Márcio Túlio Viana - Conflitos Coletivos de Trabalho
Márcio Túlio Viana - Conflitos Coletivos de Trabalho
Márcio Túlio Viana - Conflitos Coletivos de Trabalho
de maio...
58
9.7.4. Greve de ocupao ativa
Ocorre quando "os trabalhadores tomam o processo de produo em suas mos e
continuam trabalhando, margem de toda vontade empresarial".
59
Assim, no h recusa
ao trabalho, mas ao trabalho subordinado. s vezes, abrange a venda selvagem de pro-
dutos, para alimentar os grevistas ou mostrar que a empresa vivel - e, por isso, no
deve se fechar.
Tambm chamada de sciopero a rovescio (=greve s avessas) pelos italianos, essa
forma de luta tem suas origens na Revoluo Russa, como resposta ao fechamento de
820 fbricas, de maro a novembro de 1917. Segundo ARSKY, "os trabalhadores, por
instinto de conservao, no tinham outro remdio seno se converterem em patres".
60
Seguiram-se ocupaes na Itlia, em 1919-1920, quando as indstrias metalrgicas se
recusaram a negociar salrios; e na Espanha, durante a guerra civil. Em Portugal, por
volta de 1975, quando eram freqentes as falncias e o lock-out, muitos patres foram
expulsos pelos operrios, que tentavam assegurar assim a sua prpria sobrevivncia.
Mas pode o trabalho se tornar apenas parcialmente arbitrrio: o que veremos a
seguir.
9.7.5. Greves com trabalho parcialmente arbitrrio
61
Se, na ocupao ativa, os empregados se recusam a trabalhar por conta alheia,
apossando-se dos instrumentos de produo, aqui se limitam a ignorar o poder diretivo,
ou partes dele. s vezes, a hiptese se aproxima ou at se confunde com a sabotagem.
Outras vezes no chega a isso, como no caso da operao tartaruga. usada com mais
freqncia nas atividades essenciais, exatamente para canalizar a impacincia do pblico
como forma de presso sobre o empregador.
57
Ibidem, p. 41.
58
Maroni, Amns. Op. cit., p. 52-54.
59
Perrote-Escartin, apud Pinho Pedreira, L. de. Op. cit., p. 94.
60
Apud Pinho Pedreira, Luiz de. Op. cit., p. 95.
61
Parte deste tpico e dos seguintes foi extrada de nossa obra "Direito de Resistncia",
j citada (pgs. 312-314).
Rev. TST, Braslia, vol. 66, n 1, jan/mar 2000 130
Outros exemplos so a operao-acidente, em que se reduz o ritmo a pretexto de
cumprir normas de segurana, e a operao-soluo, quando grupos de trabalhadores se
alternam na lentido. Na Frana, tem-se entendido que em todas as hipteses de greves
como essas, de rendimento, o empregador pode baixar o salrio, tomando por base
comparativa o rendimento habitual do trabalhador. s vezes, as prprias partes em
conflito firmam acordos provisrios, fixando limites para a quebra do ritmo.
Hiptese tambm curiosa a greve de zelo. Em regra, acontece nas empresas cu-
jos regulamentos so rgidos em excesso, no se ajustando realidade. Nesses casos, as
coisas s funcionam bem na medida em que os prprios trabalhadores vo reinterpre-
tando pequenas regras, com base em sua experincia diria. O fenmeno revela que o
sistema no capaz de desapropriar todo o saber operrio e - paradoxalmente - pode
ganhar com isso. Assim, em vez de no trabalhar, ou de trabalhar menos, o grevista
cumpre o regulamento risca - o que acaba trazendo problemas, especialmente de atra-
so, como se d com o controle de trfego areo. Assim, h uma "recrudescncia da ativi-
dade".
62
Outras vezes, os trabalhadores passam a executar sistematicamente as tarefas
que, segundo o prprio regulamento, podiam ser praticadas com certa discricionariedade
- como acontece com o pessoal da alfndega, que passa a revistar todas as malas. A
greve de zelo mais comum no setor pblico, onde os regulamentos so mais rgidos e o
impacto maior.
9.7.6. Greve das horas extras
Serve no s para protestar contra o trabalho suplementar, como para reivindicar
pagamento maior. comum na Europa, nos servios pblicos.
9.7.7. Greve rotativa
Em vez de afetar todos de uma vez, praticada por grupos, de forma sucessiva.
De certo modo, uma rplica ao trabalho parcelado
63
. Ataca a racionalidade do sistema
produtivo, usando a mesma dose de organizao: preciso planejar cada passo, contro-
lar os movimentos. Lembra uma guerrilha ou guerra de desgaste, com ataques curtos e
repetidos.
64
Os grevistas se alternam no prejuzo (salarial) que sofrem, ao passo que o
empregador se v s voltas com uma desorganizao crescente da produo. Nesse tipo
de greve, e em outras semelhantes, mantm-se uma aparente (e falsa) disponibilidade
62
Idem, ibidem.
