Abelhas-Nativas-Sem Ferrao Guarita - RS - COMIN
Abelhas-Nativas-Sem Ferrao Guarita - RS - COMIN
Abelhas-Nativas-Sem Ferrao Guarita - RS - COMIN
)
Bruno Utermoehl
Valdir Machado Soares
Carlos Jacinto
Cleci Claudino
Cleci T erezinha Brum da Silva
Cleunice Ventura
Elio Alfredo T amiozzo
Ely Machado Vaz
Fabiano Puntel
Flvio Pen Ribeiro
Francieli Soffiatti
Gilmar Veotanh Bento
Glucia Ribeiro de Arruda
Ieda T eresinha Pinheiro
Jane Adriana Vaz Tolotti
Jussara Ribeiro
Lori Nelson Jot Ribeiro
Mrcio Fg J T Joaquim
Maria Vieira Vargas Sales
Maria Ruth Pereira
Marlice Kvn Sales
Nice T erezinha P. Ternes
Sara Cristiane Karigk Sales
Sueli T eresinha Vargas Soffiatti
Thais Pissinin
Ubirajara Venh Venh de Oliveira
Vitalina Nvnso dos Santos
Viviane T oto de Oliveira
Zacarias Katanh Sales
Zico Fjin Ribeiro
Abelhas Nativas ~
sem ferrao
Mg P
2008
CACIQUE TERRA INDGENA GUARITA - RS
Kaingang Valdones Joaquim
LIDERANA SETOR Km 10
Kaingang Julio Sales
DISTRIBUIO:
COMIN - Conselho de Misso entre ndios CAPA - Centro de Apoi o ao Pequeno Agricultor
Rua Amadeo Rossi, 467 - Caixa Postal 14 Rua Gaurama, 470 - Cai xa Pos tal 977
93001-970 - So Leopoldo/RS 99700-000 - Erexi m/RS
Tel. / Fax: ( 0xx51) 3590-1440 Tel. / Fax: ( 0xx54) 3321-5951
Correio El etrnic o: c [email protected] Correio El etrnic o: erexim@c apa.org.br
Endere o Inter net: www.c omi n.org.br Endere o Inter net: www.c apa.org.br
Mg P
Escola Estadual
Indgena de E F
Escola Estadual Indigena FA-KED
de E. F. Gomer cindo Jt
Bento P Gg Tenh Ribeiro BAYERN
Instituio Sinodal de Assistncia, Educao e Cultura ISAEC
Departamento de Assuntos Indgenas DA COMIN
COORDENAO
Parceria COMIN/CAPA
ELABORAO:
Jos M. P. Palaz uel os Ballivin Flvio Pen Ribeiro Maria Ruth Pereira
Bruno Uter moehl Francieli Soffiatti Marlice Kvn Sales
Valdir Mac hado Soar es Gilmar Votanh Bento Nice Terezinha P. Ternes
Carlos Jacinto Glucia Ribeiro de Arruda Sara Cristiane Karigk Sales
Cleci Claudi no Ieda Teresinha Pinheiro Sueli Teresi nha Vargas Soffiatti
Cleci Terezinha Brum da Sil va Jane Adriana Vaz T olotti Thais Pissinin
Cleunic e Ventura Jussara Ribeiro Ubirajara Venh Venh de Oliveira
Elio Alfredo Tamiozzo Lori Nelson Jot Ribeiro Vitalina Nvns o dos Santos
El y Machado Vaz Mrcio Fg J T Joaquim Viviane T oto de Oli veira
Fabiano Puntel Maria Vieira Vargas Sales Zacarias Katanh Sales
Zico Fjin Ribeiro
ORGANIZAO e EDITORAO
Jos Manuel P. Palazuelos Ballivin
ILUSTRAES
Alunos indgenas das escolas participantes e Smara Pereira Palazuelos
REVISO
Vitor H. Hollas e Erny Mugge
REALIZAO
Parceria COMIN / CAPA Tenente Portela / EMATER Tenente Portela
Escola Estadual Indgena de E. F. Bento P Gg
Escola Estadual Indgena de E. F. Gomercindo Jt Tenh Ribeiro
COLABORAO
Alexandra Carv alho Pereira de Palazuelos, Roberto Carlos dos Santos, Rodrigo Matos e
Wilmar DAngelis
APOIO
- Igreja Ev anglica Luterana da Bav iera FA-KED
- Ajuda da Igreja da Noruega - AIN - Kirkens Ndhjelp
CDU 638.1
Catalogao na Publicao:
Bibliotec ria: Eliete Mari Doncato Br asil CRB 10/1184
Agradecimentos
Igreja Evanglica Luterana da Baviera FA-KED;
Manolo
Sumrio
APRESENTAO 8
INTRODUO 11
2 VIDA DE IN SETO 21
4 DIVERSIDADE e DIFERENAS 43
5 VALOR SOCIOCULTURAL 53
Glossrio 119
com muita alegria que apresentamos este Guia que trata das Abelhas
Nativas sem Ferro a partir dos conhecimentos e saberes acumulados pelos
povos indgenas.
