Maus Tratos Contra Animais PDF
Maus Tratos Contra Animais PDF
Maus Tratos Contra Animais PDF
BARBACENA
2011
BARBACENA
2011
BANCA EXAMINADORA
Aprovada em ___/___/___
Dulce,
por
me
fornecer
AGRADECIMENTO
homem
implora
de
sua
depositaram
RESUMO
O presente trabalho versa acerca da proteo animal, que vem sendo violada h
sculos, devido o descaso do homem em prosseguir com a prtica de maus tratos contra
animais. Este tema se revela de grande importncia, pois os animais so passveis de
direitos, tendo em vista que so seres vivos e tm sensaes fsicas e emocionais
semelhantes s humanas. Assim, o referido assunto se reveste de demasiada
importncia, visando o aprimoramento das leis de proteo ambiental, principalmente
no que tange aos animais, demonstrando a necessidade de uma punio mais compatvel
com a gravidade dos crimes cometidos contra estes seres, para que o homem perceba
que no lhe permitido torturar e matar um ser pelo simples fato dele no poder
exprimir palavras. Existem diversas formas mais saudveis de distrao nossa
disposio, no necessitando que se fira os animais ou os agrida em rinhas de briga ou
arenas de rodeio. O ser humano pode apreciar a natureza, sem que para isto tenha que
capturar animais selvagens e submet-los ao crcere. Uma pessoa tem a possibilidade de
se alimentar, sem que uma criatura tenha que viver precariamente e morrer submetido a
um sofrimento intenso. admissvel, e at mais seguro para o prprio homem, testes de
remdios, novas prticas de cirurgias e mtodos de ensino sem que, para isto, animais
inocentes tenham que morrer ou sofrer traumas que perduraro pelo resto de suas vidas.
Portanto, este estudo visa a defesa daqueles que merecem tanto respeito quanto o
prprio homem que se apossa do direito mais importante e inerente todos os seres
vivos, a vida.
Palavras Chave: maus tratos contra animais; vivisseco; animais domsticos; animais
domesticados
ABSTRACT
This study speaks about animals protection that has been violated for centuries,
due to the neglect of the man who pursues animal maltreatment. This topic shows itself of the
great importance, because the animals have rights, as they are lives and have physical and
emotional sensations as the humans. Then, this subject reveals itself of the great importance,
because it speak about the fight for improvement of laws of environmental protection,
principally the laws of protection animals, emphasizing the need for punishment more
compatible with the severity of crimes committed against this lives, for that the readers of this
work perceive that them dont have the right to torture and kill a life by simple fact her dont
can to communicate itself with words. There are many forms more healthy of distraction to
our disposition, dont it need that hurt or kill him in rings or arenas of rodeo. The human can
apreciate the nature, without to need capture several animals and put them in a jail. A people
don't have the necessity of eat animals that have feeling things like us, doing that a creature
live precariously and die subject to intense suffering. The medicines tests, new surgical
practices and method of teaching are important, but all they can exist without that innocents
animals lose your life or have irreversible hurt. Then, this study has the finality of defends all
that deserve as respect as the self man, who take the right more important and basic of all the
creature, the Life.
Key words: bad tracts against animals; vivisection; domestic animals; domesticate
animals
SUMRIO
1 INTRODUO ......................................................................................................... 11
2 EVOLUO HISTRICA DA PROTEO ANIMAL ...................................... 14
2.1 A proteo dos animais no direito ......................................................................... 14
2.2 A proteo dos animais no direito brasileiro ....................................................... 18
3 VIVISSECO ......................................................................................................... 25
3.1 A prtica da vivisseco no mundo ....................................................................... 25
3.2 A discutida legalidade da vivisseco ................................................................... 28
4 ATOS QUE CONFIGURA MAUS TRATOS E SUAS PUNIES .................... 38
4.1 Penalidades para os crimes de maus tratos .......................................................... 38
4.2 Algumas espcies de crimes contra animais ......................................................... 43
5 CONSIDERAES FINAIS: .................................................................................. 54
11
1 INTRODUO
12
punham contrrios a eles, expondo suas prprias vises e impondo seus ideais. So
intelectuais como Voltaire, Charles Darwin, Albert Einstein e at mesmo o filsofo
Pythagoras.
As legislaes visando resguardar os animais, surgiram primeiramente em
pases estrangeiros. Pouco depois, o Brasil se tornou adepto a tal pensamento passando
a editar leis visando o bem estar dos animais. O nmero de normas com este objetivo
evoluiu aps o grande progresso da Unesco em instituir a Declarao Universal dos
Direitos dos Animais, que perdura at os dias atuais com o respeito de seus signatrios.
Aps este acontecimento, o reconhecimento dos direitos dos animais no Brasil
evoluiu at alcanar um espao na Carta Magna Brasileira, impondo a obrigao de
cuidado, respeito e penalidades para aqueles que praticam as condutas descritas como
crimes ambientais.
Em seguida, o segundo captulo aborda o tema relativo vivisseco, uma
prtica ainda muito utilizada, que o uso de animais em experincias e estudos. Neste,
conta-se o incio desta prtica, quem eram os adeptos desta corrente e quais os
pensamentos os levavam este tipo de comportamento. Quando e qual o motivo do
surgimento da corrente contrria, ou seja, os antivivissectores, aqueles que vo de
encontro ideia da interveno em animais vivos.
Ainda no segundo capitulo sero dadas algumas explicaes e opinies sobre a
Lei Auroca que regula, no Brasil, este processo, prevendo penalidades para aqueles que
ultrapassam suas determinaes.
Neste captulo tambm sero feitas consideraes acerca da efetividade da
utilizao de animais em aulas de medicina ou veterinria. Discusses acerca dos efeitos
que a prtica de vivisseco pode gerar a um estudante, seja referente a eventuais abalos
psicolgicos ou aquilo que aprender sobre o corpo humano tendo como base os rgos
de animais.
O trabalho prossegue com o advento do terceiro captulo, que se refere
algumas condutas que podem ser consideradas maus-tratos e suas punies. Procura-se
mostrar, neste ponto, as penalidades nfimas impostas pela Lei a crimes to graves, a
responsabilidade do Ministrio Pblico e da populao e os meios que podem se valer
para coibir est prtica to vil.
A responsabilidade da Administrao Pblica ao praticar maus-tratos visando
controle populacional de ces e gatos de rua. Permitir que ocorram shows, festas, at
13
mesmo culturais, se valendo da violncia contra animais, dentro das cidades com
alvars das Prefeituras. At que ponto a cultura mais importante que a vida, e o
posicionamento do Supremo Tribunal Federal acerca deste tema.
Discute-se aqui, a importncia da denuncia contra aqueles que praticam maustratos, esclarecendo o poder de todos neste sentido e a obrigao da autoridade policial
em lavrar o relato e tomar as devidas providncias, sob pena de ser responsabilizado por
sua omisso.
A configurao do crime ambiental por escravizar os animais, obrigando-os ao
trabalho forado, poucas, ou nenhuma condio higinica, comida insuficiente, algumas
vezes at a ausncia completa de refeies por dias. O espancamento, as queimaduras,
dentre outras covardias praticadas em animais compelidos a trabalhos forados, em sua
maioria dos de grande porte.
O trfico de animais no Brasil, a captura e morte de alguns at mesmo em
extino, terminam por serem mortos no caminho pois so levados para fora do pas em
condies absolutamente imprprias. As penalidades para quem efetivamente tira o
animal de seu habitat, e tambm para aqueles que possuem em casa animais silvestres
ou exticos.
Ainda este mesmo captulo se refere ao abate cruel de animais, a tortura que
estes seres, considerados meros alimentos, vivem desde seu nascimento at sua morte,
sendo cada minuto de suas vidas passado com medo, desconforto, dores, estresse, dentre
inmeros atos de violncia que estes animais so submetidos para agradar ao paladar
humano. Demonstra-se a desnecessidade de se alimentar de outros seres vivos.
Assim, nota-se que o respectivo trabalho se preocupa em demonstrar ao leitor
que a vida de um animal vale tanto quanto a de qualquer pessoa. Sendo que aqueles tem
por Lei o direito de serem respeitados e tutelados pela populao e pelo Estado.
14
No incio da relao entre animais e seres humanos, estes vem se julgando superiores
a toda e qualquer espcie distinta da sua, e graas a tal pensamento egocntrico, explora todos
os recursos naturais, sem discernimento algum.
