Tecnicas de Indução A Hipnose
Tecnicas de Indução A Hipnose
Tecnicas de Indução A Hipnose
Descrição: Mais uma aula de hipnose pelo nosso professor Dr. Joel Priore Maia
1 – INTRODUÇÃO
As técnicas de indução hipnótica são as mais variadas possíveis e podem ser aplicadas
isoladas ou em conjunto com outros procedimentos médicos, odontológicos e psicológicos, o
que faz a hipnose constituir-se em recurso terapêutico de grande valor. Dir-se-ia que
existem tantas técnicas quantos são os hipnotistas, uma vez que cada um desenvolve a sua
própria maneira de atuação, baseada em sua experiência clínica e profissional, bem como
pelo seu conhecimento teórico do procedimento.
Sendo a hipnose um procedimento terapêutico que se imbrica, repercute e tem aplicação em
quase todas as especialidades médicas, tem na Psiquiatria, Psicologia e na Medicina
Psicossomática, o seu campo de ação mais exuberante. Sua grande vantagem reside no fato
de que, seja qual for o seu modo de ação, reduz de forma considerável o tempo e a duração
do tratamento, o que a faz constituir-se em valioso método de apoio psicoterápico e
psicológico. Além disso, sua ação não se restringe ao campo psíquico ou fisiológico, pois atua
indistintamente sobre ambos simultaneamente.
A escolha da técnica de indução baseia-se, portanto, na orientação teórica e na experiência
do hipnotista, o que faz com que a hipnose tenha múltiplos e variadas formas de ser
induzida.
A indução do procedimento hipnótico, ou seja, a introdução do paciente no estado de
“transe”, pode ser dividida em três etapas:
1) Uma ETAPA PREPARATÓRIA na qual se estabelece e se reforça o relacionamento
profissional-paciente, tecnicamente chamado de RAPPORT e que pode ser seguido da
inclusão de alguns testes de sensibilidade. O objetivo desta etapa é criar um relacionamento
de confiança no tratamento a que se propõe realizar, afastando-se os temores, as tensões e
as preocupações do paciente. Visa ainda, deixá-lo à vontade, colaborando desta maneira,
para o sucesso do método que iremos aplicar. Recomenda-se proceder à explicação
detalhada “do quê, como e para quê” se vai utilizar a hipnose no tratamento do caso
apresentado pelo paciente. Terminada a explicação, é de bom alvitre proceder-se à
execução-treino a fim de que possamos aquilatar se o paciente compreendeu bem a
orientação que lhe fornecemos. Após o período de execução-treino, se o paciente
compreendeu bem o que se pretende, podemos animá-lo com palavras de incentivo e apoio,
período ao qual denominamos de animação. A explicação, a execução-treino e a animação
fazem parte dos testes de verificação e são descritas com maiores detalhes no capítulo
referente à Metodologia do Procedimento hipnótico.
2) Seguindo-se às preliminares acima, adentra-se à indução propriamente dita, empregando-
se o método indutor escolhido ou de procedimento habitual pelo hipnotista.
3) Imbricada com a indução, portanto, de limites pouco precisos com esta, segue-se o
processo com a manutenção e com o aprofundamento do transe, visando o relaxamento
físico e mental do paciente. Nesta fase, poderemos utilizar os diversos recursos de que o
método hipnótico dispõe, como, por exemplo, explorar material reprimido abaixo do limiar da
consciência do paciente ou sugestioná-lo. Neste último caso, a sugestão feita em seguida, é
denominada de sugestão pós-hipnótica, isto é, formulada para atuar após o término do
procedimento. Seguem-se nesta etapa a superficialização do transe e a dehipnotização,
também chamada impropriamente de acordar.
Neste capítulo, nos ocuparemos exclusivamente da indução, citando a seguir alguns
procedimentos mais comuns.
Este procedimento, criado por James Braid, tem sido o método preferido por muitos
hipnotistas, desde a sua divulgação, sendo universalmente conhecido.
De início Braid preconizou a fixação do olhar em um pequeno objeto mantido fixo à pequena
distância do paciente e, em posição tal, acima da linha do olhar, que provoca um duplo
estrabismo convergente. O desvio para cima e para dentro dos globos oculares determina
acentuada tensão muscular no aparelho visual e, mais precisamente nas pálpebras, que se
tornam “pesadas”, produzindo cansaço visual que leva ao fechamento dos olhos. Sobrevem,
então, em alguns minutos, o estado hipnótico.
