A Vida e Traicao - Luis Cezar de Arauj
A Vida e Traicao - Luis Cezar de Arauj
A Vida e Traicao - Luis Cezar de Arauj
A Vida Traio
CONTOS
Editor:
Diogo de Almeida Fontana
Reviso:
Fausto Machado Tiemann
Capa:
Peter OConnor
Todos os direitos desta edio reservados
Livraria Danbio Editora Ltda.
Alameda Prudente de Moraes, 1239, Centro.
80430-220. Curitiba-PR
Proibida toda e qualquer reproduo desta
edio por qualquer meio ou forma, seja ela
eletrnica ou mecnica, fotocpia, gravao ou
qualquer outro meio de reproduo, sem
permisso expressa do editor.
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AGRADECIMENTOS
Os recursos para a publicao deste livro foram
levantados com doaes privadas por meio de
financiamento coletivo.
O editor e o autor agradecem a todos aqueles que
contriburam financeiramente, em especial aos
nossos grandes mecenas:
Andr Alves Ribeiro do Couto
Andr Luiz de Arajo
Andr Luiz da Silva Nogueira
Fbio Pereira
Francisco Escorsim
Hermes Rodrigues Nery
Pedro de Franco
Tadeu Kangussu
SUMRIO
Discrdia
A Vida Traio
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Um Grande Homem
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Os Vermes
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Um Dndi, um Beletrista
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DISCRDIA
I A Profecia de So Joo Maria
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A mo inteira!
No duro?
No duro! A mo direita.
Histeria, gritinhos, caras de nojo,
persignaes. Dona Ivonete contava que ficou to
assustada que queimou tudo. Agora queria o
dinheiro de volta.
Mas bem capaz mesmo, bem capaz!
Olha, a senhora me faa o favor, telha boa!
Vendo resistida a pretenso de sua tia,
Jeniffer iniciou um apitao. Algum, sacando de
um telefone, gritou do fundo:
Pera que eu j sei quem pode ajudar a
gente! O nosso vereador Leito Silva! Pera que eu
to ligando pra ele.
O vereador atendeu, e assim entrou em
nossa histria.
Quando quem ligou disse o vereador
atendeu!, todos calaram, e imediatamente
comearam a pedir silncio: O vereador
atendeu!, sssshhhh, sssshhhh, O vereador
atendeu!. Dona Clia quis falar, naturalmente.
Passa pra mim, passa pra mim que eu
negocio. D aqui. Brigado, filho. Pede pra ficar
quieto a, agora. Jeniffer, pra!
Enquanto dona Clia iniciava a conversa
com o vereador Leito Silva, seu Generoso pedia
licena, quase pedindo perdo, e ia encaminhando
um a um porta, aproveitando-se do silncio.
Dona Clia ouve atenta, grave. Concorda,
balana a cabea, vai at a porta, acende um
cigarro, morde os beios, replica ao vereador que
isso um absurdo, concorda, discorda, exclama
e gesticula. Voltando-se para o interior da loja,
encara seu Generoso com os olhinhos
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XIII Desiluso
Depois desses sonhos, permanecer em
Discrdia pesava-lhe como uma condenao ao
degredo.
Quando viu que o mesmo povo que
participou da destruio do centro da cidade
(segundo os relatos que ouviu do padre e do
reitor, e pelo que pde ver depois) oferecia o
funeral de um imperador romano a um punhado
de telhas, retiradas de um chiqueiro e um canil, ao
som do Bolero de Ravel e bales brancos, o nosso
causdico quis fugir imediatamente, sem falar nada.
Sair sem dar explicaes a ningum, passar a chave
no escritrio, abandonar os processos em
andamento, abandonar a faculdade e seus
sonolentos alunos, refugiar-se para sempre em sua
vila.
