Marques Rebelo
Marques Rebelo
Marques Rebelo
Marques Rebelo, pseudônimo literário de Eddy Dias gundo conta,[8] faz-se em seguida formado em assuntos
da Cruz (Rio de Janeiro, 6 de janeiro de 1907 — Rio da Grande Guerra. O aprendizado das primeiras letras,
de Janeiro, 26 de agosto de 1973), foi um escritor brasi- completou-o à escola de dona Rosinha Ede (retratada no
leiro que se filiou na tradição literária iniciada por Manuel conto “História”, de Oscarina), onde lhe desperta o vo-
Antônio de Almeida e continuada por Machado de Assis raz hábito de leitura o romântico Coração, de Edmundo
e Lima Barreto. de Amicis — primeira obra lida e que o marcará como
escritor.
Vocacionado e influenciado pelo pai, é de sua estadia em
1 Biografia Minas Gerais, sobretudo entre os 9 e 11 anos, a leitura
e absorção da Bíblia e de bastantes obras literárias, no
mais francesas, nórdicas, portuguesas e brasileiras, entre
as quais as de Anatole France, Honoré de Balzac, Selma
Lagerlöf, Andersen, Luís Vaz de Camões, Camilo Cas-
telo Branco e Olavo Bilac.
De volta ao Rio, agora instalado em Copacabana (onde
trava amizade com Augusto Frederico Schmidt), é prová-
vel tenha cursado o antigo ensino secundário no Colégio
Andrews (c. 1918-1923), submetendo-se a preparatórios
examinados em 1924 e 1925, no Colégio Pedro II.
Aos quinze anos (1922), porém — descobertos Manuel
Antônio de Almeida e Machado de Assis —, fora levado
pelo pai a ter um triênio de aulas com o gramático e fi-
lólogo Mário Barreto (retratado em “Depoimento Sim-
ples”, de Oscarina), filho do também filólogo Fausto Bar-
Da esquerda para a direita, Aurélio Buarque de Holanda, Mar- reto (este, autor de Antologia Nacional, junto de Carlos
ques Rebelo e Otávio Tarquínio de Sousa em janeiro de 1943. de Laet) e que lhe ensinou latim, submeteu-o a rigorosas
redações semanais (com temas estipulados) e lhe apre-
Nasceu na Rua Luís Barbosa, nº 42[1][2] , bairro de Vila sentou a clássicos portugueses, estudos que lhe incutiram,
Isabel, zona norte da cidade do Rio de Janeiro, de onde ou reforçaram, profundo desvelo pela língua portuguesa e
aos quatro anos, por motivos de saúde familiar, muda-se que concorreram para a eficiência e fluidez de sua prosa.
para Barbacena, Minas Gerais, onde seu pai funda uma
Rebelo chega a cursar três anos de Medicina pelos fins
fábrica de especialidades farmacêuticas[3] (não sem antes
da década de 1920[9] , abandonando-o no entanto, para,
passarem por Ilhéus e Sítio), e ali permanece com a fa-
dedicando-se intensamente à vida de escritor, trabalhar
mília até 1918 ou 1919, data em que a Gripe Espanhola
no comércio (Cia. Nestlé) e, mais tarde, no jornalismo
parece ali também grassar entre seus parentes e familia-
(1951), havendo bacharelado-se em Ciências Jurídicas e
res, qual sugere a sua obra literária, de inspiração autobi-
Sociais em 1937 pela Faculdade Nacional de Direito da
ográfica. Seu pai era o químico, empresário e professor
Universidade do Brasil (atual UFRJ) e a diplomar-se, em
Manuel Dias da Cruz Neto[4] , neto do segundo Barão da
1945, pelo Curso de Extensão Universitária de Literatura
Saúde[5] (renomado e rico comerciante de madeiras, por
Norte-Americana, do Instituto Brasil-Estados Unidos e
D. Pedro II agraciado a um ano da Proclamação), funda-
Universidade do Brasil, com tese sobre o escritor norte-
dor da Quimioterápica Brasileira Limitada e professor da
americano Bret Harte.