Desde Scrates, em meados do sculo V a.c, criou-se o antropocentrismo, momento
em que o homem acreditava-se governante de todos os demais seres vivos, pois apenas ele se
beneficiava do poder da fala.
Tempos depois, inicia-se o racionalismo de Descartes (1596/1650), que coloca o ser
humano no auge de sua soberania, mostrando que sua superioridade advinha da capacidade de
pensar, aptido esta descartada das caractersticas animais.
Logo aps surge a teoria de Locke (1632/1704) que consistia na ideia de que tudo
aquilo que no fosse de natureza humana seria de sua propriedade, pois no possua vontades
ou direitos, tornando os animais recursos a serem utilizados pelo homem.
Pouco depois nasce na Frana, sculo XVII o iluminismo com uma linha de
raciocnio completamente inversa das anteriores, um grande exemplo foi Voltaire
(1694/1778), conhecido no s por suas crticas religiosas e polticas, mas tambm por aquilo
que pensava respeito dos animais.
15
http://jus.uol.com.br/revista/texto/7142/os-animais.
http://defensoresdosanimais.wordpress.com/publicacoes/frases/.
16
"enquanto os homens massacrarem os animais, eles se mataro uns aos outros. Aquele que
semeia a morte e o sofrimento no pode colher a alegria e o amor. (DEFENSORES DOS
ANIMAIS, 2010)4
Todavia a proteo animal no era reconhecida apenas no meio filosfico. Em 273 a
232 a.c, o Rei Ashoka, da dinastia Maurya, da ndia, instituiu a primeira lei de proteo ao
meio ambiente, que proibia a morte e mutilao desnecessria de todos os membros do reino
animal para a caa esportiva e branding ferros de gado, determinando at mesmo a criao de
um hospital de animais.
Assim seguiu, sucessivamente, por todo o mundo as demais criaes de leis visando
a proteo ambiental, e principalmente o tratamento adequado aos animais.
Entretanto o avano no sentido de resguardar as espcies da natureza deve-se
primordialmente s criaes de associaes de proteo aos animais e organizaes nogovernamentais, como: o Fundo Mundial para a Preservao da Vida Selvagem (ou World
Wildlife Found WWF), o Greenpeace, a Unio Vegetariana Internacional e o Movimento
pelos Direitos dos Animais.
Um dos pases que se desenvolveu mais rpido na questo ambiental foi a Inglaterra,
que aps o surgimento do iluminismo mudou a perspectiva de muitos acerca dos animais.
Em 1781 foi criada, pela primeira vez em Londres uma lei visando a proteo animal
referente ao tratamento dispensado ao gado de Smithfield, e em 1786 regulamentando a
licena para abate.
J em 1822 surgiram os primeiros movimentos protecionistas e pouco mais tarde, em
1824 foi criada, na Inglaterra, a Sociedade para a preveno de crueldade contra animais, que
em 1835 foi ampliada para incluir proteo a todos os animais domsticos.
A primeira associao de proteo animal que se tem notcia surgiu na Inglaterra, em
1824, denominada Society for de Preservation of Cruelty to Animals.
Tempos depois surgiu a Sociedade Americana para a Preveno da Crueldade contra
Animais, criada em 1866, e a partir de ento apareceram diversas outras com a mesma
finalidade.
Foi tambm na Inglaterra que Mary Talby fundou o Lar Temporrio para ces, o
primeiro estabelecimento para abrigar animais que viviam nas ruas.
Em 1906, aconteceu em Londres o famoso evento denominado Caso do Cachorro
Marrom, quando estudantes de medicina praticaram, em pblico, procedimentos
http://defensoresdosanimais.wordpress.com/publicacoes/frases/.
17
experimentais em cachorros adotados em instituies mdicas para este fim. Logo aps o
Conselho Antivivisseco Internacional montou a esttua de um cachorro marrom no
Battersea Park. Um ano depois cem alunos de medicina tentaram tirar a esttua de l, todavia
moradores defenderam o smbolo contra a vivisseco. A esttua desapareceu em 1910, ano
em que foi feita, no mesmo lugar, um protesto contra a utilizao de animais em experincias,
o que gerou grande discusso sobre o assunto.
A Lei de proteo aos animais foi aprovada pelo Reino Unido em 1911, o que
alcanou toda a legislao existente para este fim.
A sociedade Compassion in World Farming, fundada por Peter Roberts em 1960, ao
tornar-se pblica a excessiva crueldade nas criaes intensivas de animais para o consumo
humano visava protestar contra o abuso de animais de produo, o que gerou maior
conscientizao nos cidados e no governo. Todavia no houve grandes progressos
legislativos.
No ano de 1970 surgiu um grande nmero de manifestaes, com passeatas,
protestos, incluindo a remoo de animais usados em pesquisas e fazendas de criao
intensiva, incluindo sabotagens a praticas de caa, laboratrios e criadouros. Momento em que
a proteo animal passou a se dividir em duas categorias: a de bem-estar, que aceitava que os
animais servissem para o uso do homem, porm de forma humanitria. E a corrente que
acreditava no direito dos animais estes lutavam para que acabasse de vez a explorao deles
em favor dos humanos.
A Unio Europeia incluiu em 1997 um Protocolo ao seu Tratado de Fundao
estabelecendo que as instituies deveriam respeitar o bem-estar dos animais ao legislar nas
reas de pesquisa, transporte, agricultura, dentre outras que se utilizavam de algum tipo de
animal para suas finalidades.
Foi proclamada pela Organizao das Naes Unidas para Educao Cincia e
Cultura (UNESCO), em 15 de outubro de 1978, a Declarao Universal dos Direitos dos
Animais. Este texto foi revisto pela Liga Internacional do Direito dos Animais, somente em
1989, e foi pblico em 1990, expondo que qualquer ser vivo possui direitos naturais,
propugnando pela igualdade entre animal e homem e a obrigatoriedade de respeito e cuidados
deste para com aquele, mostrando que maus tratos aos animais constitui infrao. Porm, esta
Declarao apenas demonstra tais obrigaes, no impondo penalidade alguma para aquele
que as descumpre.
A Alemanha foi a primeira nao europeia a incluir a proteo animal em sua
Constituio, ao estabelecer que O Estado tem responsabilidade de proteger os fundamentos
18
bsicos da vida e dos animais em prol das geraes futuras. E logo aps a Suia tambm
reconheceu os animais em sua Carta Poltica atravs de emenda constitucional.
19
administrativa pelos danos causados ao meio ambiente. Tambm instituiu o estudo prvio de
impacto ambiental (EIA), e o relatrio deste estudo (RIMA). Definiu tambm os animais no
humanos como parte do meio ambiente, tornando-os assim, bens pblicos de interesse difuso.
Quatro anos depois foi instituda a Lei Federal 7.347, que versava acerca da proteo
dos interesses difusos e instituindo a ao civil pblica, por danos ocasionados ao meio
ambiente, no qual inclusse a fauna.
No ano de 1988, a legislao brasileira deu um grande passo, que apesar de ainda no
ser o pensamento inteiramente correto, foi uma amostra de que o Poder Legislativo comeava
a se interessar pelo bem estar animal, ao passar a caracterizar crimes inafianveis os
atentados aos animais silvestres nativos, com a alterao dos artigos 27 e 28 da Lei Federal
5.197/67, dentro do Programa Nossa Natureza. Porm, os maus tratos cometidos contra
animais domsticos e exticos permaneciam como contravenes. O que foi um grande erro,
pois todos deveriam ser tratados da mesma forma tendo em vista que a conduta do autor a
mesma, ainda que se tratando de espcies diferentes, o que deveria gerar a mesma punio.
A maior organizao de bem estar animal do mundo a Sociedade Mundial de
Proteo Animal (WSPA) representada por mais de mil afilhados em diversos pases. E foi
em 1989 que ela passou a atuar no Brasil, quando apoiou Santa Catarina na luta contra a Farra
do Boi e divulgou esta prtica internacionalmente.
Desde 1991 quando instalou no Pas seu primeiro escritrio, a WSPA realizou
diversos projetos de grande impacto, como por exemplo, a libertao do golfinho Flipper, o
ltimo que permanecia em cativeiro no Brasil.
Pouco depois, na cidade de So Paulo ocorreu um grande marco da histria da
proteo animal, foi discutido na primeira Conferncia Internacional Pet Respect, no ano de
1995, o controle humanitrio de populao de ces e gatos.