Enfim decidiu-se. Iria mesmo embora. Por
considerao aos clientes, substabeleceu os
mandatos ao escritrio dos irmos Taborda, sem
exigir nada em troca, o que s fez crescer entre o
povo sua fama de homem bom. O padre e o reitor
viram nisso um sinal da prodigalidade prpria dos
malucos. Com os livros na caamba da
caminhonete, fechou o escritrio e dirigiu-se
seccional da Ordem dos Advogados do Brasil.
Quero cancelar minha inscrio nesta
insigne corporao de ofcio disse atendente
do balco.
Qual o motivo, doutor?
Preciso dar motivo? A histria longa
e voc no vai entender, minha filha.
Mas o formulrio de pedido de
cancelamento diz que preciso explicar o motivo.
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XV - A Terapia
Uma vez por semana, pelo menos, o
doutor Gusmo corta o lago em direo margem
oposta. Subindo meia hora pela mata, h um
claro com grama e um laguinho de gua gelada
que desce do morro num riacho e, caindo da pedra
uns cinco metros, forma uma bela cachoeirinha.
a que o nosso filsofo faz a sua terapia, como
ele chama.
Nu, o doutor Gusmo coloca a cabea
embaixo da torrente de gua e grita. A plenos
pulmes grita alto, forte, grunhidos com a boca
aberta debaixo do jorro dgua; s vezes chama
alguns nomes, s vezes risos loucos entrecortam
os gritos. Brados de triunfo alternam com urros
guturais; balbucia oraes, trechos de Salmos,
palavres. Ou s berra, simplesmente, por um ou
dois minutos, gritos que ecoam no silncio da
mata fechada e pem em debandada passarinhos
assustados. E sai aliviado. Manso como um leo
no jardim do den.
(Um ndio que passasse ali dois
quilmetros de mata adentro h uma tribo de
ndios aw-guj decerto correria assustado, ou
atacaria a flechadas aquela capivara enorme,
bisonha, com a cara larga coberta de plos
brancos, que julgaria, o silvcola, assobiar no ato
de beber gua. noite, na roda de cachaa em
torno da fogueira, contaria para perplexidade de
todos na tribo a cena horripilante da cachoeira. E
chega, que ainda no hora de meter ndio nesta
histria.)
Mas por que nu? H de perguntar a casta
leitora. Doutor Gusmo, embrenhando-se na mata
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A VIDA TRAIO
I Estudantes
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II Formados
Formaram-se. Richard, como previsto, foi
efetivado, recebeu um pequeno aumento de salrio
e era agora advogado. Participou da colao de
grau e do baile; Luciano, no. Com muito esforo,
Rosalina e Charles pagaram durante trs anos a
mensalidade da comisso de formatura: faziam
questo de ver o filho receber o diploma de
bacharel em Direito. Metida num vestido
vermelho justo e cafona, e exibindo um penteado
extravagante, Rosalina tinha lgrimas nos olhos a
borrar-lhe a pesada maquiagem, e um orgulho que
no cabia no peito. Dizia que aquele era o dia
mais feliz da sua vida. Charles, apertando a mo
da esposa, com um sotaque ainda carregado, dizia
que valeu mesmo a pena ficarr no Brrasil.
Luciano deplorava como estpida
futilidade aquelas formalidades de concluso do
curso. Vivendo miseravelmente num quarto de
penso, mal tinha dinheiro para comer e fumar,
que dir para pagar tal celebrao em companhia
de idiotas deslumbrados, que era como tinha em
conta os colegas de turma. Sua colao de grau foi
numa quinta-feira tarde, chuvosa como teria de
ser, na sala do diretor do curso. Fez o juramento
cuja frmula repetiu hipocritamente e com o
pensamento longe na presena do diretor e de
uma secretria da faculdade, recebeu o diploma e
voltou para a CEU. Pendurou o terno num prego
atrs da porta do quarto 113 e foi dormir. Tinha
apenas o dinheiro da ltima bolsa-auxlio um
salrio mnimo que recebera no ltimo ms de
estgio, e estava desempregado. Formado, no
poderia mais continuar estagiando. Desnecessrio
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Rezarei.
