Petição OI

EXCELENTSSIMA SENHORA DOUTORA JUIZA DE DIREITO DO JUIZADO
ESPECIAL CVEL DA COMARCA DE BARRACO, ESTADO DO PARAN.
Z DAS CUIA, brasileiro, casado, comerciante, devidamente inscrito

no CPF sob o n. 999.999.99-99 e RG sob o n. 9.999.999 SESP/SC, residente e
domiciliado na Rua ...., ...., vem, respeitosamente diante de Vossa Excelncia por seu
procurador signatrio, com fulcro no art. 282 do Cdigo de Processo Civil, propor
AO DECLARATRIA DE INEXISTNCIA DE DBITO C/C REPETIO
DE INDBITO E INDENIZAO POR DANOS MORAIS
em face de OI S.A., pessoa jurdica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n
76.535.764/0321-85, Inscrio Estadual n 90.206.136-34, estabelecida na Travessa
Teixeira de Freitas, 75 PARTE Mercs, CEP: 80.410-040, Curitiba - PR, pelos fatos
e fundamentos que passa a expor.:
I - DOS FATOS
O Requerente titular da linha telefnica residencial 49 9999 9999, da
qual utiliza o pacote OI FIXO para ligaes interurbanas e telefone mvel. Ocorre que o
autor vem sendo surpreendido com a cobrana de planos jamais contratados,
denominados COMODIDADE PACOTE DE SERVICOS INTELIGENTES,
conforme faturas anexas.
Realizadas diversas e incansveis ligaes para o CALL CENTER
afim de contestar as cobranas, estas, quando no caam durante o tempo de espera,
aps um longo marketing, eram transferida por inmeras vezes entres os atendentes,
omitindo o protocolo por suposto problema no sistema.
Contudo, alm de o Autor ficar por varias vezes mais de uma hora ao
telefone para ser atendido, abstendo-se de suas atividades comercirias, continuam as
cobranas.
Portanto, diante da negativa da Requerida em resolver o problema de
forma amigvel, o Requerente se viu obrigado a ingressar com o presente pedido, para
ver satisfeita sua pretenso.
II- DO DIREITO
a) Da tutela jurisdicional
Segundo esse princpio, disposto na Constituio Federal de 1988,
assegurado a todos a possibilidade de socorrer-se ao Judicirio, quando no conseguir
obter espontaneamente a satisfao de um interesse.
Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do
direito vida, liberdade, igualdade, segurana e
propriedade, nos termos seguintes:
XXXV - a lei no excluir da apreciao do Poder
Judicirio leso ou ameaa a direito;
No caso em tela, o autor busca auxlio legal para atender sua vontade,
que fora omitida pela R.
b) Da relao de consumo
Cumpre destacar a aplicao da Lei 8.078/1990 (Cdigo de Defesa do
Consumidor), eis que a relao entre Autor e Ru manifestamente de consumo, como
faz meno o texto da referida Lei:
Art. 2 Consumidor toda pessoa fsica ou jurdica
que adquire ou utiliza produto ou servio como
destinatrio final. (...)
Art. 3 (...) 2 Servio qualquer atividade
fornecida no mercado de consumo mediante
remunerao.
Evidente, portanto, a ligao entre as partes, ratificada pela fatura de

prestao de servios anexa.
c) Da inverso do nus da prova
Inverso do nus da prova serve como uma garantia ao consumidor
para facilitar sua defesa, quando a critrio do juiz for aceitvel a alegao. Tal
possibilidade esta prevista tambm no Cdigo de Defesa do Consumidor:
Art. 6 So direitos bsicos do consumidor:
(...) VIII - a facilitao da defesa de seus direitos,
inclusive com a inverso do nus da prova, a seu
favor, no processo civil, quando, a critrio do juiz, for
verossmil a alegao ou quando for ele

hipossuficiente, segundo as regras ordinrias de
experincias.
Neste caso a vulnerabilidade do Autor, alm de presumida, ampara

pelo principio disposto no inciso I do art. 4, CDC. Sendo parte hipossuficiente da
relao e plausvel as alegaes, o requerente faz jus a tal direito.
d) Da responsabilidade objetiva
Independe da aferio de culpa ou envolvimento a responsabilidade
objetiva deriva da violao de direito de terceiro, conforme estabelece o civilista
SILVIO RODRIGUES:
Na responsabilidade objetiva a atitude culposa ou
dolosa do agente causador do dano de menor
relevncia, pois, desde que exista relao de
causalidade entre o dano experimentado pela vtima e
o ato do agente, surge o dever de indenizar, quer tenha
este ltimo agido ou no culposamente.
Amparado pelo art. 14 da Lei 8.078/1990 e pacificado no TJPR:

Enunciado N. 8.4 Concessionrias de servio
pblico responsabilidade objetiva: Nas relaes de
consumo, a responsabilidade dos concessionrios de
servio pblico objetiva, mesmo quando fundada em
ato omissivo.
Deste modo resta comprovado a aplicao deste princpio ante a

cobrana do servio no requerido, respondendo de forma objetiva devido ao risco
assumido pela r ao prestar o servio de telefonia.
e) Da antecipao de tutela
A respeito do tema FIGUEIRA JUNIOR, afirma:
Trata-se da tutela que pode realizar antecipadamente o
direito afirmado - ou simplesmente antecipar
parcialmente os efeitos da tutela final em virtude de
perigo na demora. A tutela, no caso, satisfativa no
plano ftico, pois realiza o direito antecipadamente.
No tutela cautelar porque esta deve limitar-se a
assegurar a viabilidade da realizao do direito
afirmado. Ora, na tutela cautelar h sempre
referibilidade a um direito acautelado, enquanto que
na tutela sumria satisfativa no h esta referibilidade,

j que nenhum direito protegido ou acautelado.
Na forma do art. 273 do Cdigo de Processo Civil, a prova inequvoca

alcanada pelas faturas juntadas nos autos, podendo o magistrado autorizar a tutela se
assim entender. J a verossimilhana esta presente nos fatos narrados, corroborado pela
notria e triste realidade dos atendimentos via telefone.
Presentes os pressupostos e diante da possibilidade de dano
irreparvel, a Requerida deve abster-se de debitar o pacote de servios
COMODIDADE PACOTE DE SERVIOS INTELIGENTES da fatura do Autor.
Assim requer a estipulao de multa diria para tal medida ser eficaz, nos termos do art.
461 do Cdigo de Processo Civil e art. 84 do Cdigo de Defesa do Consumidor.
f) Do dano moral
Dano moral a dor subjetiva, interior, que fugindo normalidade do
dia-a-dia do homem mdio, venha a lhe causar ruptura em seu equilbrio emocional
interferindo em seu bem estar.
Amparado pelo art. 5, V e X, da Constituio Federal, o dano moral
evidenciando inclusive pelo total descaso com o consumidor e o desgaste psicolgico
imposto, pelas tentativas para solucionar o impasse. A manifesta desorganizao da
prestao de servios pressupe reparao dos danos decorrentes de sua conduta ilcita.
Em concordncia com Cdigo Civil, art. 186 e 927, e com a Lei
8.078/1990 art. 6, destaca-se o entendimento do Egrgio Tribunal Paranaense, analogicamente
ao presente caso:
Enunciado N. 1.6- Call center ineficiente dano
moral: Configura dano moral a obstacularizao, pela
precariedade e/ou ineficincia do servio de call
center, por parte da empresa de telefonia, como
estratgia para no dar o devido atendimento aos
reclamos do consumidor.
Enunciado N. 1.8 Cobrana de servio no
solicitado dano moral - devoluo em dobro: A
disponibilizao e cobrana por servios no
solicitados pelo usurio caracteriza prtica abusiva,
comportando indenizao por dano moral e, se tiver
havido pagamento, restituio em dobro, invertendose o nus da prova, nos termos do art. 6, VIII, do
CDC, visto que no se pode impor ao consumidor a
prova de fato negativo.
Ainda neste sentido:
(...) h, de forma incontroversa, a necessidade de punir

condutas ilcitas, totalmente contrrias boa-f
contratual, a fim de que se cumpra a finalidade
punitiva do instituto do dano moral, devendo ainda ser
levado em conta que por consequncia imensa
quantidade de demandas semelhantes a esta que
chegam ao judicirio todos os dias, h a percepo de
que a conduta da r no configura mera falha na
prestao de seus servios, mas sim uma estratgia
empresarial que visa o locupletamento ilcito. Tal
estratgia ora se refere cobrana de valores irrisrios
por servios no contratados ou utilizados, que,
quando distribudos aos milhes de clientes que as
empresas telefnicas possuem, se somam em quantias
exorbitantes, ora por meio de cobranas pscancelamento ou referentes a contratos inexistentes.
(TJPR - 1 Turma Recursal - 000129182.2014.8.16.0047/0 - Assa - Rel.: Fernanda Bernert
Michelin - - J. 08.05.2015)
Diante do constrangimento, da situao humilhante e desconforto em