Em meados de 1993, advogados ambientalistas, discutindo acerca dos direitos dos
animais, entenderam que o meio ambiente demandava um interesse maior, sendo assim
formada uma comisso interministerial, composta pelos mais ilustres advogados
ambientalistas e penalistas, vinculada aos Ministrios do Meio Ambiente e Justia, sob a
presidncia do Desembargador Gilberto Passos de Freitas.
A Liga de Preveno da Crueldade contra o Animal (LPCA) enviou a esta comisso
uma proposta de projeto de lei para criminalizar os maus tratos contra animais,
independentemente de sua natureza, e editou o livro Liberticdio dos animais, onde os
crimes cometidos contra os animais foram relatados com mais de cem legendas e fotos. Esse
20
material foi distribudo no s comisso de juristas, como aos Deputados e Senadores, que
depois votariam o projeto de lei.
Uniram-se, com vistas incluso da proteo aos animais na Constituio Federal de
1988, a LPCA, com a Unio dos Defensores da terra (OIKOS), presidida por Fbio Feldman,
Deputado Federal eleito por So Paulo, e ex-presidente da Comisso de Meio Ambiente da
Ordem dos Advogados do Brasil de So Paulo (OAB-SP), e Associao Protetora dos
Animais So Francisco de Assis (APASFA), visando um abaixo-assinado com 30.000
assinaturas.
Todavia no houve necessidade, pois o legislador constitucional, consciente da
grande diversidade que o Brasil possui em ecossistema, fauna e flora, dedicou um captulo
inteiro da Constituio preservao do meio ambiente, dentro do qual estabeleceu no artigo
225, 1, VII, a proteo animal, imputando ao Poder Pblico a funo de curador da fauna e
da flora, proibindo quaisquer atos que prejudiquem o ecossistema ou que submetam animais a
crueldade.
Para a criao deste artigo, foi realizada uma cerimnia no dia 5 de junho de 1987,
em Braslia, no auditrio Nereu Ramos, onde o Deputado Fbio Feldman designou um
ecologista de cada regio do pas para defender o referido artigo.
Entretanto se trata de um preceito constitucional irrisrio, diante do objeto que este
artigo protege, pois o planeta deve ser considerado como um grande ser vivo, devendo-se
respeitar todos que vivem nele, independente se trata de homens ou animais.
Desde ento, seguiu-se a criao de diversas leis versando acerca dos direitos dos
animais e disciplinando as diversas formas de punies para os infratores.
Foi promulgada em 1998 a Lei Federal n 9.605, conhecida como Lei dos Crimes
Ambientais (LCA), dispondo sobre as sanes penais e administrativas derivadas de condutas
e atividades lesivas ao meio ambiente, estipulando penas para quem as descumpre.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm.
21
Reza o artigo 32 da referida Lei, acerca das punies para aqueles que praticam
qualquer tipo de maus tratos contra animais, sejam eles domsticos, domesticados, nativos ou
exticos.
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres,
domsticos ou domesticados, nativos ou exticos
Pena - deteno, de trs meses a um ano, e multa.
1 Incorre nas mesmas penas quem realiza experincia dolorosa ou cruel em
animal vivo, ainda que para fins didticos ou cientficos, quando existirem recursos
alternativos.
2 A pena aumentada de um sexto a um tero, se ocorre morte do animal.
(Lei Federal 9.605, 1998) 6
Dentre seus oitenta e dois artigos, tomamos como exemplo o fato de considerar como
agravante de pena a infrao cometida com emprego de mtodos cruis para abate ou captura
de animais. Ou determinando que os animais apreendidos devam ser libertos em seu habitat
ou entregues zoolgicos, fundaes ou entidades assemelhadas, sob a responsabilidade de
tcnicos habilitados. Tornando crime introduzir animais no Pas, sem a devida autorizao, os
maus-tratos, as experincias dolorosas ou cruis praticadas em animais vivos, aumentando a
pena se ocorrer morte do animal, dentre outras providncias. Todavia as penas aplicadas a tais
crimes so, vergonhosamente, insignificantes, todas passveis de Suspenso Condicional do
Processo.
E assim foram sendo criadas normas pelos Estados que passaram a disciplinar suas
prprias regras de proteo ambiental.
O Rio Grande do Sul foi o primeiro Estado a instituir um Cdigo Estadual de
Proteo aos Animais, atravs da criao da Lei Estadual n 11.915 em 21 de maio de 2003.
Em So Paulo foram sancionadas diversas normas, como a Substitutiva ao Projeto de
Lei Estadual 116/2000 disciplinando a criao, propriedade, posse, guarda, uso e transporte de
ces e gatos no Municpio de So Paulo. E sendo mais um Estado a criar um Cdigo de
Proteo aos animais, projeto de lei n 707 de 2003, criado pelo deputado Ricardo Trpoli,
que em 25 de agosto de 2005 se tornou a Lei Estadual n 11.977.
O Estado de So Paulo aprofundou ainda mais os mecanismo de proteo, sendo que
em 05 de maro de 2010 foi criada, na cidade de Campinas, a Primeira Delegacia de Proteo
aos Animais. Numa cerimnia realizada no Salo Azul da Delegacia Seccional da Polcia
Civil, o Delegado Geral Adjunto, Dr. Paulo Bicudo, assinou o documento normatizando a
criao da Delegacia. Esta funcionaria no 4 Distrito Policial (Taquaral), sob o comando da
6
http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1998/9605.htm.
22
Delegada Dra. Rosana Mortari, e concentraria todos os casos envolvendo maus tratos aos
animais de Campinas.
Em 22 de julho de 1992 foi criada, no Rio de Janeiro, a Lei Estadual 2.026,
proibindo em todo o territrio fluminense espetculos e atividades que implicassem maus
tratos aos animais. Ainda no mesmo Estado, foi instituda a Lei Estadual 3351 de 05 de
janeiro de 2000, autorizando a criao do Fundo Estadual de Proteo Animal (FEPA), para
auxiliar as atividades relacionadas aos fins especficos de defesa animal pelos rgos pblicos
e privados. Alm destas, foram criadas, ainda no Rio de Janeiro, diversas leis visando o bem
estar animal, como a Lei Estadual 3.692 de 26 de outubro de 2001, dispondo acerca da
permanncia de veterinrios em locais de exibio e exposio de animais; a Lei Estadual
3.714 de 21 de novembro de 2001, proibindo, assim como em vrios outros Estados e
Municpios, a participao de animais em circos, dentre outras. E em meio a vrias outras
normas de proteo aos animais, o Rio de Janeiro, foi mais um dos muitos Estados a criar um
Cdigo Estadual de Proteo aos Animais, atravs da Lei 3.900 de 19 de setembro de 2002.
No Estado de Minas Gerais no podia ser diferente. Em Belo Horizonte, foi criada a
Lei Estadual 10.148 de 24 de maro de 2011, disciplinando acerca, principalmente, do
estmulo adoo de animais domsticos, em que o Estado disponibilizaria praas e parques
para realizao de feiras em que estariam mostra animais sujeitos a adoo, promoveria
palestras para conscientizao da populao acerca do correto tratamento a ser dispensado aos
animais, realizaria programas para controle de populao de gatos e cachorros atravs de
esterilizao, dentre outras propostas de apoio aos direitos dos animais.
Os Estados, em geral, vm se mobilizando por uma causa em comum. Em todo o
Brasil se encontram leis, sejam feitas pelos prprios Estados, ou pelos Municpios, proibindo
que se instale em seu territrio circos que tenham participao de animais. Estas legislaes
esto se tornando cada vez mais comuns, como, por exemplo, a Lei Estadual 2.746, de 22 de
agosto de 2007 em Tangar da Serra (MT); em Curitiba (PR), a Lei 12.467, de 25 de outubro
de 2007 ;em So Paulo (SP) a Lei 14.014, de 30 de junho de 2005; em Santos Dumont (MG),
a Lei 3.859, de 28 de novembro de 2006; Porto Alegre (RS), a Lei Complementar 479, de 30
de setembro de 2002, dentre outas tantas criadas por todo o pas. Isto faz com que a maioria
dos circos se preocupe em planejar apresentaes que interessem populao sem incluir
animais em seus espetculos, tendo em vista que hoje em dia proteo aos animais tem cada
vez mais importncia e ganha fora de lei.
Atualmente se encontra em discusso na Cmara dos Deputados o Projeto de Lei n
7291/2006 visando o fim do uso de animais em circos em todo o territrio brasileiro, para que
23
os Estados e Municpios que ainda no instituram normas neste sentido se utilizem desta para
proibir que espetculos com animais continuem ocorrendo nesses lugares.