Despediram-se. Richard rumou, ereto,
lentamente, mos nas costas como um Guimares
Rosa, a cabea baixa; em direo igreja. Na
esquina da Ermelino de Leo com a Tiradentes,
estacou. Confuso, teve vontade de dobrar direita
e ir ao banco, rever os colegas, conversar um
pouco, fazer-se visto, alertar que a petio do
processo X, cujo prazo vencia hoje, estava pronta,
na sua pasta. Tinha uma vaga esperana, pensava
que talvez sua apario fizesse o antigo chefe
perceber seu devotamento ao banco; talvez
mudassem de idia quanto sua demisso. O sinal
de pedestres tornou a fechar. Richard estava
imvel, mos nas costas. Um nibus buzinou e
Richard tornou a si. Logo viu quo estpida era a
idia, e foi ao culto.
No conseguiu rezar. No plpito o Pastor
cantava, Segura na Mo de Deus, entrecortando
oraes em lnguas estranhas. As cadeiras brancas
de plstico estavam vazias. Os obreiros circulavam
com os olhos semicerrados e as mos estendidas,
orando pelos corredores. Um ventilador prendeu
sua ateno e levou-o de volta ao passado: era
igual ao do banco. O ventilador foi para Richard o
que foi a xcara de ch para Proust. Encolhido
numa das cadeiras brancas de plstico, Richard se
lembrou da sua sala no banco, da sua mesa, dos
outros ventiladores, dos colegas, da antiga rotina, e
entristeceu profundamente. Imaginar que naquele
momento todos estavam l trabalhando, e talvez
nem lembrassem mais dele, o deprimiu. No
conseguiu rezar.
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Num final de expediente de uma segundafeira modorrenta e de muito calor, aps despedir
um cliente, pr em ordem os livros e lavar as
xcaras, Richard perguntou:
Hoje dia de culto da prosperidade.
Vamos?
Sem levantar os olhos do monitor,
Luciano respondeu:
No, obrigado, estou enrolado aqui
com uns embargos.
Condenando o amigo ao inferno com os
olhos, Richard pensou que, se ele estava enrolado,
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UM GRANDE HOMEM
De forma alguma.
Sou servidor pblico.
Dito isso, calou.
Certo. E como vai o casamento? E o
trabalho?
Vo bem.
E por que ento a angstia?
Porque sou um gnio.
Ao ouvir isso, inclinei levemente a cabea,
apoiando-a no brao, e ergui as sobrancelhas, num
gesto de enfado que no pude disfarar; puxando a
cadeira para trs, cruzei as pernas. Fez-se uma
pausa. Esperei que o gnio continuasse.
Percebendo que calava, prossegui:
Vejo pela ficha que o senhor tem 35
anos. Acaba de me contar que servidor pblico,
e pai de dois filhos, e que o casamento e o
trabalho vo bem. Presumo que realizes obras
geniais, senhor Alfredo. Quais so?
Chegamos logo no n grdio do
problema, doutor. Sou um gnio em potencial. E
como disse Schiller, Que cruel o intervalo entre a
concepo de um grande projeto e a sua execuo! Quantos
terrores vos! Quantas irresolues. Trata-se da vida
trata-se de muito mais: da honra. Conhece Schiller,
doutor?
No, no...
Ento anota a, doutor: S C H I L L
ER.
Anotado, senhor Alfredo, muito
obrigado. Schiller. Anotado.
O paciente prosseguiu:
Mas eu dizia... Cada minuto da minha
vida que passa aumenta a minha desonra, e
aumenta, pois, a minha angstia. Entre a
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Claro,
mas
eu
dizia,
a
hipersexualidade...
Fui novamente interrompido.
Gosta de Nelson Rodrigues?
Conheo pouco, vi alguma coisa na
televiso...
