificadas como no religiosas e religiosas.

2.6.1 Calendrio de atividades

De forma geral as festividades so ocasies em que a comunidade se rene para
mergulhar nas prprias tradies. A lngua rabe, apesar de dividir espao com o
portugus, ainda a vedete. Tanto no passado como no presente, est viva nos discursos
das lideranas, nos cumprimentos entre os patrcios, nas revistas produzidas pelo LDB,
nas msicas e na dana que os renem nas rodas de dabque. Na inteno de preserv-la,
o LDB oferece, na prpria sede, um curso de rabe para os membros da comunidade.
Apesar dos alunos, na sua maioria, falar o idioma em casa, no dominam a leitura e a
escrita da lngua. O curso acontece aos sbados, no perodo da tarde.
Se de um lado a tradio da ptria me - o Lbano - por meio da lngua, se faz presente,
do outro a ptria de adoo - o Brasil - marca presena. Tambm nas tardes de sbado
est programado o futebol. Os simpatizantes do esporte encontram-se numa quadra
alugada, j que no h espao adequado na sede do LDB para a prtica de esportes.
Talvez, as tardes de sbado possam ser uma a metfora adequada para nos
aproximarmos do universo chamado LDB. Se de um lado temos o curso de rabe,
representando a raiz, a tradio, do outro temos o futebol, que creio ser desnecessrio
explicar o quanto de brasilidade est contido nesse esporte. No por acaso, na Copa do
Mundo de Futebol, evento mximo desse esporte a comunidade druza se veste de
verde-amarelo para torcer para a segunda ptria, o Brasil (imagem 19).


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possam ter um contato mais personalizado com o lder. Seja para buscar
aconselhamento ou at mesmo para saber mais sobre elementos da tradio religiosa a
qual pertence.
A tabela a seguir facilita a visualizao:

Atividades No Religiosas Atividades Religiosas
Relacionadas Ao
Druzismo

Atividades
Semanais
Sexta -Feira Planto do Sheique
Sbado Aulas de rabe
J ogo de Futebol

Atividades
Mensais
ltimo
domingo do
ms
Almoos (imagens 31, 32, 33 e 34)

Atividades
Anuais
J aneiro
Fevereiro
Maro
Abril
Maio Dia das Mes (imagens 24,25 e 26)
J unho Festa J unina (imagens 22 e 23)
J ulho
Agosto Dia dos Pais (imagens 27 e 28)
Setembro Aniversrio da Fundao do LDB
(imagem 22) e Independncia do
Lbano (01/09)

Outubro Dia das Crianas (imagem 29 e 30)
Novembro
Dezembro Festa de Ano Novo (imagem 21)

Festa mvel Eid Al-Adha
Almubarak
(imagens 53 e 54)

Atividades Sazonais
Atividade
Bienal
Conveno
Internacional Druza
Conveno Brasileira
de J ovens Druzos
(imagens )
Copa do Mundo de Futebol




2.6.2
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51

ministrada pelo falecido Sheique Chakib Takie Eddine, na poca, representante da seita
druza no Brasil.

2.6.2.1 Atividades para alm dos muros

Alm das atividades relacionadas comunidade de associados, percebida uma
preocupao em manter vnculos com outras associaes representativas do druzismo.
Podemos observar tal movimento desde a fundao do LDB, j que no primeiro estatuto
explicitado a inteno de criar uma revista que pudesse ser um canal de comunicao
entre os membros das comunidades druzas no Brasil e fora dele.












As revistas tinham a funo de no s de divulgar eventos da comunidade druza de So
Paulo, bem como de colocar a comunidade em contato com outras comunidades druzas
do Brasil e fora dele. interessante observar que alguns
exemplares tinham textos no s em portugus e rabe como
tambm em ingls, o que manifestava um desejo de manter
um intercmbio entre as duas comunidades, como por
exemplo, no EUA, pas que abriga vrias comunidades
druzas.
Por meio das diferentes edies da Revista do Lar Druzo
Brasileiro (n
o
.8, 1983) possvel acompanhar as notcias
sobre a fundao do Lar Druzo em Belo Horizonte; a visita
Imagem 39 - Revista do Lar Druzo Brasileiro. no 8, Ano 1983
Imagem 40 - Revista do
LDB
52

de um membro vindo do Canad; o encontro entre os sheiques que manifestam a
necessidade das comunidades manterem-se unidas. Ao longo das publicaes aparecem
expectativas quanto ao papel/lugar dessa instituio junto comunidade druza, como
podemos observar nos trechos a seguir:

Um dia, ao voltar ao Brasil, espero ver um LDB em seu novo prdio e
que nele no haja s sales de festas e de jogos, mas, que encontremos
um salo no qual nas quintas-feiras possamos transmitir aos jovens de
hoje as palavras do nosso 'Livro Sagrado Leila Chamm (REVISTA
LDB, dez 1981).

Atualmente a revista do LDB recebe o nome de AL- RISALAH. Sua primeira
publicao data de 2006 e a ltima de 2010. No h um padro quanto sazonalidade
das edies, j que o perodo entre as elas no apresenta um padro especfico.
possvel que as publicaes estejam relacionadas organizao desta ou daquela gesto,
e que, portanto fica a cargo do presidente e da sua diretoria a responsbilidade pela
publicao dos peridicos.
A relao do LDB com outras comunidades druzas tambm se d por meio de diferentes
eventos, na impossibilidade de relatar todos, destacaremos o 1o Congresso dos
Mouwahidun Al Druz, 2010, isto , 1o Congresso dos Emigrantes Unitaristas Druzo.








Entre
19 a 22 de julho de 2010 Congresso dos Mouwahidun Al Druz,.
Imagem 41 - Congresso dos Mouwahidun Al Druz (2010)
53

que aconteceu no Lbano, na cidade de Beirute Com o objetivo de
"reunir as comunidades dos Unitaristas ao redor do mundo e fortalecer
os laos de coeso e coalizo entre as sociedades druzas no
estrangeiro e a terra me, o Lbano"
14
.