O Ministrio do Meio Ambiente e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renovveis (IBAMA) enfatizam seu posicionamento contra a utilizao de
quaisquer espcies, exceto a humana, em circos. Tal Projeto de Lei conta, ainda, com o apoio
do Ministrio Pblico do Distrito Federal e Territrios (MPDFT) e do Conselho Federal da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que j se posicionam publicamente a favor da
proibio federal do uso de animais em circos.
O Projeto foi aprovado por unanimidade em trs comisses da Cmara dos
Deputados: Comisso de Constituio e Justia e de Cidadania (CCJC), Comisso de
Educao e Cultura (CEC) e Comisso de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel
(CMADS). Para que esta ideia seja concretizada, se faz necessrio, apenas, a concluso do
trmite no Congresso Nacional e a apreciao pelo Presidente da Repblica.
O Procurador de Justia licenciado, e ento Deputado Estadual, Fernando Capez,
escreveu um artigo para a associao do Ministrio Pblico de So Paulo tratando do projeto
de Lei Federal n 4.548/98 que prope a modificao da redao do artigo 32 da Lei dos
crimes ambientais. Pretende-se, com esta propositura, que o referido artigo deixe de
considerar criminosos os atos de maus-tratos conferidos aos animais domsticos e
domesticados, somente mantendo a proteo em favor dos animais silvestres, nativos ou
exticos. A justificativa de que a proteo aos animais domsticos e domesticados est
ferindo as tradies culturais e econmicas, como a farra do boi, por exemplo.
Tal dispositivo no faz sentido, pois ambos sentem as mesmas dores e sofrimentos.
Alm disso, tradies e valores econmicos no so suficientes para justificar a morte de seres
inocentes. Nas palavras de Capez:
http://amp-sp.jusbrasil.com.br/noticias/2185286/artigo-maus-tratos-contra-animais-a-importancia-da-repressaojuridica-dr-fernando-capez.
24
25
3 VIVISSECO
26
8 http://www.abolicionismoanimal.org.br/artigos/leiaroucaavanoouretrocesso.pdf
27
Irlanda, quem pratica experincia com animais vivos est infringindo a lei, inclusive
estudantes de medicina, veterinria e outros cursos.
O Brasil se mostra um pas atrasado e de terceiro mundo neste sentido, pois grande
parte das suas universidades ainda se utilizam de animais para teste em aulas. Todavia, h
excees: desde 2000, a Faculdade de Medicina Veterinria da Universidade de So Paulo
(USP) trocou a vivisseco por animais mortos devido a causas naturais, e realizam castrao
em ces e gatos levados por seus proprietrios. Ou seja, alm de no torturar ou matar seres
vivos, eles ajudam na reduo de procriao destes animais.
Esta troca proporcionou aos alunos maior desempenho profissional, pois possibilita
que os estudantes foquem sua ateno na tarefa que esto efetuando, sem a presso de estar
provocando sofrimento em um animal, ou at mesmo tirando uma vida, ao invs de salv-la,
j que este o verdadeiro ofcio para o qual esto se formando.
Foram feitas vrias pesquisas e notou-se que os estudantes que utilizaram os mtodos
alternativos alcanaram o mesmo ou at mais alto nvel de aprendizado que os alunos que
usaram os mtodos convencionais de vivisseco, visto que o corpo, sistema nervoso, ossos,
circulao sangunea, etc, dos animais, so muito diferentes do ser humano. Raramente
possumos a mesma resposta fisiolgica que um animal frente a um mesmo estmulo.
importante salientar que veterinrios, mdicos e educadores de todo o mundo so
contra a vivisseco, tanto pelo lado cientfico quanto pelo lado emocional dos estudantes que
participam desta prtica, pois como se esperar que jovens cirurgies desenvolvam
sensibilidade se so ensinados a tirar a vida de animais saudveis. Afinal, se um futuro
mdico est aprendendo seu ofcio matando criaturas, dificilmente ter incentivo necessrio
para salvar algum.
Os professores concordam que todo aluno de medicina deve ter contato com um
tecido vivo em uma operao. Todavia, deve ser o tecido vivo de um ser humano, e em uma
operao real com auxlio de um cirurgio experiente.
Dr. Stefano Cagno, mdico cirurgio na Itlia, membro do Comitato Scientifico
Antivivisezionista em Roma, autor do livro "Sobre animais e pesquisa", perguntado a respeito
do tema, assevera;
28
http://www.falabicho.org.br/PDF/LivroFalaBicho.pdf
http://super.abril.com.br/superarquivo/2001/conteudo_185278.shtml.
10
29
Tal lei, apesar de ser conivente com a vivisseco, estabelece normas para que esta
prtica seja controlada no pas, como a instituio das Comisses de tica no Uso de Animais
(CEUAs) e do Conselho Nacional de Controle de Experimentao Animal (CONCEA), que
tm a finalidade de verificar se a lei est sendo cumprida, credenciar as instituies que tero
permisso de criar e utilizar animais para pesquisas, cadastrar os procedimentos e as pesquisas
realizadas ou em andamento, avaliar a introduo de tcnicas alternativas que substituam a
utilizao de animais para pesquisas, dentre outras normas de fiscalizao dispostas na Lei.
Todavia, estes rgos tem sua imparcialidade discutida, pois os pesquisadores persistem na
ideia de necessidade de utilizao animal para experimentos. Portanto, dificilmente ser feito
um trabalho voltado a substituio do uso de animais.
A referida lei tambm dispe acerca dos estabelecimentos que podero utiliz-la, e,
de forma contraditria, determina que a morte dos animais se d por meios humanitrios,
envolvendo um mnimo de sofrimento mental e fsico. Ora, como unir os termos permitir a
morte dos animais com mnimo de sofrimento? O que poder significar estes meios
humanitrios? Seria engaiolar seres vivos, cri-los em cativeiros at que chegue o momento
em que sero entregues nas mos de seus executores para que sirvam de experincias
frustradas ou para que sua morte seja usada como espetculo para alunos em cursos de
medicina ou veterinria? Ao estabelecer que sejam utilizados meios que minimizem a dor, o
legislador acredita estar fazendo um favor aos seres que sero sacrificados? Ao invs de
diminuir o sofrimento, este deveria ser extinto. Em pleno sculo XXI o homem j tem
conhecimento suficiente para no mais tratar os animais como objetos e reconhec-los como
seres dotados de sensibilidade, deixando de usar suas vidas em servio dos humanos.
Uma lei criada para regulamentar a morte j algo desumano e pr-histrico. Se
ainda fosse permitido que estes assassinatos ocorressem de formas dolorosas e
excessivamente agoniantes, sem uso de anestsicos, nem se importando com o sofrimento dos
animais, estaramos contradizendo o artigo 5, XLIII, da nossa Constituio, que trata, dentre
outros, a prtica da tortura como crime inafianvel e insuscetvel de graa ou anistia. Pois, se
consideramos tal atitude algo to cruel para ser praticado contra as pessoas, tambm
11
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11794.htm.
30
deveramos ver o fato de torturar animais como uma prtica absurda, tendo em vista que
sentem tantas dores quanto ns, pois se no fosse desta forma, no haveria que se falar em
testar em animais medicamentos para seres humanos.
No podemos consider-los nossos semelhantes apenas no momento de usar sua vida
a nosso servio. Temos que t-los como iguais tambm na hora de evitar a eles qualquer
situao pela qual no submetemos o homem. Todavia esta afirmativa ainda impossvel,
pois se respeitamos o artigo 5, XLIII CF, ento deveramos tambm levar em considerao o
artigo 121 do Cdigo Penal, ideia que est, inteiramente, em desacordo com a prtica da
vivisseco, pois em boa parte, este ato leva o animal morte.
Neste contexto, o advogado Daniel Braga Loureno, escritor do livro Direito dos
Animais: Fundamentao e Novas Perspectivas, em uma entrevista para o Observatrio Eco,
posicionou-se da seguinte forma.