Escola de Farmácia do O'Grambery (Juiz de Fora) e da
Escola de Agronomia do Estado do Rio (Niterói)[6] , e sua Casado de 1933 a 1939 ou 1940 com dona Alice Dora de
mãe, dona Rosa Reis Dias da Cruz[7] , da família Rebelo Miranda França (de quem teve os filhos José Maria Dias
Reis, proprietária de fazendas e caieiras em Cantagalo e da Cruz, renomado artista plástico, e Maria Cecília Dias
Magé. da Cruz, uniu-se em 1940 ou 1941 com Elza Proença (†
1998), que lhe foi secretária até ao fim da vida.
A contar cinco anos, por ligeiras instruções familiares,
aprende a ler a sós com a revista O Tico Tico, da qual
rapidamente passa à Gazeta de Notícias, pela qual, se-
1
2 6 REFERÊNCIAS
3 Lista de obras
4 Obras póstumas
Marques Rebelo (de costas) com: Adalgisa Nery, Jango, Samuel
Wainer, Paulo Francis, Jorge Amado, Malta, Di Cavalcanti, en- • Rio 1900, (1976)[22]
tre outros.
• Contos Reunidos, (1977)[23]
Com o Modernismo a tentar mudar o cenário e a estética
da arte brasileira, filiara-se brevemente entre os escritores • O Rio de Janeiro do Bota-Abaixo, (1997)[24]
que procuraram romper com as formas literárias tradicio-
• Melhores Crônicas de Marques Rebelo, (2004)
nais (representadas por Machado de Assis, Manuel Antô-
nio de Almeida (a quem dedica biobibliografias), Raul • Guia Antiturístico do Rio de Janeiro, (2007)
Pompeia, entre outros), fazendo primeiras contribuições
em poema nas revistas Verde, de Antropofagia, Leite Cri-
ôlo, entre outras, travando amizade com escritores consu-
mados, dentre os quais Manuel Bandeira, Alcântara Ma-
chado, Mário de Andrade e Ribeiro Couto. Em seu pri-
5 Academia Brasileira de Le-
meiro livro Oscarina (1931), entretanto, começado em tras
um leito de hospital militar (aproveitando-se o escritor de
doloroso ócio causado por acidente em Serviço Militar, Segundo ocupante da cadeira 9, que tem por patrono
sucedido no Forte de Copacabana e antes de seu ingresso Gonçalves de Magalhães, elegeu-se a 10 de dezembro
na faculdade de Medicina), seguiu as linhas mestras da de 1964, na sucessão de Carlos Magalhães de Azeredo,
literatura brasileira, mantendo-se essencialmente à mar- vindo a tomar posse em 28 de maio de 1965, recebido
gem da Semana de 22, dando continuidade e renovação por Aurélio Buarque de Holanda.
às letras nacionais.
Despertada a admiração da “grande crítica” e dos gran-
des escritores, prosseguiu Rebelo em sucesso com as 6 Referências
obras Três Caminhos, 1933 (da qual o conto "Vejo a
Lua no Céu" foi vertido em telenovela em 1976), Ma- [1] Trigo, 1996, p. 11.
rafa, 1935 (agraciada no mesmo ano com o Grande Prê-
mio de Romance Machado de Assis, e parcialmente fil- [2] Rua Luís Barbosa, nº 42 no Google Maps, http://goo.gl/
mada em 1963 pelo diretor italiano de cinema Adolfo maps/IzkLW .
Celi — com roteiro de Millôr Fernandes), A Estrela Sobe, [3] Então sita à Praça da Intendência, nº 2. DOU, 1919, p.
1939 (vertida para o cinema em 1974 por Bruno Bar- 595.
reto), o drama nunca representado Rua Alegre, 12, 1940
(grandemente elogiado por Carlos Drummond de An- [4] Falecido em 31/12/1938. Contraiu segundas núpcias com
drade), o livro de contos Stela me abriu a Porta (1942) e, Julieta Dias da Cruz, de cujos dois filhos era Rebelo meio-
passados anos a publicar somente crônicas literárias, com irmão. A Noite, 1939, p. 6.
sua obra-prima e trilogia O Espelho Partido (1959, 1962 [5] Almanaque Laemmert, 1902, p. 1001 (do PDF).
e 1968) — o segundo e o terceiro tomos entremeados
pela publicação da novela O Simples Coronel Madureira [6] Ibidem.
(1967), afora três obras biobibliográficas sobre Manuel [7] Falecida em março de 1973. Veja, 1973, p. 112.
Antônio de Almeida (1943, 1951, 1973), livros de crô-
nicas da vida brasileira e de viagens pela Europa, e obras [8] Rebelo, 1976, p. 69.