Para obter-se esse resultado, solicita-se ao paciente que olhe fixamente para o ponto,
concentrando sua atenção sobre ele e solicitando-se que feche os olhos no momento em que
sentir as pálpebras pesadas, mantendo-as fechadas até o final do procedimento. Enquanto o
paciente olha fixamente o ponto, pode-se proceder à uma contagem pausada e entre cada
número citado, sugestioná-lo de que cada vez mais os seus olhos estarão cansados, suas
pálpebras pesadas, etc.
Posteriormente Braid decidiu aumentar o espaço entre o paciente e o ponto de fixação do
olhar. Em seguida, observou que a fixação visual não era necessária, pois o fator
preponderante para a obtenção do “transe” hipnótico era a concentração sobre uma idéia ou
objeto e concluiu que a estimulação sensorial era apenas um meio para obter a hipnose
como finalidade.
Cremos ser importante considerar que a primeira experiência de Braid, com o que mais tarde
denominou de hipnotismo, ocorreu em um teatro onde se apresentava La Fontaine, mágico,
prestidigitador e hipnotizador de palco. Este produzia o transe hipnótico no público, através
de manobras nas quais incluia a fixação visual do participante em seus próprios olhos, aos
quais atribuía grande poder e que estabeleceriam sobre o outro um estado de submissão,
predispondo-o a cumprir as suas ordens. Braid observou que esta submissão era sugerida
verbalmente no período em que a sua atenção estava fixa, com o espectador preocupado em
manter os seus olhos fixados nos globos oculares do hipnotizador.
Deste fato decorreu que Braid passou a valorizar a fixação da atenção sobre um objeto fixo e
depois sobre objetos da ideação do paciente, mas os efeitos da estimulação verbal, contínua,
débil, rítmica, monótona e persistente são muito importantes na obtenção do transe e em
sua manutenção.
Isto tem levado os estudiosos a valorizar os elementos que provocam fadiga sensorial ,
motora ou mental, bem como os que provocam tensão através da monotonia da
estimulação, sua regularidade e seu ritmo (geralmente débil, monótono, persistente e
repetitivo) como fatores facilitadores da entrada do paciente no estado hipnótico.
Kretschemer desenvolveu a LEI DO TRI-TÔNUS ou Ciclo de Realimentação Progressiva, como
fator de grande importância na indução e manutenção do transe. Assim, o fator que intervir
em dos três tônus ( muscular, psico-afetivo ou neuro –vegetativo), intervém em seguida nos
outros dois, estabelecendo um ciclo que pode ser assim representado:
T.M.
T.P.A. T.N.V.
A) ESTIMULAÇÃO AUDITIVA
Muitas das induções de Mesmer podem ser enquadradas aqui, uma vez que utilizava toques,
passes, imposição das mãos, vibrações sonoras mecânicas (sillon vibratoire), etc.
Alguns autores utilizaram a estimulação olfativa através de perfumes, outros o fizeram
através do tato com aplicação de ondas de calor no corpo. Ainda em relação ao tato, era
conhecido o “poder curativo” exercido pelos assim chamados “toques reais” na Idade Média.
Os reis e imperadores praticavam a aposição das mãos sobre partes do corpo dos doentes,
que atribuiam a esse gesto um poder curador. Isso gerou na época, a afirmação popular de
que “o rei toca, o rei cura.
Feret e Binnet relatam caso de estimulação gustativa, embora eles mesmos ponham em
dúvida sua eficácia.
C) AUSÊNCIA DE ESTIMULAÇÃO
II – TÉCNICAS FISIOLÓGICAS
É o uso de estimulação súbita e violenta que produz uma reação estática do paciente, a
partir da qual se adentra no procedimento hipnótico. Baseia-se no fato de que pessoas
desprevenidas submetidas aos estímulos fortes inesperados, provenientes de um susto ou de
um acontecimento traumático e repentino apresentam grande possibilidade de apresentar
lipotímia ou um estado semelhante à “catalepsia” com tendência à perda momentânea da
consciência.
Foi utilizada na Escola de Paris, comandada por Jean Marie Charcot que usava estímulos
fortes desencadeados por um gongo próximo ao paciente ou “flash” de magnésio das antigas
máquinas fotográficas frente ao rosto do paciente. Tal procedimento induzia nas pacientes
um “estado cataléptico” e segundo a Escola de Charcot, sua eficácia se reduzia a um
pequeno grupo que denominava de “grandes histéricas”.
