A Importância Do Ensino Da Língua Inglesa No Ensino Fundamental
A Importância Do Ensino Da Língua Inglesa No Ensino Fundamental
A Importância Do Ensino Da Língua Inglesa No Ensino Fundamental
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Acesso em: 19 janeiro 2015
Publicado em 2008
Autora:Rosangela Rigo
Graduada em Letras pela UNIDERP INTERATIVA e Acadmica do curso de Servio Social da UNIDERP
INTERATIVA, Plo So Borja (RS).
culturais, as transforma e intervm em seu meio. , portanto, na relao dialtica com o mundo que o
sujeito se constitui e se liberta"2
Partindo dessa premissa e transportando-a para a educao, Moita Lopes (2003) afirma que:
"Se a educao quer fazer pensar ou talvez pensar para transformar o mundo de modo a se poder agir
politicamente, crucial que todo professor e, na verdade todo cidado entenda o mundo em que vive e,
portanto, os processos sociais, polticos, econmicos, tecnolgicos e culturais que estamos vivenciando.
No se pode transformar o que no se entende. Sem a compreenso do que se vive, no h vida
poltica".3
Assim, embasada na abordagem scio-interacionista de Vygotsky, o ensino-aprendizagem de lngua
inglesa nas escolas privadas e pblicas deve corroborar com esse princpio. imperativo que se
estabelea uma pedagogia mais realista, com objetivos claros e possveis de serem atingidos que, na
opinio de Celani (1997)4, devem estar atrelados funo social da lngua estrangeira em relao aos
alunos em questo, ou seja, ao papel dessa lngua estrangeira na construo da cidadania e como parte
integrante da formao global do indivduo.
A educao contempornea deve estar voltada para a formao de cidados capazes de participar na
construo de uma sociedade melhor, conscientes de seus direitos e deveres e preparados para
acompanhar as transformaes do mercado de trabalho e do mundo. Consoante a essa concepo de
ensino, os Parmetros Curriculares Nacionais de Lngua Estrangeira 5 fornecem um arcabouo terico
que sugere caminhos para que seja concretizada tal prtica, uma vez que nas salas de aula de Lngua
Estrangeira imperam tenses e incertezas quanto a melhor forma de os professores desenvolverem seu
trabalho.6
2.A importncia
Os Parmetros Curriculares Nacionais para a educao bsica no Brasil surgiram como uma provvel
resposta aos anseios do governo e da sociedade para uma educao de melhor qualidade em nosso
pas. A palavra "parmetro" j sinaliza que as sugestes ali contidas levam em considerao variveis
diversas, muitas vezes difceis de serem transpostas. O documento vislumbra melhorias nas formas de
ensinar de vrias matrias da grade curricular obrigatria, ao mesmo tempo em que pretende dar
subsdios suficientes a professores, educadores, e a todos aqueles envolvidos nas reas de educao
para que possam promover uma reviso ampla em todo o processo de ensino-aprendizagem, buscando
a satisfao de quem ensina e de quem aprende atravs de uma melhor integrao com o mundo pelo
estudo.
A partir da elaborao dos PCN-LE e sugestes para o estudo de lnguas estrangeiras modernas nas
escolas, o governo federal tenta preencher, de certa forma, o desejo da sociedade em dar uma educao
melhor aos seus filhos e a ela mesma, pois at ento somente os cursos livres de lnguas se ocupavam
da tarefa de ensinar de modo mais competente aqueles que suas dependncias buscavam:
"A sociedade brasileira reconhece um valor educacional formativo na experincia de aprender outras
lnguas na escola. Reconhece esse bem cultural ao garantir de alguma forma a presena da disciplina
Lngua Estrangeira no currculo e mesmo quando duvida da eficcia do ensino escolar e leva seus filhos
e a si mesma para aprender lnguas em escolas e institutos particulares de idiomas. O poder dos
governantes e administradores, por outro lado, tem expressado mal nos meandros de suas decises e
atos, o valor de uma bem sucedida vivncia educacional em outras lnguas".7
Apesar das aulas tradicionais de ingls nas escolas regulares parecerem no ter o mesmo apelo
motivacional (depende muito do professor) que aquelas ministradas em cursos livres de lngua inglesa
(tambm depende do curso), acredita-se serem ainda mais eficazes quando a meta o Vestibular e seus
textos longos e cheios de concluses e parmetros interdisciplinares.
Os PCN-LE, amparados pela nova LDB, tentam resgatar a importncia que o ensino de lnguas
estrangeiras modernas havia deixado para trs:
"No mbito da LDB, as Lnguas Estrangeiras Modernas recuperam, de alguma forma, a importncia que
durante muito tempo lhes foi negada. Consideradas, muitas vezes e de maneira injustificada, como
disciplina pouco relevante, elas adquirem, agora, a configurao de disciplina to importante como
qualquer outra do currculo, do ponto de vista da formao do indivduo.
