Transexualismo - Medicina Legal - Nelson Domingos PDF
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FACULDADE DE DIREITO
MEDICINA LEGAL
TRANSEXUALISMO
Professores:
Dr. Miguel Manuel Melo
Dr. Anglico Joo Paulo Camolacongue
2015
Indice
1.
Introduo
2.
Alinhamento histricos
3.
4.
5.
6.
Os reflexos da alterao da identidade sexual no direito social: uma questo de tica
e justia
7.
Consideraes finais
8.
Transexuais de angola
9.
Transexuais de angola
10.
Transexuais de angola
11.
Referncias bibliogrficas
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1. INTRODUO
Trabalho feito, seguido de perto pelos apontamentos da Dra. Raquel Hogemann e Marcelle
Saraiva de Carvalho na sua obra: O Biodireito de Mudar: Transexualismo e o Direito ao
Verdadeiro Eu.
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2. ALINHAMENTO HISTRICOS
A mitologia Grega traz tambm passagens que possivelmente dizem respeito questo do
Transexualismo, como se pode ver na descrio dos personagens lendrios de Cibele, tis e
Hermafrodito. Narra a histria que Cibele, a grande deusa-me da Frigia, era cultuada em todo
mundo antigo, a ponto de ser confundida com Demter, a me de todos os deuses. Seu amante,
tis, era, ao mesmo tempo seu filho e guardio do seu templo. Quando quis se casar, ela o fez
enlouquecer. tis ento se castrou e se matou. Essa lenda demonstra porque os sacerdotes da
deusa eram eunucos. Foi em homenagem ao acto de tis que os adeptos do culto dessa deusame adquiriram o hbito de se mutilar, enquanto embriagado e xtasidos, durante os festejos
ritualsticos.
Roudinesco & Plon (7), sobre as origens histricas do transexualismo, nos ensinam que: O
desejo de mudar de sexo existia antes da criao do termo "transexualismo", como bem mostra a
histria do abade Choisy (1644-1704), que usava roupas de mulher e se fazia chamar de
condessa de Barres. H, ainda, Charles de Beaumont, cavaleiro don (1728-1810), que serviu
diplomacia secreta de Luis XV vestindo-se de homem ou de mulher conforme as circunstncias.
A primeira cirurgia de transgenitalizao teria ocorrido em Roma, no governo do imperador
Nero. Relata a histria que Nero teria desferido um golpe na barriga de uma mulher grvida que
veio a padecer. Em razo do remorso que o atingiu, Nero tentou encontrar algum que tivesse o
rosto semelhante mulher golpeada, e a pessoa encontrada teria sido do sexo masculino, o jovem
Sporo. Narra-se que Nero ordenou a cirurgia para transformar Sporo em mulher e, aps a
transformao, os dois teriam vindo a se casar. Esse relacto interessante, porm, no totalmente
estreme de dvidas, tendo em vista a poca em que teria se desenvolvido.
Dentro de seu hermtico discurso, Lacan (8) tambm discorre sobre o transexualismo afirmando
que, (...) para aceder ao outro sexo, preciso realmente pagar o preo, justamente aquele da
pequena diferena que passa enganosamente pelo Real por intermdio do rgo, justamente, no
que ele cessa de ser tomado como tal e, ao mesmo tempo, revela o que quer dizer ser rgo: um
rgo no um instrumento seno por meio deste, do qual todo instrumento se funda, que um
significante. Pois bem, como significante que o Transexual no quer mais isso, e no como
rgo. Nisto ele padece de um erro, que o erro, justamente comum. A paixo do transexual a
loucura de querer liberta-se deste erro, o erro comum que no v que o significante o gozo e
que o falo apenas seu significado. O transexual no quer ser mais significado falo pelo discurso
sexual, que, eu enuncio, impossvel. Ele comete um engano, o de querer forar o discurso
sexual que, como impossvel a passagem do Real, querer for-lo pela cirurgia.
A Psicanlise, que est inserida na cincia da psicologia, define o Transexualismo como sendo
um distrbio puramente psquico da identidade sexual, caracterizado pela convio inabalvel
que tem um sujeito de pertencer ao sexo oposto.
Sigmund Freud, que at hoje recebe o ttulo de pai da psicanlise, em seus estudos, afirmava que
o sexual um conjunto de actividades, de representaes, de sintomas, sem relaes com a
sexualidade tal como ela entendida comumente. A palavra sexual, na perspectiva freudiana,
designa, para a psicanlise, um conjunto de actividades sem ligaes com os rgos genitais, no
se devendo, portanto, confundir o sexual com o genital.