O material resultado do trabalho e esforo de pessoas junto
parceria Comunidade Indgena/COMIN/CAPA sensibilizadas e dedicadas
em compreender, valorizar e incluir os conhecimentos indgenas em
processos de formao e educao diferenciada numa perspectiva de
sustentabilidade. Neste sentido, este livro representa mais um espao de
visibilidade da sabedoria e cultura indgenas, apoiado pelo COMIN.
Neste contexto, a prtica e sistematizao da experincia com abelhas
nativas sem ferro uma importante iniciativa que permite vivenciar,
atravs da teoria e prtica, esta perspectiva de sustentabilidade em que se
restabelecem relaes mais equilibradas entre os seres. Esta prtica que
envolve meio ambiente e famlias indgenas uma ao concreta em favor
da vida e da diversidade biolgica e cultural.
O material tambm um aporte importante no processo do dilogo de
saberes em que se visibiliza e se valoriza a contribuio indgena na
construo de conhecimentos e no estabelecimento de vivncias e relaes
mais justas e solidrias entre todos os seres vivos.
Desta forma, o material serve de apoio a educadoras, educadores e
extensionistas que trabalham junto com povos indgenas, em comunidades
tradicionais e em outros contextos. Ele possibilita trabalhar a temtica de
forma diferenciada, com uma abordagem intercultural e numa perspectiva
de sustentabilidade. Que a leitura e o estudo do material possam animar as
reflexes relacionadas ao tema e gerar um modo de ser mais solidrio.
Cledes Markus
Assessora em Formao - COMIN
9
P esquisa de Campo
do
8 ano.
Outro ponto que pode ser destacado sobre estas abelhas que
elas so fundamentais na vida de muitas plantas, pois atuam como
polinizadoras de diversas espcies nativas. Sendo assim, podemos
destacar pontos fundamentais nesta pesquisa: o levantamento de
conhecimentos, a conscientizao dos diversos valores, o resgate da
cultura e, acima de tudo, fazendo com que essa atividade, alm de
trazer benefcios para a sade e prazeres a toda a comunidade, permita
uma renda extra para as famlias, e, em especial, para as mulheres e os
jovens.
1
Histria das
1
A
ABELHAS
BELHAS
LEITURA de TEXTO"
As abelhas existem h milhes de anos. Muitos dos povos
primitivos conhec iam as abelhas e utilizavam seus produtos
e derivados.
Os egpcios so considerados os primeiros
apicultores, uma vez que 2.400 anos antes de
Cristo j criavam abelhas em colmias de
barro. At hoje o povo egpcio mantm uma
dana tpica denominada Passo da Abelha.
16
No Mxico, depois da conquista espanhola, a abelha nativa
denominada Xuna'an Kab ( Melipona beecheii), domesticada pelo
povo Maia, foi utilizada intensamente para responder aos
propsitos dos espanhis, que monopolizaram a sua produo
impondo fortes tributos aos prprios indgenas que as criavam,
impostos estes que eram pagos com o mel e a cera, exportada
principalmente para Europa.
17
AS PERIGOSAS AFRICANAS
As abelhas africanas nativas esto distribudas
amplamente do ponto de vista geogrfico, ocupando
todo o territrio da frica, compreendido entre o
Sahara e o Kalahari. Abelhas africanas da espcie
Apis mellifera scutellata so bastante produtivas,
porm, muito agressivas.
