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ANPUH-BRASIL ASSOCIAO NACIONAL DE HISTRIA
GRUPO DE TRABALHO DE HISTRIA ANTIGA DA ANPUH
VIII ENCONTRO NACIONAL DE HISTRIA ANTIGA - GTHA
CADERNO DE RESUMOS VIII Encontro Nacional de Histria Antiga GTHA: identidade no Mundo Antigo: pesquisa, dilogos e apropriaes
Natal, Rio Grande do Norte 2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
Reitora: ngela Maria Paiva Cruz Centro de Cincias Humanas, Letras e Artes: Herculano Ricardo Campos Departamento de Ps-Graduao em Histria: Francisco das Chagas Fernandes Santiago Junior
Catalogao: conforme NBR 6023 da Associao Brasileira de Normas Tcnicas Catalogador: Ana Paula Vasconcelos do Amaral e Silva Arajo
Encontro Nacional de Histria Antiga no Rio Grande do Norte (8.: 2014: Natal, RN) Caderno de resumos [do] VIII Encontro Nacional de Histria Antiga no Rio Grande do Norte [recurso eletrnico] / Encontro Nacional de Histria Antiga no Rio Grande do Norte ; organizao, Prof Dr Lyvia Vasconcelos Baptista (UFRN), Prof Dr Marcia Severina Vasques (UFRN), Prof Dr Marinalva Vilar de Lima (UFCG) . Natal: Grupo de Trabalho de Histria Antiga da ANPUH, 2014. 44p. Contedo: identidade no Mundo Antigo: pesquisa, dilogos e apropriaes. Modo de acesso: Word Wide Web: < http://www.cchla.ufrn.br/encontrogtha//> e <http://www.cchla.ufrn.br/encontrogtha/Resumos.pdf> Encontro realizado no Campus Central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
1. Histria Antiga 2. Mundo Antigo Identidade 3. Mundo Antigo Apropriaes 4. Identidade no Mundo Antigo: pesquisa, dilogos e apropriaes I. Baptista, Lyvia Vasconcelos II. Vasques, Marcia Severina III. Lima, Marinalva Vilar de IV. Ttulo
CDU- 930.85
VIII Encontro Nacional de Histria Antiga do Grupo de Trabalho de Histria Antiga (GTHA-ANPUH)
Comisso organizadora
Prof Dr Lyvia Vasconcelos Baptista (UFRN) Prof Dr Marcia Severina Vasques (UFRN) Prof Dr Marinalva Vilar de Lima (UFCG)
Comit Cientfico
Adriene Baron Tacla (UFF) Ana Teresa Marques Gonalves (UFG) Anderson Zalewski Vargas (UFRGS) Antonio Brancaglion Jnior (UFRJ, Museu Nacional) Norberto Luiz Guarinello (USP) Pedro Paulo Abreu Funari (UNICAMP) Margarida Maria de Carvalho (UNESP)
Apresentao
O VIII Encontro Nacional de Histria Antiga tem como tema Identidade no Mundo Antigo: pesquisa, dilogos e apropriaes. Este Encontro promovido pelo Grupo de Trabalho de Histria Antiga (GTHA-ANPUH) e, no ano de 2014, ocorre nas dependncias da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O Encontro tem o objetivo de estimular o debate cientfico entre pesquisadores de vrias Universidades brasileiras e tambm professores estrangeiros, com a finalidade de contribuir para o desenvolvimento da rea de Histria Antiga no Pas. Ressaltamos que, pela primeira vez, a reunio do Grupo de Trabalho de Histria Antiga (GTHA) ocorre na regio Nordeste. Com o avano dessa rea do conhecimento histrico por todo o territrio brasileiro, acreditamos que os encontros do GT de Histria Antiga tornam-se cada vez mais essenciais para a manuteno do dilogo e do debate entre historiadores e professores que atuam na rea.
As coordenadoras.
6 CADERNO DE RESUMOS
1 dia
(1) COMUNICAES LIVRES COORDENAO
DRA. MARCIA SEVERINA VASQUES (UFRN)
Data: Quarta-feira, 13/08 Horrio: das 14h s 16h40 Local: Auditrio D CCHLA
TRABALHOS:
1) Rennan de Souza Lemos - Seshat, Museu Nacional/UFRJ Prticas morturias no Egito e no Sudo durante o Reino Novo: avaliando o emaranhamento cultural
O presente artigo tem por objetivo debater a aplicabilidade do conceito de emaranhamento cultural a partir da comparao de enterramentos no Egito e na Baixa Nbia durante o Reino Novo (c. 1550-1330 a. C.). Para tanto, discutiremos as prticas morturias de diversos setores das populaes dessas regies, explorando seus variados aspectos. Partiremos de um debate terico, seguindo para uma apresentao breve das prticas morturias no Egito e na Nbia da poca, posteriormente focando na comparao de dois exemplos, com fins de testar a aplicabilidade do conceito de emaranhamento a partir da cultura material e propor novos caminhos na interpretao do registro arqueolgico. Palavras-chave: Egito, Nbia, Arqueologia Funerria, Emaranhamento cultural.
2) Andr Lus Silva Effgen - Seshat/Museu Nacional/UFRJ Parenefer e a cena da Janela das aparies: A arte amarniana no mbito das crenas funerrias da elite de Akhetaton
7 Este trabalho um resultado preliminar do projeto de pesquisa em desenvolvimento intitulado A Janela das aparies e o ouro da recompensa: Uma anlise iconogrfica acerca das concepes funerrias da elite egpcia antiga durante o perodo Amarniano (1353 1335 a. C.). Tem como objetivo refletir sobre a funo que a cena da Janela da aparies ocupava na tumba de Parenefer, alto funcionrio da corte do fara Amenhotep IV/Akhenaton. Esse tipo de cena , no nosso entendimento, central para que descortinemos o lugar da representao que o falecido, membro da elite, passa a desempenhar nas tumbas e o valor das mesmas no contexto funerrio sob a nova perspectiva religiosa implantada pela reforma empreendida pelo fara. Por meio da anlise iconogrfica pretende-se compreender a experincia religiosa da elite amarniana, no que diz respeito ao post-mortem, contidas nas relaes com o rei e seu papel de intermedirio entre esse mundo e o seu deus nico, em um processo dialtico onde se observar tanto o papel principal desempenhado pelo fara nas representaes das cenas, como tambm o papel secundrio e condicionado do falecido membro da corte. Palavras-chave: Arqueologia funerria, Egito Antigo, Amarna, Janela das aparies, Arte.
3) Keidy Narelly Costa Matias MAAT/UFRN; ARCHAI, UnB Cartografias do Alm: a sociedade dos vivos e a sociedade dos mortos no Antigo Egito
O universo egpcio dos mortos (Duat) foi concebido com base no mundo dos vivos (Kemet), portando-se como uma continuao deste; em outras palavras, o Duat era o duplo de Kemet. A partir do conceito de duplo (ou oposio privativa, conforme denominao proposta por Ciro Flamarion Cardoso) ns propomos discutir acerca da concepo social do universo egpcio dos mortos problemtica que desenvolvemos em nossa pesquisa de mestrado, que tem como fonte o Livro Egpcio dos Mortos. Palavras-chave: Espao funerrio, duplo, Duat, Kemet.
4) Arthur Rodrigues Fabrcio MAAT/UFRN Complexo de culto real de Ramesss III: espao e memria na XX dinastia do Antigo Egito
Uma das caractersticas marcantes da antiga sociedade egpcia seu apego em relao ao passado. Para esta, um homem sem memria no pode existir, nem no mundo dos vivos, nem no mundo dos mortos. H uma necessidade de se pensar ainda em vida um projeto de transio para o ps-vida, que inclui entre os muitos cuidados aquele em relao
8 manuteno da memria. A perspectiva culturalista da memria redeu bons frutos durante as ltimas dcadas e, a partir da noo bem difundida de memria cultural forjada pelos egiptlogos alemes Jan e Aleida Assmann -, vrios campos de saberes passaram a pesquisar as mltiplas relaes que este conceito propicia. Esta comunicao, como um destes estudos, busca perceber se, no Egito Antigo, o complexo de culto real de Ramesss III (1187 1157 a.C.), no Novo Imprio (1539 1077 a.C.), pode ter sido utilizado para perpetuar a memria cultural da sociedade egpcia daquela poca e, em caso afirmativo, que tipo de recursos foram adotados neste monumento para a consolidao deste projeto de memria. Palavras-chave: Egito Antigo, Ramesss III, Memria Cultural.
5) Vanessa Fronza - UFPR Restaurao e identidade no governo de Horemheb
O Reino Novo (1550 1070 a.C.) um dos perodos mais estudados quando se trata da Histria do Egito antigo, mas apesar da quantidade significativa de fontes histricas pertencentes a esse recorte cronolgico que permaneceram atravs do tempo, Horemheb (1323 1295 a.C.) um fara ainda pouco mencionado pela historiografia. Este soberano se insere em um contexto de transio, no qual o retorno tradio religiosa prioridade poltica devido s mudanas promovidas pela reforma amarniana, levada a cabo por Akhenaton (1352-1336 a.C.)Por se caracterizar como um episdio particular na histria egpcia, o perodo denominado amarniano um frequente objeto de estudo da Egiptologia. O foco deste trabalho est no fim desse perodo, em que faz-se necessria a retomada dos cultos tradicionais previamente modificados por Akhenaton, interpretando-o como um processo de Restaurao. Dada a conturbada sucesso real que levou Horemheb ao trono do Egito, ainda que no possusse nenhum vnculo familiar que o associasse dinastia vigente, este fara criou mecanismos legitimadores, como uma narrativa que o justifica no poder, gravada em seu Texto de Coroao, entre outras estratgias de legitimao que sero analisadas nesse trabalho. Palavras-chave: Restaurao, reforma amarniana, Horemheb.
6) Ruan Kleberson Pereira da Silva MAAT/UFRN Ordem em pedra: estudo de memria cultural em relevos neoassrios (884-727 a.C.).