A conferncia De volta s razes, foi o primeiro ajuntamento promovido pela Comisso
dos Assuntos dos Emigrantes do Conselho Confessional do Mouwahidun Al Druz
libaneses, reunindo druzos de diferentes partes do mundo. O evento foi
destinado aos presidentes e diretores das entidades Druzas espalhadas pelo
mundo, que ao final do evento comprometeram-se com as seguintes
recomendaes:
- criao de uma comisso de pesquisa e orientao religiosa
dirigida pelo Cheik Al Akel Naim Hassan como o objetivo de
preparar estudos e pesquisas culturais e religiosas e preparao
de educadores religiosos com a capacidade de transmitir o
conhecimento da religio e da cultura druza nos pases de
imigrao;
- criao de um escritrio de acompanhamento das necessidades
dos imigrantes em assuntos dos documentos pessoais e
burocrticos junto Repblica do Lbano;
- realizao de um congresso dos imigrantes a cada dois anos,
organizado pelo comit dos imigrantes no Lbano e dirigido aos
presidentes das entidades Druzas no mundo inteiro e com a
presena de algumas personalidades do mundo rabe.
da responsabilidade do Comit dos Imigrantes junto com os
presidentes das entidades Druzas do mundo:
a. preparar e realizar o congresso Druzo mundial a cada dois anos;
b. elaborar projeto da Casa do imigrante Druzo no Lbano, para
que seja o ponto de encontro dos druzos no mundo;
c. preparar eventos sociais entre residentes e imigrantes Druzos,
como um jantar anual e o encontro dos jovens Druzos e outros;
d. trabalhar para organizar um grupo scio-econmico entre
residentes e imigrantes Druzos com o intuito de acompanhar e
estudar as situaes econmicas ligadas aos Druzos e a
afirmao da participao nossa na reconstruo do lbano, e
participar na movimentao econmica atravs de:
- criao de grupos de investimentos nas reas industriais,
agrcolas. Imobilirias e tursticas capaz de criar vagas de
trabalho para os residentes, limitando a imigrao druza.
15

Os eventos no se restringem apenas ao universo druzo, mas tambm junto outras
associaes, especialmente aquelas vinculadas ao universo rabe. Apesar do druzismo

14
Revista Al-Rissalah. Revista do Lar Druzo Brasileiro - no 2/ Maro 2007, p. 3.
15
Al-Rissalah, Revista do Lar Druzo Brasieiro. no 05 novembro de 2010
Imagem 42 - Fouad Abou
Daher e Haissan Al Masri,
Ex Presidentes do LDB no
Congresso dos
Mouwahidun Al Druz
(2010)
54

ser uma religio fechada para converses, inegvel a poltica de boa vizinhana entre
os vrios grupos que formam a colnia rabe, especialmente a Libanesa.
Seja como anfitrio ou como convidado, o LDB, por meio de seus representantes, marca
presena em eventos sociais, culturais e polticos. Nas atas recorrente observar um
amplo intercmbio com as sociedades rabes, como a Sociedade Beneficente
Muulmana do Brasil (imagem 43), a Igreja Maronita de So Paulo, Igreja Greco
Melkita de So Paulo, o Clube Homes entre outras.








Eventos que envolvem o ambiente poltico tambm fazem parte da agenda do LDB,
como quando foi Cmara Municipal de So Paulo, apoiar a causa Palestina:
O Sr. Fahd Alameddine, representante dos druzos no Brasil - Em nome de Deus
clemente, misericordioso: Eu tenho poucas palavras a respeito do povo
palestino. Primeiro, eu represento a seita drusa aqui no Brasil, que a minoria,
os imigrantes rabes. S que essa seita existe na Sria, no Lbano, na J ordnia e
na Palestina. [...] Claro que apoiamos a causa palestina, somos solidrios
causa palestina, causa rabe. [...] Viva o Brasil! Viva a Palestina!

Ou quando recebe autoridades pertencentes colnia:
O Lar Druzo Brasileiro abriu suas portas para receber o Sheik Malek Al Chaar,
Muft Tripoli, o presidente do Instituto Futuro o Sr. Suheil Yamute e o jornalista
Sr. Mohamad Salam, onde foi servido um coffe breake. Nesta reunio foram
discutidas juntamente com os associados do Lar, questes quanto aos interesses
dos dois pases e a preocupao social de nossos familiares, fortalecendo assim
os laos entre Brasil-Libano, com intuito de preservar costumes e tradies (Lar
Druzo Brasileiro, 2013).
Imagem 43 - Visita ao novo Diretor do Centro Islmico do Brasil


2.6.3
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Da a
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57

No entanto, parece que o espao do LDB j no o nico local de encontro dessa
comunidade. Segundo o depoimento de uma das entrevistadas, a frequncia de jovens
do sexo masculino, nas festas e eventos promovidos pelo LDB, menor. "A gente fica
aqui esperando o prncipe, como ele no aparece, a gente tem que ir l no Lbano
buscar". A fala revela outro movimento bastante caracterstico da comunidade, buscar
os parceiros para seus filhos na comunidade de origem. Hoje em dia, as circunstncias
so bem diferentes daquelas vividas pelos primeiros grupos que aqui chegaram. Boa
parte da comunidade goza de uma situao financeira que permite viagens anuais para a
cidade de origem, que preferencialmente acontecem nas frias de vero (julho/agosto),
perodo que rene muitos daqueles que devido a imigrao espalharam-se pelo globo.
Reencontro para os mais velhos e encontro para os mais novos. nesse contexto que
muitos jovens druzos acabam se casando, j que as famlias percebendo o interesse
mtuo empenham-se em criar o final feliz anunciados nos contos de fada: casaram-se e
viveram felizes para sempre.
O LDB como instituio representativa da comunidade procurado pelas famlias
druzas para realizarem o sonho de ver seus filhos casarem-se entre si. No Brasil, os
casamentos druzos so celebrados por um representante da autoridade mxima do
druzismo: Sheique Al Akel. Atualmente quem ocupa essa posio o sheique Fahd
Alamadine.
Antes do ritual propriamente dito, a famlia dos noivos posiciona-se na entrada do salo
para receber os cumprimentos e recepcionar os convidados. Quanto celebrao do
casamento, no h uma estrutura rgida que a caracterize, at porque boa parte dela a
reproduo do rito cristo: entrada do noivo e dos padrinhos, troca de alianas, entre
outros.
No entanto alguns elementos recuperam a tradio druza. Como nas aldeias libanesas, o
caminho da noiva acompanhado por toques de tambores (imagem 22) e em alguns
casamentos possvel vermos danarinos vestidos com roupas que remetem tradio
militar do povo druzo, coreografando com espadas que so cruzadas ao longo do
percurso realizado pela noiva.