Esta técnica caiu rapidamente em desuso e hoje nenhuma das técnicas que se relacionam
aos estímulos fortes é utilizada.
A descrição de zonas corporais específicas, cuja estimulação produziria indução hipnótica, foi
feita pela primeira vez em Paris por Antoine Pitré em 1891. A tais regiões, ele as denominou
de “Zona Hipnogênicas” e referia que se forem ligeiramente estimuladas por pressão,
determinariam a introdução do paciente no transe hipnótico.
Sua descrição foi aceita pela Escola de Paris, no Hospital da Salpetrière, que chegou a
admitir que o magnetismo animal e os imans de Mésmer, bem como os banhos de imersão
tépidos ou as aplicações de calor, acalmavam os pacientes e os induziam à hipnose graças à
estimulação que produzia nessas zonas. Induz-se deste fato, que além da existência das
zonas hipnógenas, haveria necessidade de que o paciente fosse suficientemente sensível,
sendo esta a razão de tal tipo de indução ocorrer com maior facilidade entre histéricos.
Na época de Charcot, era comum a compressão do globo ocular e do “seio carotídeo” como
estímulo para a indução ao transe hipnótico. Outros ainda, faziam compressão dos meatos
auditivos externos ou dos pavilhões. No caso dos olhos e do seio carotídeo, corre-se o risco
de obter-se hipotensão arterial, lipotímia, náuseas e vômitos por estimulação reflexa,
havendo relatos de parada cardíaca produzida por estimulação frênica. No caso da
compressão dos pavilões e meatos auditivos, o risco maior é a ocorrência de cinetoses
rotatórias, lipotímia, näuseas, vômitos, mal estar e hipotensão ortostática.
Apesar destes métodos estarem hoje completamente abandonados, têm sua importância
histórica, pois este tipo de estímulo serviu na disputa científica existente na época entre as
escolas de Paris e de Nancy. Os seguidores de Charcot, que usavam esta técnica,
chamavam-na de “Grand Hypnotisme”em contraposição aos métodos sugestivos de Liebault
e Bernheim, que denominavam de “Petit Hypnotisme”. Todavia, disputas à parte, só os
métodos sugestivos hoje permanecem.
Cabe ainda assinalar que, o contato com o corpo aquecido da mãe, bem como massagem
carinhosa e suave, acalmam o bebê, induzindo-o ao sono natural. Todavia, resultado
semelhante se obtém com palavras carinhosas e canções de ninar.
Assim Como a hipnose tem sido utilizada como agente indutor da anestesia ou redutor de
anestésicos, estes têm sido usados na indução hipnótica. Assim, muitos foram os autores
que procuraram nas drogas anestésicas o agente ideal para a obtenção do estado hipnótico.
De há muito têm sido usados sedativos, analgésicos, tranqüilizantes e anestésicos com a
finalidade de induzir mais facilmente o paciente no transe hipnótico, quebrando resistências
porventura encontradas. Chegou-se ao extremo de usar drogas entorpecentes e
alucinógenas com a mesma finalidade, o que é formalmente contra-indicado.
Melhores resultados têm sido obtidos com a utilização de diazepínicos e correlatos, trazendo
à tona o problema de se estipular a dosagem adequada para tal finalidade, pois muitas das
drogas utilizadas, ao invés de facilitar a entrada do paciente em hipnose, tiram-no a
consciência e promovem sono medicamentoso indesejável. Outro fato decorrente da
utilização de drogas na narco-hipnose, relaciona-se ao eventual perigo de que se possam
constituir.
Entre algumas drogas de utilização mais recente, mas também não isentas de perigo,
encontramos o Alprazolam, Cloxazolam, Diazepan, Flunitrazepan, Lorazepan, Halcinonida,
Midazolam e o Zolpidem.
Tem sido relatada de há muito o aproveitamento dos estágios de sono natural para a
utilização de sugestões ou como meio de se induzir o estado hipnótico.
O método mais comum é converter-se o sono natural em hipnose. Para tal, é necessário
estabelecer-se um certo rapport que se observa quando, ao lado do indivíduo dormindo, se
observa o ritmo respiratório e na mesma cadência pronuncia-se palavras de forma ritmada,
de baixa intensidade sonora e altura, constituindo-se em estímulo débil, rítmico, monótono e
persistente. Deve-se ainda observar o ritmo respiratório do paciente durante a indução. No
momento em que esta se torna rítmica e suave, sem despertar o paciente, eleva-se
gradualmente o tom de voz até alcançar o ritmo natural. Pode-se então dar seqüência ao
procedimento iniciado
Este tipo de indução tem sido utilizada mas sugestões noturnas para corrigir maus hábitos
adquiridos pelas crianças, como a onicofagia, o bruxismo, os tiques e o uso de chupetas.