A pesquisa cientfica que faz uso de animais convive com um paradoxo insolvel,
qual seja: ou os animais so iguais a ns em todos os aspectos biolgicos relevantes
e no devemos levar adiante a pesquisa no consentida pelas mesmas razes pelas
quais no a conduzimos em seres humanos, ou os animais so diferentes de ns
nesses mesmos aspectos e, por esse motivo, pela impossibilidade real de
extrapolao e derivao de resultados, a pesquisa seria igualmente injustificvel do
ponto de vista tcnico. 12
A Lei n11.794, em seu art. 14, ainda dispe que a prtica da eutansia s deve ser
utilizada quando no for possvel salvar o animal aps o procedimento. Deve-se film-las para
que no precisem ser repetidas desnecessariamente, utilizar o mnimo de animais e o menor
tempo de durao possvel para concluir a pesquisa, proibir que se utilize o mesmo animal
depois de atingido o objetivo desejado. Mas este dispositivo s ser vlido quando o
procedimento for considerado traumtico, porm no define qual ser o limite.
Os experimentos podem ser feitos no mesmo animal, observando o tempo de durao
de apenas uma anestesia, devendo ser sacrificado antes de recobrar a conscincia. Tudo isso,
obrigatoriamente, dever ocorrer estando a cobaia sedada, com o uso de analgsicos ou
anestsicos adequados, sendo vedada a substituio destes por relaxantes musculares ou
derivados. Em outras palavras, nota-se que a vida destes seres desprovida de importncia,
pois no se fala em anestesiar seres humanos e depois mat-los se uma cirurgia para algum
tipo de demonstrao ou experincia lhes causar tormentos tais que lhes seja mais vantajoso a
morte.
12
http://www.observatorioeco.com.br/lei-de-experiencias-em-animais-ofende-a-constituicao-federal/.
31
Ainda no artigo 14, em observao ao 2, dispe que quando os animais usados nas
pesquisas ou demonstraes no forem submetidos a eutansia, eles podero sair dos biotrios
aps a interveno e serem entregues aos cuidados de pessoas idneas ou entidades de
proteo animal, devidamente legalizadas, que se responsabilizem por seus cuidados.
Todavia, ignora-se o quanto estas experincias podem ser dolorosas para estes seres, que tero
toda uma vida pela frente para se acostumarem a dores que talvez no cessem, somados os
demais traumas causados pelas intervenes.
Na viso Constitucional, como dito anteriormente neste captulo, a Lei n 11.794/08,
tambm chamada de Lei Auroca, est em desacordo com o disposto no artigo 225 1, VII,
que veda os atos abusivos ou cruis contra os animais, tendo em vista que de conhecimento
geral que as experincias realizadas em laboratrios geram sofrimento aos seres aos quais so
submetidos. Utiliz-los para introduzir vrus que no so comuns sua espcie, instalar
dispositivos dentro de seus rgos, cortar seus corpos para demonstraes, aplicar-lhes
excessivas doses de anestsicos e analgsicos para aliviar-lhes as dores causadas pelas
intervenes, todas estas e vrias outras prticas afrontam diretamente nossa Carta Magna.
A prpria Lei Arouca, em seu artigo 14, 3, e a Lei de Crimes Ambientais (Lei
9.605/98), em seu artigo 32, 1, estabelecem o princpio de que a experimentao em
animais atividade excepcional, que nunca deve ser realizada se existirem mtodos
substitutivos prtica. Todavia, o entendimento que prevalece de que estas experincias so
tidas como um mal necessrio, o que para os atuais tempos no se justifica, tendo em vista
que este pensamento no passa de comodismo, pois no se v importncia suficiente na vida
destes seres para que os cientistas e pesquisadores se mobilizem para descobrirem outros
meios de aperfeioarem seus experimentos.
O prprio legislador trata dos animais como bens mveis ou semoventes,
propriedades dos seres humanos, e nos coloca como nicos sujeitos de direito, sem se aterem
ao significado implcito na Constituio Federal reconhecendo os animais como seres
possuidores de direitos ao vedar os maus tratos a eles. Desta forma, pode-se notar certa
convenincia na criao destas leis que protegem e, ao mesmo tempo, expe a vida dos
animais, pois foram institudas no para proteo destes seres desprovidos de fala, e sim para
atenderem as necessidades humanas.
A tica para com os animais um tema bastante visado, e vem tomando propores
cada vez maiores nos tempos atuais. Todavia, a preocupao com estes seres j causa
discusses filosficas h anos atrs.
32
Idia bastante conhecida a chamada reformista (Welfarista), ou corrente do bemestar animal, iniciada em 1926 com a fundao da University of London Animal Welfare
Society (ULAWS) pelo prefeito Charles Hume, baseada na doutrina utilitarista de Jeremy
Bentham que visava a maior felicidade, no do prprio agente, mas do maior nmero de seres
envolvidos. Os seguidores se preocupam em utilizar o mnimo de animais em experincias e
adotar todas as formas possveis para diminuir seu sofrimento.
A teoria dos 3Rs, proposta por Burch e Russel em 1959, compartilhada por muitos
cientistas. Ela se refere, respectivamente, s expresses:
Replacement: procura substituir animais por outros mtodos que utilizem materiais
que no tenham sensibilidade.
Reduction: busca diminuir o uso de animais em experimentos, utilizando outros meios,
como anlises estatsticas mais apuradas, programas em computador e outros.
Refinement: visa minimizar ao mximo o sofrimento do animal, se valendo de drogas
anestsicas.
Como dito anteriormente, a experimentao animal, embora reconhecida legalmente,
se trata de um procedimento cruel, e, de certa forma, contrrio ao ordenamento jurdico e
tica profissional. Nota-se que tal procedimento leva nossa cincia para caminhos obscuros,
em que utilizam vidas alheias para testar medicamentos, aulas prticas de cirurgia e, at
mesmo, produtos de beleza. Em outras palavras, mata-se para descobrir formas de embelezar
os humanos.
Esta no deveria ser uma prtica reconhecida por lei, tendo em vista que todos os
dispositivos legais, e at mesmo a prpria lei Auroca, determinam que as experincias s
podero ser efetuadas em animais quando necessrias e no havendo outros meios. A procura
excessiva dos seres humanos pela juventude no pode ser vista como algo necessrio, ao
menos no ao ponto de decretar a morte de um ser. A criao de produtos de beleza e
higienizao so importantes para a populao. Porm, no se faz necessrio exterminar vidas
para atingir esta finalidade, levando-se em conta que o homem possui diversos meios mais
eficientes para tais descobertas.
Ao realizar os experimentos em laboratrios ou em salas de aulas, os cientistas e
professores no podem esquecer da determinao legal para apenas utilizar os animais em
caso de no existir outros meios, como dispes o artigo 32 1 da Lei de Crimes Ambientais,
tendo em vista que no bem verdade que tais atos carecem de outros meios para serem
33
34
contra os animais, negando-lhes um direito que lhes pertence, aquele inerente a todo ser, a
vida. No s ao homem que deve ser observado o direito a integridade, a privacidade, dentre
outros tantos que julgamos to necessrios, eles tambm devem ser respeitados mesmo se
tratando de uma espcie diversa da nossa.
O tratamento destinado, pelos seres humanos aos animais, pode-se dizer, equivale ao
racismo, como diz Peter Singer, autor do livro Animal Liberatiom, tal discriminao
configura especismo. Nas palavras do filsofo:
H animais cujas vidas, por quaisquer critrios, so mais valiosos que as vidas de
alguns seres humanos. Um chimpanz ou um porco tem um grau mais alto de
autoconscincia e uma maior capacidade de relaes significativas do que uma
criana com uma doena mental sria (...) Ou seja: quem admite cortar um macaco
em nome da cincia teria que admitir tambm cortar uma criana com paralisia
cerebral, por exemplo. 13
Alguns defendem a lei Auroca argumentando que trouxe formas de diminuir o uso de
animais em pesquisas. Todavia, observa-se um grande retrocesso na legislao brasileira,
posto que a ideia da criao de uma nova lei dispondo acerca da vivisseco gerou inmeras
expectativas aos antivivisseccionistas, que tendo acesso ao contedo da norma, se revoltaram
com o pensamento primitivo do legislador ao implementar uma norma regulando maus-tratos,
deformaes, formas de levar um animal a sentir dor, adquirir doenas, perder movimentos,
prendendo-os, ferindo, quebrando, escalpelando, queimando, seccionando, mutilando ou,
finalmente, uma lei que regulariza a morte.
Para um ordenamento jurdico que se baseia na vida, na conservao de um meio
ambiente saudvel, respeitando todos os seres vivos, muito se contradiz ao sancionar uma lei
permitindo tamanho desrespeito aos animais. O caso no seria diminuir as intervenes em
animais, e sim extingui-las por completo.
Muito surpreende que at os dias atuais ainda se vote a favor da implementao de
uma norma que no reconhea a crueldade da experimentao animal.
inacreditvel como pode haver pessoas que defendam um pensamento de
indiferena quanto aos animais, considerando-os iguais apenas em seu interior fsico, s para
servirem aos humanos.