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essa relao no plano heterossexual. Enfim, o homossexual no deseja adequar seu sexo, pois se
sente feliz com ele, ao contrrio do transexual, que possui esta aspirao fundamental.
Os transexuais masculinos no so efeminados e sim femininos, enquanto alguns homossexuais
so efeminados e no femininos. Os transexuais femininos no so masculinizados, so
masculinos.
Hermafroditismo Hermafrodita a pessoa que possui rgos sexuais dos dois sexos. Trata-se
de um fenmeno muito raro na natureza. H quem afirme que o transexual uma espcie de
hermafrodita psquico, uma vez que nasce com o sexo biolgico masculino e com o sexo
psicolgico feminino (male to female).
Bissexualidade MIELNIK(19871987:31) observa que, na realidade, a sexualidade humana no
parece depender apenas da presena dos rgos genitais e estmulos hormonais. a quantidade
especfica humana do psiquismo que determina a imensa variedade dos padres
comportamentais em resposta estimulao hormonal. Na criatura humana, a sexualidade
produto da reao do sistema nervoso aos estmulos externos e internos, tornados ainda mais
complexos pela interferncia de factores ambientais.
Travestismo - O transexual na maioria das vezes erroneamente confundido com o travesti.
Mas existem diversidades, pois este indivduo tanto pode ter comportamento homossexual
quanto heterossexual, embora faa uso de roupagem tipicamente conhecida pela sociedade como
pertencente ao sexo oposto. Seu comportamento pode se alterar entre o masculino e o feminino.
Trata-se, portanto, de algum de um sexo com fortes impulsos erticos para utilizar roupas do
outro sexo, com as quais se veste para obter satisfao sexual. No o caso do transexual, pois
se vestir com roupas que a sociedade atribui ao sexo oposto, ao seu sexo gentico lhe natural.
Fetichismo No fetichismo os indivduos manifestam desejos sexuais que se relacionam,
sobretudo, vista ou toque de certos objetos ou de determinadas partes do corpo que no as
sexuais, constituindo os objectos, comumente, smbolos da pessoa amada. Portanto, fetichismo
uma espcie de culto a objetos materiais, consistindo em amar no a pessoa, mas uma parte dela
ou um objeto de seu uso. No o caso do transexual.
Transexualismo O termo transexualismo foi ouvido pela primeira vez em 1953, quando o
mdico norte-americano Henry Benjamin (endocrinologista) referiu-se ao caso da divergncia
psico-mental do transexual (MIELNIK,1987:32). O sufixo ismo aplicado na Medicina
geralmente para designar uma doena, sendo ainda empregado, no caso em tela, por constar do
CID 10 Classificao Internacional de Doenas como uma anomalia (F 64.0), um transtorno de
identidade de gnero. O transtorno de identidade de gnero um transtorno de ordem psicolgica
e mdica, segundo a maioria dos autores, sendo uma condio em que a pessoa nasce com o sexo
biolgico de um sexo, mas se identifica com os indivduos pertencentes ao gnero oposto, e
considera isso como desarmnico e profundamente desconfortante. um desejo de viver e ser
aceito enquanto pessoa do sexo oposto. Geralmente, acompanhado de um sentimento de malestar ou de inadaptao ao seu sexo anatmico, manifestando desejo de submeter-se a uma
interveno cirrgica e a tratamento hormonal, com o intuito de adequar seu corpo ao sexo
almejado.
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Dizer que todos so iguais perante a lei no suficiente. preciso fazer valer o ideal de justia,
com a satisfao dos anseios e interesses individuais e sociais. O juiz e o promotor so
considerados pessoas observadoras das necessidades sociais, emitindo pareceres e julgando
como pessoas actualizadas e informadas, no se prendendo a preceitos do passado, j superados
pelas novas descobertas. O reconhecimento desse direito est em conformidade com as
tendncias do direito civil actual, mais preocupado com as aspiraes individuais que com a
manuteno de constrangimentos sociais, os quais no servem a ningum, muito menos
sociedade.
3.2 PROCESSO DE REDESIGNAO PSICOSSOCIAL
Toda a probelmtica psico-social da transexualidade coloca o Direito diante de um dos mais
instigantes temas jurdicos a reclamar regulamentao, pois diz com a identidade do individuo e
se reflecte na sua insero no contexto social. Existe uma ruptura entre o corpo e a mente do
transexual, que se sente como tivesse nascido no corpo errado, como se esse corpo fosse um
castigo ou mesmo uma patologia congnita. Assim as tentativas de psicoterapia aplicadas em
transexuais so ineficazes, uma vez que ele no deseja adaptar seu sexo psquico ao seu sexo
biolgico, mas ao contrrio. Tambm no daro certas as terapias que objetivarem trazer
equilbrio emocional pela aceitao de sua condio pessoal (MENIN,2005:21).