63
Sinay, Hlne. Op. cit., p. 35.
64
Sinay, Hlne. Op. cit., p. 35. Observa Mallet, citado pela autora, que "um, dois ou
trs meses de ao repetida, coordenada, desenvolvendo-se segundo um plano bem esta-
belecido, tero uma repercusso mais importante sobre a marcha da empresa que uma
greve ilimitada".
DOUTRINA
Rev. TST, Braslia, vol. 66, n 1, jan/mar 2000 131
para o trabalho, por parte de alguns empregados.
65
como se dissessem: "queremos
trabalhar; mas como? "
9.7.8 Greves intermitentes
Os trabalhadores deixam a fbrica antes da hora, ou se atrasam. s vezes perma-
necem no local de trabalho: o que os franceses chamam de dbrayage (de dbrayer =
interromper a ligao entre o motor e as rodas). Grevistas e no-grevistas se colocam
ento face a face, ao contrrio do que acontece na greve clssica (quando os grevistas
ficam em casa, e os outros no trabalho) e na greve com ocupao propriamente dita
(quando os no-grevistas ficam em casa, e os outros na fbrica)
66
. Em relao ao empre-
gador, essa greve chega de surpresa; para os trabalhadores, exige minucioso planeja-
mento.
67
9.7.9 Greve-trombose
Trabalhadores paralisam um setor-chave da empresa, ou ento, alternadamente,
setores dos quais dependem os demais: assim, numa empresa de nibus, um dia param
os bilheteiros, outro dia os motoristas, outro dia os cobradores, e assim por diante. Tam-
bm aqui, a disponibilidade dos que no esto tecnicamente parados pode ser apenas
aparente.
9.8. Efeitos jurdicos das greves
Como vimos, as greves imunizam o trabalhador contra o poder disciplinar. Tal
como as excludentes de criminalidade, transformam um ilcito (contratual) em lcito.
Ainda assim, no cabem salrios - exceto se h ajuste em contrrio, ou (a nosso ver)
quando o prprio empregador as provoca, ao descumprir normas. Ensina RUPRECHT
que os pagamentos devidos pelo Estado devem continuar. Seria o caso do salrio-
maternidade, pois, embora o empregador faa os pagamentos, pode depois deduzi-los
de seus dbitos previdencirios.
Conta-se o tempo de servio? Uns, como ABELLN, acham que sim; outros,
como RUPRECHT, entendem que preciso distinguir as greves lcitas das ilcitas. Ora:
a suspenso do contrato no gera contagem de tempo; j a interrupo, sim. Assim,
quando os salrios so devidos, o tempo se contaria. Entre ns, na prtica, tem-se com-
putado o tempo. Pergunta-se, ainda: pode a empresa exigir a reposio das horas no
trabalhadas? Se no pagou os salrios, negativa a resposta.
65
Monteiro Fernandes, Antnio. "Direito do Trabalho - II: Relaes Colectivas de Tra-
balho", Alamedina, Coimbra, 1991, p. 254.
66
Sinay, Hlne. Op. cit., p.37.
67
Sinay, Hlne. Op. cit., p. 38. Conta a autora que, na Frana, uma dessas greves durou
7 meses; as paradas variavam de meia hora a meio dia
Rev. TST, Braslia, vol. 66, n 1, jan/mar 2000 132
Se os grevistas impedem o trabalho dos fura-greve, o empregador deve tomar as
medidas necessrias, segundo LYON-CAEN. S se o trabalho se tornar invivel ou
muito custoso que haver fora maior, excluindo aquela obrigao.
68
Entre ns, a fora
maior autoriza a reduo geral de salrios, at 25%; mas a doutrina o considera invlido,
em face do art. 7
).
Quanto aos servidores pblicos, o direito de greve "ser exercido nos termos e nos limi-
tes definidos em lei complementar" (art. 37, VII). Os militares esto excludos (art. 42,
5
)
Mas a que tipo de greve se refere a Constituio? sua forma clssica, de recusa
coletiva ao trabalho? Ou tambm a outros modos de ruptura do cotidiano da prestao
de servios? A maioria prefere a interpretao restritiva - que refutamos.
85
que, como
ensina HESSE, a Constituio "no tem existncia autnoma em face da realidade (...)".
Sua interpretao se submete ao princpio "da tima concretizao da norma"
86
.
Ora: o que nos diz a realidade?
83
Beltran, Ari P. "A autotutela nas relaes de trabalho", LTr, S. Paulo, 1996, p. 159.
84
Ibidem, p. 180.
85
interessante notar que a Constituio portuguesa, que nos inspirou, tem regra ex-
pressa impedindo a limitao do direito via legislao ordinria. Em nossa CF, essa regra
deve ser considerada implcita.
86
Hesse, Konrad. "A fora normativa da Constituio", Srgio A Fabris, P. Alegre,
1991, p.14.