Como se no bastasse utilizarem de sua carne para comer, de sua pele para vestir,
tambm preciso abrir seus corpos para estudar meios de beneficiar a cincia, pois o ser
humano no aceita usar mtodos alternativos.
13
http://super.abril.com.br/ciencia/temos-este-direito-460703.shtml.
35
Quo dmod este pensamento, pois at mesmo em meados dos anos de 1700, j
havia quem discordasse de ideia to precria. Franois Marie Arouet, conhecido como o
filsofo Voltaire, j dizia:
Algumas criaturas brbaras agarram nesse co, que excede o homem em sentimentos
de amizade; pregam-no numa mesa, dissecam-no vivo ainda, para te mostrarem as
veias mesentricas. Encontras nele todos os rgos das sensaes que tambm
existem em ti. Atreve-te agora a argumentar, se s capaz, que a natureza colocou
todos estes instrumentos do sentimento no animal, para que ele no possa sentir?
Dispe ele de nervos para manter-se impassvel? Que nem te ocorra to impertinente
contradio na natureza.(VOLTAIRE, 1978, p. 97) 14
Preferimos salvar tanto a criana quanto o rato porque, alm das explicaes
cientficas segundo as quais a experimentao animal pode causar tambm a morte
da criana, importante entender que uma cincia que adota o princpio de que os
fins justificam os meios uma cincia doente, para a qual qualquer atrocidade, at
contra o homem, poder ser legitimada (...)15
Stefano foi muito sbio ao usar tais palavras, pois, alm de ser provado
cientificamente que testes feitos em animais so muito propensos a erros, o que se falar de
uma sociedade que defende uma teoria to ultrapassada como a de Maquiavel? At que ponto
chegaro aqueles que acreditam que um ser deve morrer para satisfazer nossos desejos e
curiosidades cientficas?
Estamos prximos de abolir tal pensamento retrgrado, tendo em vista que grande
parte de mdicos, cientistas e veterinrios j abriram seus olhos e se opem a este ato. Faltam
agora, alguns poucos que insistem em continuar sem enxergar algo to claro que a
sencincia dos animais e a diferena entre os corpos deles e dos humanos.
J nosso ordenamento jurdico, embora ainda se baseie em idias controversas e
errneas, traa o incio desta mudana atravs da Constituio Federal, vedando maus tratos e
agresses contra nossa fauna, nela se incluindo todos os tipos de animais, desde os propensos
extino aos domsticos, domesticveis, exticos ou silvestres. Ou seja, em tese, nossa
14
15
36
Art. 17. As instituies que executem atividades reguladas por esta Lei esto
sujeitas, em caso de transgresso s suas disposies e ao seu regulamento, s
penalidades administrativas de:
I advertncia;
II multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 20.000,00 (vinte mil reais);
III interdio temporria;
IV suspenso de financiamentos provenientes de fontes oficiais de crdito e
fomento cientfico;
V interdio definitiva.
Pargrafo nico. A interdio por prazo superior a 30 (trinta) dias somente poder
ser determinada em ato do Ministro de Estado da Cincia e Tecnologia, ouvido o
CONCEA.
Art. 18. Qualquer pessoa que execute de forma indevida atividades reguladas por
esta Lei ou participe de procedimentos no autorizados pelo CONCEA ser passvel
das seguintes penalidades administrativas:
I advertncia;
II multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 5.000,00 (cinco mil reais);
37
Como j dizia o anatomista Charles Bell (1774 1842), que estudou as funes
neurolgicas do organismo vivo sem se valer da vivisseo, procedimento muito utilizado na
poca:
Pensaro que sou tolo, mas no me arrisco a convencer-me de que esteja autorizado
pela natureza ou pela religio a praticar esta crueldade. Para qu? Por nada mais do
que um pouco de egosmo e de auto-exaltao. A meu ver, a vivisseco
reprovvel - 1) porque intil; 2) porque despreza outros mtodos mais precisos
baseados na observao e na reflexo, mtodos esses que possuem maior
importncia e contra os quais no se pode levantar nenhuma crtica; 3) porque
expresso de fora bruta uma vez que utilizando-a devemos renunciar ao sentimento
de piedade. 17
16
17
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11794.htm.
http://www.direitoanimal.org/onealltextos.php?one=107.
38
39
18
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm.
40
19
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm.
41
42
providncias contra tais atos ilegais de todos os interessados utilizando-se dos meios
disponibilizados pela Carta Constitucional. Ou seja, o povo tambm tem que participar
ativamente quanto aos devidos cuidados a serem tomados para um meio ambiente
saudvel, o que inclui a proteo animal.
Para tais casos em que a prpria Administrao Pblica realiza os crimes de
maus tratos, o Ministrio Pblico dever interpor Ao Civil Pblica.
Contudo a legitimidade passiva da referida ao no apenas das pessoas
jurdicas de direito pblico, mas tambm das pessoas jurdicas de direito privado e, at
mesmo, pessoas fsicas. Em outras palavras, o Ministrio Pblico pode impetrar Ao
Civil Pblica contra qualquer pessoa, seja ela fsica ou jurdica, de direito pblico ou
privado, que cometa crime de maus tratos contra animais.
Quanto legitimidade ativa, esta no pertence somente ao rgo ministerial.
Tambm podem ingressar com tal ao a Unio, Estados, Municpios, autarquias,
empresas pblicas, fundaes, sociedades de economia mista e associaes, de acordo
com os artigos 129, 1, CF e artigo 5 da Lei Federal n 7.347/85, Ou seja, um
particular no poder se valer da Ao Civil Pblica.
Na referida ao a responsabilidade do ru objetiva, ou seja, independe da
comprovao de dolo ou culpa, como preceitua a Lei Federal 6.938/81, devendo
demonstrar apenas o dano ambiental. Tendo como objetivo a reparao ou indenizao,
que ter cunho tanto de represso quanto de sano para o infrator.
Pode-se interpor Ao Civil Pblica cumulada com pedido de liminar, e em
casos de proteo ambiental, esta , quase sempre, indispensvel. Possuindo sua
sentena, em regra geral, efeitos erga omnes, contra todos.
Embora a Ao Civil Pblica no possa ser interposta por particulares, estes
tm outro meio de coibir os atos lesivos praticados pela Administrao Pblica, qual
seja a Ao Popular.
Neste caso qualquer cidado, individualmente, poder prop-la com o objetivo
de impugnar atos administrativos causadores de leso ou ameaa ao meio ambiente, seja
de forma repressiva ou preventiva.
A Lei Federal n 4.717/65 oferece aos particulares estmulos para que
interponham a ao, dando-lhes a facilidade de no arcar com as custas e nus de
sucumbncia em caso de improcedncia da mesma. Alm disso, oferece a colaborao
do Ministrio Pblico na funo de fiscal da lei.
43
21 http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7355.
44
no servem mais para satisfazer as necessidades de seus donos, so soltos na rua ou nas
estradas.
Tambm muito comum, em finais de ano, quando as famlias vo viajar e no
querem gastar dinheiro deixando seus animais em hotis para ces ou gatos. Ento os
colocam para fora de casa, e, ao voltar das frias, pegam outro animal que ter o mesmo
destino.
Outras formas de covardia, tambm bastante usuais contra animais
domsticos ou domesticados so: manter o animal preso por muito tempo sem comida e
contato com seus responsveis; deix-lo em lugar imprprio ou anti-higinico;
envenenamento; agresso fsica exagerada; mutilao; utilizar animais em espetculo,
apresentaes ou trabalho que possa lhe causar pnico ou sofrimento; no recorrer
veterinrios em caso de doena, dentre diversas formas que os levam a sofrimentos
intensos.
Crime muito comum de maus tratos o trfico de animais silvestres, que hoje
o terceiro maior comrcio ilegal do mundo, perdendo apenas para o trfico de drogas e
armas. Sendo que, de acordo com estudos, o Brasil possui 15% (quinze por cento) da
participao neste mercado.
Em consonncia com o que preceitua o artigo 29 da Lei Federal n 9.605/98,
configura trfico de animais: matar, perseguir, caar, utilizar, dentre outras condutas que
sequestrem animais de seu habitat, sejam eles nativos ou em rotas migratrias,
entendidos estes como aqueles que embora no tenham nacionalidade brasileira, passem
ciclos migratrios em vrios pases. Tal conduta enseja a pena de deteno de seis
meses a um ano, e multa que pode variar de R$500,00 (quinhentos reais) R$5.000,00
(cinco mil reais).
