Direito Romano: O Alicerce Jurídico Da Sociedade Contemporânea - Ricardo Duarte

Fazer download em doc, pdf ou txt
Fazer download em doc, pdf ou txt
Você está na página 1de 7

DIREITO ROMANO: O ALICERCE JURDICO DA SOCIEDADE

COMTEMPORNEA
Ricardo Domingues Aguiar DUARTE1
RESUMO: O presente trabalho objetiva expor sobre as fontes necessrias, a criao
e evoluo para que a concepo de Direito seja possvel de ser praticada. No
decorrer deste artigo pretende-se relatar: a fonte histrica originria do Direito
contemporneo, destacando a importncia do Direito Romano para tamanho marco
jurdico.
Palavras-chave: Legado Jurdico Romano. Influncia ao Direito Civil. Evoluo
Histrica.
1 INTRODUO
Este artigo tem como objetivo realizar uma abordagem sobre a influncia do
direito romano presente em nosso conjunto de leis atuais. Atravs de uma pesquisa
bibliogrfica objetiva, busca-se alm de esclarecer o tema to pouco conhecido
entre no s os acadmicos, mas tambm grande parte dos envolvidos com o
mundo do Direito, levantar um conhecimento que auxilie em uma interveno
prtica.
importante que conheamos o passado para entender os acontecimentos
presentes, pois imprescindvel que se tenha cincia de tamanha evoluo s leis
atuais. Podemos dizer, que estudar direito sem a sua histria ingressar numa
cincia insegura e imprecisa; ser conhecimento vago e incerto.
Aps uma rpida leitura deste texto, certamente poderemos construir ideias
antes incompreendidas que nos revelam atuais e importantes para compreenso do
contexto social e poltico que vivemos.

Discente do 1 ano do curso de Direito das Faculdades Integradas Antonio Eufrsio de Toledo de
Presidente Prudente. [email protected].

2 CONCEITUANDO O DIREITO
Para que se entenda a organizao jurdica romana, necessrio antes que se
tenha cincia conceitual do termo Direito, expresso a qual emana da prpria
sociedade romana.
A palavra direito se origina do latim directum, que significa o que est conforme
regra. Vem dos romanos antigos e a soma da palavra DIS (muito) + RECTUM
(reto, justo, certo). Trata-se, na verdade, de um conjunto de regras obrigatrias que
garante a convivncia social, que regula a conduta do homem na sociedade, que
coloca um mnimo de regra ou de norma a ser seguida pela sociedade.
Hans Kelsen2, atravs da Teoria Pura do Direito, afirma que Direito : uma
ordem normativa da conduta humana, ou seja, um sistema de normas que regulam o
comportamento humano. Miguel Reale, conceituado filosofo e jurista brasileiro,
afirma tambm: O Direito , por conseguinte, um fato ou fenmeno social; no
existe seno na sociedade e no pode ser concebido fora dela.
preciso entender que a vida em sociedade se origina nas relaes
interpessoais e que a existncia de uma norma regulamentadora de grande
importncia, pois assim possvel que se aplique sano aquele que ouse ir
contra a norma legislativa.
Ao contrrio do que muitos pensam, o Direito no s se encontra em contexto
formal, atravs da lei, mas tambm atravs de preceitos ticos, universais e
inviolveis, o qual superior a qualquer lei e no se encontra precisamente e
obrigatoriamente no papel. Chamado pelos doutrinadores de Direito Natural.
A fonte formal, tambm chamado de Direito Positivo, a qual o Direito se
manifesta, originando assim as leis e costumes; Estas leis podem ser decorrentes do
poder publico (Estado) ou do convivio social que o tambm chamado Direito
Consuetudinrio. Sendo assim o Direito se tornou uma Cincia porque estuda a
compreeso das normas postas pelo Estado ou pela propria natureza do Homem.
Refora-se que as normas jurdicas visam a regulamentao social criando
direito e obrigaes para a sociedade como um todo, amparando os intereses
coletivos. Para que ocorra a implantao de uma lei preciso analisar de forma
minuciosa todo o modo de vida da sociedade a qual a lei ser destinada, pois cada
2