Rev. TST, Braslia, vol. 66, n 1, jan/mar 2000 136
Ela nos diz que o novo modo de acumulao capitalista j no se baseia em fbri-
cas grandes, operrios em massa, direitos crescentes e Estado interventor, mas no con-
trrio de tudo isso, o que significa fbricas terceirizadas, direitos esfacelados, Estado
fragilizado e trabalhadores dispersos. assim que a nova empresa consegue baixar os
custos e aumentar os lucros; desse modo que resolve a velha contradio de ter de
reunir os trabalhadores em volta da mquina e ao mesmo tempo ter de enfrentar a solida-
riedade nascida dessa mesma unio.
87
Com o rompimento do velho pacto social, o
equilbrio de foras tambm se rompeu: hoje, e cada vez mais, fazer greve passa a ser um
risco muito maior do que sofrer greve. Para reequilibrar a balana, s abrindo mais
espao ao coletiva.
Note-se que a greve tpica o modo de luta menos elaborado de todos: corres-
ponde a um perodo histrico em que a prpria organizao fabril era simples. Os meios
mais eficazes so os que se valem da racionalidade crescente do sistema, invertendo-lhe
os mecanismos.
verdade que a lei ordinria considera legtimo exerccio da greve a suspenso
dos servios (art. 2
), o que parece afastar greves atpicas. Mas a lei diz tambm que a
suspenso pode ser parcial. Logo, aqui se pode encaixar a execuo defeituosa, como,
por exemplo, a operao-tartaruga. Admitimos que no foi esta a inteno do legislador
- mas o que importa? De resto, ainda que assim no se entenda, pode-se apelar para a
analogia. Ou, mais simplesmente, para a exegese ampla da Constituio...
Em nossa opinio, at a greve de ocupao ativa pode ser excepcionalmente lcita,
como resposta ao lock-out, desde que: a) seja pacfica; b) no impea a eventual retoma-
da do estabelecimento pelo empregador; c) revele-se indispensvel para garantir a sub-
sistncia imediata dos trabalhadores.
Quanto greve poltica, ser lcita se tiver um componente - ainda que indireto -
de natureza trabalhista. Mas ainda que isso no se d, poder se encaixar no espectro do
direito poltico de resistncia, como na hiptese em que os trabalhadores se unem contra
uma ditadura. A propsito das greves polticas, interessante lembrar ainda que o Di-
reito do Trabalho tem dupla fonte - a norma estatal e a negociada, vale dizer, a autono-
mia e a heteronomia - o que torna tanto o empregador como o legislador passveis de
presso.
Quanto boicotagem, apenas a violenta, entre ns, criminalizada (art. 198 do
CP). Em termos trabalhistas, pode-se concluir, com RUPRECHT, que lcita quando
defende interesses profissionais, como na hiptese em que alguns trabalhadores aceitam
trabalhar em condies inferiores s previstas em conveno coletiva. Mas tambm ser
lcita em caso de solidariedade, quando, por exemplo, toda uma categoria se recusa a
adquirir produtos de certa empresa, em protesto contra a falta de equipamentos de segu-
rana.
87
Dedicaremos mais algumas palavras sobre o tema no tpico sobre os meios de soluo
dos conflitos. Para um estudo mais detalhado, porm, cf. a 1
). Mas
quanto s atividades no essenciais, sua constitucionalidade discutvel - j que, segun-
do a CF, cabe aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade do movimento.
3. A lei probe a contratao de substitutos (art. 7
).
4. A lei considera abusiva a greve em desacordo com as suas regras, bem como a
que se mantm aps convnio coletivo ou sentena normativa (art. 14), salvo havendo
fato novo ou imprevisto, que modifique substancialmente a relao de emprego. Como
ensina ROBERTO A . O . SANTOS, porm, a CF no se refere ao abuso do direito de
greve, em si, mas aos abusos perifricos (como piquetes violentos, por ex.). Os prati-
cantes desses abusos podero ser eventualmente punidos, mas isso no afetar a greve,
como um todo.
96
Para BARBAGELATA, a greve menos sensata to legal quanto a
mais razovel. S seria ilcita a greve feita numa empresa por sindicatos marrons, para
favorecer a concorrente.
97
5. Entende o STF que a simples adeso greve ilegal no justa causa (Smula
316).
92
. Idem, p. 929-930. Assim, por ex., ser ilcita se tiver por objetivo a dispensa (normal)
de um colega, mas lcita se tal dispensa se relacionar, de algum modo, com uma reivin-
dicao coletiva, ou se for ilcita.
93
Ibidem, p. 933.
94
Parte das concluses alinhadas foram extradas de nosso "Direito de Resistncia", cit.,
pp. 302 e segs.
95
Mascaro Nascimento, A . "Comentrios lei de greve", LTr, S. Paulo, 1989, p. 45.
96
Palestra proferida no II Congresso Brasileiro de D. Processual do Trabalho, promoo
da LTr, S. Paulo, 1990
97
Apud Camerlynck, G. H. e Lyon-Caen, G. Op. cit., p. 128-129.