O transexual se considera pertencente ao sexo oposto, entalhado com o aparelho sexual errado, o
qual quer ardentemente erradicar. O transexual masculino tem ego corporal e psquico femininos.
O transexual feminino , evidentemente, o contrrio (VIREIRA, 2008:221). O que define e
caracteriza a transexualidade a rejeio do sexo original e o conseqente estado de insatisfao.
A cirurgia apenas corrige esse defeito de algum ter nascido homem num corpo de mulher ou ter
nascido mulher num corpo de homem (COUTO, 1999:28).
No a pessoa transexual ficar totalmente desprotegida, ridicularizada em seu sofrimento e
margem da sociedade, sem possibilitar-lhe a alterao do seu nome e do seu sexo em virtude de
um preconceito e de uma fobia social que, ao negar proteco aos seus direitos fundamentais,
visam punir a pessoa transexual por algo que ela no tem culpa, por algo que no mera opo,
mas necessidade psicolgica imutvel (VASSILIEFF, 2005:9).
Psicanalistas norte-americanos consideram a cirurgia correctiva do sexo como a forma de buscar
a felicidade ao que denominam um invertido condenado pela prpria anatomia (GRAA,
1996:11). Eventual no coincidncia entre o sexo anatmico e o psicolgico gera problemas de
diversas ordens. Alm de profundo conflito Individual, h repercusses nas reas mdica e
jurdica, pois o transexual tem a sensao de que a biologia se equivocou com relao a ele
(OLAZBAL, 2001:169)
Ainda que rena no seu corpo todos os caracteres orgnicos de um dos sexos, seu psquico
prende-se, irresistivelmente ao sexo oposto. Mesmo sendo aparentemente normal, nutre
profundo inconformismo com o seu sexo biolgico. O intenso desejo de modific-lo leva busca
de adequar a externalidade sua alma. O processo de redesignao comea com o vestir-se como
o outro sexo, passa por tratamento hormonal e teraputico e impe a realizao de inmeras
cirurgias. No um processo passageiro. a busca consistente de integrao fsica, emocional,
social, espiritual e sexual, conquistada com muito esforo e sacrifcios por pessoas que vivem
infelizes e muitas vezes depressivas quanto ao prprio sexo (COUTO,1999:20).
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Mas esta terapia s ter efeito se a ordem jurdica a receb-la; caso contrrio, as experincias
discriminatrias e estigmatizantes que vivem no sero alteradas. Ou seja, se cabe medicina
intervir por meio de um processo teraputico para mudar os documentos, este s se completa
com a deciso judicial que o reconhece.
A nova tenso trazida por esta questo repousa no abalo que causa no modelo normativo dos dois
sexos ou de dois gneros que devem se corresponder mulher/feminino homem/masculino e
na necessidade de se considerar possibilidades como a no adopo do critrio biolgico para a
identificao civil e para o acesso a uma srie de outros direitos.
As situaes de ambiguidades sexuais (hermafroditismo, intersexualidade) no so novas para o
direito, igualmente as injustias decorrentes das classificaes relacionadas ao gnero e
sexualidade, j que, ao classificar, a lei passou tambm a discriminar, como discutem e
demonstram as pesquisadoras feministas acerca das causas e dos efeitos dessas discriminaes.
O que interessante de observar que, apesar de todas as transformaes estabelecidas
moderadamente nos ordenamentos jurdicos e da intensa ao jurdica e poltica das feministas,
homossexuais, transexuais, travestis e bissexuais, permanecem relativamente intocveis os
fundamentos do natural modelo dos dois sexos e a classificao sexual construda sobre a
diferena anatmica entre os sexos e sua configurao biolgica.
Na questo especfica dos transexuais, a ao jurdica e poltica desses grupos vem consolidando
o entendimento jurisprudencial de que o estado civil das pessoas no um elemento
indisponvel, permitindo desde a mudana de nome, a troca de estado civil e, passando pela
interveno cirrgica, o direito assume a identidade sexual como elemento preeminente do livre
desenvolvimento da personalidade, e de alguma forma reconhece a autonomia sexual, permitindo
pensar a adopo de novos paradigmas.
O ponto central do tema do transexualismo a existncia de uma possibilidade tcnica de
alterao do corpo, e a compreenso, a valorao ou o julgamento, em relao ao desejo e ao
pedido da pessoa para tanto. Para alguns, o terceiro sexo; para outros, a denncia de que as
identidades rgidas no servem para a garantia da dignidade, ou seja, so desnecessrias. E h os
que consideram ser um desvio, doena gentica, problema psquico; ou, para os mais simplistas.
pouca vergonha. Neste artigo, no se vai responder questes, mas formul-las como estratgia
para compreender a complexidade do tema.