Hans Kelsen foi um jurista e filsofo austraco, um dos mais importantes e influentes do sculo XX.
Foi um dos produtores literrios mais profcuos de seu tempo, tendo publicado cerca de quatrocentos
livros e artigos, com destaque para a Teoria Pura do Direito, pela difuso e influncia alcanada.
Disponvel em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Hans_Kelsen>.

sociedade possui uma maneira diferente de viver com costumes, religio e forma de
governo totalmente distintas umas das outras. Assim necessrio se estudar o
Homem e seus comportamentos perante a sociedade, devido ao fato de o Direito
estar ligado em sua totalidade ao meio social; afinal as normas nascem a partir de
um conflito social, conflito este existente desde a poca dos primrdios.

3. LEGADO JURIDICO ROMANO


Iniciamos o estudo, com base na sociedade romana, onde se considerado o
bero do direito atual, e considerado a sociedade com maior influncia nos Estados
contemporneos.
Afirma-se que o Imperio Romano Antigo era de extremo fascinio, uma
organizao de leis, sociedade e comercio absolutamente organizada. Foi em Roma
que surgiu a necessidade de se criar leis escritas, formais, afim de controlar as
relaes sociais trazendo harmonia ao povo romano. Cabe destacar a Lei das XII
Tbuas, considerado a primeira legislao.
3.1 A lei das XII tbuas
A leis das XII tbuas nada mais foi que uma codificao de regras
provavelmente costumeiras, primitivas, e, s vezes, at cruis. Aplicavam-se
exclusivamente aos cidados romanos. O mesmo dito por lvaro DOrs: As
normas recolhidas nas Doze Tbuas so fundamentalmente antigos costumes
(mores maiorum) da tradio jurdica do Lcio, mas fora de dvida que muitos
preceitos, como os que estabelecem prazos para determinadas atuaes do ius,
foram introduzidos pela mesma lei (DORS, 1960).
2.2 Corpus Juris Civilis e o Direito Civil atual
Roma foi fundada no ano de 753 antes de Cristo, e nela comeou o Imprio
Romano. Esse imprio terminou no ano de 476 depois de Cristo, quando os
brbaros ocuparam Roma e destronaram o ltimo imperador romano na Europa.
Mesmo com a ocupao a imensa cidade que tornara, Roma deixou um legado
jurdico de extrema importncia, atravs do Corpus Juris Civilis, sendo considerado
a base do Direito Civil.

Percebe-se a importncia do estudo do legado do direito romano, sendo assim,


deve-se primeiramente entender os principais aspectos do direito romano em si, e
em seguida observar o que ainda ser considerado no direito civil moderno, para
que

assim

fundamento

possa

ser

compreendido.

O direito romano tem como principal trao o direito parcialmente no estatal e


formal. Tambm chamado de direito quiritrio (j que quiris o antigo nome do
cidado romano) ou de ius civile indicando que seria o direito da cidade. Segundo
Capella (2002) o direito romano teve grande importncia na criao do direito
quando permitiu que uma parte de seu contedo fosse elaborada por acordo entre
particulares, adaptando-se s necessidades econmicas. Ainda conforme afirma
Capella

(2002),

embora

os

magistrados

da

poca

tivessem

cargos

fundamentalmente polticos e pudessem ser pessoas no entendidas em direito, foi


o conjunto de decises e declaraes dos magistrados o que produziu a elaborao
do

direito

romano.

Conforme Maciel, Justiniano I era na verdade chamado de Flavius Petrus


Lustinianus, e foi o responsvel por resgatar a poca clssica do direito romano e
adaptar ao direito atual. Sendo assim, considera-se que o direito privado romano foi
a rea que mais marcou a cultura jurdica ocidental, pois, tanto os conceitos jurdicos
como os mtodos de argumentao hoje utilizado, tem origem no direito romano.
Considerando

matrimonio

seus

bens,

afirma

Maciel

(2010,

p.90):

"J no casamento sine manu os esposos viviam sob um regime de separao de


bens, marcado pela presena do instituto do dote. Durante o matrimonio o marido
era o proprietrio dos bens dotais, mas por ocasio da dissoluo do casamento,
devia

restitui-los

mulher."