DOUTRINA
Rev. TST, Braslia, vol. 66, n 1, jan/mar 2000 139
6. A lei prescreve o respeito aos outros direitos fundamentais, proibindo ameaa
ou dano propriedade e pessoa (art. 6
, 1
e 3
)
7. A lei no garante salrios aos grevistas - mas deve-se entender que so eles de-
vidos quando a greve decorre do descumprimento do prprio contrato. que, na verda-
de, o que haver na hiptese o exerccio da exceptio non adimpleti contractus.
8. A lei protege o fura-greve (art. 6
o
, 3
de
maio. No incio, proclamado o direito de greve, costumava-se justific-lo pelos princ-
pios (civilistas) de justia comutativa.
104
Hoje, na Europa, s a Alemanha o permite
genericamente: a "paridade de armas".
105
Essa assimetria de tratamento nos mostra
que mesmo em nvel coletivo no h, em geral, igualdade de foras. O que as torna mais
ou menos equilibradas um conjunto de fatores: um bom nvel de emprego, obstculos
legais despedida e o estabelecimento de patamares mnimos indisponveis. Ao contr-
rio da greve, o lock-out no fim "progressista", de criar direitos; ao contrrio, quer extin-
gui-los.
O lock-out pode ser defensivo, preventivo ou retorsivo. Se defensivo, usado
contra o lock-in. Pode envolver uma ou mais empresas. No primeiro caso, para forar
novas condies de trabalho. No segundo, para pressionar o Estado a adotar ou no certa
medida. s vezes, "supe despedida coletiva, com proposta de reincorporao atravs de
condies impostas pela empresa".
106
Entre ns, no se pode us-lo para inviabilizar a
greve ou a negociao.
101
Maroni,. Amnris. Op. cit., p. 100-108.
102
Beltran, Ari P. Op. cit., p. 194.
103
Giugni, Gino. "Diritto Sindacale", Cacucci, Bari, 1997, p. 281.
104
Ruprecht, A . Op. cit., p. 177.
105
O Tratado de Maastrich o menciona, mas s para sinalizar que, a propsito, deve ser
respeitado o ordenamento jurdico de cada pas.
106
Marquez, Hernanz. Apud Ruprecht, Alfredo. Op. cit., p. 169.
DOUTRINA
Rev. TST, Braslia, vol. 66, n 1, jan/mar 2000 141
Se ilcito, como quase sempre acontece, o lock-out d ao empregado o direito no
s aos salrios, mas (em princpio) chamada "despedida indireta" - no tanto pela falta
de oferta de trabalho, mas em razo da ausncia de pagamento.
14.4. Listas negras e brancas
Outro modo usual de luta, j citado, so as listas negras, contendo, nessa hipte-
se, nomes e/ou fotografias de grevistas. So ilcitas. Menos comuns so as listas bran-
cas, que relacionam os confiveis. H empresas que trocam entre si os seus cadastros,
como j relatava VIANNA.
107
Mas o modo mais eficaz de luta patronal talvez seja a
terceirizao: ela fragmenta a classe operria, criando segmentos de empregados que
no se integram aos que trabalham nas empresas-clientes (pois seus problemas e reivin-
dicaes so diferentes), e nem sequer entre si (dada a sua alta rotatividade).
14.5. Prmios antigreve
Em regra, nos pases mais evoludos, so tidos como discriminatrios. Na Fran-
a, so expressamente proibidos
108
, a no ser quando criados antes da greve e concedi-
dos, indistintamente, aos que no faltam ao trabalho de uma forma geral.
109
14.6. Contrataes de outros trabalhadores
A nossa lei no as permite, durante as greves. Pergunta-se: pode a empresa con-
tratar atravs de outra, terceirizando? Na Frana, a lei responde negativamente
110
. Entre
ns, embora a lei seja omissa, a resposta deve ser a mesma, por analogia.
15. MEIOS DE SOLUO DE CONFLITOS
Os procedimentos-padro so a negociao coletiva, a conciliao, a mediao e
a arbitragem. Em todos eles, as partes so as mesmas do conflito. Os trs primeiros tm
por fim alcanar a conveno ou o acordo coletivo.
111
Vejamos as caractersticas de cada
um.
O termo negociao coletiva costuma ser usado em acepo ampla, abrangendo
tambm a conciliao e a mediao. Em sentido mais tcnico, distingue-se delas por
envolver apenas as partes, sem a participao de terceiros. Em regra, tem forma livre. E
serve tanto para os conflitos de interesse como para os jurdicos. Como as partes atuam
107
Vianna, Segadas. Op. cit., p. 86.
108
Art. L.521-1 do Cdigo do Trabalho.
109
Javillier, J. C. "Manual de Direito do Trabalho", LTr, S. Paulo, 1988, p.224.
110
Art. L.124-2-3 do Cdigo do Trabalho.