que se encontra o Autor, bem como da disparidade do poder econmico existente entre a
Requerida e o Autor, mster se faz que o quantum indenizatrio seja capaz de trazer o
devido apenamento a R, e de persuadi-la suficientemente a ponto de coibir que outros
casos semelhantes aconteam, em valor sabiamente a arbitrada por esta Meritssima
Juza.
g) Da repetio de indbito
Repetio de indbito o direito do consumidor de receber valores
pagos indevidamente. Trata-se de uma modalidade de enriquecimento sem causa,
fundamentada na inexistncia da dvida e em um pagamento indevido por um objeto
lcito. Todavia, conforme a Lei 8.078/90 o Autor possui direito de receber no s a
quantia paga pelas parcelas cobradas indevidamente, mas o dobro de seu valor:
Art. 42. (...) Pargrafo nico. O consumidor cobrado
em quantia indevida tem direito repetio do
indbito, por valor igual ao dobro do que pagou em
excesso, acrescido de correo monetria e juros
legais, salvo hiptese de engano justificvel.
Considerando que os servios questionados somam o pagamento

imrito de R$ 270,85 (duzentos e setenta reais e oitenta e cinco centavos), requer a
condenao da R a restituio em dobro do valor pago, seno R$ 541,70 (quinhentos e
quarenta e um reais e setenta centavos), acrescido de correo monetria e juros legais,
contados desde o incio da cobrana ilegtima dos servios, nos termos do artigo supra
citado.
III- DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer:
a) Que seja concedida a Tutela Antecipada inaldita altera pars, a fim de intimar a
Requerida para que cesse imediatamente a cobrana do servio denominado
COMODIDADE PACOTE DE SERVIOS INTELIGENTES na fatura telefnica do
Autor, bem como seja fixado por V. Excelncia multa por descumprimento da
respeitvel deciso;
b) A citao da R via postal com aviso de recebimento, conforme faculta o art. 18, I, da
Lei n. 9.099/95, para que comparea audincia de conciliao com a advertncia de
que, no comparecendo, considerar-se-o verdadeiros os fatos alegados pelo Autor e
ser proferido julgamento de plano;
c) No mrito, requer que seja deferida a inverso do nus da prova conforme a art. 6 do
Cdigo de Defesa do Consumidor, pela razo da hipossuficincia contratual, com a
finalidade de apresentar aos autos os comprovantes de contratao do referido servio;
d) No mais requer que seja julgada procedente a demanda com resoluo do mrito,
conforme art. 269 incisos I do Cdigo de Processo Civil, ACOLHENDO TODOS os
pedidos alegados pela Autora sendo:
I - Declarar a inexistncia do dbito ante sua ilegalidade, conforme
demonstrado no mrito da presente exordial;
II Condenar a R ao pagamento de R$ 541,70 (quinhentos e
quarenta e um reais e setenta centavos), relativo ao dobro da repetio de indbito,
acrescido de correo monetria e juros legais, contados desde o incio da cobrana
ilegtima dos servios;
III - Converter a Tutela Antecipada em Tutela Definitiva, pelos fatos e
fundamentos assim descritos;
IV - Condenar a parte R em Danos Morais assim fixados por V.
Excelncia, por um quantum razovel, levando em considerao sobretudo o carter
pedaggico da condenao;
e) Protesta por todos os meios de provas admitidas em direito, sendo assim o principal a
prova documental, e depoimento pessoal da Requerida, sob pena de confisso.
D-se o valor da causa de R$ 10.542,00 (dez mil, quinhentos e
quarenta e dois reais).
Nestes termos,
Espera deferimento
Barraco, 07 de maior de 2015.
Advogado
oab

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ESPECIAL CVEL DA COMARCA DE BARRACO, ESTADO DO PARAN.

Z DAS CUIA, brasileiro, casado, comerciante, devidamente inscrito

Evidente, portanto, a ligao entre as partes, ratificada pela fatura de

verossmil a alegao ou quando for ele

Neste caso a vulnerabilidade do Autor, alm de presumida, ampara

Amparado pelo art. 14 da Lei 8.078/1990 e pacificado no TJPR:

Deste modo resta comprovado a aplicao deste princpio ante a

na tutela sumria satisfativa no h esta referibilidade,

Na forma do art. 273 do Cdigo de Processo Civil, a prova inequvoca

Ainda neste sentido:

(...) h, de forma incontroversa, a necessidade de punir

Diante do constrangimento, da situao humilhante e desconforto em

Considerando que os servios questionados somam o pagamento

Barraco, 07 de maior de 2015.

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