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2.6.3

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66

Captulo III O PAPEL DO LAR DRUZO BRASILEIRO LUZ DOS
DEPOIMENTOS DA PRPRIA COMUNIDADE
No primeiro captulo - o druzismo - apresentamos os principais elementos que
constituem a religio druza; no segundo captulo - LDB, do passado ao presente -
"sobrevoamos" a estrutura objetiva que caracteriza essa comunidade. Assim sendo,
pudemos observar como esses aspectos inicialmente apresentados so vivenciados no
espao do LDB. Neste captulo, nos aproximamos da subjetividade dos participantes
dessa comunidade, "dando voz" aos seus membros, para ento compreendermos como
essa identidade elaborada.
Este captulo est dividido em trs grandes blocos. Num primeiro momento,
conheceremos os aspectos metodolgicos que envolveram esta pesquisa. Em seguida,
apresentaremos os resultados, para ento finalizarmos com a interpretao das
entrevistas luz do quadro terico.
III. 1 Reflexes metodolgicas preliminares
O pesquisador que quer aproximar-se da histria do druzismo, e especificamente do
LDB, no pode se restringir apenas s fontes escritas, at porque elas so insuficientes
para alinhavar os elementos que fazem parte da histria dessa comunidade. Ao nos
aproximarmos da religio druza, pudemos observar que a oralidade a forma
predominante de transmisso da tradio entre seus pares. Apenas uma pequena parcela
desse grupo que tem acesso aos textos sagrados, ou seja, no cotidiano a tradio oral
que garante a sobrevivncia dos costumes desse povo. Essa particularidade acaba se
refletindo nas prticas da comunidade imigrada, pois quando chegam ao Brasil e criam
o LDB, apesar de manifestarem o desejo de criar instrumentos de registro dessa histria,
seja por meio das publicaes das revistas ou pelos registros nas atas das reunies da
Diretoria e Conselho Deliberativo, parte importante desse material foi perdido nas
diferentes mudanas e reformas realizadas ao longo dos 43 anos de existncia, portanto,
boa parte da histria da instituio est registrada apenas na memria de seus membros.
Sendo assim, a opo foi trabalhar com entrevistas, uma forma de resgatar o
conhecimento legtimo de uma tradio que sobrevive graas ao compromisso assumido
pelas diferentes geraes.
67

Vale observar que um aspecto que corroborou na opo da entrevista como escolha
metodolgica foi a posio que a pesquisadora ocupa no grupo. Muitas das dificuldades
enfrentadas - desde autorizao para acessar os documentos da instituio at a
disponibilidade dos membros em falar de algo que pertencia ao universo particular do
grupo - foram vencidas pela proximidade da comunidade, at porque alguns membros,
quando convidados a participarem, demonstraram certa insegurana quanto
legitimidade de seu conhecimento:
O problema que eu no sei nada sobre nossa cultura e religio, [...]
seria melhor fazer a entrevista com algum que entende dos costumes,
n?
No entanto, ao longo das conversas, puderam reconhecer nas prprias narrativas um
valor at ento desconhecido, mas de fato precioso, afinal recuperam uma histria que
transcende o universo individual e que corre o risco de perder-se.
Para a coleta de dados foram realizadas entrevistas de forma semi-aberta, contendo dez
perguntas que serviram como roteiro para um incio de discusso sobre determinados
tpicos. medida que a entrevista se desenvolveu, novos tpicos surgiram,
enriquecendo, assim, a coleta de dados. As conversas foram registradas por meio de
gravador e posteriormente transcritas. A identidade dos entrevistados ser protegida,
portanto, no haver nenhuma identificao na apresentao dos depoimentos.
As entrevistas com os associados somam o total de vinte, sendo que dez foram
realizadas com druzos nascidos no Lbano, o que chamaremos de primeira gerao, e
dez com os druzos nascidos no Brasil, chamada de segunda gerao. A inteno fazer
um comparativo entre os grupos, para que possamos identificar de que forma o Lar
Druzo Brasileiro de So Paulo uma fonte identitria para cada um desses subgrupos.
Para analisar os dados colhidos, recorremos s formulaes apresentadas por Peter
Berger presentes nas obras O Dossel Sagrado e A construo social da realidade, esta
escrita em conjunto comThomas Luckmann, a qual fundamenta os conceitos centrais
desta dissertao: estrutura de plausibilidade, socializao e identidade.


68


III. 2 Apresentao do roteiro das entrevistas
O roteiro de entrevista est divido em duas partes. A primeira permite conhecermos o
perfil demogrfico dos entrevistados, enquanto a segunda composta por questes que
nos aproximam da subjetividade dos mesmos. (ver anexo)
Os dados colhidos na primeira parte referem-se a informaes como: idade, sexo, local
de nascimento, estado civil, escolaridade, profisso e para aqueles que fazem parte da
primeira gerao, data em que o entrevistado chegou ao Brasil.
Para elaborar a segunda parte do roteiro das entrevistas, foram realizadas dez questes,
sendo que as sete primeiras foram criadas a partir das motivaes do prprio grupo, por
isso utilizamos o texto
20
que apresenta a histria da fundao desta instituio,
disponibilizado no site do LDB:
A preocupao de todos era constituir um ambiente que reunisse estas
famlias, proporcionando a unio familiar, fortalecendo os laos e
preservando os costumes e a tradio.[...]
Aps a dcada de sessenta, houve incremento da migrao dos Druzos
para a capital industrial do Brasil - So Paulo, poca em que aumentou
o interesse e a necessidade dos Druzos de ter sua prpria
representatividade, pois toda sociedade rabe tinha suas agremiaes
representando suas regies ou religies.
O conjunto de questes quer verificar se os membros do LDB sentem-se confirmados
nessa associao criada para e pela prpria comunidade, para tanto, as afirmativas foram
agrupadas, considerando os conceitos que fundamentam nosso quadro terico. As
afirmativas (1) O LDB demonstra preocupao em construir um ambiente que rena as
famlias druzas e (2) O LDB proporciona a unio familiar apontam para aspectos
relacionados socializao; a (3) O LDB fortalece os laos entre os druzos, relaciona-se
estrutura de plausibilidade e o conjunto das questes (4) O LDB preserva os costumes
e a tradio druza; (5) O LDB uma instituio representativa dos druzos; (6) O LDB
uma instituio representativa dos druzos; (7) O LDB uma instituio que vem
colaborando em diversos projetos sociais e culturais brasileiros e (8) O LDB
proporcionou momentos que fizeram voc sentir-se "mais druzo", isto , que fizeram