Este caso nos remete aos dias atuais onde ainda possvel que os bens
adquiridos antes do matrimnio sejam devolvidos caso haja o divrcio.
Tambm na poca do direito romano existia a diviso das coisas como mveis e
imveis, tangveis e intangveis, consumveis e no consumveis, divisveis e
indivisveis, principal e acessrios, assim como hoje temos no direito civil.
Outro ponto interessante o fato de os romanos terem feito a distino entre
posse e propriedade. A posse era um fato e a propriedade um direito, havendo a

possibilidade de os dois itens recarem sobre a mesma pessoa (MACIEL); assim


como ocorre no direito civil acerca de alugueis, para que a pessoa tenha a posse
no necessrio que seja o proprietrio, embora o proprietrio tenha todos os
direitos sobre a coisa e tambm possa usufruir da posse, caso assim deseje.
Devemos considerar tambm que o direito romano tinha como direito a servido,
onde o proprietrio de um terreno tem de tolerar a passagem do proprietrio do
terreno que no tenha acesso prpria estrada. O usufruto, quando algum tem o
direito de usar de determinada coisa e receber seus frutos, independentemente de
ser o proprietrio. A enfiteuse que uma propriedade pblica onde dado para o
uso privado sendo que se pague uma renda e vedada a aquisio por usucapio.
E j existia tambm o penhor de coisas. Os testamentos tambm j eram
respeitados

na

poca.

CONCLUSO
A norma jurdica surge para regular a conduta humana, com o objetivo de
tornar vivel a convivncia em sociedade. O Direito tem como objetivo, assim,
disciplinar a vida social.
Os romanos foram os fundadores da Cincia do Direito, os primeiros a
desenvolver um trabalho de anlise cientfica da experincia jurdica. Com isso,
criaram diversos conceitos, especialmente do Direito privado, conceitos que
sobreviveram ao tempo chegando at os dias atuais. Esses conceitos surgiram no
mundo romano como decorrncias de uma necessidade prtica, ou seja, da
necessidade que os romanos tinham de descrever a realidade por eles vivenciada, e
as normas e institutos que a regulavam. Para os romanos, a ligao entre Direito e
sociedade no era uma relao casual, mas uma relao de necessidade.
Demonstrou-se que esses conceitos no chegaram aos dias atuais, tal como
eram compreendidos em Roma, mas adaptados a uma nova realidade social, muito
diferente da dos romanos. As mudanas modernas no Direito Privado no teriam
sido possveis se no se desenvolvessem atravs de uma base slida.
Os romanos, em concluso, propiciaram as bases para o desenvolvimento de um
Direito racional e cientfico que, justamente por essas razes se permitiu evoluir,
adequando-se s exigncias do mundo moderno. Nisso reside a grandeza dos

romanos: na criao de formas que, mesmo alteradas e evoludas, atravessaram os


sculos, funcionando ainda hoje como mecanismos teis para a soluo da relaes
privadas.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
DIMOULIS, Dimitri. Manual de Introduo ao Estudo do Direito. So Paulo:
Revista dos Tribunais, 2003.
BOBBIO, Norberto. Teoria do Ordenamento Jurdico. Braslia: UnB,1999
CASTRO, Ana Maria. Instruo ao Pensamento Sociolgico. So Paulo:
Centauro, 2001.
MARTINS, Daniele Comin. O Conceito de Direito. Jus Navigandi, Teresina:
2011. Disponvel em: <http://jus.com.br/artigos/20549>.
ROQUE, Sebastio Jos. Roma: Bero do Direito e de Nossa Cultura.
Universo Jurdico, Juiz de Fora: 11 de out. de 2011.
REALE, Miguel. Lies preliminares de Direito. So Paulo: Saraiva, 2009.
MACIEL, Jos Fbio Rodrigues. Histria do Direito: Direito Romano,
Justiniano. 4 edio. So Paulo: Editora Saraiva, 2010.
CAPELLA, Juan Ramn. Fruto Proibido: Uma aproximao histrico-terica
ao estudo do Direito e do Estado. 1 Edio. So Paulo: Livraria do Advogado,
2002.

PIMENTEL, Cezar. Filme do Direito Romano. Disponvel em:


<https://www.youtube.com/watch?v=j2CiMjuHQz0>
maro.2014.

Acesso

em:

21,

Você também pode gostar