111
De acordo com a CLT, as convenes e os acordos se distinguem pelo fato de que as
primeiras envolvem sindicatos profissionais e econmicos, ao passo que os ltimos tm
de um lado um sindicato profissional e de outro uma ou mais empresas.
Rev. TST, Braslia, vol. 66, n 1, jan/mar 2000 142
por si, no h rgos destinados a esse fim. s vezes, o Estado lhe impe certas limita-
es.
A negociao pode ser esttica ou dinmica. A primeira, prpria dos pases con-
tinentais europeus, cria regras precisas, bem delineadas; celebrado o convnio, as partes
no mais negociam, at o fim de seu prazo. J a segunda, mais comum na Gr-Bretanha,
pressupe instituies de carter permanente, que vo adaptando o pacto a cada nova
circunstncia. mais um modo de administrao coletiva do que propriamente de con-
tratao.
112
J a conciliao negociao assistida: tal como a mediao,
meio de aproxi-
mao das partes.
113
Com ela, elimina-se um processo por meio de outro processo
114
. O
conciliador representa o Estado ou escolhido livremente. Sua interveno varivel:
pode ir desde o mero apoio procedimental at formulao de uma ou outra sugesto,
com base nos indcios que as partes fornecem quanto a possveis transigncias. A tenta-
tiva de conciliao pode ser voluntria ou obrigatria. No Brasil, indispensvel para o
dissdio coletivo.
A mediao fica a meio caminho. Nela, h tambm um terceiro, que depois de
analisar os fatos e as alegaes faz uma proposta. Para DEVEALI, forma "especial-
mente intensa de conciliao", j que o mediador no se limita a ouvir: pode exigir dados
e informes e atua com freqncia como um rbitro, s que sem laudo obrigatrio.
115
Na
sua forma mais simples, as partes aceitam ou recusam em bloco sua sugesto; quase
sempre, porm, forma-se uma rede de propostas e contrapropostas, envolvendo o media-
dor e as partes. O mediador no se prende a princpios de equidade ou de convenincia
econmica; apenas descobre "o ponto exato de maior aproximao possvel entre as
posies".
116
Esse sistema pouco empregado; e seu xito depende, muitas vezes, do
prestgio do mediador. Tal como a conciliao, pode ser voluntria ou obrigatria; pbli-
ca ou privada. A publicidade tem papel relevante: mobiliza a opinio pblica, como
instrumento de presso
117
. O mediador expe informe fundamentado e conclui; em al-
guns pases, a resposta deve ser expressa.
Na arbitragem, h tambm um terceiro, mas o objetivo j no um convnio, e
sim uma deciso vinculante - o laudo arbitral, pronunciado com ou sem a audincia das
partes e fora de modelos processuais estritos. Como a deciso por equidade, pode no
coincidir inteiramente com qualquer das pretenses. Mas a prpria equidade deve ser
temperada com razes de viabilidade econmico-social: nesse caso, so introduzidos, no
juzo de equidade, "interesses aparentemente exteriores aos que se acham em confronto
112
A propsito, cf. Palomeque, Manuel-Carlos. "Derecho Sindical Espaol", Madri,
1986, pgs. 229/230.
113
Ruprecht, Alfredo. Op. cit., p. 209.
114
Garcia, Alonso. Apud Ruprecht, op. cit., p. 206.
115
Deveali, Mario. Apud Ruprecht, op. cit., p. 212.
116
Idem, p. 228.
117
Durand, Paul. "Trait de Droit du Travail", Dalloz, Paris, vol. III, p. 977.
DOUTRINA
Rev. TST, Braslia, vol. 66, n 1, jan/mar 2000 143
direto".
118
A arbitragem pode decorrer de lei (como na Austrlia), com ou sem a presen-
a do Estado.
No direito comparado, outras solues existem, como as decises administrati-
vas, as comisses paritrias, o inqurito e a investigao de fatos.
119
No sistema da deciso administrativa, so rgos pblicos que decidem o conflito
- sempre com o risco de ingerncia do poder executivo. No sistema das comisses pari-
trias, prprio para conflitos de natureza jurdica, essa tarefa fica a cargo de rgos que
representam as partes, criados em convenes coletivas precedentes. Em alguns pases,
so presididos por autoridade administrativa. O sistema do inqurito, previsto na Lei
Taft-Hartley, dos EUA, usado em pases anglo-saxes, nos quais a opinio pblica
tem peso muito grande. No depende de autorizao ou pedido das partes. O governo
toma a iniciativa, convidando-as a fornecer dados. A comisso de inqurito apresenta
ento um informe com recomendaes; e expede uma ordem (injunction), para que a
greve no se inicie ou pare, por 80 dias, prazo chamado de "arrefecimento" (cooling off).
Caso a trgua seja em vo, a ordem esgota sua eficcia e a greve se torna lcita. Essa
interveno tem ocorrido em mdia uma vez por ano.