20
http://www.lardruzobrasileiro.com.br/.Acesso em 10/10/2012
69

voc sentir-se parte de um todo maior?Quais? revelam elementos identitrios da
comunidade druza.
As oito primeiras afirmativas foram respondidas por meio de uma escala elaborada em
trs nveis de concordncia : concordo, concordo parcialmente e no concordo .Vale
observar que a questo oito , pedia ao entrevistado que acrescentasse exemplos a sua
resposta. As questes (9) e (10), Na sua opinio qual o papel do LDB junto
comunidade druza, e Na sua opinio o que falta ao LDB para ser o "LAR" dos druzos?
O que gostaria de "ver" acontecendo e que ainda no realizou-se? foram respondidas
de forma aberta.
III.3 Sntese dos resultados
A sntese dos resultados ser apresentada em dois subitens, primeira gerao e segunda
gerao. O material ser apresentado respeitando essa classificao.
III.3.1 Primeira gerao
Chamamos de primeira gerao aqueles que nasceram nas comunidades druzas de
origem (Lbano e Sria), os druzos rabes.
III.3.1.1 Perfil dos entrevistados
O grupo que compe a primeira gerao formado por imigrantes druzos, que
compreendem 5 mulheres e 5 homens, com idade que varia de 58 a 91 anos. Dos 10
entrevistados, apenas 1 nascido na Sria, os outros todos so de origem libanesa.
Ao observarmos a amostra dos entrevistados que fazem parte da primeira gerao,
possvel identificar vrios elementos, dentre os quais se destacam o perodo de
imigrao, o casamento com membros da colnia, a profisso abraada ao chegar
nova terra e o engajamento junto comunidade do LDB.
Dos 10 entrevistados, 8 vieram para o Brasil na dcada de 1950 e apenas 2 em meados
da dcada de 1970, uma como esposa de imigrante druzo que j vivia no Brasil e o
outro foi estimulado a vir pelos parentes que aqui j estavam. Isso aconteceu por volta
de 1968 e 1971. Alguns imigraram acompanhados da prpria mulher, mas a grande
maioria vinha sozinha, fato que no os impediu de casarem -se com membros da prpria
70

colnia, j que apenas 2 dos 10 entrevistados casaram-se com no druzos. Apesar de o
visto no passaporte anunciar que o trabalho que os aguardava era a lavoura, todos os dez
entrevistados encontraram seu ganha-po no comrcio, inicialmente como mascates e
posteriormente nas prprias lojas, assim tornaram-se comerciantes. At hoje, muitos
deles - precisamente 7 continuam na ativa. So 51 anos de comrcio, revela um deles.
Outro aspecto que chama ateno no perfil dessa gerao o engajamento em relao
ao LDB. Dos 10 entrevistados, 8 exerceram algum tipo de cargo na instituio.
Se por um lado observamos uma certa "igualdade" entre os membros desse grupo,
quando o quesito escolaridade os dados so bastante diferenciados. Na amostra
pesquisada, apenas 1 concluiu a formao universitria e 1 chegou a entrar na
universidade, mas no concluiu o curso. Trs concluram o segundo grau, enquanto 2
no chegaram a termin-lo e 3 no chegaram a concluir o primeiro grau. Alguns dos
entrevistados, quando respondiam essa questo, revelaram que foram impedidos de
continuar os estudos, seja para trabalhar na colheita de azeitonas e ajudar no sustento da
casa, seja porque eram mulheres, posio ilustrada por um dos depoimentos:
Estudei at a 4 srie, queria entrar na 5 srie, meu tio no deixou. Ele
era Sheik da famlia, ele achava que ficava feio estudar junto com
cristo. Druza. no podia entrar sem leno na escola. Minha irm fez
papelada para estudar, ele foi em casa, no deixava as meninas estudar.
Era contra as meninas estudarem, dizia que fica feio, no gostava que as
meninas estudassem. Ele se metia na vida dos outros, no sei por que as
pessoas obedeciam ele.
III.3.1.2 Apresentao das respostas
A tabela I mostra como a primeira gerao posiciona-se em relao as questes
propostas no roteiro.Vejamos:
TABELA 1 1 gerao Concordo
Concordo
parcialmente
No
concordo
1. O LDB demonstra preocupao em construir
um ambiente que rena as famlias druzas;
9 1 -
2. O LDB proporciona a unio familiar
9 1 -
3. O LDB fortalece os laos entre os druzos
7 3 -
4. O LDB preserva os costumes e a tradio
druza
6 3 -
5. O LDB uma instituio representativa dos
druzos.
9 -
6. O LDB importante para a comunidade
9 1 -
71

druza, pois toda sociedade rabe tem suas
agremiaes representando suas regies ou
religies
7. O LDB uma instituio que vem
colaborando em diversos projetos sociais e
culturais brasileiros
3 1 4
8. O LDB proporcionou momentos que fizeram
voc sentir-se "mais druzo", isto , que fizeram
voc sentir-se parte de um todo maior?
9 1