Ah! Boa! Vi na televiso!. Ento no
conhece. Saiba que este que enterramos no faz
trs anos lembre a leitora que eu disse que
falaria de cousas velhas de trinta anos, doutor,
de longe o maior poeta dramtico que j apareceu em
nossa literatura, e quem falou isso foi o nosso
maior poeta, Manuel Bandeira; o maior dramaturgo
brasileiro de todos os tempos, e quem falou isso foi
Jorge Amado. Se o senhor conhece apenas as
adaptaes para a televiso que vm sendo
exibidas, ento no conhece nada. Doutor, antes
das peas, o senhor deve leranota a...
No precisa, no precisa, vou buscar
me informar melhor, e ler os livros. Mas eu dizia, a
hipersexualidade, assim como a euforia e a
loquacidade...
Doutor, Nelson Rodrigues disse que s
as mulheres frias no traem. O senhor casado?
Sim, mas veja bem...
Calma, doutor, no se preocupe, no
vou cometer a indiscrio de lhe perguntar se sua
mulher fria.
Essa nossa segunda consulta estava apenas
no comeo, e eu j estava perdendo a pacincia
com aquela algaravia. Mas Alfredo prosseguiu:
O ponto outro, doutor. Esta semana
fiz o teste. O senhor v que sou bonito, no?
Sim, claro, muito bonito.
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V - O Suicida
Boa tarde, senhor Alfredo, como
passou a semana?
Mal. Tenho pensado seguidamente em
suicdio. Agora, alm de um escritor medocre, um
artista sem poesia, um burocrata vulgar, afastei-me
da f, de modo que no tenho mais nem o paraso
celeste nem tampouco a minha genialidade. Tu e
teus malditos remdios! Minha vida estpida no
vale a pena ser vivida. A duras penas redigi meu
epitfio, o qual, admito, resume uma vida banal.
Desde o ponto de vista literrio deprimente, tal
a falta de estilo que de mim se apoderou. Doutor,
eu, quando me encher disso tudo, no vou apenas
sair do emprego, do casamento, sair de casa, ou
mudar de cidade; saio logo da vida. Ah, malditas as
leis divinas contra o suicdio! Tome, leia meu
epitfio.
Passando-me um papel, Alfredo tinha os
olhos fundos e a mo trmula.
No necessrio. Guarde-o. Suspenda
a medicao. Tome aqui estes remdios, so
amostras de um laboratrio, vo te fazer bem.
Pedi minha secretria um copo dgua. E
ordenei que telefonasse para a esposa do senhor
Alfredo.
Rosilene, ligue para a esposa do senhor
Alfredo, que venha busc-lo. Senhor Alfredo
prossegui estes remdios lhe faro bem. Tenho
certeza que traro de volta o gnio da primeira
semana. No duvido que me aparea aqui semana
que vem com uma obra-prima, pronta para ir ao
prelo, e de l para a ovao, para a aclamao da
crtica e os aplausos do pblico.
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OS VERMES
I - A bomba, o Alves e a Praa
Cerca de um ano atrs, logo que cheguei
ao trabalho, numa montona e fria manh de
sexta-feira, recebi pelo sistema de comunicao
interno da empresa a seguinte mensagem do meu
amigo Joo Alves:
Preciso falar com voc. urgente.
Vamos almoar.
Perguntei sobre o que era.
No posso falar por aqui, s
pessoalmente; s digo que srio, uma bomba.
Imediatamente passei a mo no telefone e
disquei seu ramal. Ele insistiu:
No posso falar. Vamos almoar. Te
encontro ao meio-dia, l embaixo.
Trabalhamos em Curitiba para uma grande
empresa holandesa de telecomunicaes; eu no
departamento financeiro, ele na rea de tecnologia.
Sou controller, ele programador.
Se somos amigos? No saberia diz-lo.
Conhecemo-nos seis meses antes de se passarem
os fatos que vou narrar, numa festa da empresa.