9 As guerras de independncia e de reconquista levadas cabo pelo soberano neoassrio durante o processo de reafirmao poltica, vivenciado a partir do sculo XII a.C., serviram para manter as prerrogativas imperiais atravs do campo de batalha ou, em outro caso, por intermdio do campo de representao escultrico dos relevos parietais das Salas do Trono de palcios imperiais. Alm de ser entendido como mecanismos de manuteno da ordem imperial neoassria, os relevos faziam suscitar significados que, por sua vez, exerciam o papel de mediao entre as propriedades de estmulo do ambiente e as respostas humanas dadas a ele. Em virtude disso, os relevos parietais, em sua praticidade escultrica, so imagens agentes portadoras de finalidade mnemnica, por meio da qual se busca fazer lembrar ao pblico que os acessam do poderio neoassrio que os subjuga e, as prerrogativas com as quais o Imprio se mantm unificado em torno da figura do rei de justia e do culto ao deus Assur. Com isso, por meio do estudo de memria cultural, busca-se compreender como estes relevos funcionaram como agentes de manuteno da ordem e soberania imperial neoassria. Palavras-chave: Imprio Neoassrio, Sala do Trono, Relevos Parietais, Ordem e Soberania, Memria Cultural.
7) Thas Rocha da Silva - FFLCH/USP; Seshat, Museu Nacional/UFRJ Gnero e identidade na epistolografia demtica
Os estudos de identidade no Egito Ptolomaico recentemente tm dado ateno documentao epistolar. Pesquisas sobre as cartas demticas podem auxiliar a desconstruir tanto a ideia de que as cartas e as mulheres so inseparveis, quanto a problematizar definies em torno da identidade de gregos e egpcios durante o perodo ptolomaico. A epistolografia foi em certa medida feminilizada e parte da literatura feminista chegou a argumentar que as cartas eram documentos tipicamente femininos, que davam voz s mulheres numa sociedade em que no teriam espao para se expressar sem o controle dos homens. No caso egpcio, em especial o das cartas demticas, tais afirmaes no se aplicam, seja pela prpria definio de carta, seja pelo problema do gnero nesse contexto. Pretendo discutir esses limites levando em conta o problema da identidade no contexto do Egito helenstico, problematizando as polarizaes entre homens e mulheres e entre gregos e egpcios. Palavras-chave: Gnero, Cartas demticas, Egito Ptolomaico.
10 8) Raphael de Lima Barbosa - UFRN Deuses, funerais e imortalidade no Egito Antigo: um estudo sobre as prticas funerrias no Novo Imprio Tebano
Atravs de fontes clssicas da Egiptologia, e as tradues do Livro dos Mortos, observar-se a ideia de que os egpcios acreditavam na existncia de outro mundo alm do fsico, na imortalidade da alma e na ressurreio. Esta crena tambm est presente no imaginrio de outras culturas, como atestam fontes crists. Baseando-se na verso de Plutarco, para o mito de sis e Osris, teremos uma viso grega da histria. Sabemos tambm que os funerais eram dotados de certas peculiaridades, como atesta a arqueologia. Este artigo tem como objetivo estudar as prticas funerrias, a imortalidade da alma e as relaes mticas no Egito antigo. Palavras-chave: Egpcios, Funerais, Ressurreio e Imortalidade.
9) Bruna Rafaela de Lima - UFCG Me, rainha e deusa: as faces de sis no Egito faranico
O Egito Antigo comumente associado sua religiosidade. As histrias dos deuses pautavam a vida dos egpcios e servia de justificativa e inspirao para as cenas do cotidiano, tanto entre as camadas mais baixas da sociedade quanto na famlia real. Osris e sua esposa-irm, Isis, esto entre as divindades mais importantes adoradas no Egito. O culto a eles estende-se por todas as cidades e so adorados como casal fundador do Egito. sis, como uma das principais divindades, tem seus papis de esposa, me e rainha tomados como exemplo para a vida das mulheres do Egito Antigo. Neste trabalho, abordaremos o mito isaco e os papis atribudos deusa sis, objetivando compreender esses papis e sua relao no cotidiano das mulheres do Egito e discutiremos a mitologia egpcia como legitimadora dos papis sociais desempenhados ao longo do perodo faranico. Palavras-chave: Egito Faranico, Culto isaco, Religiosidade egpcia.
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11 (2) COMUNICAES LIVRES COORDENAO
DR. RAFAEL SCOPACASA (UFRN)
Data: Quarta-feira, 13/08 Horrio: das 14h s 16h40 Local: Auditrio C CCHLA
TRABALHOS:
1) Regina Maria da Cunha Bustamante - Laboratrio de Histria Antiga (LHIA) / UFRJ Alteridade africana nas emisses monetrias
As Guerras Civis do Primeiro Triunvirato da Repblica Romana, envolvendo partidrios de Jlio Csar e Pompeu, tiveram a frica do Norte como palco das suas ltimas batalhas. Neste contexto, destacamos, para o presente trabalho, a figura, de Caecilius Metellus Pius Scipio por suas emisses monetrias, em que a frica foi representada de formas distintas. Objetivamos identificar como a regio foi pensada, dada a ler a partir da compreenso das representaes sociais da frica que traduziram posies e interesses dos atores sociais objetivamente confrontados e que, paralelamente, a descreveram tal como pensaram que ela era ou gostariam que fosse. As representaes sociais nos facultam analisar o processo de tornar familiar algo no familiar, isto , classificar, categorizar e nomear novos acontecimentos e ideias, possibilitando, assim, a compreenso e a manipulao desses novos acontecimentos e ideias a partir de valores e teorias preexistentes e internalizados e amplamente aceitos pela sociedade, visando criar uma imagem mental na tentativa de se apropriar do objeto estranho, no caso em questo, da alteridade africana. Palavras-chave: Roma Republicana, frica, Representao Social, Moeda.
2) Ellen Moura Teixeira de Vasconcelos - UFF Espao funerrio da aristocracia ibera
Este trabalho tem por objetivo analisar enterramentos da aristocracia ibera bastetana, na regio sudeste da Pennsula Ibrica, durante a idade do ferro. Regio importante para a gesto
12 das redes comerciais no extremo ocidental do Mediterrneo, sua zona costeira possua entrepostos fencios desde o sculo IX a.C., o que, na opinio dos pesquisadores, promoveu o desenvolvimento de uma aristocracia dividida em diversos oppida, sendo a cidade de Bast, o principal centro. Neste contexto, partiremos da perspectiva da Arqueologia da Morte para a anlise das relaes de status e gnero nas prticas e espaos funerrios iberos, enfocando nos casos das sepulturas da dama de Baza e da dama de Galera. Palavras-chave: Iberos, prticas funerrias, aristocracia, arqueologia da morte.
3) Vtor Bianconi Menini - UNICAMP Numismtica em perspectiva: a evoluo de uma disciplina
Numismtica em perspectiva: a evoluo de uma disciplina O termo Numismtica derivado da palavra latina nummus, traduzida como moeda; significando o estudo das moedas cunhadas. No Brasil uma rea incipiente, havendo pouca literatura especializada em portugus. Colecionar agrupar objetos, com caractersticas diferentes ou estticas. Assim, os objetos perdem sua funo usual, exercendo um novo papel. So protegidos, guardados, observados, exibidos, e adorados. O foco desse estudo so as moedas romanas. Sendo assim, o estudo sistematizado da evoluo da disciplina numismtica como campo de estudo mostra- se como uma importante atividade para compreendermos outros mtodos de se fazer Histria. Analisando desde a ecloso da disciplina, graas ao Renascimento, at o sculo XX quando recebe seus ltimos retoques terico-metodolgicos, podemos notar as diferentes tendncias e indagaes dos numismatas no curso temporal da Histria. A Numismtica analisa a moeda nos seus aspectos evidentes ou secretos: no se limita investigao das variedades da matria e da forma, interessa-se de igual modo pelas tcnicas de fabricao e prende-se explicao dos usos da moeda. um campo interdisciplinar que transmite suas concluses ao historiador, economista, filsofo, arquelogo e tantos outros estudiosos. Palavras-chave: Numismtica, Usos do Passado, moedas romanas.
4) Alan Daniel Freire de Lacerda - UFRN Havia sistemas eleitorais na Antiguidade?
Sistemas eleitorais so usualmente descritos como conjuntos de regras que convertem votos em cadeiras eletivas. Sua importncia na operao da democracia representativa largamente reconhecida e intensamente estudada em inmeros trabalhos de anlise poltica. Entretanto, na
13 literatura a respeito, so muito raras referncias s eleies realizadas na Antiguidade. Os autores costumam notar que na antiga Atenas existiu a mais importante experincia de democracia direta da histria, sempre distinguindo-a da atual democracia, de corte indireto. A Repblica Romana, com sua complexa constituio, mal merece meno. Este trabalho busca preencher essa lacuna, verificando se regras anlogas a sistemas eleitorais governaram o voto na Antiguidade. Em particular, examino a literatura historiogrfica sobre as assembleias romanas e as formas de votao existentes na democracia direta de Atenas e em outras cidades gregas. So duas as perguntas de pesquisa que formulo no trabalho: a) as regras eleitorais geravam algum tipo de conexo representativa entre votante e sujeitos recipientes do voto? b) havia raciocnios matemticos e territoriais definindo a quantidade de votos necessrios para a vitria e a rea geogrfica dos pleitos? Palavras-chave: Eleies, Antiguidade, sistemas eleitorais.
5) Ana Carolina Moliterno Lopes de Oliveira - UFF Uma paisagem em transformao. Mudana social marcada em pedra: Newgrange e o complexo de Br na Binne
Um dos principais focos dos estudos da Arqueologia na atualidade compreender como a ao humana estrutura a materialidade e como a interao homem-objeto-ambiente materializada na paisagem. Ao entender a paisagem como uma construo sociocultural, acredita-se que possvel chegar na organizao da cosmoviso e, por consequncia, no contexto social e ritual das populaes pr-histricas, uma vez que se estuda a interao entre o homem, o ambiente que o cerca e as estruturas por ele construdas. Tendo o enfoque na agncia coletiva por meio da construo de monumentos e a consequente modificao da paisagem, possvel observar continuidades e descontinuidades, seja no pensamento simblico ou na organizao social dessas populaes grafas. Desta forma, o presente trabalho tem o objetivo de analisar e questionar, por meio de estudos da Paisagem, as mudanas simblicas, rituais e sociais que podem ser observadas na paisagem pr-histrica no perodo que se entende como Neoltico Final (3100-2500 a.C.) e Idade do Bronze Inicial (2500-1500 a.C.) no complexo de Br na Binne, condado de Meath, leste da Irlanda. Para tanto, ser analisada a construo e (re)utilizao do stio que contm a tumba de passagem mais famosa, Newgrange, e sua relao com suas estruturas satlites (outras tumbas de passagem como Knowth e Dowth, monumentos diversos e assentamentos), que, juntas, funcionam como uma miniatura da paisagem ritual na qual esto inseridas.
