Reorganização Do Espaço Na Colónia - Moçambique
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Estudo do fenmeno:
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Introduo
Projecto: Estruturas Urbanas da Expanso Portuguesa
O Projecto: Estruturas Urbanas da Expanso Portuguesa Elaborao de Uma Base de Dados, foi chefiado pelo Arquitecto, Professor Doutor
Jos Manuel Fernandes2 e desenvolvido entre 1993 e 2004, tempo que
permitiu pesquisar as cidades do ultramar portugus e identificar locais
de povoamento criados pelos portugueses ao longo da colonizao.
Neste grupo de investigao trabalharam arquitectos, gegrafos e
historiadores, num ambiente multidisciplinar, do que resultou uma base
de dados, com a sistematizao de informao relevante, tendo cada um
sido responsvel por uma rea especfica, cabendo-me a rea afrooriental,
onde se localiza a Colnia de Moambique, pelo que irei apresentar neste
Colquio Internacional alguns dados da nossa pesquisa.
O estudo de ncleos urbanos partiu do conceito abrangente de uma
estrutura onde se identifica a presena de duas ou de trs funes urbanas significativas, isto : Fortificao, Igreja e Cmara. Em cada ncleo
urbano, registaram-se trs grupos de indicadores classificativos, sendo o
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Fontes
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O espao
Rural
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puto, Tempo/UEM, 1988, p. 144: Grupo formado por uma ou por vrias linhagens.
Pode ser ou no localizado, exgamo ou no. Os membros de um cl so geralmente
incapazes de estabelecer a sua ligao genealgica com o antepassado epnimo (i.e,
aquele que deu o nome ao cl), o que distingue o cl de uma linhagem, a qual um
conjunto de parentes entre os quais se podem sempre traar laos genealgicos.
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JUNOD, Henri Alexandre, Uso e Costumes dos Bantos A vida duma tribo do Sul de
frica, Lisboa, Sociedade de Geografia de Lisboa, 1917. (Verso do Ingls por Carlos
Bivar.)
10
RITA-FERREIRA, Antnio, Povos de Moambique. Histria e Cultura, Porto Afrontamento,1975.
11
DIAS, Jorge, e DIAS, Margot, Os Macondes de Moambique III vida social e ritual,
Lisboa, Junta de Investigaes do Ultramar, 1970.
12
FELICIANO, Jos Fialho, Antropologia Econmica dos Thonga do Sul de Moambique,
Maputo, Arquivo Histrico de Moambique, 1998.
13
GRANJO, Paulo, Lobolo em Maputo. Um Velho Idioma para Novas Vivncias Conjugais,
Porto, Campo das Letras, 2005.
14
BRUSCHI, Sandro, Campo e Cidades da frica Antiga, Maputo, FAPF, CEDH, UEM,
2001, pp.147-148 e p. 150.
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Urbano
As modernas fronteiras de Moambique foram determinadas pelo Tratado com a GrBretanha, celebrado a 11 de Junho 1891. Ver MARQUES, A. H. de Oliveira, Histria de
Portugal, vol. III, Lisboa, Ed. Presena, 1998, p. 224-225; cfr. ALEXANDRE, Valentim
(coord.), O Imprio Africano.Sculos XIX e XX, Lisboa, Ed. Colibri, 2000, pp. 19-20.
16
Referncia Conferncia de Berlim (1884-1885). Ver ALEXANDRE, Valentim, O Imprio
Africano:1825-1890, vol. X, coord. Valentim Alexandre e Jill Dias, Nova Histria da
Expanso Portuguesa, dir. de Joel Serro e A. H. de Oliveira Marques, Lisboa, Ed.
Estampa, 1998, pp. 119-120; cfr. CLARENCE-SMITH, Gervase, O Terceiro Imprio
Portugus (1825-1975), Lisboa, Teorema, 1990, pp. 85-87.
17
Sobre o que era a Colnia de Moambique no incio do sculo XIX ver LOBATO, Alexandre, Economia, Engenharia e Histria em Moambique, p. 14.
18
Cfr. MIRANDA, Jorge, As Constituies Portuguesas, pp. 24, 94 e 154.