Almoamos juntos algumas vezes, e logo
identificvamo-nos como se identificam dois
sujeitos socialmente inaptos, esquisitos, que
compartilham as mesmas ambies, os mesmos
gostos, que querem as mesmas coisas e rejeitam as
mesmas coisas e, ento, esses dois sujeitos se
encontram. Liga-nos um profundo desprezo, que
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Levantando-se e me encaminhando
porta, agradeceu enfaticamente e perguntou o que
eu queria. Disse-lhe que desejava apenas o bem da
companhia, e se possvel uma promoo e um
aumento de salrio, para mim e para o Alves. O
holands disse que eu aguardasse em breve um
contato da sua secretria. A reunio no deve ter
durado mais do que cinco minutos.
Como recompensa imediata recebemos, eu
e meu amigo, quinze dias de folga, com
pagamento adiantado do salrio daquele ms e um
bnus equivalente a nossa remunerao anual.
Seremos bem recompensados, voc vai
ver me garantia o Alves. Esse bnus s
uma mostra. um bom sinal.
Estvamos espantados com o feito, e
obcecados pelo assunto. Os dias que se seguiram
foram de tortura. Esses dias de ociosidade
passaramos conjecturando nosso futuro. Quinze
dias! Concordamos que demorariam uma
eternidade.
Informao poder repetia o Alves.
Fizemos a coisa certa. No tenho dvidas, voc
vai ocupar o lugar do Coimbra. Ser gerente
financeiro. Sei que falava para me insuflar a
cobia.
Mas ele mesmo, mudando o tom,
adquirindo um ar demonaco, j emendava:
E se essa histria de frias e bnus for
um mero pretexto para nos afastar j da empresa,
e daqui uns dias simplesmente nos demitirem?
No te passa pela cabea que podem neste
momento nos considerar dois vulgares delatores,
carreiristas que se vendem fcil, gente desprezvel?
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Um Dndi, um Beletrista
I - Um Dndi, um Beletrista
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IV - Um Mandamento
O meu interesse aumentava. Meu
trabalho no rendia mais. Passava o dia a
interrogar o pedreiro. Quer dizer que meu
pedreiro presenciou mais eventos bblicos
histricos, como o sermo da montanha, e no me
contava porque no convm? Imagine o leitor. Eu
j o olhava como a um ser superior, um iluminado.
O que mais teria visto? A Crucifixo? A Assuno
ao cu? Do que mais teria participado? Do coro
por Barrabs? Santo Deus!
Um dia, porque continuasse a lhe
interrogar, ele me disse:
Ah, lembrei-me de uma coisa, seu
Otvio.
Imagine nesta hora o nobre leitor, a
distinta leitora, o meu espanto, a minha
curiosidade.
Eu estava andando na grama verde,
sob o cu azul etc. quando de uma coluna de fogo
saiu uma voz que me dizia, que ordenava: Jos
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V - O Purgatrio
E o purgatrio, seu Z?
No me lembro de nada, seu Otvio.
Como assim, nada? Mas no ficou l
o senhor por onze dias? Se no se lembra de nada,
como sabe ento que ficou onze dias?
, seu Otvio, cabeo, t burro ?
Se eu fiquei doze dias em coma, um no cu, e se
passei pelo purgatrio, ento foi l que eu fiquei os
outros onze, n? s fazer as contas, porque do
inferno ningum sai.
Como?
S fazer as contas...
Pode ser. Mas se no se lembra de
nada, como sabe que era o purgatrio?
Na verdade eu lembro s da hora de
ir embora do purgatrio, depois que meus pecados
foram perdoados.
Conta direito isso a, seu Z!
Foi assim: no ltimo dia Nossa
Senhora me levou pela mo at a beira de um lago
e me disse que pela f em Nosso Senhor Jesus
Cristo meus pecados haviam sido perdoados e
lanados no fundo do mar do esquecimento, no
oceano profundo onde as guas tm frio e
sonham, que eu estava salvo e ia pro cu. Mandoume entrar no barco, um barquinho pequeno,
desses de motor... Sabe, seu Otvio? E disse pro
sujeito que dirigia o barco seguir uma estrela que
ia passando, que eu estava salvo.
...
Seu Otvio? Seu Otvio?!
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