14 Palavras-chave: Neoltico, Idade do Bronze, Irlanda, Mudanas sociais, Monumentalizao.
6) Jos Ernesto Moura Knust - PPGH-UFF Assentamento rural na Itlia Central (s.IV-IIIa.C)
O desenvolvimento dos field surveys no ps-segunda guerra nos mostraram que a Itlia Central conheceu, entre os sculos IV e III a.C., um importante processo de disperso do assentamento rural. At hoje, muitos arquelogos tm explicado esse processo como consequncia da pacificao subsequente conquista romana da regio. Surveys realizados ao longo de todo o Mediterrneo nas ltimas dcadas, contudo, tem mostrado que esse padro de desenvolvimento no especifico da regio sob influncia romana. Neste trabalho, pretende- se identificar algumas possveis explicaes para a disperso do assentamento na Itlia central que abandonem essa perspectiva romanocntrica em favor de uma abordagem mais mediterrnica. Palavras-chave: Itlia Central, Roma Republicana, Assentamento Rural, Field Surveys.
7) Leonardo Judice Amatuzzi - Museu Nacional/UFRJ Muito alm da Guerra! Soldados ou administradores?
Sero apresentados nessa comunicao alguns dos aspectos vinculados ao estudo que realizo no Programa de Ps-Graduao em Arqueologia do Museu Nacional da UFRJ, cujo o foco consiste na elaborao de um quadro interpretativo a respeito da atuao dos legionrios romanos dentro do processo de desenvolvimento das ligaes comerciais estabelecidas entre a provncia romana da Btica e a regio de fronteira germnica por conta do fornecimento de azeite. O perodo escolhido para o desenvolvimento da pesquisa corresponde ao governo imperial da dinastia jlio-claudiana, uma vez que este representa os anos iniciais da ocupao romana na Germnia e o estabelecimento de uma zona de fronteira nessa regio. Palavras-chave: Germnia, fronteira, legies, comrcio, azeite.
8) Luis Ernesto Barnabe - UENP Histria Antiga e livros didticos no sculo XXI
A presente pesquisa teve por objetivo analisar livros didticos para Ensino Fundamental Sries Finais produzidos a partir do ano 2000 com o intuito de perceber a maneira como a
15 Histria Antiga foi abordada, levando-se em conta que tais obras visavam estar em acordo com o PNLD (Plano Nacional do Livro Didtico). Foi possvel perceber um grande esforo nesse sentido das obras, que apresentam inovaes de abordagem e atualizao bibliogrfica, embora em alguns casos ainda se encontre a abordagem tradicional de narrativa poltica e heris e/ou anacronismos ou informaes superadas pelo debate historiogrfico. Contudo, mais do que uma anlise propriamente dita dos aspectos formais ou didticos dos livros em questo, se esperava traar um diagnstico da apropriao de valores atribudos Antiguidade presentes na sociedade brasileira, uma vez que ao considerarmos os livros didticos como artefatos culturais que apresentam uma dinmica prpria de produo e circulao ocorrem processos interativos entre autores, editoras, pblico leitor e Estado. Palavras-chave: Livro Didtico, Ensino de Histria Antiga, usos do passado.
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(3) COMUNICAES LIVRES COORDENAO
DR. RENATO PINTO (CFCH/UFPE)
Data: Quarta-feira, 13/08 Horrio: das 14h s 16h40 Local: Auditrio B CCHLA
TRABALHOS:
1) Marina Fontolan - UNICAMP Histria Antiga e videogames: identidades e apropriaes
A indstria de jogos eletrnicos , sem dvida, uma das que mais cresce no mundo. Afinal, s no ano de 2012, ela movimentou cerca de US$ 70 Bilhes de Dlares. Assim sendo, a criao de diversos estilos de jogos se tornou uma realidade e, dentre eles, h uma temtica bastante comum: a Antiguidade. Como este perodo histrico est sendo apropriado pelos criadores e jogares? Quais identidades esto sendo construdas nos jogos eletrnicos? Os pesquisadores envolvidos no estudo da antiguidade so representados nesse mbito? De que forma? Esses so alguns dos questionamentos que a presente comunicao pretende debater. Em outras
16 palavras: o objetivo dessa apresentao ser analisar de que forma a antiguidade est sendo construda e quem so esses pesquisadores, de modo a enfatizar a questo da criao de identidades para o mundo antigo e as apropriaes contemporneas disso. Palavras-chave: Histria Antiga, Apropriaes, Identidades, Videogames.
2) Victor Henrique da Silva Menezes - UNICAMP Do texto tela: a chegada de Jlio Csar Alexandria em fontes textuais antigas e produes miditicas modernas
A ateno relao entre passado-presente tem sido uma prtica corrente entre os pesquisadores interessados nos usos e apropriaes do passado, bem como, daqueles que se dedicam anlise de produes miditicas que apresentam momentos e personagens da Antiguidade. Ao analisar tais produes, tem-se procurado questionar as imagens e ideias prenhes de conceitos, ideologias e discursos modernos que criam acerca do Mundo Antigo. Partindo de tais pressupostos, a comunicao ter como objetivo tratar das representaes, na Antiguidade e na Modernidade, da chegada de Jlio Csar a Alexandria em 48 a.C. Entende- se que esse momento de contato entre Csar, um representante de Roma, e a cidade de Alexandria, capital de um Egito considerado inepto, e, em ltima instncia, diferente e ardiloso, causou estranhamento e despertou alteridades no s na Antiguidade, mas tambm deixou marcas ressignificadas na modernidade, em especial, nas obras miditicas. Assim, tratar-se- de algumas representaes e discursos criados acerca dessa chegada nos textos dos autores antigos e nas imagens e sons usados para representar esse mesmo momento em filmes contemporneos. Palavras-chave: Jlio Csar, Apropriaes, Mdia, Roma Antiga.
3) Adilza Bandeira da Silva UFPE Representao da arte clssica na arquitetura pernambucana Faculdade de Direito do Recife
O presente trabalho tem por finalidade demonstrar a forte e ainda recente influncia da arte greco-romana no mundo atual. Aqui apresentado a apropriao das formas clssicas que esto presentes no apenas na arquitetura, mas tambm no pensamento da sociedade moderna. O palcio da Faculdade de Direito do Recife tombado como patrimnio histrico e artstico tamanha beleza projetada em sua edificao, que foi declaradamente inspirada na arquitetura clssica aos moldes palladiano. Desde a orientao da fachada principal at as colunas que
17 sustentam a grandiosa construo, podemos encontrar apropriaes do mundo antigo, cuja influncia vai alm das edificaes e passa a se projetar diretamente na vida cotidiana dos que frequentam o palcio. Palavras-chave: Arquitetura Clssica, Faculdade de Direito do Recife, Representaes e Apropriaes.
4) Kelly Thaysy Cabral Lopes - UFPB O antigo como fonte para uma identidade
O processo de transculturao proposto por Fernando Ortz tem sido destaque em discusses na Academia referente aos valores identitrios da Religio. Como uma fonte de esclarecimento sobre este processo, esta pesquisa prope uma leitura entre as delineaes do feminino na Deusa-Me e sua transculturao na religio. Para tanto iniciaremos com a observao do prprio arqutipo como indutor de uma imagem simblica da origem e o processo de ressignificao atravs do poder do prprio mito. Objetivamos desenvolver uma leitura sobre o feminino no processo de transculturao e neste propsito observaremos a transio simblica de origens em ressignificao a partir do mtodo indicirio proposto por Ginzburg. Palavras-chave: Transculturao, Deusa-Me, Mito.
5) Marcus Vincius Macri Rodrigues - UFRJ A apropriao dos Clssicos no Brasil do sculo XIX
O Palcio do Catete, localizado no Rio de Janeiro, ficou historicamente marcado por ter sido a sede da Presidncia da Repblica Brasileira at 1960. Porm, sua construo - datada de meados do sculo XIX - revela traos de outro perodo histrico brasileiro, em que se buscava inventar uma tradio nacional pretensamente ligada civilizao europeia e tradio clssica. Desde a fachada do Palcio, passando pela planta da construo e pelas referncias mitolgicas nas pinturas dos sales, observa-se que a cultura clssica no estava distante do imaginrio das elites brasileiras do sculo XIX. O objetivo deste trabalho , a partir da anlise dos elementos arquitetnicos e decorativos do Palcio do Catete, apresentar a apropriao de elementos da cultura clssica no Brasil do sculo XIX, discutindo a questo
18 historiograficamente com autores que buscam estudar a apropriao dos clssicos por modernos e contemporneos. Palavras-chave: Tradio, Cultura Clssica, Brasil Imprio, Roma, Mitologia.
6) Ana Eliza de Jesus Lima - UFPE Divindades Romanas e suas representaes na cidade do Recife
Divindades Romanas e suas Representaes na Cidade do Recife Este trabalho tem por objetivo apresentar uma anlise dos monumentos que remetem antiguidade, e que esto presentes nas praas da cidade do Recife PE; Essas representaes parecem querer carregar uma suposta onipotncia de gregos e romanos, a fim de trazer para a atualidade a ideia de que a historicidade e identidade local poderiam ser to imponentes quanto a representada. Busca- se compreender como as apropriaes desses smbolos e o usos do passado contribuem para a construo de um imaginrio social da atualidade. Palavras-chave: Monumentos, Antiguidade, Recife, Atualidade.
7) Natlia Ferreira de Campos - IFCH/UNICAMP Fico Histrica e Usos do Passado: Percy Jackson, Ladro de Raios
Por que falar da Antiguidade Clssica na literatura e no cinema? Essas representaes da Antiguidade Clssica criam, legitimam ou contestam polticas, comportamentos, valores e tradies. O objetivo da comunicao o de estabelecer relaes entre a antiguidade clssica e as narrativas produzidas sobre ela na contemporaneidade, utilizando-se principalmente do conceito de usos do passado. Para isso, ser usado como estudo de caso o livro Percy Jackson: O Ladro de Raios, bestseller do autor Rick Riordan e sua verso cinematogrfica lanada em 2010. Sero discutidas ento as formas de construo da idia de Ocidente em oposio ao Oriente apresentadas no livro, como proposto por Edward Said, e o lugar ocupado pelos Estados Unidos nessa nova mitologia. Palavras-chave: usos do passado, fico histrica, Antiguidade Clssica.
