Resumo - Interdisciplinaridade e Estudo Criminológico Da Violência Homofóbica
Resumo - Interdisciplinaridade e Estudo Criminológico Da Violência Homofóbica
Resumo - Interdisciplinaridade e Estudo Criminológico Da Violência Homofóbica
RESUMO
No Brasil, at final dos anos 80, havia um verdadeiro silncio sobre os crimes a
pessoas da comunidade queer termo guarda-chuva para descrever pessoas que assumem
diversas configuraes de orientao sexual e identidade de gnero, como gay, lsbica,
bissexual e transgnero.
De fato, a homofobia uma violncia que se articula de forma complexa e sutil ao
atacar as dinmicas das relaes no mundo queer. Inexiste uma violncia homofbica, mas
vrias interfaces de violncia homofbica, podendo se apresentar de forma interpessoal por
crimes de dio (casos de violncia contra a pessoa e violncia sexual), de forma institucional
por um Estado homofbico (interpretao sexista e homofbica da lei penal e prticas
homofbicas pelas agncias punitivas) e de forma simblica pelos processos formais de
informais de elaborao de discurso e da gramtica heteronormativa (cultura homofbica).
Essa estrutura que subjetiva e oprime a comunidade queer, na qual a punitividade se
encontra em vrios aspectos da vida social destes, desde a limitao de seus direitos at a
marginalizao sofrida em mbitos institucionais, fortemente atacada pela teoria queer
teoria social contempornea que busca desconstruir de forma poltica e terica a hierarquia
estabelecida entre htero e homossexualidade, alm de romper com o binarismo e com a
fixidez de conceitos de sexualidade. Alm disso, essa teoria visa a compreender por que as
masculinidades
so
institucionalmente
hierarquizadas,
gerando
uma
forma
de
compulsria. Assim, subordina-se no s a feminilidades, mas tambm a masculinidades noheteronormativas, como as apresentadas pela populao queer.
Logo, a possibilidade de tensionar discursos criminolgicos ortodoxos e crticos e os
avanos verificados pelas problematizaes acerca da heteronormatividade feita pela teoria
queer poder ser uma importante estratgia interdisciplinar, e, inclusive, gerar uma
criminologia queer disposta a compreender a complexidade do contemporneo, abdicando de
modelos totalizadores e criando campos de dilogo para ruptura com a cultura homofbica,
geradora de diversos tipos de violncia contra essa populao. Compreender a construo das
masculinidades hegemnicas e suas formas de produo de violncia, em carter interpessoal,
institucional ou simblico, parece ser um dos grandes desafios do pensamento criminolgico
contemporneo.
Diante dessa problemtica, indagou-se: de qual maneira a teoria queer, enquanto teoria
social contempornea, pode se relacionar com a criminologia num contexto interdisciplinar,
para responder acerca da violncia homofbica brasileira?
Para responder a esse questionamento, o desenvolvimento desta pesquisa constituiu-se
em trs captulos:
Primeiramente, na sesso vises criminolgicas e identidades queer, realizou-se uma
reviso bibliogrfica a fim de compreender o tratamento dado s populaes queer nas
principais teorias criminolgicas, segundo as perspectivas biolgicas, psicolgicas,
sociolgicas e crticas de crime.
Posteriormente, na sesso desafios interdisciplinares de uma criminologia queer,
buscou-se compreender a base da teoria queer enquanto teoria social contempornea e como
poderia ser uma estratgia interdisciplinar para romper as vises heteronormativas de
sexualidade e gnero existentes nas criminologias mais tradicionais.
Por fim, na sesso violncias homofbicas sob enfoque de uma criminologia queer,
analisou-se a constituio da violncia homofbica, enquanto violncia interpessoal,
institucional e simblica, verificando assim as perspectivas que uma criminologia queer
oferecia para compreender e desconstruir- o instituto da construo da masculinidade
hegemnica e suas formas de produo de violncia.
Metodologicamente, recorreu-se a fontes bibliogrficas primrias (dados estatsticos
sobre violncia homofbica e transfbica na Amrica Latina e no Brasil), bibliogrficas
secundrias (livros, artigos, peridicos, dentre outras) e documentais (leis, smulas,
jurisprudncias, dentre outras fontes jurdicas), e outras que se fizeram necessrias. A priori,