Nota-se que o legislador equipara o ato de extinguir a vida de um ser com
persegui-lo e utiliz-lo de alguma forma. Nesse nterim temos que no foi observado os
princpios da proporcionalidade e razoabilidade, posto que a morte de um animal no
pode ser considerada to ausente de importncia para reprimi-lo com a mesma
penalidade das outras condutas.
Tambm incorrer em tais penalidades aqueles que destroem ninhos, impedem
a procriao, quem se utiliza de ovos, larvas ou espcimes sem a devida autorizao,
incluindo os casos de vender objetos produzidos com penas ou peles de animais.
45
22
http://portaltj.tjrj.jus.br/documents/10136/30463/crime-ambiental.pdf.
46
http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=592.
47
24
25
http://www.emagis.com.br/area-gratuita/informativos-stf/nem-farra-do-boi-nem-rinha-de-galo/
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro, 1998. p.54
48
Existem ainda diversas outras prticas que o homem insiste em utilizar, que
provocam sofrimento intenso em animais, o que poderia deixar de fazer ou se valer de
mtodos diferentes.
Temos como exemplo as rinhas de galo, que alguns consideram at mesmo
como atividade de preservao das raas e aprimoramento zootcnico das aves usadas,
como dispunha a Lei 1.416/95, do municpio de Quara, suspensa no ano de 2004, pelo
Tribunal de Justia do Rio Grande do Sul, atravs de Ao Direita de
Inconstitucionalidade n 70009169624, proposta pelo procurador geral Roberto
Bandeira Pereira, cujo relator era Luiz Ari Azambuja Ramos:
26
http://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/7841638/acao-direta-de-inconstitucionalidade-adi70009169624-rs-tjrs.
49
meios excessivamente cruis, dentre outros atos que configuram abuso, est entre os
crimes ambientais.
Tambm incorre em maus tratos contra animais os desmatamentos, incndios
criminosos e poluio ambiental, pois alm de destruir a flora, tira os animais de seu
habitat, destri suas moradias, leva-os a ocupar lugares imprprios, mudar sua forma de
alimentao, tornando-a imprpria e, at mesmo, levando um grande nmero deles ao
bito. Em outras palavras, infringe diversos artigos da Lei Federal n 9.605/98, como os
de nmeros 29, 45, 49, 54, dentre outros, que punem aqueles que destroem a mata e
ferem os animais.
O trabalho forado de animais muito comum de se ver mesmo nas ruas ou em
fazendas, stios, pequenas empresas, nas casas. Enfim, considerado algo comum
colocar um ser para trabalhar sem as mnimas condies de alimentao ou higiene, no
permitindo que o animal descanse. Pelo contrrio, a maioria explorada at o desgaste
total; e quando no mais aguentam so aoitados por chicotes ou varas, arrastados pelo
solo, largados no lugar onde carem e no mais so capazes de se levantar. Esta prtica
muito comum, pois muitos consideram algo normal ver um cavalo, boi ou um jumento,
animal de pequeno porte, que obrigado a andar por horas debaixo de sol sendo
flagelados, carregando mais que o dobro de seu peso. Muitos desconhecem o carter
ilegal deste ato. Todavia, embora devesse ser totalmente proibido esse tipo de
explorao, h lei que regulamenta esta utilizao de animais para trao. Qual seja o
Decreto Federal 24.645/34, em seu artigo 3, seus pargrafos e incisos.
Sequestram de seu habitat ursos, tigres, lees, todos os tipos de animais e os
submetem a prtica de exerccios que danificam seus corpos, os quais so visivelmente
imprprios para animais, que o caso dos espetculos de circos.
A conscincia de quo cruel utilizar animais em shows est cada vez maior,
em muitas cidades proibida a entrada de circos que incluam animais em suas
apresentaes.
De acordo com reportagem publicada no site Direito todos (2011)27,
recentemente o Superior Tribunal de Justia manteve liminar no Estado da Bahia
proibindo a apresentao de animais pelo circo Estoril, pois foi constatado por laudo
tcnico que os animais apresentavam comportamentos atpicos, como o urso utilizado
no espetculo que permanecia trancado em sua jaula diariamente, andando em crculos
27
http://direitosatodos.blogspot.com/2011/08/circo-continua-proibido-de-exibir.html.
50
51
abate usando de mtodos violentos, o que literalmente vedado pela lei de crimes
ambientais em seu artigo 15, inciso II, alnia m:
Art 15. So circunstncias que agravam a pena, quando no constituem ou
qualificam o crime:
[...]
II - ter o agente cometido a infrao:
[...]
m) com o emprego de mtodos cruis para abate ou captura de animais; (Lei
Federal 9.605, 1998)28
28
http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1998/9605.htm.
52
53
29
http://amigaanimal.spaceblog.com.br/r56568/Investigacao-e-denuncia-da-crueldade/.
http://amp-sp.jusbrasil.com.br/noticias/2185286/artigo-maus-tratos-contra-animais-a-importancia-darepressao-juridica-dr-fernando-capez.
31
http://diariodeumcao.wordpress.com/2008/07/08/criancas-e-animais-anjos-lindos-e-reais/
30
54
5 CONSIDERAES FINAIS:
O presente trabalho versou sobre a crueldade imposta pelo homem aos animais,
se valendo das mais srdidas e malficas formas para satisfazer suas vontades, seja
utilizando-os como objetos, cobaias, escravos ou, at mesmo, deles se alimentando..
H muitos sculos o ser humano tem esta viso distorcida sobre os animais.
Aqueles se acreditam seres superiores a todas as demais criaturas do planeta. No
entanto, este pensamento comea a se modificar aos poucos.
Hoje em dia comum que pessoas se preocupem com o bem estar dos animais.
Isto se torna cada vez mais visvel, tendo em vista que o nmero de associaes
protetoras e legislaes favorveis aos direitos destes seres esto crescendo.
Entretanto, ainda h aqueles que matem a ideia de superioridade humana, que
no respeitam as normas impostas pelo prprio texto constante nas leis do pas, como no
caso dos torneios e vaquejadas. Estas so prticas que insistem em continuar, devido ao
lucro que proporcionam e se valendo do que denominam pleno exerccio dos direitos
culturais, alegando que a prpria Constituio lhes assegura este direito em seu artigo
215 1.
Ora, tal garantia existe, porm isto no lhes d o direito de exterminar vidas em
nome da cultura. A proteo animal defendida pelo mesmo instituto legislativo que
garante o direito a cultura, quando em seu artigo 225, a prpria CF veda qualquer tipo
de crueldade contra animais, alm do Decreto n 24.645/34 dispondo, expressamente, a
ilegalidade de tal ato.
Este entendimento est consubstanciado pelo prprio STF, que no permite a
ocorrncia de tais atrocidades apenas para o divertimento do pblico, o enriquecimento
dos Municpios, que permitem esta barbrie, e, muito menos, para preservar cultura to
brutal, antiquada e carente de bom senso.
Visando seu prprio bem estar, o homem transgride leis, mata ou mal trata
animais, se utiliza deles como escravos, submetendo-os a estados crticos de sade,
enquanto so obrigados a trabalhar durante horas sem intervalo e, algumas vezes, nem
mesmo so alimentados.
55
Esta uma das ocorrncias mais comuns, dada a ignorncia do povo, que
permanece com o pensamento de que os animais domsticos ou domesticados no so
suscetveis de proteo legal.
Assim, cometem tais atos sem a conscincia de que esto praticando uma ao
criminosa. Muitas vezes o infrator at mesmo conhece o carter ilcito de sua conduta,
mas insiste em prosseguir com as crueldades. E os demais que assistem a espetculo to
srdido desconhecem seu direito de intervir pela proteo das vtimas ou se sentem
acuados e desencorajados a denunciar, fazendo com que nunca cessem as atrocidades.
So inmeros os casos de atos criminosos contra o meio ambiente no Brasil.
Um destes o trfico de animais, ato ilcito tido no pas como um dos mais cometidos.
Uma prtica que fere animais silvestres em perigo de extino.
Sequestram seres que tm o habitat natural ao ar livre e os enclausuram em
gaiolas. Boa parte destes animais, seno a maioria, morre antes de chegarem a seus
compradores, devidas as pssimas condies de transporte.
A doutrina atual vem reconhecendo os animais como sujeitos de direito.