[...] Assim, integradas rea de Linguagens, Cdigos e suas Tecnologias, as Lnguas Estrangeiras
assumem a condio de serem parte indissolvel do conjunto de conhecimentos essenciais que
permitem ao estudante aproximar-se de vrias culturas e, conseqentemente, propiciam sua integrao
num mundo globalizado".8
O ensino-aprendizagem de lnguas estrangeiras nunca foi tratado com muito respeito em nosso pas,
pelo menos no papel. Os PCN-LE surgem numa poca em que o mundo se comunica com a velocidade
da internet e do telefone celular, e onde o acesso aos mais diversos meios de comunicao se
democratiza e faz com que pessoas das mais diversas regies de nosso pas, e das mais variadas
camadas sociais, procurem se inteirar do que acontece ao redor.
Conhecer o mundo nossa volta nunca foi to importante, e o Governo Federal atento a tais
necessidades prope um ensino de LE mais voltado comunicao e contextualizao de contedos,
reconhecendo que as aulas at ento ministradas nas escolas, tanto pblicas quanto particulares,
deixavam muito a desejar, pois eram montonas, no capacitavam os alunos a falar, ler e escrever em
novos idiomas, e tinham um carter muito mais repetitivo do que comunicativo.
Evidentemente, no se chegou a essa situao por acaso. Alm da carncia de docentes com formao
adequada e o fato de que, salvo excees, a lngua estrangeira predominante no currculo ser o ingls,
reduziu muito o interesse pela aprendizagem de outras lnguas estrangeiras e a conseqente formao
de professores de outros idiomas. Portanto, mesmo quando a escola manifestava o desejo de incluir a
oferta de outra lngua estrangeira, esbarrava na grande dificuldade de no contar com profissionais
qualificados.
"Agravando esse quadro, o pas vivenciou a escassez de materiais didticos que, de fato, incentivassem
o ensino e a aprendizagem de Lnguas Estrangeiras; quando os havia, o custo os tornava inacessveis
grande parte dos estudantes".9
Um ponto consideravelmente positivo do processo de ensino-aprendizagem em LE que a liberdade em
escolher materiais didticos mais adequados, favoreceram, e muito, o trabalho dos profissionais
envolvidos com questes que, at ento, eram realidades somente em cursos livres de LE, onde podiam
arbitrar sobre o contedo e forma de suas aulas.
Entretanto, tais materiais ainda continuam inacessveis, como reconhece o PCN-LE, mesmo s camadas
com poder aquisitivo melhor, pois muitas das vezes so materiais importados, dependendo de oscilaes
de moedas estrangeiras e da ganncia de algumas editoras que os trazem para vender em nosso pas.
O Governo Federal muito otimista quando trata da funo que as Lnguas Estrangeiras Modernas
(LEM) assumem dentro da rea de Linguagens, Cdigos e suas Tecnologias presente no documento
oficial. Reconhece, de maneira muito simples, o problema das lnguas estrangeiras modernas terem
ficado, durante muito tempo, em segundo plano, e indica existir nelas um caminho para a formao
individual mais abrangente:
"Ao figurarem inseridas numa grande rea Linguagens, Cdigos e suas Tecnologias , as Lnguas
Estrangeiras Modernas assumem a sua funo intrnseca que, durante muito tempo, esteve camuflada: a
de serem veculos fundamentais na comunicao entre os homens. Pelo seu carter de sistema
simblico, como qualquer linguagem, elas funcionam como meios para se ter acesso ao conhecimento e,
portanto, s diferentes formas de pensar, de criar, de sentir, de agir e de conceber a realidade, o que
propicia ao indivduo uma formao mais abrangente e, ao mesmo tempo, mais slida".10
A interao e socializao no mundo moderno e um melhor entendimento deste mundo atravs do
domnio de uma lngua estrangeira so idias que se resumem em pretenso e desejo explicitados nos
PCN:
"A aprendizagem da Lngua Estrangeira Moderna qualifica a compreenso das possibilidades de viso
de mundo e de diferentes culturas, alm de permitir o acesso informao e comunicao
internacional, necessrias para o desenvolvimento pleno do aluno na sociedade atual".11
Antunes (2003) afirma no ser fcil responder questo de quando trabalhar as relaes interpessoais
num contexto didtico-pedaggico:
"As relaes que envolvem alunos e professores, professores e professores, professores e pais e ainda
muitos outros "atores" do universo escolar so marcadas pelo imprevisvel e, como assim so, nem
sempre possvel antecipar o uso de uma ao ou estratgia que atue como sensibilizadora das
relaes interpessoais".12
Para que isto ocorra, preciso levar em conta fatores motivacionais, emocionais e outros diversos que
esto envolvidos neste tema. Motivacionais porque o professor precisa mostrar a seus alunos que as
atividades em que possa ocorrer colaborao e ajuda so benficas ao aprendizado. Emocionais porque
devemos levar em conta fatores como a timidez, baixa auto-estima ou pouca confiana, a relao entre
colegas e o prprio professor, alm de outros como a idade do aprendiz, o ambiente pedaggico, a
disponibilidade e vontade em ajudar os colegas, a afetividade, fatores scio-culturais, etc. Tais temas so
mencionados por Brown (2000 e 2001); Krashen (1985, 1988 e 1995); e Vigotsky (2002).