Em 1956, o Dr. Warwick E. Kerr trouxe da
frica, para fins cientficos, cerca de 50 abelhas
rainhas africanas e as introduziu em Piracicaba,
interior de So Paulo. Cerca de um ano depois, 26 enxames com
suas respectivas rainhas, escaparam acidentalmente e acabaram
cruzando com as espcies de abelhas europias aqui introduzidas
no sculo XIX. Deste cruzamento surgiram populaes hbridas
denominadas de abelhas africanizadas que, hoje, dominam a
Amrica do Sul e quase todo o continente americano, causando
grandes problemas para a apicultura nacional.
Muito agressiva, porm menos do que a
africana, a abelha africanizada tem grande
facilidade de enxamear e migrar. Tem alta
produtividade, rusticidade, tolerncia a
doenas e adapta-se a climas mais frios,
continuando, inclusive, o trabalho em
temperaturas baixas, enquanto as euro-
pias se recolhem nessas pocas.
A variabilidade gentica dessas abelhas muito grande, havendo
uma predominncia das caractersticas das abelhas europias no sul do
pas, enquanto ao norte predominam as caractersticas das abelhas
africanas.
As abelhas africanizadas so temidas pelas suas ferroadas quando atacam,
representando perigo (de acidentes) para o ser humano. O seu manejo exige um
bom treino profissional e equipamentos especiais de proteo.
18
VOC SABIA?"
Antes da colonizao do Brasil, as abelhas
sem ferro eram as nicas produtoras de
mel e as principais polinizadoras da flora e
das matas nativas.
SUGESTES de ATIVIDADES"
19
c. Descubra a poca em que comearam a perceber o comportamento
agressivo dessas abelhas e a incidncia de ataques com ferroada na
comunidade.
d. Pesquise o significado e a diferena das seguintes palavras:
Velho Mundo e Novo Mundo;
Pr-hispnico, pr-colombiano e pr-Cabral;
Descobrimento, conquista e colonizao;
Tributos e impostos, monoplio e exportao;
Estrangeiro e nativo; indgena e no-indgena;
Domesticao, semidomesticao e selvagem;
Nativo ou autctone e extico ou imigrante;
No tempo: ano, dcada, sculo e milnio.
e. Localize no globo ou mapa mundial os continentes: americano,
europeu e africano.
f. Pesquise como e de que material eram feitas as velas antigamente.
Como so feitas nos dias de hoje, e quais as atuais formas de iluminao
utilizadas na comunidade e na sociedade no indgena.
g. Procure descobrir a partir de quando a cana-de-acar foi utilizada
pelo seu povo e quais so os derivados dela.
20
Vida de
Inseto
2
CNPTIA/EMBRAPA
N o me em
L n gu a L n gu a L n gu a
K a i ng a ng G u a r a ni K a i a bi P or tugu s
- - Opejop Antena
PARTES de um INSETO
J foram estudadas cerca de
750.000 espcies de insetos, e so
incalculveis as que ainda no
conhecemos. Apesar da grande
variedade, existem caractersticas
comuns que os definem:
Tm seis patas;
No possuem esqueleto;
Tem corpo dividido em trs partes;
Podem ter asas, ou no;
Possuem antenas.
24
Embora a maior parte das pessoas no saiba,
provavelmente a maior utilidade dos insetos que muitos
deles so insetvoros, ou seja, alimentam-se de outros
insetos, ajudando a manter o equilbrio na natureza.
25
SOCIEDADES de INSETOS
As muitas espcies de abelhas tambm evoluram distintamente no
que diz respeito sociabilidade. Enquanto algumas continuaram
solitrias, outras desenvolveram vrios nveis de sociabilidade.
Insetos Solitrios
Ao contrrio do que muitas pessoas imaginam, a
grande maioria das abelhas no vive em sociedade ou em
colnias com rainha e operrias. A maioria das espcies
de abelhas solitria, isto , vivem sozinhas (como por
exemplo a mamangava) . Cada fmea, individualmente,
constri e cuida do seu prprio ninho. A fmea morre
antes de sua cria nascer. Ou seja, no h contato entre as geraes. O alimento
da cria slido, uma mistura de plen com nctar, sobre o qual o ovo
colocado. H, no Brasil, muitas espcies de abelhas solitrias, algumas com cores
metlicas, de tamanhos variados e muito bonitas. As abelhas solitrias podem
apresentar, nas suas patas traseiras, tufos de plos onde o plen se aglutina, ou
no ter nenhum aparelho coletor de plen nas patas. H ainda uma famlia que
apresenta o tufo de plos para prender o plen na parte ventral do abdome.