8) Matheus Amilton Martins - UFPE Bolvar e sua toga: usos do passado em Pernambuco
19 A presente pesquisa tenciona estabelecer um debate sobre a rplica da esttua togada Homenagem a Bolvar (1844) de Pietro Tenerani (1789-1869), inserida no espao pblico pernambucano. A aludida pea remete a um vnculo simblico entre trs contextos cronologicamente distintos: a Antiguidade Clssica, sob o signo da toga que, parcialmente, tangencia o uniforme militar de Bolvar; a Libertao das Amricas, apresentada sob a gide do prprio Libertador, tradicional epteto bolivariano; e a Histria de Pernambuco inserida na Histria do Brasil , uma vez que a referida cpia se apresenta em eterna vigilncia ao tmulo do seu correligionrio e ilustre revolucionrio pernambucano, o General Jos Incio de Abreu e Lima (1794-1869). Dessa maneira, busca-se apresentar tais relaes a partir de uma anlise semitica, espacial e histrica da obra supracitada, sem esquecer que as histrias so ressignificadas a partir das necessidades de seus usos. tambm pertinente trabalhar com o estranhamento causado pela presena desse cone na fronteira entre Recife e Olinda, almejando uma compreenso de sua histria atravs do resgate da narrativa da esttua original localizada no centro cvico da capital colombiana , da proposio de uma continuidade atravs da comparao entre os dois monumentos, e da interpretao do local e da documentao sobre a disposio do monumento.
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20 2 dia
(4) COMUNICAES LIVRES COORDENAO
DRA. MARINALVA VILAR DE LIMA (UFCG)
Data: Quinta-feira, 14/08 Horrio: das 14h s 16h40 Local: Auditrio B CCHLA
TRABALHOS:
1) Frederico Vitoria da Silva Neto - UFPE O Amor e a Morte na obra O Asno de Ouro
A Cultura Clssica, em especial sua literatura, representa o amor e a morte de diferentes maneiras, no teatro, nas pinturas, etc. A dinmica do mito de Eros ou o homem em face da problemtica do amor ponto de partida do presente trabalho que consiste em analisar como ocorre o binmio amor e morte na literatura e em especial na obra O Asno de Ouro, de Apuleio, percebendo as interaes do amor como causa de destruio, morte e sua vitria sobre a morte. Palavras-chave: Amor, Morte, Cultura Clssica, Apuleio, Literatura.
2) Joo Marcos Alves Marques - UECE Estudo sobre as representaes da magia na obra Metamorfoses
O presente trabalho busca refletir sobre a obra literria Metamorfoses ou O Asno de Ouro escrita pelo autor Apuleio, no sculo II d.C. na frica sobre dominao romana. A histria da obra relativa a um jovem chamado Lcio, que bastante curioso por conhecer mais sobre magia realiza uma viagem a regio da Tesslia e, em decorrncia de sua curiosidade,
21 metamorfoseado em um asno depois de utilizar uma poo mgica. Aps passar por vrias diversas dificuldades e experincias na forma de asno, o mesmo redimido e transformado novamente em humano pela deusa sis. O livro Metamorfoses est repleto de representaes relativas s prticas mgicas, sendo assim, a obra ser analisada no sentido de compreender o valor negativo e marginal inserido por Apuleio com relao caracterizao das prticas. A magia representada como sendo uma espcie de conduta desviante dentro da sociedade romana, por isso interessa-nos problematizar o papel desempenhado pelo sexo feminino dentro da magia, pois em Metamorfoses a maioria das representaes relativas aos praticantes de magia so mulheres, por fim ser estudado o papel da magia como sendo um dispositivo de poder para aquele que possuir essa forma de conhecimento. Palavras-chave: Imprio Romano, Magia, Literatura Latina
3) Ana Paula Santana Filgueira - UFRN Roma, a capital do Imprio: um estudo do corpo e do espao na Cidade Antiga
Esta comunicao tem por objetivo analisar como a racionalidade e o mito trilharam um caminho de mo nica no que se refere fundao da Cidade Antiga, com enfoque naquela que se constituiu como a capital do Imprio, Roma, durante o perodo da Repblica. Tendo como base os princpios que designam o espao enquanto produto da experincia humana e do sagrado como a ritualizao de um dado espao, analisaremos como os romanos construram sua cidade enquanto uma representao do equilbrio entre o mundo terreno e o dos deuses. Pensemos na cidade, suas ruas, edifcios, esttuas e toda a sua estrutura, fruto de um planejamento urbano baseado em princpios matemticos, mas que em seu alicerce guarda medos, anseios, mitos, esperanas e memrias daqueles que a habitaram ou simplesmente passaram por ela. A partir desse ponto de vista, o objetivo deste trabalho mostrar como a cidade, modelo de racionalidade foi tambm edificada pelo mito. Palavras-chave: Roma, memria, espao.
4) Liliane Tereza Pessoa Cunha MAAT/UFRN Um espelho sobre o passado: breve anlise sobre memria da intertextualidade na obra O Asno de Ouro
Com o passar dos anos, muitas pesquisas sobre a obra apuleiana, com diferentes enfoques, vem ganhando espao no cenrio da historiografia atual. Contribuindo com esta perspectiva,
22 este trabalho objetiva apresentar outro vis nos estudos sobre a obra O Asno de Ouro, escrita no sculo II d.C. De acordo com a literata alem Renate Lachmann, uma obra, seja ela qual for, corresponde a uma juno de vrios outros textos, atravs de trocas e contatos, formais e semnticos, o que a autora denomina como intertextualidade. Esta, por sua vez, ser a responsvel por formam a memria de um texto e surge no ato da escrita, medida que cada novo ato de escrita um percurso no espao entre os textos existentes. Assim, conforme Aleida Assmann, quem escreve permanece. Ora, esta frase resume exatamente a que este trabalho se prope: analisar a obra O Asno de Ouro, do escritor madaurense Apuleio, atravs do conceito de memria da intertextualidade, buscando identificar e avaliar a presena de outros textos nos escritos apuleianos, a fim de compreender as intenes do autor ao referenciar outras obras. Palavras-chave: Apuleio, Memria da Intertextualidade, Intertexto.
5) Andria Tamanini - PPGHC-UFRJ Domus Liuiae: famlia e identidade na gens imperial.
A famlia romana era uma instituio subvencionada pela religio, na aposta de uma tradio moral e poltica, mais do que uma vinculao natural por laos de sangue. A figura da mulher (como domina, matrona, mater, uxor, filia, auia) trazida em questo na construo dessa identidade familiar, dentro da qual, seu prprio nome se imiscui. No nascimento da gens Julio-Cludia, Livia e Augusto lanam, dentro dos contornos dos mores e da religio, e na direo da afirmao e da continuidade de sua linhagem, as bases que permitiram a transferncia do centro do poder poltico do imprio, desde o forum para dentro de sua domus. O interesse deste trabalho recai, pois, sobre a investigao dessa identidade que social e, a um s tempo, pblica, domstica e imperial. Palavras-chave: Famlia romana, Livia, identidade, gens Iulio-Claudia.
6) Manuel Rolph de Viveiros Cabeceiras - UFF Estudos de identidade romana e a Fronteira tnica
Segundo Aulo Glio ("Noctes Atticae", XVII, 17), o poeta nio (sc. III/II a.C.), tido pelos romanos como pai de sua literatura, dizia ter trs almas: a grega, a osca e a latina. Quem era ele? Qual a sua identidade tnica? Como os romanos se viam? Existiam como povo ou era
23 apenas uma relao jurdica, de cidadania? Como se percebiam e se distinguiam dos demais povos? Atravs de que mecanismos tal identidade era construda e reconstruda? Pode-se dizer ter existido entre os romanos a noo de romanidade? E, no caso de resposta afirmativa, desde quando e em que consistira tal noo? Roma acabou tornando-se um imprio multitnico no qual dilemas de identidade coletiva so pontuados ao longo de toda a sua histria. Entre estes um dos momentos mais emblemticos seria a resistncia helenizao de Roma expressa na imagem do conflito entre Cato o Censor e o Crculo dos Cipies e a dvida subsequente expressa por Ccero em sua "De Re Publica"(I, 58) quando se imagina a hiptese de Rmulo ter sido rei de brbaros ou no Horcio das "Epistulae"(II, 1, 156-160) quando afirma ter a Grcia subjugada subjugado o seu feroz caador. Tal quadro torna o Imprio Romano um laboratrio excepcional para o estudo das etnicidades e, para tais estudos, propomos a noo antropolgica de Fronteira tnica como instrumento de anlise. Palavras-chave: Histria de Roma, Etnia, Cultura.
7) Maria de Nazareth Eichler Sant Angelo - UNIRIO A divinatio na literatura romana do sculo I AEC
Propomos, na presente comunicao, restringir as discusses referentes disputa travada na literatura romana do perodo tardo-republicano pelo controle do campo semntico cvico- religioso s controvrsias em torno das divinationes. Confrontaremos as crticas direcionadas por Lucrcio (c. 94-50 AEC) e Ccero (106 - 43 AEC) procuratio prodigiorum, prtica preditiva e expiatria romana sob a gide do colgio sacerdotal dos Pontfices. Os prodgios provinham da interpretao feita de fenmenos naturais reconhecidos como incomuns, e eram considerados signos funestos, cuja ocorrncia indicava uma ruptura das relaes pax deorum/pax hominum, garantidoras da prosperidade de Roma. O poeta e orador romanos contestaram, respectivamente no poema de Rerum Natura e no tratado de Divinatione, e a partir de diferentes convices filosficas e lugares sociais, os usos e a competncias das predies emitidas pelos haruspices, especialistas na arte etrusca da adivinhao, aos quais se remetiam os senadores em carter excepcional. Verificaremos que o embate de posies divergentes acerca da devinatio, na incipiente literatura teolgica romana do sculo I AEC, compe um momento crucial da "batalha semntica" em torno das fronteiras entre a religio romana e a noo de superstitio. Palavras-chave: Repblica Romana - Literatura Romana - Religio Romana
24 (5) COMUNICAES LIVRES COORDENAO DR. RAFAEL DA COSTA CAMPOS (UNIPAMPA)
Data: Quinta-feira, 14/08 Horrio: das 14h s 16h40 Local: Auditrio C CCHLA
TRABALHOS:
1) Rafael da Costa Campos - UNIPAMPA Entre Roma e Capri: o Principado de Tibrio
Pretendemos abordar nesta comunicao o significado que o deslocamento de Tibrio Csar (14-37 DC) para a ilha de Capri e os anos em que l permanecer trouxe para o conjunto de seu governo, para as relaes entre o soberano, as instituies polticas imperiais, e para o conjunto da aristocracia senatorial da Cidade de Roma. Palavras-chave: Tibrio Csar, Principado, Aristocracia imperial.