Todavia, eles ainda so considerados, pela maioria, meros bens pertencentes aos
humanos, e, por isso, continuam sendo utilizados em todos os tipos de maldades e
exploraes.
Este o caso dos circos, que utilizam animais. Em diversos municpios j se
probe sua entrada nas cidades, atravs de Leis Orgnicas Municipais, e, alguns Estados,
tambm j tem se valido de prtica semelhante. Porm, o que se espera que esta
proibio seja estendida para todo o pas, como um incentivo para que tais atrocidades
deixem de ocorrer.
A maior prova de que os animais continuam sendo tratados como coisas
observar que o homem se vale de sua carne para como alimento, porm tal fato no
constitui ilcito penal. Todavia, o abate cruel sim. Mas no h providncias sendo
tomadas para dirimir este tema, pois no comum que haja fiscalizao nos abatedouros
ou criadouros. Neste caso, dever do Ministrio Pblico fiscaliz-los. Todavia, os
animais tidos como alimentos, em geral, no apresentam grandes preocupaes para os
rgos responsveis por sua proteo, somente quando pe em risco a qualidade de sua
carne, novamente para o benefcio dos homens. Portanto, este um caso de maus tratos
que perdurar at que se modifique o pensamento de egocentrismo humano.
56
57
REFERNCIAS:
ABRIGO DOS BICHOS. Elizabeth Ribas. Lei Estimula a prtica de adoo de animais.
Disponvel em<http://www.abrigodosbichos.com.br/noticias303.htm>. Acesso em 08
julh.2011
um
mal
necessrio?.
Disponvel
em<
http://www.anda.jor.br/2011/04/28/vivisseccaoum-mal-necessario/>. Acesso em 03
ago.2011
AGNCIAS
DE
NOTCIAS
DE
DIREITOS
ANIMAIS.
Srgio
Greif.
animal
no
Brasil.
Disponvel
em<
http://ambientes.ambientebrasil.com.br/fauna/artigos/a_defesa_dos_animais_e_as_conq
uistas_legislativas_do_movimento_de_protecao_animal_no_brasil.html>. Acesso em 20
jun. 2011
MBITO JURDICO. Joo Moreno Pomar. Uso e abuso da vida animal. Disponvel
em<http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&a
rtigo_id=7355>. Acesso em 05 ago. 2011
58
Acesso
em
18
jull.2011
ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 4 ed. rev. ampl. at. Rio de Janeiro:
Lumen Juris 2000.
Disponvel
em
Universal
dos
direitos
dos
animais.
Unesco.
Disponvel
em
59
<http://direitosdosanimais.com/declaracao-universal-dos-direitos-do-animal/>
Acesso
em 10 junh.2011
CIRANDAS NET. Laryssa Gabriella. Maus tratos praticados aos animais de rodeio e
vaquejada.
Disponvel
em<http://cirandas.net/odeio-rodeio-e-vaquejada/blog/maus-
represso
jurdica.
Disponvel
em.<http://www.conteudojuridico.com.br/?colunas&colunista=3414&ver=624>.
Acesso em 21 julh.2011
como
crime
ambiental.
Disponvel
DIREITO NET. Cludia Melina Kamaroski Mundstoch. Ao Civil Pblica para tutela
ambiental. Disponvel em <http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/2994/AcaoCivil-Publica-para-tutela-ambiental> Acesso em 19 julh.2011
FALA BICHO. Srgio Greif, Thales Trez. A verdadeira face da experimentao animal.
Disponvel em<http://www.falabicho.org.br/PDF/LivroFalaBicho.pdf>. Acesso em 11
julh.2011
60
FIORILLO, Celso Antnio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 8. ed. rev.,
atual. e ampl. So Paulo: Saraiva, 2007.
FOLHA. Luiza Bandeira. Cidade do Cear suspende matana de ces antes do carnaval.
Disponvel
em<http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/883710-cidade-do-ceara-
Trfico
de
animais
silvestres.
Disponvel
Legislao
Fauna.
Disponvel
INSTITUTO NINA ROSA. Marcela Teixeira Godoy. Passeio ao zoolgico: sob outra
tica, sob outra tica. Disponvel em<http://www.institutoninarosa.org.br/textos/362passio-zoologico> Acesso em 07 ago.2011
JUS BRASIL. Fernando Capez. Maus tratos contra animais: a importncia da represso
jurdica. Disponvel em <http://www.jusbrasil.com.br/noticias/2185286/artigo-maustratos-contra-animais-a-importancia-da-repressao-juridica-dr-fernando-capez.> Acesso
em 05 julh.2011
61
LEVAI, Laerte Fernando. Direito dos Animais. 2.ed. rev. ampl. atual. Campos do
Jordo: Mantiqueira, 2004.
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. 10. ed. rev. atual. e
ampl. So Paulo: Malheiros, 1998.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 20 ed. So Paulo,
Malheiros, 1995
MULTIPLY. Ftima Borges. Vivisseco, perigo real para a sade humana. Disponvel
em< http://animais.multiply.com/journal/item/126>. Acesso em 10 julh.2011
Federal.
Disponvel
em<http://www.observatorioeco.com.br/lei-de-
PENSATA
ANIMAL.
antivivisseccionaista
Laerte
no
Fernando
sculo
Levai.
Fanny
XIX.
Bernad:
uma
Disponvel
voz
em
<http://www.pensataanimal.net/index.php?option=com_content&view=article&id=368:
fanny-bernard-uma-voz-antivivisseccionista-no-seculo
xix&catid=46:laertelevai&Itemid=1> Acesso em 15 julh.2011
62
PLANALTO.
Lei
11.794
de
08
de
outubro
de
2008.
Disponvel
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11794.htm>.
em
Acesso
em 10 julh.2011
PLANALTO.
Lei
9.099
de
26
de
setembro
de
1995.
Disponvel
em
PLANALTO.
Lei
9.605
de
12
de
fevereiro
de
1998.Disponvel
<http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1998/9605.htm>
Acesso
em
em
17
set.2011
ambiental.
Disponvel
em<http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=608>. Acesso em 11
set.2011
RABISCO
FINO.
Fbrica
de
filhotes.
Disponvel
em<http://rabiscofino.com/petmg/index.php?option=com_content&view=article&id=42
:fabrica-de-filhotes&catid=20:dicas-caes-e-gatos&Itemid=12> Acesso em 07 ago.2011
REVISTA
JURDICA.
Crimes
contra
meio
ambiente.
Disponvel
em<http://portaltj.tjrj.jus.br/documents/10136/30463/crime-ambiental.pdf> Acesso em
20 julh.2011
63
do
PL
4.548/98.
Disponvel
em
circo.
Disponvel
em
<http://www.bdlegislacao.com.br/banco/index.php?option=com_content&task=view&i
d=291>. Acesso em 08 julh.2011
SUPER
ABRIL.
Rodrigo
Vergara.
Temos
este
direito?.
Disponvel
em<http://super.abril.com.br/superarquivo/2001/conteudo_185278.shtml>. Acesso em
11 julh.2011
TINOCO,
Isis
Alexandra
Pincella.
<http://www.abolicionismoanimal.org.br/artigos/
Disponvel
em
leiaroucaavanoouretrocesso.pdf>
Acesso em 05 julh.2011
em
<http://tribunaanimal.org/index.php?/Noticias/ANIMAIS-
BRASIL/Fortaleza/CE-Audi%EAncia-discute-prote%E7%E3o-de-bichos.html> Acesso
em 19 julh.2011
64
substitutivos
ao
uso
de
animais
vivos
no
ensino.
Disponvel
em<http://www.veterinaria-nos-tropicos.org.br/suplemento11/92-95.pdf>. Acesso em
06 julh.2011
WIKIPDIA.
Jeremy
Bentham.
Disponvel
em
WIKIPDIA.
Brandon
Harris.
Assassino
em
srie.
Disponvel
em
WORD
PRESS.
Desensores
de
animais.
Disponvel
em<http://defensoresdosanimais.wordpress.com/publicacoes/frases/> Acesso em 03
ago.2011
WORD PRESS. Cludia Lubrano de Castro. Crianas e animais, anjos lindos e reais.
Disponvel
em<http://diariodeumcao.wordpress.com/2008/07/08/criancas-e-animais-
ZOONOSES.
Silvio
Arruda
Vasconcelos.
Disponvel
em<http://www.praiagrande.sp.gov.br/arquivos/cursos_sesap2/Zoonoses%20Conceito.p
df> Acesso em 16 ago.2011