Insetos Sociais
Algumas espcies de insetos, como formigas, cupins e abelhas, vivem
em comunidades organizadas chamadas de colnias. Entre as abelhas
sociais, alm da conhecida europia (Apis mellifera), esto os
meliponneos, que agrupam vrias espcies de abelhas sem ferro.
26
so constitudas por muitas operrias (at mais de
uma centena de milhar, conforme a espcie), que
realizam as tarefas de construo e manuteno da
estrutura fsica da colnia, coleta e processamento do
alimento, cuidados com a cria e a defesa, e por uma
rainha (em algumas poucas espcies so encontradas
at cinco), responsvel pela postura de ovos, que vo
dar origem s fmeas (rainhas e operrias) e a, pelo
menos, parte dos machos (em diversas espcies, parte
dos machos so filhos das operrias).
Os machos, conhecidos
Dentro da colmia ou colnia, h
como zanges, tambm podem
diviso de trabalho e interao entre a
estar presentes. Nas sociedades
me e os seus descendentes.
das abelhas, os machos no
trabalham. Os descendentes
nascem e crescem protegidos dentro da colnia, e o alimento coletado usado
por todos.
Enxameagem
A enxameagem um processo complexo pelo qual a colnia se reproduz e
que envolve uma rainha virgem e parte das operrias de sua corte. Algumas
destas operrias deixam a colnia original e procuram um local adequado para a
construo de novo ninho. Ao encontr-lo, sua localizao informada s
demais abelhas do grupo, atravs do processo de
comunicao, tpico em cada espcie, sendo que
parte das operrias migra para este local levando
cerume, retirado da colnia original, iniciando a
construo do novo ninho.
Inicialmente todo o material utilizado
(cerume, resina e alimento) retirado do ninho
materno. Quando o novo ninho est em
condies de receber a nova colnia, migram
ento a rainha e muitas operrias. O vnculo com
a colmia materna se mantm ainda por algum
27
tempo, durante o qual as operrias da nova colnia continuam transportando
alimento e cerume. Aps a migrao, a rainha da nova colnia realiza o vo
nupcial, durante o qual fecundada e, algum tempo depois, inicia a postura.
28
animais agressivos), ou como faz a abelha boca-de-sapo ( Partamona),
construindo junto entrada do ninho um vestbulo que dificulta a entrada de
inimigos.
A entrada do ninho da maioria das espcies , normalmente, guardada por
abelhas que atacam inimigos que tentam entrar, especialmente abelhas de outras
colmias e formigas. Para muitas espcies, esta entrada circundada por uma
resina pegajosa que dificulta o acesso de formigas. Outras espcies fecham a
entrada do ninho quando so atacadas por estes insetos.
Tambm se defendem de maneira direta, atacando os inimigos que insistem
em penetrar em seus ninhos. Quando animais maiores (inclusive o ser humano)
so considerados como elemento invasor, enroscam-
se em seus cabelos e plos, beliscam com suas
mandbulas afiadas e ainda penetram nos ouvidos e
narinas, deixando-os sob estado desconfortvel, s
vezes, insuportvel. Existe uma espcie vulga rmente
conhecida como "caga-fogo" (Oxytrigona) que lana
mo de um artifcio bastante dolorido. Quando em
situao de ataque, libera uma substncia custica
(cido frmico) a partir de suas glndulas
mandibulares, resultando em srias queimaduras.
29
Em algumas culturas, o uso de insetos se destaca pelo seu elevado consumo
e depende do estgio de desenvolvimento destes. Por exemplo, de alguns se
consomem os ovos; de outros, as larvas ou, ainda, as larvas e pupas; e, de outros,
somente os bichinhos adultos.