2) Sarah Fernandes Lino de Azevedo - USP Construes de gnero e adultrio em Roma.
Em minha pesquisa de doutorado, intitulada O adultrio, a poltica imperial, e as relaes de gnero em Roma (31 a.C. 68 d.C.), tenho como um dos objetivos compreender a construo do feminino e do masculino nas concepes de adultrio presentes nas fontes jurdicas e na literatura sobre o perodo. Nota-se, por meio de uma breve anlise destes documentos, que adlteras eram vistas como smbolos de desordem social. Se a adltera pertencia famlia imperial, ela poderia se tornar smbolo de desordem social e poltica. Se por um lado, o adultrio, cometido pela mulher, associado a disrupes sociais e polticas; por outro lado, o adultrio quando cometido pelo homem, pode estar vinculado ao poder e masculinidade, de forma positiva. Entretanto, em alguns casos, o adltero era tambm considerado como inadequado para o exerccio da poltica, uma vez que, por cometer adultrio, era um homem que no prezava pela moderao e pelas virtudes romanas. Nota-se que ambos, homens e mulheres, eram constrangidos a papis especficos de gneros por meio
25 de crticas, de cunho moral e poltico, relacionadas ao adultrio. Deste modo, pretendo demonstrar aspectos das construes de gneros a partir da anlise de algumas concepes de adultrio, principalmente daquelas relacionadas poltica imperial. Palavras-chave: Sexualidade e poltica, relaes de gnero no Imprio Romano, dinastia Jlio-Cludia.
3) Caroline Morato Martins - UFOP Os libertos no Satyricon, de Petrnio
O Satyricon uma polmica obra latina escrita por volta de 65 d.C, escrita provavelmente por Petrnio, aristocrata identificado como pertencente ao crculo social do imperador Nero. Este trabalho pretende apresentar uma anlise sobre a representao dos libertos presentes na obra, especialmente queles que aparecem no banquete oferecido pelo rico personagem fictcio chamado Trimalchio. A cena Trimalchionis (Sat. 25-78) levanta enormes e complexas discusses a respeito da representao, trajetria e vida de libertos em Roma. Palavras-chave: libertos, satyricon, domus, Roma.
4) Simone Silva da Silva - UFRGS Mulheres deportadas nos relevos assrios
No presente trabalho, pretendo fazer uma anlise de fontes iconogrficas provenientes do I milnio a.C na Assria. Os estudos destas fontes iconogrficas so amplamente difundidos entre os assirilogos e estudiosos da arte assria. Porm, pouco se atenta para a presena das mulheres na arte assria. Alm de serem sujeitos subalternos na historiografia como um todo, as mulheres e sua atuao na guerra so objetos pouco estudados. Neste trabalho, pretendo desenvolver um olhar crtico e analtico, de como eram representadas as mulheres deportadas, e quais atuaes os assrios davam para estas mulheres nas narrativas blicas, alm de representarem o outro, o estrangeiro, os assrios tinham a preocupao de ressaltar aspectos da sua compreenso de feminilidade, assim como enfatizavam a distino de gnero em aspectos que marcavam a identidade dessas mulheres, oriundas de diversas partes que estavam sobre o domnio do imprio Assrio.
5) Alice Maria de Souza - UFG Lcio Cornlio Sila sob a tica de Apiano
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Escrita no final do sculo II d.C.,a Histria Romana de Apiano de Alexandria versa sobre os fatos relativos aos perodos da Realeza e da Repblica romana. Nosso objetivo neste artigo , atravs da anlise de alguns excertos da obra, apresentar as indicaes da provvel opinio positiva do autor em relao a Lcio Cornlio Sila, Ditador no final do sculo I a.C. Apiano narra a trajetria de Sila de forma detalhada e sua anlise permite perceber a representao de Sila como um bom cidado republicano, mais preocupado com a manuteno da ordem do que com a conquista de uma fama pessoal. Palavras-chave: Sila, Apiano, Cidadania, Histria Romana, Repblica.
6) Igo Castro Carreiro - UFPI Luciano: o social, a escrita e a mentalidade
O presente artigo tem por objetivo elucidar o corpum lucinico e seu modo de ver os autores da antiguidade sob sua tica de verdade, numa clara fuga, e diferenciao, aos textos literrios. Atravs de seus escritos, em forma de dilogo, pode-se adentrar no que seria uma mentalidade lucinica, percebendo no s aspectos cmicos ou satricos, mas uma escrita incrdula em busca de uma constante verdade e que os fatores divinos estariam excludos completamente desse corpo verdico. Busca-se uma anlise de seus sentimentos, em seus escritos, em torno do que era a Roma de seu tempo, degradada pelo alto misticismo, que freara a tradio intelectual e filosfica em prol de uma literatura imaginativa sem nenhum apego ao conhecimento e ao real (verdico). Palavras-chave: Luciano de Samsata, Mentalidade, Imaginrio Social, Escrita Lucinica.
7) Gisele Oliveira Ayres Barbosa - UNIRIO Iconografia religiosa e discurso poltico nas moedas republicanas romanas do sculo II
Na Repblica Romana a vasta iconografia religiosa presente nas moedas atua como veculo de difuso de mensagens que hoje classificaramos como polticas. Pretendemos apresentar algumas reflexes sobre as formas atravs das quais este dilogo se estabelece, elaborando significados e elegendo valores. O trabalho parte da pesquisa que vem sendo desenvolvida junto ao PPGH/UNIRIO tendo como corpus documental as moedas republicanas romanas
27 cunhadas no sculo II que integram a coleo de Numismtica do Museu Histrico Nacional do Rio de Janeiro-RJ. Palavras-chave: iconografia religiosa, moedas, Repblica Romana.
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(6) COMUNICAES LIVRES COORDENAO DR. DOMINIQUE VIEIRA COELHO DOS SANTOS (FURB)
Data: Quinta-feira, 14/08 Horrio: das 14h s 16h40 Local: Auditrio D CCHLA
TRABALHOS:
1) Dominique Vieira Coelho dos Santos (FURB) The Ogham Stones - Tpicos de Epigrafia Hibrnica
Um dos raciocnios mais frequentes apresentados na historiografia irlandesa o de que a histria da Irlanda comea no sculo V, com o aparecimento da escrita. Geralmente, este fenmeno associado com a data de 431, quando Paldio enviado "Ad Scottos in Christum credentes", e 432, ano no qual tradicionalmente aceita-se que Patrcio teria sido feito cativo na costa da Bretanha romana e vendido como escravo na Irlanda. Nesta comunicao, problematizo algumas destas questes a partir das Ogham Stones, pois elas so incontornveis para a compreenso da histria irlandesa do perodo. Defendo a tese de que a tradio hiberno-latina deve recuar at as Ogham Stones, um tpico fundamental da epigrafia hibrnica.
2) Pedro Lus de Toledo Piza - USP O judasmo na perspectiva de Incio de Antioquia
28 Esta comunicao pretende expor a perspectiva de Incio de Antioquia, bispo e mrtir srio, acerca das fronteiras identitrias entre judeus e cristos, utilizando-se de suas cartas escritas nas primeiras dcadas do sculo II d.C. Na virada dos sculos I e II, tais fronteiras ainda se encontram muito fluidas, em certas reas e grupos sendo mesmo inexistentes. Nestas circunstncias histricas, Incio surge como uma das primeiras personalidades crists a defender a necessidade de separao entre o judasmo e o cristianismo nas igrejas s quais dirige suas cartas. Palavras-chave: Incio de Antioquia - Judasmo - Cristianismo primitivo - Fronteiras identitrias.
3) Flvia Bruna Ribeiro da Silva Braga - UFPE O surgimento do conceito poltico de Res Publica
Com o intuito de investigar acerca do surgimento do conceito poltico de Repblica, este trabalho se voltou para a historiografia que discute os escritos de Ccero e seus contemporneos, de forma a traar as principais caractersticas que foram agregadas ao termo Repblica no momento de sua "criao". Expandimos um pouco mais a discusso para analisar como as ideias de Ccero foram retomadas e/ou reinterpretadas pelos diversos intelectuais que contriburam para o(s) moderno(s) conceito(s) de Repblica. O objetivo geral deste trabalho discutir que aspectos da antiguidade do conceito de repblica foram milenarmente atribudos ao regime poltico, influenciando as disputas polticas ao longo da Histria. Palavras-chave: Repblica, Conceito, Antiguidade.
4) Otavio Zalewski Vargas A formao de identidades judaicas na Dispora
Tendo como premissa que a identidade fluda, em permanente transformao, o presente trabalho versa sobre o papel da dispora na formao da identidade judaica no Mundo Antigo. O trabalho se concentrar principalmente na maior comunidade de judeus fora de Jud, Alexandria, situada no delta do rio Nilo. Esta cidade durante grande parte da Antiguidade foi considerada a capital econmica e cultural do Mediterrneo Oriental. Sendo assim o contato entre diversos povos e culturas era intenso. Identidades se relacionavam formando novas, mais ricas. Espao denominado pelo socilogo indiano Hommi Bhabha de "entre-lugar".
29 Como ferramenta para analisar a formao de uma nova identidade judaica utilizado o documento atualmente conhecido como Cara de Aristeas a Filocrates. Palavras-chave: Jewishness, Judasmo, Carta de Aristeas a Filocrates.
