Caso de Inovação - Banricoop
Caso de Inovação - Banricoop
Caso de Inovação - Banricoop
www.espm.br/centraldecases
Central de Cases
Preparado pelo Prof. Felipe Scherer, da ESPM RS, com a colaborao de Maximiliano
Carlomagno.
Este caso foi escrito inteiramente a partir de informaes cedidas pela empresa e
outras fontes mencionadas no tpico Referncias. No inteno do(s) autor(es)
avaliar ou julgar o movimento estratgico da empresa em questo. Este texto
destinado exclusivamente ao estudo e discusso acadmica, sendo vedada a sua
utilizao ou reproduo em qualquer outra forma. A violao aos direitos autorais
sujeitar o infrator s penalidades da Lei. Direitos Reservados ESPM.
Maio 2009
www.espm.br/centraldecases
RESUMO
Atualmente, as empresas de diferentes portes e setores precisam inovar para crescer e obter resultado. Para tanto, devem criar um processo estruturado de Gesto da
Inovao a fim de abordar o assunto de modo continuado e gerenciado. Contudo, a
forma de inovar mudou muito desde os tempos nos quais o Laboratrio de Pesquisa
e Desenvolvimento era o elo indutor da inovao nas empresas. As mais inovadoras
tm adotado o conceito de inovao aberta como forma de ampliar sua capacidade de
inovar reduzindo os riscos dos investimentos de inovao. A inovao aberta considera
que a empresa pode contar com contribuies dos colaboradores, clientes, fornecedores, institutos de pesquisa e at concorrentes. No caso da Banricoop, cooperativa
de crdito abordado neste case, a instituio fez a utilizao de seus cooperados para
gerar inovaes. O processo iniciou com a definio das temticas que apresentam os
pontos em que a cooperativa iria inovar, definidas a partir do planejamento estratgico,
para em seguida serem construdos os mecanismos de participao e avaliao das
ideias recebidas. Tambm foram elaboradas formas de incentivos participao e
comunicao para os envolvidos. Por fim, apresentam-se os resultados da iniciativa.
PALAVRAS-CHAVE
Inovao, cooperativismo de crdito, inovao aberta e crescimento.
| Central de Cases
SUMRIO
Introduo................................................................................................ 5
Cooperativismo de crdito....................................................................... 5
A Banricoop.............................................................................................. 6
Responsabilidade social................................................................. 6
Nmero de cooperados.................................................................. 7
Direcionamento Estratgico............................................................ 7
Produtos e servios......................................................................... 7
Desafios da Banricoop............................................................................. 8
Inovao aberta ideias de futuro........................................................... 8
Questes para discusso....................................................................... 10
Referncias............................................................................................. 10
| Central de Cases
Introduo
O conceito de cooperativas de crdito surgiu na metade do sculo 19 na Alemanha, a
partir de trabalhadores que buscavam criar alternativas aos bancos tradicionais, criando atravs do associativismo os chamados bancos populares. Esse modelo previa a
participao solidria no negcio, remunerando os cooperados com as sobras de resultado do negcio anualmente.
Desse perodo para os dias atuais, muita coisa mudou no mundo dos negcios,
aumentando a dificuldade de fazer a gesto das empresas e das prprias cooperativas
de crdito. A consolidao do setor financeiro em grandes grupos mundiais, decorrente
da globalizao, e o enfraquecimento da proposta cooperativista em vrios locais em
funo do aumento do individualismo criaram desafios para o crescimento de cooperativas de crdito tradicionais como a Banricoop.
Este caso mostra os desafios da Banricoop, primeira cooperativa de crdito
mtuo do Brasil, em competir com as grandes instituies financeiras e como essa
utilizou o conceito de inovao aberta para encontrar alternativas para se manter competitiva.
Cooperativismo de crdito
As diferenas entre as cooperativas de crdito e os bancos tradicionais esto na finalidade, no regime tributrio, na diviso de lucros e na estrutura administrativa dessas
instituies:
- Por natureza, as cooperativas de crdito no so sociedades de capital como
os bancos tradicionais, nos quais o nmero de cotas de participao no capital
social define a estrutura de poder. Elas so sociedades de pessoas nas quais
cada participante detm o mesmo peso na tomada de deciso.