5. ALTERAO DO NOME CIVIL E DA IDENTIDADE DO GNERO
O registo civil serve para fixar os principais factos da vida humana, por meio de um conjunto de
actos autnticos, tendentes a fazer prova segura e inconteste do estado da pessoa, status que
consiste no seu modo particular de existir (LUCARELLI, 1991:220). O nome identificador
essencial da pessoa. O art. 72. do Cdigo Civil Angolano (CC), dispe que toda pessoa tem
direito a usar o seu nome, completo ou abreviado. E a opor-se a que outrem o use ilicitamente
para a sua identificao ou outros afins.
A sociedade tem interesse em no confundir seus membros entre si, e a esse interesse pblico se
soma o interesse privado do indivduo em se identificar e no ser confundido com outrem[7].
Assim, o nome deve refletir o mago da personalidade individual, condizer com seu estado
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pessoal e social, bem como deve estar consorte com o seu psiquismo, sua honra, imagem pessoal
e social, no podendo ser ridculo ou vexatrio (VIEIRA, 2008:48).
Aps o processo de transformao a que se submetem os transexuais, por meio de hormnios e
intervenes cirrgicas, para adaptar o sexo anatmico identidade psicossocial, questo de
outra ordem se apresenta. Inquestionavelmente aflitiva a situao de quem, com caractersticas
de um gnero, tem documentao que o declara como pertencente ao sexo corporal em que foi
registado.
O nome deve existir para identificar a pessoa e no para exp-la ao burlesco. Alis, se h
estranhamento nos casos de transexualidade este muito se relaciona patente desconformidade
da aparncia fsica e psquica do indivduo com o exarado na sua documentao legal.
No entanto, muitas so as objees para negar a mudana da identidade. Um dos fundamentos
de natureza do registo, n. 1, alinea C, do artigo 128., conjugado com o artigo 129. e 131. do
Cdigo do Registo Civil (CRC). que o Cdigo do Registo Civil probe vindicar estado
contrrio ao que resulta do registo de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade constante
do artigo 113. CRC.[8] Como o registo foi levado a efeito consignado corretamente o sexo
aparente, a alegao de que no teria havido qualquer erro, o que serve de justificativa ao
indeferimento do pedido de retificao do registo. Alis, a retificao do registo em Angola s se
faz alegando a legitimidade do filho, como estatui o artigo 143. CRC, conjugado com o artigo
145. do respectivo diploma legal. Olvida-se quem assim pensa, o direito identidade tem
assento constitucional no seu artigo 32. epigrafado, Direito a identidade, a privacidade e a
intimidade. Est inserido na sua norma de maior relevncia, que proclama o princpio do respeito
dignidade humana.[9] Trata-se de uma espcie do direito de personalidade inalienvel,
irrenuncivel, imprescritvel e impenhorvel.
Na busca da alterao, merece ser invocado o Captulo III da CRA 2010, epigrafado como
Direitos e Deveres Econmicos, Sociais e Culturais, que dentre os direitos sociais, assegura o
direito sade, encargo que imposto ao prprio Estado, a saber: artigo 76., 77., 78., 79.,
80., 81., 83., 85. So direitos sociais o ensino, cultura e desporto, a infncia, a juventude, a
sade e proteco social, o trabalho, a habitao e a qualidade de vida, a segurana social, a
proteco, maternidade e infncia, a assistncia aos deficientes e em qualquer forma de
incapacidade.
Conforme a Organizao Mundial da Sade (OMS): Sade o completo estado de bem-estar
fsico, psquico e social. A falta de identidade do transexual provoca desajuste psicolgico, no
se podendo falar em bem-estar fsico, psquico ou social. Assim, o direito adequao do registo
uma garantia sade, e a negativa de modificao afronta imperativo constitucional, revelando
severa violao aos direitos humanos.
Nenhuma justificativa serve para negar a mudana, no se fazendo necessria sequer alterao de
dispositivos legais para chancelar a pretenso. Os direitos de personalidade, segundo
FERNANDES (2004:131), so direitos subjetivos num duplo sentido. Alm de pertencerem a
cada pessoa, tambm so direitos cujo contedo e respeito, dependem de maneira importante, da
vontade de cada um. E conclui o autor que cabe a cada um definir sua personalidade. Imposta do
exterior, a noo de personalidade perde seu sentido[10].
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9. Transexuais de Angola
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