5) Bruno Pereira Barbosa - UFCG Os ensinamentos da Torah e as relaes conturbadas na Judeia: explicaes judaicas para a conquista de Pompeu
O sculo I a.C na Judia marcado pela guerra civil entre dois irmos: Hircano e Aristbulo filhos de Janeu, cognominado de Alexandre, que havia conquistado quase toda a terra de Israel e expulsado vrios inimigos como os selucidas e os nabateus, que hostilizava a regio. Aps a sua morte, Flvio Josefo nos mostra que, o domnio da Judia, Idumia, Galilia, e Samaria incluindo algumas cidades da Sria ficaram sob regncia de Alexandra sua esposa que conteve os nimos locais e conseguiu o afeto da populao convertendo o dio que sentiam pelo governo de Alexandre Janeu em afeto. Entretanto, Hircano e Aristbulo digladiavam-se pelo poder, enquanto Pompeu estava em plena campanha na baixa Sria. O presente artigo visa analisar os fatores que, segundo Flvio Josefo, auxiliara a romanizao da Judia, entre eles destacaremos a concepo judaica quanto s relaes tnico-raciais nas terras israelitas segundo os ensinamentos da Torah. Utilizaremos como base os escritos de Flvio Josefo, alm de algumas passagens da Torah, que nos ajudaro a compreender os diversos dilemas encontrados nessa conquista e como se realizou a construo de uma compreenso de tantas invases estrangeiras no territrio do povo escolhido. Palavras- chave: Judia, Torah, Flvio Josefo. Palavras-chave: Judia, Torah, Flvio Josefo.
6) Thiago do Amaral Biazotto - UNICAMP Os judeus se mantiveram vivos pela mera obstinao na f: por uma afirmao da identidade judaica nos escritos de Arnaldo Momigliano
Ttulo: Os judeus se mantiveram vivos pela mera obstinao na f: por uma afirmao da identidade judaica nos escritos de Arnaldo Momigliano. A comunicao buscar identificar traos da identidade judaica do historiador italiano Arnaldo Momigliano (1908-1987) em seus escritos sobre o perodo helenstico, em especial sua clssica obra Alien Wisdom: The Limits of Hellenization, publicada em 1975. O ponto de maior destaque ser a forma especialmente
30 dramtica com a qual Momigliano narra a resistncia dos judeus frente investida helenizante de Antoco IV, aspecto de relevo quando se recorda que historiador piemonts publica a obra supracitada ainda sob os ecos dos ataques da Sria e do Egito ao Estado de Israel. Palavras-chave: Arnaldo Momigliano (1908-1987), Helenismo, Historiografia.
7) Alane da Silva Mota - UFCG As bacanais romanas na escritura Liviana
A obra de Tito Lvio, historiador romano do sculo I a. C. uma obra que nos possibilita pensar muitos dos aspectos da vida romana do incio do imprio. Escritor de assumida influncia estica, descreve o valor social dado a religio pelos romanos de seu tempo. Apresenta a vida pblica como sendo mais importante para o povo romano do que a vida privada. Logo, o culto religioso tido como costume pblico e os que fogem a essa regra so considerados um desvio moral romana. Nesta perspectiva, as Bacanais so apropriadas pelo discurso liviano como infrao da conduta. Observando-se, ainda, que a divindade Baco no romana, tendo sido conhecida na Grcia por Dionsio, deus do vinho, e, muito provavelmente, foi trazido para Roma pelas etnias helenas. Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo analisar na obra de Tito Lvio as representaes que elabora sobre as Bacanais, especialmente os sacrifcios noturnos. a partir desta preocupao que trazemos para o debate a pesquisa em tela. Palavras-chave: Roma Antiga, Tito Lvio, Religio Tradicional, Bacanais
8) Jamerson Marques da Silva - UFPE Religio familiar e direito romano: o amplexo das origens e da evoluo
Sob a tutela de Fustel de Coulanges, acompanhamos no presente trabalho o tino jurdico de Roma amalgamado s concepes religiosas intrnsecas ao contedo prescritivo do antiqussimo culto familiar. Pondo-nos a desterrar o elementar fator religioso que inoculara nas veias do senso jurdico pregresso as leis das XII tbuas a substncia que, com pujana catalizadora, assegurava a sade e a observao dos direitos fixados pela religio domstica e, de forma eficientemente contnua, abonados por ela mesma. A gens romana, em cujo mago jamais se poderia apartar a famlia do culto, estava unida e cristalizada pela religio e fora ela que, por seu turno, plasmara o direito em suas disposies primitivas. No h de se buscar em
31 alhures um fator determinante no desenvolvimento do Ius Romanum. seno a religio domstica quem primeiro endossa os mais antigos direitos da famlia romana, a isso testemunham os prprios antigos. Fora ela quem inculcara o direito patriarcal e matrimonial na prpria famlia e nos costumes jurdicos posteriores. Os direitos de propriedade e herana, que, sob a gide do culto, fomentaram os direitos de sucesso, testamento e primognitura foram, outrossim, impulsionados pela f do lar e endurecidos no mesmo arcabouo religioso. Seguramente, a origem dessas disposies do direito so deveras antigas e indubitavelmente computadas ao arbtrio dos manes. A voz dos escritores clssicos e dos antigos jurisconsultos no cessa de comprovar o cunho cultual primitivo do direito romano. alicerado no testemunho deles e com Coulanges que compreendemos a evoluo do direito no raio da influncia fundamental do amplexo primitivo da religio familiar da gens romana. Palavras-chave: Direito romano e religio familiar, Direito romano, Religio familiar, Antiga religio romana, Fontes do direito romano, Gnese e evoluo do direito romano, Relaes de direito e religio.
9) Breno Gomes de Lima Amorim - UFCG Sagas de famlias e civismo romano na narrativa liviana
Os exemplos individuais de um membro de uma gens, apresentados por Tito Lvio (59 a.C - 17 d. C.), so essenciais na construo de um manual de civismo para os cidados de sua poca. A falta de disciplina do cidado resultado da ateno dada riqueza e ao luxo e, consequentemente, este afrouxamento dos costumes faz com que os indivduos reneguem sua prpria ptria, colocando em evidncia os interesses individuais e desprezando os interesses da repblica. Assim, Lvio instrui seus contemporneos, a partir de feitos familiares, para indicar a importncia de imitao dos comportamentos dos homens e mulheres que se destacaram pela temperana, piedade, virtude e todos os costumes engendrados pelo passado romano. A imitao de atitudes de homens e mulheres virtuosos a condio essencial para Roma recuperar a sua glria perdida, vista na observao das normas polticas, militares e religiosas. Para Tito Lvio, a famlia constitui um elemento fundamental na construo e formatao do civismo romano, pois este elemento social possibilitou a narrao de gentes que fizeram engrandecer o nome de Roma. Destarte, procuramos neste trabalho relacionar a contribuio de narrativas de famlias na histria exemplar de Tito Lvio. Palavras-chave: Tito Lvio, Narrativas, Famlias.
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(7) COMUNICAES LIVRES COORDENAO
DRA. ROBERTA ALEXANDRINA DA SILVA (UFPA)
Data: sexta-feira, 15/08 Horrio: das 14h s 16h40 Local: Auditrio C CCHLA
TRABALHOS:
1) Roberta Alexandrina da Silva - UFPA A teologia paulina na construo de uma identidade crist nos primeiros sculos e o problema contido no Apcrifo dos Atos de Paulo e Tecla
O presente trabalho fruto de um projeto intitulado: Estudos Clssicos e Medievais na Histria e na Literatura: Gneros, Discursos, Religiosidade, Usos e costumes do Passado; desenvolvido tanto na Faculdade de Histria quanto na Ps-Graduao do PPGLS, sendo realizado na UFPA no campus Universitrio de Bragana. O presente trabalho visa debater quais foram as condies que possibilitaram a construo de uma identidade cristo nos trs sculos iniciais a partir da teologia de Paulo de Tarso, que posteriormente, se tornou uma ortodoxia dentro da Cristandade. Portanto, compreender o movimento cristo, nos seus primrdios, como um grupo coeso algo errneo; pois, foram comunidades multiformes e heterogneas localizadas ao longo de vrias cidades do Mediterrneo, onde eram marcados por vrias tenses entre lideranas. Nesse sentido, o apcrifo do segundo sculo, os Atos de Paulo e Tecla, fora uma outra forma de cristianismo, que se diferenciava dos demais, principalmente porque a figura principal era a missionria Tecla. Com isso, se pretende abordar quais foram os discursos que possibilitaram a permanncia de um tipo de memria frente a outros que foram esquecidos e suplantados, a partir da anlise do apcrifo dos Atos de Paulo e Tecla. Palavras-chave: Identidade, Cristianismos, Memria, teologia paulina.
33 2) Ludimila Caliman Campos - UFES Intercesso Mariana nos papiros egpcios do sculo IV
Durante a Antiguidade tardio-antiga no mediterrneo, as palavras mageia e magos foram utilizadas para categorizar o extico e o perigoso. Muitos oradores associavam esses termos quilo que eles consideravam brbaro. O ttulo mago era um rtulo colocado naqueles que ameaavam a piedade cvico-tradicional e a coeso cultural. Diversos imperadores romanos queimaram livros de adivinhao e prenderam pessoas que faziam uso de amuletos. O mago era visto como um criminoso ou como um charlato, condenado pela lei e ridicularizado socialmente. Por esse motivo, os papiros cristos raramente utilizam a palavra mageia ou outras palavras gregas ou coptas prximas de tal termo. Deste modo, a presente comunicao tem como objetivo apresentar trs papiros de intercesso cristos(o papiro vossa proteo, o papiro Berlim 8324 e o papiro Rylands 103), utilizados para fins apotropaicos, a fim de analisar como a piedade mariana foi incorporada aos rituais de magia nos crculos de fronteira no norte da frica. Palavras-chave: Norte da frica, Culto mariano, Papiros.
3) Giivago Barbosa de Oliveira - UFG Saturnlias de Macrbio: Religiosidade e Poltica
Propomo-nos a uma anlise inicial da obra Saturnlias de Macrbio (sc. IV-V d.C.), seu contexto de produo e a historiografia j produzida sobre a mesma. Uma enciclopdia organizada num modelo de banquete platnico, a obra Saturnlias foi escrita com o intuito de educar o filho de Macrbio, Eustquio, com saberes da aristocracia romana, promovendo com tal abordagem, registros detalhados sobre os momentos de preparao dos sacerdotes, da conduta de um aristocrata de prestgio, da preparao para a festa religiosa, o peso social e poltico do festival, dentre muitos outros fatores. A narrativa de Macrbio permeada de elementos neoplatnicos e de uma erudio profunda. O autor cita mais de cinquenta e dois autores da antiguidade, muitos deles desconhecidos a ns. Apresenta o discurso de preservao do "mos maiorum", da tradio romana, e do j conhecido embate entre paganismo e cristianismo, eminente para a poca. Palavras-chave: Religio, Poltica, Antiguidade Tardia.