Elogios devem ser tecidos s sugestes presentes nos PCN no que diz respeito busca por interao
social entre os alunos, buscando metas que s iro beneficiar o aprendizado atravs da interao. Para
balizar tal assertiva, cita-se o trecho do documento que explicita o sentido de aprendizagem na rea de
LE no ensino fundamental:
"Assim, fundamental que desde o incio o professor desenvolva, com os alunos, um trabalho que lhes
possibilite confiar na prpria capacidade de aprender, em torno de temas de interesse e interagir de
forma cooperativa com os colegas. As atividades em grupo podem contribuir significativamente no
desenvolvimento desse trabalho, medida que, com a mediao do professor, os alunos apreendero a
compreender e respeitar atitudes, opinies, conhecimentos e ritmos diferenciados de aprendizagem".13
[...]
"Em ltima anlise, o processo caracterizado pela interao entre os significados ou conhecimento de
mundo do parceiro mais competente (em sala de aula, o professor ou um colega) e os do aluno. Muitas
dificuldades na aprendizagem so geradas, exatamente, por essas diferenas, que vo determinar
expectativas e condies de relevncia diferentes sobre o que se fala".14
3.Os objetivos
Na definio dos objetivos deve-se levar em conta o aluno, o sistema educacional e a funo social da
lngua estrangeira em questo. Nos PCNs do ensino fundamental os objetivos foram explicitados
considerando-se o desenvolvimento de capacidades em funo das necessidades sociais, intelectuais,
profissionais e interesses e desejos dos alunos. Eles so decorrentes no apenas do papel formativo da
lngua estrangeira no currculo, mas principalmente de uma reflexo sobre a funo social da lngua
estrangeira no pas e sobre as limitaes supostas sobre as condies de aprendizagem.
Assim ao longo dos quatro anos do ensino fundamental, espera-se com o ensino de lngua Inglsa que o
aluno seja capaz de 15:
-Identificar no universo que o cerca as lnguas estrangeiras (aqui entenda-se o Ingls) que cooperam nos
sistemas de comunicao, percebendo-se como parte integrante de um mundo plurilngue.
-Vivenciar uma experincia de comunicao humana, refletindo no seu dia a dia, nos costumes e
maneira de agir e interagir.
-Reconhecer que o acesso desta lngua ou mais lnguas lhe possibilita acesso a bem culturais da
humanidade.
-Construir conhecimento sistmico sobre a organizao textual e sobre como e quando utilizar a
linguagem, nas situaes de comunicao, tendo como base os conhecimentos da lngua materna.
-Construir conscincia e conscincia crtica dos usos que se fazem da lngua estrangeira que est
aprendendo.
-Utilizar outras habilidades comunicativas de modo a poder atuar em situaes diversas.
-Ler e valorizar a leitura como fonte de informao e prazer, utilizando-a como meio de acesso ao mundo
do trabalho e dos estudos avanados.
Ao proporcionar a reflexo sobre a realidade poltica, econmica, e social de outros pases, a aula de
lngua estrangeira pode ampliar o conhecimento de mundo do aluno, no s no que diz respeito
informao, mais tambm a sua formao como cidado.
CONSIDERAES FINAIS
Com a publicao pelo Ministrio da Educao e do Desporto dos Parmetros Curriculares Nacionais
(PCN) de lngua estrangeira para o ensino fundamental, em 1998, foi inaugurado um novo momento no
ensino das lnguas nas escolas brasileiras. Eles propem orientaes gerais sobre o bsico a ser
aprendido e ensinado em cada etapa. Cada escola tem sua prpria realidade os PCN so adaptados por
seus professores na orientao do planejamento, das aes de reorganizaes do currculo das reunies
de pais e professores.