Em 1784, a Comissão Científica nomeada por Luiz XVI para investigar as atividades de Franz
Anton Mésmer em Paris, advogou no sentido de que os imans, “baquets” e o próprio
magnetismo animal não passavam de meios através dos quais a sugestão desencadearia os
“transes”. Seguiu-se o Abade José Custódio de Faria que reconheceu o papel da sugestão na
indução e manutenção do estado hipnótico.
Coube posteriormente a James Braid, Liebault e Bernheim chamar a atenção sobre o
importante papel da sugestão no desencadeamento e desenrolar da hipnose. Por esta razão,
os métodos sugestivos são até hoje considerados meios indutivos por excelência.
Convém aqui definir o que se entende por SUGESTÃO: Para André Weitzenhoffer, seria uma
afirmação ou gesto significativo realizado por um hipnotista e dirigido a outra pessoa, o
paciente. Neste caso, o profissional é o agente sugestionador e o paciente o sugestionado e é
tal a sua natureza que a idéia ou grupo de idéias que evoca desencadeia alterações nos
processos mentais ou na conduta do sugestionado, sem participação voluntária e consciente.
Tais reações não são inatas ou normais, mas adquiridas ante a afirmação ou gesto concebido
como estímulo.
A técnica sugestiva consiste em essência, em dizer de modo rítmico e contínuo ao indivíduo,
que ele vai entrar em um estado de torpor agradável, semelhante ao sono (ou que vai
dormir), com sugestões de que irá progressivamente se relaxando, sentindo-se sonolento e
que os olhos estão fechados, com as pálpebras cada vez mais pesadas, fechadas, coladas,
que a sonolência está cada vez maior, aprofundando, aprofundando, relaxando, dormindo,
dormindo profundamente. É também chamada de Técnica Sugestiva do Sono.
Este procedimento pode ser dividido em quatro fases:
Preparatória (ou Explicação)
Atuação (ou Execução)
Sugestão
Aprofundamento do Transe
Na fase preparatória, explica-se ao paciente o que se pretende fazer, como se pretende
obter o transe e quais as sensações que irá experimentar. Após a explicação, pode-se aqui
fazer um treino demonstrativo com o paciente, a execução-treino, antes de passar para a
etapa seguinte.
Na fase de execução ou de atuação, passa-se a efetuar o procedimento, com sugestões de
relaxamento corporal, calma e bem estar afirmando que as sensações propostas estão
realmente ocorrendo.
Na fase de sugestão reafirmamos de modo enfático as sugestões de relaxamento, calma,
sonolência através de sugestões hipnóticas simples. Nesta fase, podemos também sugerir o
sinal hipnógeno ou signo-sinal.
No aprofundamento do transe, incluem-se a manutenção do estado hipnótico, a sugestão
pós-hipnótica e a dehipnotização
(acordar).
Os métodos sugestivos atuais iniciam-se com maior facilidade através da visualização cênica
e se aprofundam mais facilmente com a utilização da imaginação, fantasias e metáforas.
Vários autores se utilizaram deste procedimento, podendo-se citar entre eles Wells, Schneck,
Watkins, Adler, Rosen e Stokvis. Rosen denominou a essas técnicas de MÉTODO
SENSOMOTOR, desenvolvendo um procedimento difícil de descrever nas formas mais
simples. Ele procura fazer com que o paciente responda a uma ou a várias sugestões simples
e assim como existe uma progressiva sensibilização com o decorrer do procedimento, há
cada vez maior concentração da atenção à medida que se evolui em direção a um
determinado objetivo. Nas formas mais complexas, oferecem-se sugestões de modo indireto,
ocorrendo sua integração em diversos aspectos da conduta espontânea do paciente, que são
utilizadas como parte da indução.
Esta técnica, apesar de individual e de exigir muita habilidade do profissional, guarda certa
relação com um caso descrito por Erickson e Kubie, onde a hipnose foi obtida de forma
indireta.
Os métodos citados são de grande utilidade nos casos de difícil tratamento através da
hipnose.
A ação da sugestão sobre o hipnotizado ocorre mesmo que não seja verbal e nem é
necessário que ela seja direta ou explícita. A movimentação cadenciada do profissional,
próximo ou ao redor do paciente, os trejeitos, as expressões e as inflexões de voz podem ser
agentes desencadeantes do transe hipnótico.