No Brasil, o conflito coletivo pode ser mediado ou conciliado tanto na esfera pri-
vada como por meio da Procuradoria ou do Ministrio do Trabalho. A arbitragem pode
se fazer atravs de rbitros de livre escolha das partes; o Ministrio do Trabalho mantm
um cadastro de nomes, para esse fim. Se uma das partes se julga incapaz de negociar por
si s, pode requerer tambm a interveno do Ministrio do Trabalho, por meio de seus
agentes.
Existe ainda a possibilidade de interveno da Justia do Trabalho, via sentena
normativa. Mas o instituto parece em via de extino: quando escrevamos essas pginas,
tramitava emenda constitucional que a transformava em arbitragem facultativa.
120
16. CONFLITOS E CONVNIOS COLETIVOS: UM OLHAR ACADMICO
Como escrevemos em outras paragens, a conveno coletiva substitui a fragili-
dade do indivduo pela fora sempre maior do grupo.
121
Nos pases da common law,
virtualmente o nico direito escrito; nos outros, tem funo complementar, maior ou
menor, conforme o caso. Assim, aqui e ali, exemplo de pluralismo jurdico.
118
Ibidem, p. 229.
119
A propsito, Ruprecht, Alfredo. Op. cit., p. 222 e segs.
120
Na verdade, os prprios tribunais do trabalho foram minando o seu poder normativo,
atravs da criao de minuciosos precedentes. Em vez de criar a norma para o caso con-
creto, como deveriam fazer, passaram a julgar quase mecanicamente, aplicando aqueles
verdadeiros cdigos.
121
Lyon-Caen, G.; Plissier, J.; Supiot, A . "Droit du Travail", Dalloz, Paris, 1996, pg.
644.
Rev. TST, Braslia, vol. 66, n 1, jan/mar 2000 144
Mas no s. Ao longo do tempo, tem atuado para alm de seus limites formais,
seja atuando sobre o legislador
122
, seja inspirando outras categorias
123
, seja pressionando
empregadores no afetados diretamente por seu raio de ao.
124
o que alguns chamam
de efeitos de contgio das lutas coletivas.
125
Qualquer que seja a sua espcie, a conveno coletiva expressa um ajuste entre
capital e trabalho. o fiel da balana; o ponto de equilbrio entre o interesse do empres-
rio em manter ou aumentar a mais-valia e a luta dos trabalhadores para conservar ou
resgatar pores de dignidade.
Do ponto de vista de sua estrutura, contrato. Em termos de substncia, nor-
ma.
126
Por isso, no se concretiza por si mesma: depende dos ajustes individuais.
127
Analisado em conjunto, o convnio coletivo ambguo como uma sereia: tem corpo de
contrato e alma de lei, na lio de CARNELUTTI.
Observa MONTEIRO FERNANDES que, quanto maior o contedo das conven-
es, mais se multiplicam as reas potencialmente litigiosas.
128
Nesse sentido, o conv-
nio coletivo entra em contradio consigo prprio: em vez de superar os conflitos, ali-
menta as circunstncias de outros.
129
harmonia que desarmoniza, para de novo harmo-
nizar.
17. CONFLITOS E CONVNIOS COLETIVOS: UM OLHAR CRTICO
Quando o jogo de foras favorvel, os conflitos coletivos tm papel decisivo
no s para criar a norma, como para mant-la viva e atuante. que o Direito no se
completa no momento de sua proclamao: afirmado, negado e transformado a cada
122
o caso, por exemplo, do nosso banco de horas, que - embora no seja propriamente
original - tornou-se texto de lei a partir de (e para respaldar) convenes firmadas por
sindicatos da Fora Sindical, que (ilicitamente) o previam.
123
A "quebra de caixa" dos bancrios, por exemplo, serviu de modelo para vrias outras
categorias com trabalhadores na mesma situao.
124
o que acontece com frequncia nos Estados Unidos, onde o percentual de trabalha-
dores alcanados pelos convnios baixo (18%), mas muitas empresas situadas fora de
seu campo de abrangncia acabam concedendo os mesmos reajustes, exatamente para
impedir que os seus empregados se filiem aos sindicatos.
125
Zapatero, Ranz J. "Sindicalismo y Evolucin: una perspectiva espaola", in "El Nue-
vo Sindicalismo", de Heckscher, Charles C. Ministerio de Trabajo e Seguridad Social,
Madri, 1993, pg. 96.
126
Para uns, como Mazzioti, norma tambm no sentido de obrigar pessoas diversas das
que o firmaram ("Diritto del Lavoro", Jovene, Napoles, 1983, pgs. 420 e segs.).
127
Se pensarmos a lei como resultado de um pacto, ainda que implcito, e observarmos
que os parlamentos compem, quase sempre, interesses em conflito, sero ainda menores
as diferenas entre lei e convnio coletivo.
128
Monteiro Fernandes, A. "Direito do Trabalho - III. Relaes colectivas de trabalho",
Almedina, Coimbra, 1991, p. 201.
129
Weiss, D. Apud Monteiro Fernandes. Op. cit., p. 202.