- Diferente dos bancos tradicionais, em que muitas vezes h uma diferena
entre interesses de acionistas e clientes, nas cooperativas de crdito os associados so ao mesmo tempo clientes e donos.
- As operaes das cooperativas de crdito so restritas ao quadro associativo,
enquanto os bancos podem oferecer servios para qualquer pessoa. Um tipo
especfico de cooperativa o chamado de crdito mtuo, no qual h a necessidade de os associados serem somente pessoas vinculadas a uma determinada
empresa, no podendo captar associados fora do crculo de empregados da
empresa ou parentes dos mesmos.
- Os resultados nas cooperativas de crdito (tecnicamente so chamadas de
sobras) devem ser distribudos entre os scios proporcionalmente ao volume de
operaes que realizaram durante o exerccio. J nos bancos tradicionais os resultados (lucros) so distribudos conforme participao acionria na empresa.
- Quanto ao regime tributrio, para as cooperativas de crdito no h incidncia
de tributao sobre o resultado (Imposto de Renda e Contribuio Social), em
razo de o pagamento se dar na pessoa fsica dos associados.
| Central de Cases
Para que sejam criadas essas cooperativas necessrio que haja autorizao
dos rgos governamentais e as mesmas so fiscalizadas como as demais instituies
financeiras, necessitando prestar contas para o Banco Central do Brasil. Em 1990 havia
806 cooperativas de crdito no Pas, sendo que hoje esse nmero j passa de 1.400.
Fonte: Pinheiro
(2008)
Apesar do grande nmero de cooperativas de crdito no Brasil, a representatividade dessas ainda pequena, atingindo apenas 3,4% da populao economicamente ativa e 1,3% do volume de negcios do Sistema Financeiro Nacional, revelando
assim, um grande potencial de crescimento para as mesmas.
A Banricoop
A primeira cooperativa de crdito mtuo no Brasil foi a Cooperativa de Crdito dos
Funcionrios da Matriz do Banrisul Limitada, criada em 2 de maio de 1946 que deu
origem Banricoop. A principal caracterstica desse tipo de instituio , conforme a
Portaria 1.098 do Ministrio da Agricultura, as que tm como associados somente
pessoas vinculadas a uma determinada entidade, corporao ou empresa, com rea
de ao reduzida, e que realizem operaes ativas e passivas nica e exclusivamente
com os associados.
Portanto, as cooperativas de crdito mtuo, como a Banricoop, so cooperativas originadas do sistema de jardins, que exige um vnculo com os associados. Hoje,
com o advento da Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964, as cooperativas de crdito
equipararam-se s demais instituies financeiras, passando a ser fiscalizadas pelo
Banco Central do Brasil.
A Banricoop a pioneira no cooperativismo de crdito mtuo urbano no Brasil.
Nos ltimos vinte anos a cooperativa vem passando por um processo intenso de profissionalizao da gesto, atualizao tecnolgica e crescimento do volume de cooperados. Atualmente a instituio lder no ranking de cooperativas de crdito mtuo do
sistema CECRERS.
Responsabilidade social
Pela natureza cooperativa da instituio, a questo social essencial para a mesma.
Desenvolve em conjunto com parceiros aes de promoo da educao financeira
para jovens e estudantes, alm de cursos de tcnicas com objetivo de desenvolver a
cultura do planejamento financeiro.
| Central de Cases
Nmero de cooperados
Nos ltimos anos a Banricoop tem apresentado um crescimento significativo do nmero de cooperados. Hoje, ela conta com 4.000 cooperados, sendo 28% deles no interior
do Estado do Rio Grande do Sul.
Direcionamento Estratgico
O direcionamento estratgico da cooperativa est apresentado a seguir (Banricoop,
2008).
Negcio: Intermediao, servios e educao financeira.
Viso: Ser reconhecida como cooperativa de crdito referncia em qualidade de
gesto e governana no atendimento de demandas relacionadas s finanas
pessoais de seus cooperados.