34 4) Daniel de Figueiredo - UNESP Identidade religiosa ortodoxa nos sc. V d.C.
A presente comunicao tem por objetivo observar as tentativas de construes de identidades religiosas que se pretendiam afirmar como ortodoxas, durante o conflito conhecido pela historiografia como Controvrsia Nestoriana. Esse disputa, ocorrida no Imprio Romano do Oriente, na primeira metade do sculo V d.C., entre os bispos Cirilo de Alexandria e Nestrio de Constantinopla, esteve relacionada s divergncias acerca da forma como as naturezas divina e humana do Cristo se interagiram no momento da sua encarnao. A partir da anlise da correspondncia epistolar de Cirilo e das memrias escritas por Nestrio, buscaremos indicar os desdobramentos poltico-administrativos desse conflito teolgico, uma vez que as disputas travadas por ambos os bispos, no sentido de identificarem-se como ortodoxos, tambm traziam no seu bojo conflitos inerentes prpria estrutura interna da organizao eclesistica em construo. Palavras-chave: Antiguidade Tardia, Controvrsia Nestoriana, Conflito poltico-religioso- administrativo, Nestrio de Constantinopla, Cirilo de Alexandria.
5) Danilo Medeiros Gazzotti - UFPR O processo de legitimao imperial de Constantino III e as entradas das gentes brbaras no Imprio Romano do sculo V: uma leitura de Idcio e Orsio
Em nossa apresentao temos por objetivo realizar uma discusso em torno do processo de usurpao e legitimao de Constantino III durante o incio do sculo V e mostrar que o mesmo est intrinsecamente ligado com a entrada de alanos, vndalos e suevos no Imprio Romano. No decorrer de nossa exposio, pretendemos mostrar como esse processo esbarrou nas ambies de seu alto oficial, Gerncio, que se utilizou de sua influncia para negociar com os povos brbaros que estavam assentados na regio glica. Para alcanar nosso objetivo, analisaremos a Historia Adversus Paganos de Paulo Orsio e a Crnica de Idcio de Chaves. Tais documentos nos apresentam a viso de seus autores acerca desse processo legitimatrio e de seus desdobramentos, que tiveram como principal resultado a entrada e o posterior assentamento das citadas gentes brbaras no territrio hispano-romano. Por fim, temos ainda a inteno de debater sobre as diferentes perspectivas desses dois autores quanto ao ingresso dessas populaes no Mundo Romano tardio.
35 Palavras-chave: Constantino III, legitimao imperial, brbaros, Idcio de Chaves, Paulo Orsio.
6) Jefferson Ramalho - UNICAMP Constantino: entre letras e coisas
Constantino foi um imperador romano do incio do sculo IV de nossa era. Como objeto de uma investigao amparada em pressupostos tericos ps-modernos, este lder poltico da chamada Antiguidade Tardia pode ser visto e interpretado de diferentes maneiras. Para tanto, esta comunicao pretende apresentar alguns elementos metodolgicos e algumas hipteses acerca do tema. Alm de textos clssicos e modernos, moedas, estaturia e relevos so exemplos daquilo que diferentes fontes - textuais e materiais - podem fornecer, demonstrando que h distintas e vlidas maneiras de ver uma mesma personagem histrica. Palavras-chave: Constantino, Historiografia, Cultura Material.
7) Talita Rosa Mstica Soares de Oliveira - UFCG Identidades crists na Antiguidade Tardia: ressignificaes dos valores e prticas romanas na apologia de Tertuliano
O presente artigo analisa a escrita de Tertuliano, telogo africano do sculo II, considerando as articulaes feitas pelo autor com outras produes e discursos da poca. Sua principal obra Apologia (197) se configura no momento de conflitos entre a religio emergente, o cristianismo, e as crenas tradicionais dos romanos. Neste contexto, buscamos estudar as contribuies de Tertuliano no processo de construo de uma identidade para o cristianismo em sua fase inicial, que posteriormente influenciou o pensamento cristo ocidental. Examinamos as semelhanas e diferenas entre os mecanismos de legitimao de uma moral crist, marcada pela apropriao e (re)significao dos valores morais dos antigos, no qual Tertuliano coloca os romanos como o outro num cenrio em que era preciso constituir um ideal de identidade para o cristianismo. Neste sentido, problematizamos os discursos de Tertuliano a partir do dilogo com escritores clssicos e estudiosos contemporneos que nos permitem compreender o jogo de alteridade presente nas relaes entre os dois modelos de moral existentes neste contexto histrico. Palavras-chave: Cristianismo primitivo, Tertuliano, Identidade, Moral.
36 8) Silvanio de Souza Batista - UFCG Flvio Constantino I: a escrita e representaes
O artigo tem como objetivo principal problematizar a escrita e representaes eusebiana sobre o sonho de converso do imperador Flvio Constantino I ao cristianismo. imprescindvel para o estudo da converso do imperador, que obras como Histria Eclesistica, Vida de Constantino, ambas de autoria do bispo palestino, Eusbio de Cesaria, sejam estudadas, pois as referidas fontes atestam sobre a vida e feitos, conquistas e disputas do soberano romano em estudo. Em suas narraes sobre o sonho e viso de Constantino, Eusbio afirma que antes da batalha de ponte Mlvio, ele teve uma viso ao entardecer, onde viu um trofu em forma de cruz que afirmava que com o smbolo ao qual ele via no cu ele venceria os seus inimigos. A partir dessa epifania com o Deus Cristo, Constantino venceu a batalha de Ponte Mlvio contra Maxncio, assim como conseguiu vitria sobre todos os outros seus opositores, a exemplo de Licnio, a quem o venceu a posteriore tornando-se soberano absoluto do Imprio Romano. O recorte espacial se deter aos domnios territoriais Imprio Romano. A sua temporalidade se concentrar nos anos de 306-337, incio e trmino do governo do soberano romano. Palavras-chave: Historia de Roma, Constantino, Cristianismo, Eusbio de Cesaria.
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(8) COMUNICAES LIVRES COORDENAO DRA. LYVIA VASCONCELOS BAPTISTA (UFRN)
Data: sexta-feira, 15/08 Horrio: das 14h s 16h40 Local: Auditrio D CCHLA
TRABALHOS:
37 1) Danilo Correa Bernardino - UnB A questo da divinizao de Alexandre Magno em sua visita ao Orculo de Siva (331 a.C.)
Alexandre Magno, como hegemon dos gregos, ao iniciar o empreendimento contra os persas, carregava consigo a responsabilidade de vingar os gregos da invaso persa durante as Guerras Mdicas. Ao longo da expedio asitica, Alexandre demonstrou, por diversos momentos, a necessidade de legitimar sua ascendncia divina, se comparando, por vezes, a heris gregos como Hrcules e Perseu. A visita ao orculo de Siva, no Egito, fundamental nesse sentido, pois alm de ser mais um exemplo da busca do rei pela sua legitimao divina, foi onde, de fato, Alexandre a teria conquistado. A pesquisa busca nas variadas verses apresentadas nas fontes e na historiografia, montar um quadro explicativo dos motivos da visita ao orculo e do dilogo entre o rei e o sacerdote de Amon, para, assim, entender a busca da divinizao por Alexandre Magno. Palavras-chave: Alexandre Magno, Orculo de Siva, Divinizao, Macednia, Expedio asitica.
2) Gilberto da Silva Francisco - UNIFESP O vaso grego como objeto de arte
O objetivo desta comunicao discutir a caracterizao, desde a modernidade, do vaso grego como objeto de arte. Suas implicaes esto ligadas a um ambiente de valorizao esttica desse tipo de objeto que promoveu, desde o sculo XVIII, um tipo de insero, em vrios pases, como objeto de colees de museus e particulares. Dessa forma, vasos que eram situados na antiguidade em mbitos variados (desde rituais at o ambiente domstico) ganharam novos valores e foram re-significados na experincia moderna e contempornea. o que indica, por exemplo, a sua situao em contexto museolgico, no mercado de antiguidades e a aceitao de seu potencial cientfico tomando-o como objeto-documento. H, com isso, valores diferentes relacionados ao vaso grego, se considerados os contextos que compunha na antiguidade, na modernidade e contemporaneidade, o que proporciona, em certos casos, projees de valores atuais na compreenso de sua experincia antiga. Palavras-chave: vaso grego, objeto de arte,
38 3) Gustavo Junqueira Duarte Oliveira - USP As audincias em Homero
As audincias em Homero so um ponto de interesse por trazer uma dimenso externa ao aedo em si, parte integrante, todavia, da performance. Estudos recentes tm dado cada vez mais importncia relao entre aedos e audincia. Conduziremos esta discusso procurando se so detectveis elementos predominantes entre as informaes transportadas pelos poemas, que chamamos de ideais picos ou formas tradicionais. Procuraremos tambm os ideais e formas variantes, buscando entender as razes para cada um. O objetivo mostrar que a associao entre as formas predominantes e realidades histricas no necessariamente direta e fcil de se identificar. No que se refere anlise das audincias, propomos tambm uma diviso temtica que nos parece relevante: iniciaremos a discusso com uma enumerao dos tipos de audincia e em seguida discutiremos as relaes estabelecidas entre audincias e aedos. Por fim, procuraremos mostrar que uma performance depende de sua audincia da mesma maneira que depende do prprio aedo. Trata-se de algo que vai muito alm da simples recepo passiva de contedos produzidos por um especialista. As audincias negociam uma srie de fatores com o aedo, impondo limites para a performance. Palavras-chave: Sociedade Homrica, Poesia pica, Tradio Oral, Audincias.
4) Janana dos Santos Maia (UFCG) e Paulo Roberto Souto Maior Jnior (UFPE) Nas sombras da Odissia e Eneida: os mitos como construtores de identidades no Mundo Antigo
Este texto procura pensar a importncia dos mitos como construtoras de uma identidade do que era ser grego e romano no mundo antigo. Para isso, lanamos mo do livro Odisseia, de Homero e Eneida, de Virglio com o propsito de observar os pontos de conexo entre ambos, bem como de que maneira eles se referem ao mundo se valendo de mitos vindos da tradio oral. Nesse sentido ser efetuado um dilogo com outros autores da poca na tentativa de solucionar a tese problematizada neste artigo. Palavras-chave: Odisseia, Eneida, Histria Antiga, Mitos, Identidade.