Moita Lopes (2003)16 destaca trs aspectos importantes nos PCN-LE que devem ser considerados
nessa concepo de ensino-aprendizagem: a) construo de uma base que possibilite o engajamento
__________________ . Second Language Acquisition and Second Language Learning. Prentice Hall
Europe, Great Britain, 1988.
__________________ . Principles and Practice in Second Language Acquisition. Phoenix ELT, Great
Britain, 1995.
MOITA LOPES, Luis Paulo. A nova ordem mundial, os Parmetros Curriculares Nacionais e o ensino de
ingls no Brasil. A base intelectual para uma ao poltica. In: BARBARA, Leila;
RAMOS, Rosinda de Castro Guerra. Reflexo e aes no ensino-aprendizagem de lnguas. So
Paulo: Mercado de Letras, 2003
REGO, Teresa Cristina. Vygotsky uma perspectiva histrico-cultural da educao. Petrpolis:
Vozes, 1997
TELLES, Joo Antonio. A trajetria narrativa: histrias sobre a prtica pedaggica e a formao do
professor de lnguas. In: GIMENEZ, Telma. Trajetrias na formao de professores de lnguas.
Londrina: EDUEL, 2002
VYGOTSKY, Lev Semenovich. Pensamento e Linguagem. Edio eletrnica. Ed Ridendo Castigat
Mores, 2002
1 Aluna Rosangela dos Santos Rigo, do Curso de Letras UNIDERP INTERATIVA. Artigo publica no
sitehttp://recantodasletras.uol.com.br/autores/romasari em outubro de 2007.
2 REGO, Teresa Cristina. Vygotsky uma perspectiva histrico-cultural da educao. Petrpolis: Vozes,
1997, p. 94
.
3 MOITA LOPES, Luis Paulo. A nova ordem mundial, os Parmetros Curriculares Nacionais e o ensino
de ingls no Brasil. A base intelectual para uma ao poltica. In: BARBARA, Leila; RAMOS, Rosinda de
Castro Guerra. Reflexo e aes no ensino-aprendizagem de lnguas. So Paulo: Mercado de Letras.
2003, p. 31
4 CELANI, Maria Antonieta Alba. Ensino de lnguas estrangeiras: olhando para o futuro. Ensino de
segunda lngua redescobrindo as origens. So Paulo: EDUC, 1997, p. 159.
5 BRASIL. Parmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: lngua
estrangeira. Secretaria de Educao Fundamental. Braslia, 1998.
6 TELLES, Joo Antonio. A trajetria narrativa: histrias sobre a prtica pedaggica e a formao do
professor de lnguas. In: GIMENEZ, Telma. Trajetrias na formao de professores de lnguas. Londrina:
EDUEL, 2002. p. 15
7 ALMEIDA FILHO, Jos Carlos P. Dimenses Comunicativas no Ensino de Lnguas. 2ed. Campinas:
Pontes, 2000, p. 7
8 BRASIL, Ministrio da Educao, Secretaria de Educao Mdia e Tecnolgica. Parmetros
curriculares nacionais, cdigos e suas tecnologias. Lngua estrangeira moderna. Braslia: MEC, 1999. p.
49
9 BRASIL, Ministrio da Educao. Parmetros Curriculares Nacionais PCN Ensino Mdio. Braslia:
MEC; SEMTEC, 2002, p. 147-148.
10 BRASIL. Ministrio da Educao e Secretaria de Educao Mdia e Tecnolgica. Parmetros
curriculares nacionais, cdigos e suas tecnologias. Lngua estrangeira moderna. Braslia: MEC, 1999. p.
52
11 BRASIL. Ministrio da Educao e Secretaria de Educao. Parmetros Curriculares Nacionais PCN
Ensino Mdio. Braslia: MEC; SEMTEC, 2002, p. 131-132.
12 ANTUNES, Celso. Relaes Interpessoais e Auto-estima. Petrpolis, Editora Vozes, 2003, p. 14.
13 Brasil. Ministrio da Educao e Secretaria de Educao Fundamental. Parmetros Curriculares
nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: Secretaria de Educao, Braslia, MEC/SEF,
1998, p. 54.
14 Brasil. Ministrio da Educao e Secretaria de Educao Fundamental. Parmetros Curriculares
nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: Secretaria de Educao, Braslia, MEC/SEF,
1998, p. 59.
15 Ibidem, p. 7-8.
16 MOITA LOPES, Luis Paulo. A nova ordem mundial, os Parmetros Curriculares Nacionais e o ensino
de ingls no Brasil. A base intelectual para uma ao poltica. In: BARBARA, Leila;
RAMOS, Rosinda de Castro Guerra. Reflexo e aes no ensino-aprendizagem de lnguas. So Paulo:
Mercado de Letras. 2003, p. 45.