Tanto na questo 1 quanto na questo 2 podemos observar uma concordncia quase
absoluta por parte da comunidade, quando perguntados se LDB no s demonstra
preocupao em construir um ambiente que rena as famlias, bem como de fato
proporciona essa unio, j que dos 10 entrevistados, 9 manifestam concordncia.
Na questo 3, quando perguntados se o LDB fortalece os laos entre os druzos, a
comunidade oscila, j que do grupo de 10 entrevistados, 3 manifestaram concordncia
parcial. Tal posicionamento acaba sendo explicado nas respostas que aparecem na
questo 9, quando perguntados sobre o papel do LDB junto comunidade druza, e na
questo 10, que abria espao para o entrevistado falar daquilo que ele gostaria de ver
acontecendo na instituio para que de fato fosse o "lar" dos druzos. Oito entrevistados
respondem que o papel do lar unir as famlias. Vrios entrevistados reclamam que no
h um movimento por parte do corpo diretivo de visitar as famlias que se afastaram do
LDB, sendo que um deles cita o prprio exemplo, quando foi presidente:
O que o lar pode fazer para a comunidade, tem que juntar eles. A
diretoria tem que visitar todo druzo que t aqui, tem que chamar eles pra
participar. Naquela poca era todo mundo pobre, ningum tinha carro e
a gente saia pra visitar. Agora que todo mundo tem dois, trs carros
ningum sai.Num domingo s eu fiz onze visitas!!
Falta a diretoria trabalha pra juntar, pra visitar todos druzos pra vir,
pra fazer jantar, reunio das senhoras, dos rapazes, dos velhos, de todos,
chama eles pra vir para o Lar.
Quando indagados na questo 4 se o LDB preserva os costumes e a tradio druza, 7
concordam, no entanto 3 dos nossos entrevistados demonstram concordncia parcial,
apontando suas ressalvas: o ambiente do Brasil no ajuda a preservar a tradio
porque o jeito do brasileiro no o jeito do druzo.
Em relao s questes 5 e 6, podemos observar uma concordncia quase absoluta por
parte da comunidade, j que dos 10 entrevistados, 9 manifestam concordncia, quando
perguntados se LDB uma instituio representativa e importante para os druzos, pois
toda sociedade rabe tem suas agremiaes representando suas regies ou religies.
72

Na questo 7, quando perguntados se LDB uma instituio que vem colaborando com
vrios projetos sociais e culturais brasileiros, 4 dos entrevistados discordaram, 3
concordaram e 3 foram mais comedidos, ao dizer que desconheciam, motivo pelo qual
quando olhamos esse item na tabela e verificamos 7 respostas e no 10.
Na questo 8, quando perguntados se o LDB proporcionou momentos que fizeram voc
sentir-se "mais druzo", isto , que fazem voc sentir-se parte de um todo maior?, 9 dos
10 entrevistados concordaram com a afirmativa, sendo que apenas 1 optou por uma
concordncia parcial. As palavras de concordncia "saltavam da boca", apontando para
as veias do brao:
Claro! Est no sangue!
claro! Foi no Lar que comemorei o aniversrio de quinze anos da
minha filha, foi noivado no Lar, foi no Lar que casei minha outra filha,
quando meu filho morreu foi no Lar que fiz homenagem pra ele, tambm
pro meu marido.
Lgico! Nas nossas festas tradicionais, Eid Ad Adha,a gente rene l,
todo mundo confraterniza com outro, parece que a gente t em famlia,
sempre!!
A diversidade de respostas merece uma apresentao mais detalhada com relao
questo 10, apesar de esta j ter sido mencionada ao apresentar a questo 3.
Quando perguntados o que falta ao LDB para o ser o "lar" dos druzos, isto , o que
gostariam de ver acontecendo e que ainda no se realizou, quase todos iniciam sua
resposta com a palavra unio atrelada:
Tem que ter mais compromisso. Tem 25 famlias que morreram os pais e
perderam o contato. A gerao antiga est indo embora. A gerao nova
t longe do Lar, no frequenta, amanh o Lar fica fechado.
Todos so de uma famlia s, especialmente por causa dos nossos filhos.
Tem que reunir a sociedade drusa, especialmente os filhos. Porque
amanh se a sociedade vai diminuindo, precisa trabalhar mais para
juntar a sociedade. Visita mais; se tem algum erro,
conserta.Especialmente a gerao que nasceu aqui. Muitas sociedades
fecharam em SP porque ningum frequenta mais l, uma sociedade sem
pbico uma sociedade morta.
Falta unio entre todos os druzos. Muitas famlias se afastaram e a
diretoria no vai atrs para ver o que acontece. Hoje s vai quem quer.
Por exemplo, teve a morte de um sheike espiritual, que serviu a
comunidade druza durante oitenta anos. Teve a cerimnia de morte
dele, tinha pouca gente.

73

Tambm possvel observar que h uma especial preocupao da comunidade
imigrante com os filhos, que na sua maioria nasceram no contexto da imigrao e que
apesar de terem sido criados numa casa druza vivem num pas que no ecoa a tradio
domstica.
Meu maior desejo mostrar os druzos pros nossos filhos. Ter um canto
pra praticar nossas oraes e mostrar pros nossos filhos como faz
nossas oraes. Eu estou carregando essa bandeira faz tempo e alguns
acham que eu sou muito fantico, cheguei fazer um pedido para fazer
uma espcie de "majils". Pra poder receber alguns de outras religies e
quando algum quiser praticar ter um lugar reservado. Quando
recebemos outras religies eles perguntam, onde voc pratica? Onde
vocs rezam? A gente responde, a gente reza em casa. Mas tem que ter
um lugar coletivo pra todo mundo!
Tambm aparece de forma acentuada a preocupao com a possvel extino da religio
e a necessidade de mudanas.
Na realidade, a gente precisa mostrar pros nossos filhos. Se a gente no
mostrar pro nossos filhos, ns estamos perdendo tempo. Vai chegar uma
hora, quando morre , eu quero saber se algum vai lembrar quem os
druzos? Se algum vai lembrar do que druzo?
Se continuar desse jeito... acho que vai acabar. Eles no esto fazendo
reunio explicando o que ser druzo... Vamos supor o LDB t
explicando o que ser druzo?
Ns precisamos abrir nossa religio para os nossos filhos e depois pra
outras religies. O prprio sheik Al Akl est tentando tirar aquela
barreira, todos ns temos que conhecer. Os nossos jovens l no Lbano,
eles esto fazendo reunio. Sheik Naim Hassan disse se a gente no
abrir pros jovens, no falar da nossa religio a gente vai perder, eles
vo seguir a religio muulmana, religio catlica, isso.
III.3.2 Segunda gerao
Chamamos de segunda gerao os filhos da primeira gerao, aqueles que nasceram no
contexto da imigrao, os druzos brasileiros.
III.3.2.1 Perfil dos entrevistados
O grupo que compe a segunda gerao formado pelos filhos de imigrantes druzos,
que nessa amostra esto divididos em 6 mulheres e 4 homens, com idade que varia entre
24 a 62 anos. Dos 10 entrevistados, 7 so nascidos em So Paulo.
74