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dia, pelas mos dos homens que o operam. Para que ele tenha eficcia real, as fontes
materiais que o fizeram brotar devem continuar atuando.
Na mesma hiptese - ou seja, em conjuntura favorvel - os conflitos coletivos
elevam o contrato mnimo legal
130
, permitindo a renegociao coletiva de contratos
individuais. Tudo aquilo que as partes haviam ajustado individualmente passa a ser ob-
jeto de novo olhar, em ambiente oposto. Se o empregado no pde discutir, o sindicato,
agora, discute por ele. A presso silenciosa que o empregador - pelo simples fato de
deter os postos de trabalho - exerceu ao firmar o contrato agora utilizada contra ele, na
medida em que o grupo assume, de certo modo, o controle dos mesmos postos e ameaa
negar - ou nega, efetivamente - a prestao de servios.
O problema que, hoje, aquela correo coletiva dos contratos individuais est
virando pelo avesso. Graas ameaa latente de uma espcie de lock-out disfarado - a
migrao da unidade produtiva - os empresrios j no se limitam a se defender: so
eles, agora, que exigem reajustes em suas taxas de lucro, atravs da precarizao cres-
cente dos contratos.
Esse novo papel dos convnios coletivos viabilizado pela ordem jurdica, ao
transformar normas imperativas em normas dispositivas em nvel coletivo - como o
caso, por exemplo, daquela que permite a reduo salarial. Infelizmente - e tal como a
greve, que vale mais pelo temor que semeia - reaes patronais desse tipo so muito
eficazes.
Naturalmente, essas transformaes no acontecem por acaso. Como dizamos,
elas se encaixam no novo modo de acumulao capitalista, que tem como pea-chave a
fragmentao do universo operrio, seja desempregando, seja terceirizando, seja reorga-
nizando o trabalho. No limite, esse novo modelo tende a expulsar no s a lei, mas o
prprio sindicato e - por conseqncia - todos os meios clssicos de luta coletiva. Note-
se que a conveno coletiva mais do que um processo de conquista de direitos: meio
de adaptar regras. Por isso, suas crises so tambm "crises de certeza do Direito"
131
Se, na Europa, os sindicatos conservam boa parte da fora antiga, h pelo menos
dois bons motivos para isso. O primeiro o de que a sociedade, ali, os valoriza: sabe que
foram eles os principais construtores de sua estrutura social e de sua prpria democracia.
O outro o de que se vai costurando um novo pacto, em que os sindicatos trocam sua
prpria sobrevivncia por dois tipos de concesses: a) quanto aos trabalhadores de baixa
qualificao, uma certa dose de precarizao dos contratos individuais; b) quanto aos
mais qualificados, um grau crescente de envolvimento nas novas tcnicas produtivas,
como exigem os tericos do just in time. Assim, a idia de que a negociao coletiva
sempre mais justa ou adequada do que a lei, tem hoje algo de mito - mesmo nos pases
de ponta.
18. OS CONVNIOS TRANSNACIONAIS E OS ACORDOS TRIPARTITES
130
A expresso de La Cueva.
131
Monteiro Fernandes, Antnio de Lemos. Op. cit., p. 225.
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Com a globalizao da economia, tem-se tentado globalizar tambm as conven-
es coletivas, especialmente em nvel de Unio Europia. O objetivo reduzir o dum-
ping social. Mas a tarefa no fcil. De um lado, atuam fatores como a diversidade le-
gislativa, a falta de interesse patronal (quando a conveno transnacional mais favor-
vel) e a crise que afeta os sindicatos.
132
De outro, a dificuldade de se globalizarem os
prprios conflitos, exatamente porque as reivindicaes se baseiam em realidades dife-
rentes. Assim, o ideal para uma negociao desse porte seria o nivelamento prvio das
condies de trabalho - o que nos levaria a um crculo vicioso.
133
Ao mesmo tempo, a Unio Europia tem tentado valorizar os acordos tripartites.
A idia fazer com que os atores sociais participem da reconstruo (ou, em certo senti-
do, da desconstruo) das normas trabalhistas e das polticas pblicas. O objetivo
aumentar a dose de legitimidade e o grau de eficcia das reformas, pois elas implicam
perdas e sua execuo depende de Estados cada vez mais fragilizados pelo poder do
capital.
Alis, a prpria UE, tambm s voltas com um certo dficit de legitimidade
134
,
criou para si um interessante mecanismo: antes de emitir uma diretiva,
135
consulta os que
sero por ela atingidos, atravs de entidades representativas. Caso o queiram, esses inte-
ressados podem suspender e mesmo evitar a diretiva, adotando em seu lugar um conv-
nio.
136
Tambm a OIT tem tentado incentivar os convnios coletivos, mas sem dar gran-
de importncia ao contedo que possam ter: basta que obedeam s suas prprias con-
venes, que em geral comportam uma leitura ampla. Ao mesmo tempo, procura afiar
as garras dos lderes sindicais, ensinando-lhes novas tcnicas de negociar, e divulgan-
do as experincias mais positivas. Outra preocupao da OIT tem sido a de fomentar o
aparecimento de sindicatos no setor informal da economia, j existentes em alguns pa-
ses.