5) Marlia da Rocha Marques - UECE Demter e suas mulheres: anlise de representaes
39 O presente trabalho se prope a aproximar atravs do conceito de representao o perfil feminino de mulher ideal no mundo grego, em relao com a deusa Demter, atravs de seu mito narrado no Hino Homrico Demter. Essa proposta compreende que se os mitos eram modelos de conduta numa sociedade que fazia da oralidade seu principal meio de educao, o mundo divino muito poderia dizer sobre o mortal. Deste modo, tentar traar o caminho que liga o modelo de mulher ideal grega, nascida para a vida do casamento e da maternidade, tentando aproximar da representao da deusa e seu mito com a imagem criada dessa mulher. O objetivo fazer uma anlise atravs da religio, da deusa Demter e das mulheres, para traar o caminho da aproximao entre deusa e mulheres dentro da sociedade grega, tendo como pano de fundo o conceito de representao. Palavras-chave: Representao, Demter, Mulheres.
6) Juliene Vieira Cmara - UFCG Abrindo a caixa de Pandora herodotiana: apropriaes da nosologia hipocrtica na representao da doena na escrita de Herdoto
Reconhecendo os brbaros como dotados de outros nmoi, Herdoto cultua as diferenas culturais entre povos, fundamentando suas proposies com dados colhidos, que molda, aperfeioa e recria. Diante de tal pensamento, pretendemos demonstrar atravs de nossas investigaes, como Herdoto apropria-se dos preceitos nosolgicos contidos no Corpus Hipocraticum, referentes compreenso que se tinha na Grcia em relao ao conceito e significado do binmio sade-doena, tentando fazer perceber como estes entediam e tratavam suas doenas. Explicando por meio de uma espcie de retrica da alteridade como Herdoto da forma ao tema doenas, para ento representar o outro, ou seja, os ditos povos brbaros atravs da apresentao dos seus costumes ao longo de sua narrativa. Palavras-chave: Herdoto, Doenas, Corpus Hippocraticum, Retrica da Alteridade.
7) Valtyana Kelly da Silva - UFCG Da perda de todos perda de si: a mulher no contexto ps-guerra em As Troianas de Eurpedes
Ao ouvirmos falar em guerras adentramos diretamente em um mundo masculino. Pensamos nos homens em combates, nas mortes, nas vitrias, e nos demais acontecimentos provenientes da batalha. E as mulheres, em especial as esposas e mes dos homens que vo guerra? Ou as
40 que residem nas cidades destrudas? O que acontece com elas? Tendo em vista os questionamentos alados, o artigo tem por objetivo analisar a obra As troianas de Eurpedes, poeta trgico grego que viveu em meados de 480 a.c. 408 a.c., visando expor que apesar de geralmente no participarem ativamente das guerras, as mulheres so atingidas diretamente por elas. Relegadas ao esquecimento, veem filhos, maridos e netos sendo mortos, tornam-se prisioneiras e nas partilhas, so concedidas aos seus novos senhores. Objetiva tambm explicar a viso de um dramaturgo, que apesar de grego, tece no decorrer da obra inmeras crticas ao seu povo, com a inteno de manifestar-se contra a alguns empenhos polticos no contexto em que vivia. Palavras-chave: Mulher, Tragdia, Guerras, Grcia.
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(9) COMUNICAES LIVRES COORDENAO
DRA. MARINALVA VILAR DE LIMA (UFCG)
Data: sexta-feira, 15/08 Horrio: das 14h s 16h40 Local: Auditrio B CCHLA
TRABALHOS:
1) Marinalva Vilar de Lima - UFCG Narrativas da peste na Guerra do Peloponeso
Tucdides, General e estadista ateniense, dedicou parte de seu tempo narrativa da guerra que para ele fora o acontecimento digno de ser mimetizado para a posteridade: a histria da guerra do Peloponeso. Conflito iniciado em 431 a.C., a partir de que as cidades de Atenas e Esparta levaram as demais cidades gregas a se organizarem nas ligas de Delos, de apoio Atenas, e a do Peloponeso, dos aliados de Esparta. Em meio narrativa dos antecedentes da guerra, no Livro II, Tucdides insere a temtica da peste localizando-a no momento em que a tica
41 invadida. Invaso narrada aps destacar o discurso fnebre feito por Pricles em homenagem s vtimas daquele primeiro ano da guerra. O flagelo da peste vai se fazer presente entre os atenienses, concomitantemente a entrada dos inimigos no territrio tico, agravando a situao de calamidade que vai assolar os atenienses e seus aliados. Apesar da peste j ter se dado em outros lugares, antes de acometer a populao de Atenas, Tucdides considera que nesta cidade ela assumiu proporo tamanha que veio a colocar a prova todos os recursos mdicos e as prticas costumeiras da populao em face s doenas, demonstrando grande sensibilidade de percepo para um aspecto, aparentemente irrelevante. Com isso, mobiliza os sentidos do leitor para a eleio da cidade de Atenas enquanto opo a ser assumida na compreenso que quer mimetizar sobre o relato da guerra. Palavras-chave: Grcia Antiga, Tucdides, Histria da guerra, Histria da doena.
2) Matheus Treuk Medeiros de Arajo - USP O Imprio Persa em Herdoto
Muito foi dito sobre as representaes gregas da plis e outros "tipos de Estado" gregos, enquanto pouca ateno foi dedicada anlise das entidades polticas no gregas nas fontes clssicas. Para equilibrar esse quadro, nos propomos a analisar o aparato terminolgico empregado por Herdoto de Halicarnasso para representar o imprio persa aquemnida, uma entidade poltica gigantesca e vigorosa que dominou o cenrio poltico prximo-oriental por pouco mais de dois sculos. A anlise do "imprio" (, , etc.) em Herdoto indica que o intenso contato dos gregos clssicos com a Prsia do sculo V a.C. e o desenvolvimento de determinados modelos polticos helnicos na mesma poca concorreram para a formulao de noes originais no mbito das relaes interestatais. Tais concluses nos conduzem, ademais, a importantes reflexes acerca da identidade cultural clssica e outros debates acadmicos contemporneos. Palavras-chave: Herdoto, Prsia, Estado, imprio, poltica, etnicidade.
3) Camila Alves Jourdan - UFF O mar como um espao de batalha: o uso da mtis
A batalha no estreito de Salamina apresentou o poderio naval ateniense durante a Segunda Guerra Mdica (490 a.C.). Nossa proposta consiste em analisar a mtis (ardil/astcia)
42 relacionada a navegao, que possibilitou essa importante conquista helnica diante do Imprio de Xerxes. Palavras-chave: mtis, Temstocles, nautai, Salamina.
4) Miguel Pereira Neto Sofstica e a identidade helnica da Atenas Clssica
Com o objetivo de pensar os reveses da identidade helnica, substanciada no Pan-Helenismo de sofistas como Grgias e Protgoras, usando como fonte principal o dilogo Protgoras, de Plato, analisam-se os argumentos de identidade poltica e unidade cultural dos sofistas em Atenas. O dilogo em questo ser analisado no prisma da historicidade do perodo, compreendendo as manifestaes historiogrficas que entendem a sofstica como um processo de tcnica poltica historicamente avalivel: o contexto de ascenso e queda de Atenas e a formao de uma educao helenizante em conflito com a identidade brbara. Numa anlise historiogrfica e doxogrfica sobre o texto platnico, pretende-se esboar a contribuio dos sofistas em relao: identidade helnica contra a identidade brbara; unidade da lngua, enquanto aspecto ensinvel em todos os seus meandros culturais; ao respeito pelas diferenas, condicionado pelo uso de ferramentas discursivas e dialgicas, especificadas pelos interlocutores do dilogo em questo. Palavras-chave: Sofstica, Plato, Protgoras, Identidade.
5) Juliana Magalhes dos Santos - UFF Espacialidade das hetirai na Atenas do sc. V a.C.
Neste estudo pretendemos refletir brevemente sobre as relaes que circundam e perpassam o gnero feminino, atravs da figura da hetara, a cortes, na Atenas do V sculo a.C.. Com o objetivo de nos debruarmos sobre as conexes que fazem parte de seu universo, pretendemos tecer algumas consideraes sobre o que afeta e reflete suas aes em seu meio primordial de ao, as symposia. Para auxiliar a tarefa analtica, nos apoiaremos metodologicamente nas representaes iconogrficas ticas com temticas pornogrficas para investigarmos as concepes sociais, polticas e jurdicas ligadas ao universo que transitavam. Desta maneira tentaremos evidenciar a importncia destas agentes sociais, a partir de suas especificidades, para compreender a complexidade a cerca da imagem da mulher ateniense na antiguidade clssica.
6) Mariana Figueiredo Virgolino - UFF Tirania Cipslida e cultos populares em Corinto
Em meados do sculo VII a.C a plis de Corinto v o regime aristocrtico controlado pelo gnos Baquiade dar lugar tirania de Cypselos e, aps essa, a de seu filho, Periandros. Durante a permanncia dos Cipslidas no poder Corinto passou por diversas transformaes: obras pblicas foram estimuladas e o panteo da plis foi modificado. Nesta comunicao abordaremos as mudanas realizadas pela tirania na religio corntia, especialmente com a promoo de cultos de apelo aos camponeses, como o de Demter e Kor e Dionisos. Palavras-chave: Tirania, Religio, Santurios.
7) Fernanda Alvares Freire - UnB Ptolomeu I e a criao da Dinastia Lgida
Este artigo tem como objetivo delinear alguns dos aspectos histricos do estabelecimento da dinastia Lgida no Egito a partir das vicissitudes polticas do perodo posterior morte de Alexandre. Visto que a atuao poltica de Ptolomeu fundamental para o entendimento da criao da dinastia Lgida. Seu envolvimento dava-se de duas maneiras: a oposio veemente a todos aqueles que empreendessem uma tentativa de restabelecer a monarquia mundial de Alexandre, e sua articulao entre conquistas territoriais e alianas polticas para proteger o Egito ou ampliar suas redes comerciais. Isto necessrio para que se possa, por fim, explicitar os fundamentos do poder legtimo de Ptolomeu, oriundos de uma ressignificao da basileia de Alexandre. Palavras-chave: Ptolomeu, Egito, basileia, dinastia Lgida.