Ao organizar o perfil dos entrevistados que compem a segunda gerao, destacam-se
aspectos que so comuns entre os integrantes dessa amostra, dentre os quais a
importncia dada escolaridade e ao casamento com membros da prpria colnia
chamam ateno, j que, dos 10 entrevistados, 8 possuem curso superior, apesar de
apenas 4 trabalharem na atividade para a qual foram buscar formao. Quanto
instituio do casamento endogmico, parece que est salvaguardada, j que dos 10
entrevistados, 9 esto casados com membros da prpria colnia. No entanto, quando
olhamos para a relao de engajamento em relao ao LDB, apenas 4 dos 10
entrevistados j ocuparam algum cargo nessa instituio.
III.3.2.2 Resumo das respostas
A tabela II mostra como a segunda gerao posiciona-se em relao s questes
propostas no roteiro.Vejamos:
Tabela 2 2 gerao
Concordo
Concordo
parcialmente
No
concordo
1. O LDB demonstra preocupao em construir
um ambiente que rena as famlias druzas
6 3 1
2. O LDB proporciona a unio familiar
6 2 2
3. O LDB fortalece os laos entre os druzos
5 4 1
4. O LDB preserva os costumes e a tradio
druza
4 4 2
5. O LDB uma instituio representativa dos
druzos.
10 - -
6. O LDB importante para a comunidade
druza, pois toda sociedade rabe tem suas
agremiaes representando suas regies ou
religies
9 1 -
7. O LDB uma instituio que vem
colaborando em diversos projetos sociais e
culturais brasileiros
2 - 8
8. O Lar Druzo proporcionou momentos que
fizeram voc sentir-se "mais druzo", isto , que
fizeram voc sentir-se parte de um todo maior?
8 2


Nas questes 1 e 2, quando perguntados se LDB demonstra preocupao em construir
um ambiente que rena as famlias, proporcionando a unio familiar, podemos observar
que as opinies se dividem. Na questo 1, dos 10 entrevistados, 6 concordam, 3
concordam parcialmente e 1discorda, argumentando que:
75

Hoje em dia no acho que estejam preocupados. Quando tem festa, cada
famlia fica na sua mesa. tudo territrio marcado! Atualmente, o LDB
no acrescenta nada na minha vida.
Comparando as respostas da questo 2 com a questo 1, observamos que aqueles 6 que
concordaram se mantm, e que o grupo da concordncia parcial diminuiu para 2 e o da
discordncia cresceu para 2. Uma das justificativas dos discordantes que existe muita
competio entre as famlias:
H competio de muita gente. Se ao invs disso tivssemos cooperao,
colaborao... So duas palavras simples. Se eles entendessem as duas
primeiras ao invs da terceira a sociedade estaria diferente, mas
infelizmente no isso que acontece!
Na questo 3, quando perguntados se o LDB fortalece os laos entre os druzos, a
comunidade se divide, j que do grupo de 10 entrevistados, 5 manifestaram
concordncia, 4 concordncia parcial e 2 discordncia, os quais argumentam que os
valores da cultura esto se perdendo, falta respeito pelo prximo.
Na questo 4, quando perguntados se o LDB preserva os costumes e a tradio druza, 4
concordam, 4 demonstram concordncia parcial e 2, discordncia, apontando suas
ressalvas: hoje em dia no existe homem que te pergunte: posso ajudar?
Em relao s questes 5 e 6, podemos observar uma concordncia quase absoluta por
parte da comunidade, j que na questo 5 os 10 entrevistados manifestam concordncia.
E na questo 10 apenas 1discordou, quando perguntados se LDB uma instituio
representativa para os druzos, pois toda sociedade rabe tem suas agremiaes
representando suas regies ou religies.
Na questo 7, quando perguntados se LDB uma instituio que vem colaborando com
vrios projetos sociais e culturais brasileiros, 8 dos entrevistados discordaram e 2
concordaram.
Na questo 8, quando perguntados se o LDB proporcionou momentos que fizeram voc
sentir-se "mais druzo", isto , que fazem voc sentir-se parte de um todo maior, 8 dos 10
entrevistados concordaram com a afirmativa, sendo que apenas 2 concordaram
parcialmente.
Os momentos mais citados pelos entrevistados referem-se ao Conclave e depois s
festas com as tradicionais rodas de dabque. De forma isolada, tambm foram citados a
homenagem realizada na dcada de 1980 ao lder druzo Kamal J umblat e as
apresentaes do grupo folclrico Fakre Eddine:
76

Participava do grupo folclrico Fakre Eddine, dancei por trs anos,
foram os melhores anos da minha vida. A gente era muito unido. A gente
era como irmo.
Na questo 9, quando perguntados sobre qual o papel do LDB junto comunidade
druza, citada a importncia de preservar a colnia, promovendo a integrao social
da comunidade, aproximando os druzos que vivem no Brasil de forma a incentivar a
participao dos jovens, j que o futuro est nas mo deles.
Na questo 10, perguntado o que falta ao LDB para o ser o "lar" dos druzos, isto , o
que gostariam de ver acontecendo e que ainda no se realizou. As respostas, apesar de
diversificadas, apontam para aspectos comuns: aprendizado sobre a religio druza,
voltado para os jovens; promover anualmente um conclave; promover eventos que
aproximem as pessoas, especialmente os jovens; incentivar a participao daqueles que
se afastaram e buscar a abertura da religio.
Tambm na questo 10 mencionada a importncia de entender que o LDB no deveria
promover a imagem desta ou daquela famlia, mas que as pessoas se preocupassem com
a grande famlia druza.
III.4 Interpretao dos dados
A interpretao dos dados alimentam-se de reflexes tericas nos ajudam a
compreender o material, por isso importante conhecer os conceitos norteadores dessa
dissertao: estrutura de plausibilidade, socializao e identidade.
III.4.1 Consideraes tericas preliminares
Sabemos que na discusso sociolgica esses elementos esto intimamente inter-
relacionados, que na prtica eles se sobrepe, apesar de entendermos que essa separao
artificial mesmo assim apresentaremos eles separadamente por razes puramente
analticas.
III. 4.1.1 Estrutura de Plausibilidade
Para a comunidade druza do LDB, o processo de socializao est circunscrito dentro de
um modelo social apreendido na comunidade de origem, que para grande parte dos
nossos entrevistados seria o Lbano, mais precisamente as famlias druzas, que por sua
vez esto localizadas em cidades reconhecidamente druzas. sintomtico que na pgina
77