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2. Joo Belo/Xai-Xai
Localiza-se na margem esquerda do rio Limpopo, a 50 km de
Inhambane. A instalao do povoado de 11.12.1897. Desenvolveu-se com a ligao em via frrea reduzida com a Rodsia
em 1909-1912. Elevada a vila a 27.10.1911. Foi Capital do
Distrito de Gaza. Em 1922 passou a denominar-se Vila Nova
de Gaza. Em 1928 foi designada Vila de Joo Belo. Em 1950
tinha 49.000 habitantes. Elevada a cidade a 07.10.1961.
3. Inhambane
Situao actual: Capital da Provncia de Inhambane. Localizao: Porto situado na extremidade de uma pennsula, no local
onde floresceu uma antiga colnia rabe, cerca de 450 km a
nordeste da fronteira com a frica do Sul. Instalao do povoado: 1727-30
Elevao a vila: 1761-6425. A cidade foi reconhecida como portuguesa em 1763. A populao crist no final do sculo XVIII
era de 200 pessoas. Em 1858 teria 4.000 habitantes, 75% dos
quais eram escravos. Em 1928 era j o 3 centro urbano de
Moambique26. A descrio mais antiga da povoao portuguesa
data de 1781, e nota a existncia de uma paliada dentro da
qual sobressaiam a igreja, as moradias do capito e do padre e
uma pequena horta27. Pertence ao perodo pombalino a instalao do Forte de S. Joo Baptista e ao perodo mariano/liberal
o desenvolvimento da Praa de Nossa Senhora da Conceio.
4. Beira
Situao actual: Capital da Provncia de Sofala. Localizao:
Porto de guas profundas a cerca de 190 km a sudoeste da
foz do rio Zambeze. Fundado em 1891 no local de uma antiga
colnia rabe, desenvolveu-se como ponto de escoamento dos
pases do interior sem acesso ao mar, com ligao ferroviria ao
Zimbabu e ao Malawi. O centro urbano foi implantado em 1887,
Ver Carta Rgia de 09.05.1761. In Mapa das povoaes criadas at 31.12.1959 e sua
situao legal, Loureno Marques, Direco dos Servios de Agrimensura, Imprensa
Nacional de Moambique, 1960.
26
Ver BRIGSS, Philip, Guide to Mozambique, London, 1997.
27
Ver TEIXEIRA, Cndido, A Fundao de Inhambane e a sua Estrutura Administrativa e
Governamental nos meados do Sculo XVIII, in Arquivo, n. 8, Maputo, 1990, p. 18.
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um forte e uma igreja em honra de Sto. Antnio, escolas e municpio. Foi sede da Companhia de Niassa em 1897 at sua
transferncia para Porto Amlia em 1902.
Concluses
Defendemos a tese de que a colnia de Moambique, desde o sculo
XIX e ao longo do sculo XX, se caracterizou por ter uma sociedade
complexa, com vrios povos e culturas em presena. Sistematizando-a,
Ribeiro observou que so vrias as realidades que compem a sociedade
moambicana (regionais, tnicas, religiosas, entre rurais e urbanos,
de classe ou outras)32.
Por outro lado, uma das caractersticas que desde muito cedo se
evidenciou foi o cosmopolitismo da capital, Loureno Marques e das
cidades costeiras, Inhambane, Beira, Quelimane, Ilha de Moambique,
Pemba e Ibo pela presena de estrangeiros, trao que persiste at aos
nossos dias. Minorias em terras estranhas, unidas pela aventura, o
comrcio, a navegao e o lucro.
Como trao de raiz, foi surgindo um fosso entre as elites e a maioria
da populao, que teimou em crescer desmesuradamente, vincando a
hierarquizao e a branquizao do modo colonial. Para um segundo
plano, nas primeira dcadas do sculo XX, passaram os filhos-da-terra,
intermedirios entre os dois mundos o europeu e o africano, no dizer de Jos Craveirinha, grande poeta moambicano que viveu essa
realidade e a imortalizou numa escrita de revolta, nacionalista e identitria de moambicanidade.
Nas dinmicas sociais, dialecticamente identificmos como factores
e fenmenos de unio e de fragmentao:
a lngua portuguesa, idioma do discurso oficial, da administrao e das relaes sociais a nvel da elite, minoritariamente
falada num territrio com vrias formaes scio lingusticas
em presena;
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