Misso: Propiciar o desenvolvimento do hbito de poupana, oportunizando a
mutualidade financeira e a realizao dos projetos pessoais de seus cooperados.
Valores:
- Transparncia
- Mutualidade
- Eficincia
- Solidariedade
- Autonomia
- Legalidade
Produtos e servios
A Banricoop oferta ao mercado uma gama de produtos de crdito e investimentos e
um conjunto de servios aos seus cooperados. Atualmente, a Banricoop atende 10%
de todo o mercado potencial, formado por funcionrios, ex-funcionrios e familiares do
Banrisul, a partir de seu ponto de atendimento presencial em Porto Alegre, seu site na
internet, e uma equipe comercial de dois executivos que visita as agncias do Banrisul
em Porto Alegre e no interior.
| Central de Cases
Crdito
linhas
de
crdito
para
as
Investimentos
Servios
Desafios da Banricoop
A Banricoop atua no setor financeiro que est passando por uma srie de transformaes. Entre elas destacam-se:
- Consolidao do setor financeiro (fuses e aquisies).
- Reduo dos spreads por aumento do custo do funding (captao).
- Alta competio nas taxas de emprstimos em funo da atuao dos grandes bancos e financeiras independentes.
- Processos de privatizao e estatizao de instituies financeiras.
Convm salientar que mais de 60% da atuao da cooperativa na regio
de Porto Alegre e Grande Porto Alegre. Para lidar com esse contexto e crescer num
cenrio de incerteza econmica, competindo com grandes empresas, algumas delas
multinacionais, as alternativas de melhoria e reengenharia existentes precisavam ser
complementadas com novas ideias que pudessem abrir caminhos de crescimento atual
e futuro para a Banricoop.
| Central de Cases
Descrio
Peso
Originalidade:
Abrangncia:
Impacto:
Simplicidade:
Continuidade:
A fase de cadastramento ficou aberta por vinte dias e aps esse perodo havia
sido recebidas 160 ideias. Dessas, 103 passaram pelo filtro inicial, indo para a avaliao
final. As duas ideias com a maior pontuao foram premiadas com iPhones.
O principal desafio na implementao do programa foi motivar as pessoas a
participarem da ao. Para tanto, foram colocados banners no site e enviados emails
marketing para todos os cooperados. Disponibilizou-se tambm uma apresentao
com as principais decises estratgicias para auxiliar no alinhamento das ideias com
os objetivos da cooperativa, j que outro desafio era esclarecer aos participantes em
que a Banricoop queria inovar.
Houve uma preocupao para que a propriedade intelectual da ideia fosse
cedida integralmente para a Banricoop. Dessa maneira, ao submeter a ideia, o autor
| Central de Cases
concordava com a transferncia dos direitos autorais e possveis ganhos futuros que
seriam provenientes da inovao, alm de concordar que a adoo da ideia no implicava em qualquer oferta ou contrato de emprego.
Os resultados do programa ficaram acima do esperado pela cooperativa, tanto
na quantidade de ideias enviadas (trs vezes acima do projetado) quanto na qualidade
das mesmas. As duas ideias com maior potencial de inovao foram premiadas e selecionadas para que fossem implementadas como projetos estratgicos em 2009.
Para os executivos da Banricoop, alm dos prprios resultados das inovaes
provenientes das ideias do programa, outros benefcios foram obtidos com a iniciativa:
Referncias
BANRICOOP, Perfil Institucional. Porto Alegre, 2008.
CHESBROUGH, H. The Era of Open Innovation. Sloan Management Review, p. 35-41,
spring 2003.
DAVILA, T.; EPSTEIN, M.; SHELTON, R. As regras da inovao. Porto Alegre: Bookman,
2007.
INNOSCIENCE. Open Innovation na Prtica. Correio da Inovao, p. 1-2, abril 2009.
PINHEIRO, M.A.H. Cooperativas de Crdito: histria da evoluo normativa no Brasil.
6. Ed., Braslia: BCB, 2008.
| Central de Cases
10