do facebook do LDB ( imagem 1), o Lbano seja citado como lugar de origem e o Brasil
como local de residncia.








nesse processo que se d a "criao" de indivduos que sejam capazes de ser parte
desse mundo, de modo a torn-lo real, legitimando-o, portanto tornando-o assim
plausvel.
O indivduo socializado para ser uma determinada pessoa e
habitar um determinado mundo [...] o indivduo se apropria do
mundo em conversao com os outros, [...] tanto a identidade
como o mundo permanecem reais para ele enquanto ele continua
a conversao.[...] A realidade subjetiva do mundo depende do
tnue fio da conversao.
21

Segundo Berger toda sociedade desenvolve instncias para todos aqueles que fazem
parte dela possam elaborar o que se compreende como realidade, de forma que o
modelo seja visto com naturalidade e no com estranhamento. Quanto maior a
sensao de obviedade em relao aos referentes apresentados, maior o xito da
socializao.
No basta que o indivduo considere os sentidos-chave da ordem
social como teis, desejveis ou corretos. muito melhor
(melhor, isto , em termos de estabilidade social) que ele os
considere como inevitveis, como parte e parcela da "natureza

21
Berger, Peter L. O dossel sagrado: elementos para uma teoria sociolgia da religio. So Paulo:
Paulus, 1985, p. 29.
Imagem 1 - Facebook do LDB
78

das coisas". se isso for conseguido, o indivduo que se desgarra
seriamente dos programas socialmente definidos pode ser
considerado no s como um idiota ou um canalha, mas como
um louco
22

O mundo social, aqui nomeado como comunidade druza apresenta-se como o referente
para o indivduo e a expectativa que por meio dos processos sociais a identidade v
sendo construda, criando assim aquilo que Berger nomeia como estruturas de
plausibilidade, que permite que determinadas interaes humanas aos nossos olhos
sejam mais plausveis do que outras. nesse contexto que o LDB criado, para ser a
representao do modelo que aquele grupo entende como referente do que vem a ser
druzo. Sentimento traduzido pelas palavras de Mahasen: "Na nova terra [...] criam um
mini Lbano dentro de um outro pas.
23

O sheik fala, as vezes uma homenagem, igualzinho l. Lembra o
casamento do Hassan? Pensei que eu estava no Lbano. Quando vou no
Lar Druzo parece que estou me sentindo na minha cidade, todo mundo
fala rabe, todo mundo cumprimenta! Penso que estou no Lbano!
Festa do ano novo, comida, jeito de fazer comida no ano novo, sentia
que estou na minha terra! Pensava que estava na minha cidade.

III. 4.1.2 Socializao
Vimos que para o druzismo s druzo quem nasce druzo, no entanto, essa condio
apesar se herdada no nascimento no o suficiente para o indivduo sentir-se druzo,
para que isso ocorra necessrio um processo que est muito alm do rtulo.
necessrio que ele torne-se druzo. nesse contexto que podemos compreender a
demanda da comunidade druza, ao criar uma instituio como o LDB, espao que foi
concebido para privilegiar a socializao da comunidade, onde pudessem oferecer aos
seus filhos os referentes que receberam das geraes anteriores, dentre os quais est a
orientao do casamento endogmico, elemento nevrlgico na tradio druza, j que
dele depende a sobrevivncia da comunidade.
Se a preocupao est em formar casais druzos, que continuem por meio do ncleo
familiar a perpetuar a tradio druza, nada melhor do que o momento da festa para
formar outros casais. no ncleo familiar e na festa que a comunidade do LDB ensina
os mais novos e aprende com os mais velhos o que ser druzo no Brasil. No por acaso

22
Berger, Peter L. O dossel sagrado: elementos para uma teoria sociolgia da religio. So Paulo:
Paulus, 1985, p. 37.
23
Mahasen, Suhaila Andere p. 8
79

a sede do LDB constituda basicamente de dois sales de festa, j que para a
comunidade este o momento privilegiado para compartilhar suas tradies. L marcam
presena importantes elementos da tradio: o idioma rabe, para muitos ainda a lngua
materna; a culinria, as msicas e as danas, especialmente as rodas de Dabque, que
acolhe a todos: homens, mulheres, crianas e idosos!
Os processos de socializao sero fundamentais na formatao da identidade druza,
que sabemos no acontece "de uma vez para sempre". A socializao primria nessa
comunidade est circunscrita ao ncleo familiar, j que a tradio do casamento
endogmico cuida para que pai e me sejam druzos. na socializao secundria que o
LDB encontra seu lugar.
na infncia que o indivduo experimenta a primeira socializao. Geralmente o
processo subseqente, que o introduz em outros setores da sociedade, chamado de
socializao secundria. na socializao primria, por meio dos processos de
identificao, que a criana d incio ao processo de aquisio de uma identidade
No processo de interiorizao o indivduo adota o mundo no qual os outros vivem, a
partir dessa "apropriao" poder interagir nesse mundo, a ponto identificar-se com os
sujeitos desse mundo, nesse movimento poder experimentar participar do mundo do
outro e o outro participar do dele, nesse momento torna-se membro da sociedade.
Aqui se d aquilo que chamaremos de socializao, que compreende as relaes entre as
realidades objetivas e subjetivas no percurso realizado pelo indivduo na interiorizao
do mundo, para ento posteriormente dar conta dos vrios "submundos".
Eu cresci dentro do LDB. A gente comeou a participar de todas as
festas: Ano Novo, Festa Junina, dias das mes, dia dos pais, eu
participava do grupo folclrico Fakre Eddine, O treinamento acontecia
ou no sbado ou no domingo, depois a gente sempre saia, ia tomar milk
sheik, danar, viajvamos juntos... Isso foi realmente muito importante
na minha vida, pra me sentir normal. [...] os meus pais sempre achavam
que eu tinha que ser amiga s de druzos, no de brasileiros, mas eu tinha
amigas brasileiras na escola, elas podiam sair, podiam namorar, podiam
levar os namorados para casa e eu no podia, ento estando com esses
druzos, eu me sentia feliz, porque eu me sentia "normal", porqu eu
estava com o meu grupo, que passavam pelas mesmas coisas que eu
estava passando.
O Lar tem que unir mais. Um vai em Mairipor, outro vai na praia?
Devia juntar tudo! Como no Juventus, voc leva sua comida, senta todo
mundo junto, um come da comida do outro.. As vezes vai em outro lugar,
80