3
[9] Praticamente todos os resenhadores do seu “resumo de • ALMANAQUE LAEMMERT. Anuário Adminis-
carreira” (Rebelo carece de biografia) costumam insistir, trativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro e
sem se dar pela matemática, que Rebelo cursou Medicina Indicador para 1902. Rio de Janeiro: Companhia
no início da década de 20, o que é anacronismo; pois o Tipográfica do Brasil, 59º ano, 1902. Disponível
autor, nascido em 1907, teria a esta altura não mais que em: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.
15 anos de idade.
aspx?bib=313394&PagFis=21377 .
[10] Reunião de crônicas redigidas para o periódico Cultura
• _________. A Academia Brasileira de Letras:
Política, subsidiado pelo governo getulista. Para lançá-las
em livro, Marques Rebelo expurgou seu caráter naciona- subsídios para sua História (1940-2008). Rio de
lista, traduzido em exaltação pelos tempos de Vargas. Janeiro: ABL, 2009. (ISBN 978-85-7440-199-7)
[11] Inclui as crônicas de Suíte nº 1 (1944). • Diário Oficial da União, Rio de Janeiro,
11 jan. 1919, p. 595. Disponível em:
[12] Publicado em Os Dez Mandamentos, (1965). http://www.jusbrasil.com.br/diarios/1717429/
pg-11-secao-1-diario-oficial-da-uniao-dou-de-11-01-1919/
[13] Embora originalmente publicado na revista Ele Ela
(1969), foi depois incluído nos Contos Reunidos (1977).
pdfView.
[14] Publicado em 64 d.C., (1967) . • LOURENÇO, Ana Cecília França. Museus aco-
lhem moderno. São Paulo: Editora da Universidade
[15] Em colaboração com Arnaldo Tabayá. de São Paulo, 1999. (ISBN 9788531405259)
[16] Redigido para a Cia. Nestlé, com ilustrações de • MATTOS, Carlos Alberto. Walter Lima Júnior, vi-
Santa Rosa. Originais digitalizados disponíveis em: ver cinema. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2002.
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib= (ISBN 8587220519)
156590&PagFis=13885.
• REBELO, Marques. Depoimento. Revista Ficção,
[17] Idem. Rio de Janeiro, v. 2, n. 1, p. 68-71, 1976.
[18] Idem.
• SALES, Fernando. Bibliografia de Marques Rebelo.
[19] Rio de Janeiro: Edições Nestlé, 1942. 8 p. Propaganda In: REBELO, Marques. Contos Reunidos. Rio de
ilustrada, com poesia, do Leite Condensado Marca Moça. Janeiro: José Olympio Editora, 1977. p.ix-xii.
Referência disponível em: <http://www.academia.org.br/
acervo/terminal/index.html>. • TRIGO, Luciano. Marques Rebelo: mosaico de um
escritor. Rio de Janeiro: Relume–Dumará, 1996.
[20] Em colaboração com Herberto Sales. (ISBN 85-7316-072-1)
[21] http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib= • VEJA. São Paulo, 5 set. 1973. Disponível em: http:
089842_08&PagFis=5054 //veja.abril.com.br/acervodigital/home.aspx .
[22] Coautoria de Antônio Bulhões; fotografias de Augusto
Malta.
8 Ligações externas
[23] Reunião das coletâneas Oscarina (1931), Três Caminhos
(1933), Stela me Abriu a Porta e dos contos avulsos “Conto
à la Mode" (1965), “O Bilhete” (1969) e “Acudiram três • Perfil no sítio da Academia Brasileira de Letras
cavaleiros” (1967). Nesta coletânea de coletâneas com
• “Marques Rebelo”, ensaio do escritor José Carlos
unidade planejada pelo autor, incluíram-se erroneamente
Zamboni
contos ao Stela me Abriu a Porta (1942), como “A Árvore”
(1966) e “A Moça e a Primavera” (décs. 1950-1960), • “Há cinqüenta anos partia-se o espelho”, homena-
quebrando-lhe a unidade.
gem do escritor José Carlos Zamboni
[24] Idem.
7 Bibliografia
• A NOITE. Rio de Janeiro, 1 jan. 1939. Disponível
em: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.
aspx?bib=348970_03&PagFis=60306 .
9.2 Imagens
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página 5, 14 de janeiro de 1943. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=163880&PagFis=4918 Artista
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