As reações “enfáticas” incluem elementos de sugestão e é provável que ocorra o mesmo em
algumas formas de conduta imitativa.
O emprego de elementos não verbais ou extra-verbais que fazem parte intrínseca do meio
ou dos agentes utilizados, constituem o que chamamos de sugestão implícita. Assim, pontos
luminosos móveis e luzes que piscam, têm sido utilizadas na obtenção do estado hipnótico
por cansaço palpebral pois acabam produzindo o fechamento das pálpebras. Outros
procedimentos como por exemplo, a fixação do olhar em uma ampulheta, acompanhando a
queda da areia em seu interior, ou em um pêndulo móvel, ou ainda, na ponta da haste de
um metrônomo, possivelmente obtenham os mesmos resultados, pois aqui também ocorre o
cansaço palpebral e dos olhos, induzido pela fixação visual em um objeto ou ponto que se
movimenta rítmica e continuamente.
O uso de artifícios para que o paciente creia que certos atos que executa são resultados de
uma indução iniciada, constituem os chamados métodos pseudo-sugestivos. Estão ente eles
os testes utilizados pelos hipnotizadoes de palco, como o balanceio, a fixação das mãos em
uma parede, os dedos entrecruzados que se elevam acima da cabeça durante movimento em
que a palma das mãos fica voltada para fora, a reversão do olhar para cima, causando
cansaço visual e palpebral e a compressão do globo ocular e do seio carotídeo. Incluem-se
entre estas técnicas, a hiperventilação respiratória produzida pela hiperpnéia.
Dos procedimentos assinalados, contra-indicamos formalmente a compressão dos globos
oculares e dos seio carotídeo, pelas implicações que podem desencadear.
Na maioria dos casos, os métodos pseudo-sugestivos supõem um certo teor de sugestão
efetiva e são de grande valor na obtenção da indução hipnótica.
5) TÉCNICAS MISTAS
Podemos afirmar que existem tantas técnicas de indução hipnótica quantos forem os que
utilizam a hipnose em seus procedimentos.
Da mesma maneira, grande parte dos profissionais utilizam não uma, mas várias das
técnicas assinaladas, pois os efeitos de cada um dos métodos adotados são somatórios. Por
outro lado, quando vários métodos são utilizados em conjunto, isso produz em relação à
indução, um certo sinergismo de ação que permite ao paciente adentrar mais rapidamente
no “transe” hipnótico.
É interessante considerarmos, ainda, que entre um paciente e outro há grandes diferenças
nas reações que apresentam perante uma ou outra técnica. Neste caso, o emprego de
métodos mistos aumenta a possibilidade de se obter uma maior profundidade do “transe”,
especialmente porque não se conhecem maneiras de determinar qual é o procedimento mais
eficiente e preciso. A combinação de várias técnicas aumenta essa probabilidade e a margem
de segurança.
O ambiente tranqüilo, acolhedor e silencioso (ou com música suave de fundo), a temperatura
adequada, os olhos fechados, a sugestão de que as pálpebras permanecerão fechadas e
coladas enquanto se utiliza estimulo verbal ou de outra natureza, de forma rítmica,
monótona e persistente, constituem-se em fatores que produzirão no paciente um
estreitamento de consciência que certamente o induzirá à hipnose. Tal estreitamento,
possivelmente decorrente da ação da sugestão, da fixação da atenção, do aumento da
concentração sobre um objeto ou o que ouve e sente, certamente desencadeará uma
exacerbação da memória e o estado hipnótico à partir da estimulação sensorial.
Com efeito, a combinação da fixação visual ou da atenção com a sugestão estimulando, por
exemplo, a audição, de forma sucessiva ou simultânea, estimula a imaginação à semelhança
da produção de sonhos e aprofundará o estado hipnótico. Além disso, tem-se observado que
grande parte dos hipnotistas utilizam sugestões implícitas e pseudo-sugestões de um modo
bastante amplo, obtendo resultados animadores.
Finalmente, um grande número de profissionais compreendeu a importância de manipular a
situação de transferência e contra-transferência e a utilizar os próprios comportamentos dos
pacientes ou suas necessidades para induzir e aprofundar o “transe” hipnótico, com
resultados também promissores. Erickson foi o grande mestre que utilizou o comportamento
que o paciente exibe para a indução e manutenção do estado hipnótico, formulando
metáforas elaboradas com dados obtidos na anamnese.