podia ser o mesmo lugar. Isso eu queria ver no Lar, todo mundo junto!
Unir mais, moo, jovem!
Quando o LDB fica cheio, fico contente, mas quando vejo "gato
pingado", d uma tristeza. Por que o nico lugar de encontrar os
irmos. As festas que a gente v mais cheio o dia das mes e o
aniversrio do LDB.

III. 4.1.3 Identidade
Apesar do discurso religioso, apontar para outra direo, sabemos que a identidade
druza no dada, ela formada pelos processos de socializao que se do no ncleo
familiar, bem como no convvio entre seus pares, que por sua vez buscam sustentao
na estrutura de plausibilidade, oferecida pelo LDB
Se a comunidade de origem no tivesse trazido consigo suas lembranas bem provvel
que tivessem perdido sua identidade. E aqui podemos compreender o papel que o LDB
ocupa na comunidade druza brasileira. O Lar o lugar da conversa entre os pares, pois
quando voc sai para o mundo voc vai perdendo seus referentes, mas quando voc
volta para "seu" lugar sente-se fortalecido.
A identidade objetivamente definida como localizao em um
certo mundo e s pode ser subjetivamente apropriada
juntamente com este mundo. [...] Receber uma identidade
implica na atribuio de um lugar especfico no mundo
24

Podemos observar algumas falas:
O costume do druzo raa nenhuma tem. Esse Bani Maarouf esse aqui
no existe no mundo. Primeiro pro druzo a honra, lutar pela honra;
fidelidade, a coragem , honestidade, sinceridade, isso tudo o
verdadeiro druzo.
A gente tem que chamar os jovens e ver as ideias deles, a gente tem que
fazer as palestras pra eles se agarrarem as tradies, se eles seguirem
trinta por cento j est muito bom. Tem muitos que veio de l e no
segue nem vinte e cinco por cento.
O Lar social, no tem nada com a religio. Pra preservar tem que ter
atos religiosos. No um lugar religioso como uma igreja, uma
mesquita. Religio de Deus e a Ptria de todos.



24
Berger, Peter. Op Cit. p.171.

81

Consideraes finais
O problema presente nesta pesquisa refere-se presena, e por que no dizer da
sobrevivncia do druzismo no Brasil, especificamente na comunidade de So Paulo que
representado pelo Lar Druzo Brasileiro. Ao longo do trabalho objetivamos responder a
algumas perguntas, como as que seguem:
Qual a relevncia de instituies como do Lar Druzo Brasileiro de SP
como espao identitrio desse grupo?
Como o druzismo vivido no LDB? Quais so os elementos de
permanncia dessa religio e como so experimentados no espao do LDB, que
ainda os fazem reconhecer-se como druzos?
Como o LDB visto pelos membros da comunidade?
Qual a expectativa da comunidade druza em relao ao LDB?
Sendo o druzismo uma religio que no apresenta uma estrutura de acesso aos preceitos
religiosos para todo e qualquer seguidor, fica por conta da estrutura familiar boa parte
da responsabilidade de garantir a formao religiosa, que nas comunidades de origem
ratificada pela prpria comunidade. Os druzos esto localizados em cidades
reconhecidamente druzas, a estrutura encontrada l est longe de poder ser reproduzida
por aqui, j que o Brasil um pas que tem como caracterstica a multiculturalidade, que
carrega nessa esteira a pluralidade religiosa.
Em terras estrangeiras o imigrante druzo tenta recriar um "mini- Lbano", buscando nos
pares da prpria comunidade um "osis social". nesse contexto que o LDB criado, e
como ele o " druzismo verde amarelo", que esta a e com certeza fala rabe e dana
dabque. Nesta instituio a tradio se faz presente! Seja por meio da lngua rabe, para
muitos ainda a lngua materna; pelo uso de nomes rabes que ainda so maioria; nas
celebraes, que apesar de identificadas com o calendrio civil brasileiro, so festejadas
moda rabe, com direito a comida tpica, msicas e danas, aqui l-se Dabque, que
segundo o relato de alguns entrevistados uma preferncia da comunidade druza
brasileira.
No entanto, se para a primeira gerao o elemento religioso estava internalizado, e isso
era satisfatrio a segunda gerao demonstra que para ela a histria um pouco
diferente, buscam respostas que nem sempre so encontradas no prprio grupo. Muitos,
apesar de druzos acabam aderindo a outras confisses religiosas, dentre as quais o
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espiritismo a mais adotada, j que como no druzismo a reencarnao a resposta para
a busca de sentido. Curioso notar que a adeso a outras experincias religiosas vista
com certa naturalidade, possivelmente ecos da taqqya.
Aqui observamos um campo bastante frtil para pesquisa, como por exemplo, quais so
as prticas religiosas que os membros da comunidade druza foram buscar na
circunstncia da imigrao, j que a estrutura de plausibilidade oferecida pelo LDB no
d conta das demandas de muitos de seus membros, que tentam buscar o sentido, em
outras tradies.
A questo aqui se o druzismo sobreviver ao Brasil, j que aqui os referentes abrem
possibilidades inimaginveis para a comunidade de origem.



































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