137
132
Cf., a propsito, Franco Filho, Georgenor de Sousa. "Globalizao & desemprego:
mudanas nas relaes de trabalho", LTr, S. Paulo, 1998, p. 65-79.
133
Ainda assim, aqui e ali, h sinais encorajadores - como uma recente ameaa de greve
de rendimento de operrios alemes, quando a filial de uma multinacional de automveis
ameaou se deslocar da Espanha para a Alemanha, caso os espanhis persistissem em
greve.
134
Nesse sentido, dentre outros, Romagnoli, esclarecendo que as diretivas dependem
prioritariamente no do Parlamento, eleito pelos europeus, mas do Conselho.
135
Diretivas so normas genricas, que obrigam os Estados a alcanar certos resultados,
deixando a critrio deles a escolha dos instrumentos necessrios para isso.
136
Se referendado pela UE, este convnio pode: a) ser aplicado, diretamente, em cada
Estado, atravs dos mecanismos que ali existirem; ou b) ser transformado, ele prprio,
em diretiva, hiptese em que ser mais correto falar em "lei negociada" do que em "con-
vnio" ou "conveno".
137
Informaes prestadas pelo Prof. Tayo Fashoyin, representante do rgo, no ltimo
curso para expertos latinoamericanos sobre negociaes coletivas, realizado em setem-
bro/99, em Turim-Bolonha-Toledo.
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19. ALGUMAS IDIAS PARA UM MOMENTO DE CRISE
Concluiu certa vez a OIT
138
que a conveno coletiva exige pr-requisitos fti-
cos - como instruo bsica, certo grau de industrializao e razovel estabilidade da
fora de trabalho. Hoje, entre ns, esses pr-requisitos parecem cada vez mais distantes.
J no se trata, por isso, de lutar apenas pela liberdade sindical. O grande problema do
sindicato j no a liberdade, mas a igualdade - e igualdade real. Repete-se, no plano
coletivo, a hipossuficincia de que nos falava CESARINO JUNIOR, quando se referia
ao trabalhador.
Como j escrevemos em outras paragens...
"... a nova realidade econmica exige, mais uma vez, que o Estado arregace as
mangas, mas no para legitimar o trabalho precrio (como vem fazendo), nem apenas
para libertar o sindicato das amarras legais (como est ensaiando), mas para permitir,
efetivamente, a ao coletiva. A lgica a mesma que justificou, ao longo da Histria, a
tutela individual do trabalhador: quando a balana se desequilibra, hora de acrescer-lhe
alguns pesos. Alis, o que tem acontecido at na Europa, especialmente a partir dos
anos 80.
139
preciso - dentre outras medidas - garantir ao sindicato liberdade de ao e de
acesso no interior da empresa; tirar da Justia do Trabalho o poder de pr fim s greves;
e disciplinar e punir, com rigor, os atos anti-sindicais
140
. E preciso ainda que, ao invs
de legislar a torto e a direito por medidas provisrias, eternizando-as com sucessivas
reedies, o governo leve a negociao para o centro do poder, discutindo com os sindi-
catos toda norma que se refira a relaes de trabalho. a soluo da lei negociada, tam-
bm praticada pelos europeus.
Em suma: mesmo sendo, como , coletiva, a negociao deve expressar uma
transao, ou seja, concesses recprocas, e no uma simples renncia. Se a justificativa
ideolgica para a nova poltica legislativa a de que a norma feita pelo grupo mais
justa e adequada que a do Estado, no se pode utiliz-la s avessas. Nesse sentido - de
troca - a conveno coletiva pode vir a ser extremamente til para garantir melhor quali-
dade de vida no trabalho, menor instabilidade no emprego e uma dose mnima de demo-
cracia na empresa, atravs de instrumentos de co-gesto. Assim, o importante no
tanto incentiv-la, mas possibilit-la concretamente."
138
Ruprecht, A . Op. cit., p. 219.
139
Essa poltica de promoo do movimento sindical passa pelas negociaes tripartites
e, de um modo geral, pela contratualizao progressiva do processo legislativo, que
revaloriza a ao coletiva e ao mesmo tempo restitui ao prprio Estado um pouco da
legitimidade perdida. Sobre o tema, cf., dentre outros, Veneziani, B. "Stato e Autonomia
Collettiva - Diritto Sindacale Italiano e Comparato", Cacucci, Bari, 1992.
140
Na Argentina, lei recentssima prev at a divulgao de atos anti-sindicais, como
modo de constranger e pressionar o empregador (relato oral de delegados no Congresso
"Globalizacin economica y negociacion colectiva", realizado em Santiago do Chile,
novembro/98)
Rev. TST, Braslia, vol. 66, n 1, jan/mar 2000 148
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