Entre os ndios Tukano , que habitam a Amaznia colombiana,
formigas e soldados de cupins constituem o nico alimento de origem
animal permitido em dietas limitadas por causa de doenas, ritos de
iniciao de adolescentes e, inclusive, de meninas menstruadas.
Na histria Kaingang sabe-se de atividades coletoras que promoviam a
obteno de animais minsculos como insetos e larvas. As larvas das
palmeiras eram as mais apreciadas, assim como as de abelhas.
Antigamente derrubavam-se as palmeiras para que apodrecessem e
nelas se criassem as larvas.
Entre os A shninka , a coleta de formigas constitui tambm uma das
atividades alimentares. Eles encontram nestes insetos uma importante
fonte de protena e energia.
J os Tukuma apreciam as formigas vermelhas, as quais so consumidas
assadas ou misturadas na farinha de
mandioca; da mesma forma, os ovos da
formiga cortadeira so tambm utiliza-
dos como alimentos.
Os Ena wen-Naw tambm apreciam
muito insetos como: lagartas, brocas,
coros, cupins, formigas, larvas e pupas
de vespas.
Inclusive, na Amrica Central, o povo
Asteca alimentava-se com mais de
noventa espcies de insetos,
preparando-os de diversas maneiras: Dona M aria, v endendo formi-
gas, l agart as e gaf anhot os
assados, fritos, em molhos, apenas torrados num mercado popu-
lar do M x ico.
fervidos ou como condimento de algum
prato. Algumas espcies inclusive eram
armazenadas secas.
30
Com a chegada dos conquistadores espanhis, no entanto, muitos dos
alimentos indgenas foram qualificados negativamente e, ento, esquecidos
e/ou depreciados.
VOC SABIA?"
As antenas funcionam como rgos de paladar, olfato e tato, alm de
permitir a orientao e a conservao do equilbrio.
31
As operrias, durante a vida adulta, desempenham diversas funes dentro
do ninho, seguindo relativamente a seguinte ordem: faxineiras nutrizes
arquitetas soldados campeiras.
SUGESTES de ATIVIDADES"
32
Em parceria
com o Ambiente
3
Conhea alguma s plant as de i nt eresse
para as a belhas
poca
Nome Popular Nome Cientfico Utilidade
Florao
Hbitat
O PROCESSO de POLINIZAO
Como vimos, as abelhas so agentes polinizadores de grande importncia.
As relaes entre abelhas e plantas baseiam-se em um sistema de dependncia
recproca, em que as plantas fornecem o alimento, principalmente plen e
nctar, e, em troca, recebem os benefcios da transferncia de plen e
fecundao floral. A palavra melfera significa "carregadora de mel", muito
embora as abelhas carreguem nctar, plen e resinas.
36
As flores atraem as abelhas atravs do perfume e de suas ptalas vistosas,
nas quais, s vezes, so encontradas certas marcas coloridas, que indicam onde
esto os nectrios florais, glndulas que produzem uma substncia aucarada
chamada de nctar, sendo este a doce recompensa para seus visitantes.
Dependendo da planta, a
poliniz ao pode acontecer
na mesm a flor, entre flores
da mesma planta ou entre
flores de vrias plantas da
mesma espcie.
37
As abelhas podem ser especialistas em determinadas flores ou famlias
botnicas, fazendo a coleta com a mxima eficincia e operando como
polinizadoras especializadas, ou podem ser generalistas, isto , visitam muitas
espcies botnicas e as polinizam com menor eficincia do que as especialistas,
no dependendo exclusivamente delas para sua sobrevivncia. As espcies
sociais, que vivem durante o ano todo, so generalistas. Entretanto, as plantas
visitadas por cada espcie da comunidade local variaro conforme a abundncia
relativa de ninhos e de floradas, embora existam preferncias de algumas
espcies de abelhas por determinadas espcies ou famlias de plantas.
Marliane Sales
8 ano
Dependncia Planta-Inseto
O grau de dependncia que as plantas apresentam com relao aos agentes
polinizadores externos varivel. Este fato nos permite classific-las em trs
grupos:
B. So beneficiadas em C. Somente produzem
A. No precisam
diversos graus pelos com a interveno de
de polinizadores
polinizadores polinizadores
Trigo Soja Melo
Milho Laranjeira Maracujazeiro
Bananeira Tangerineira Mamoeiro
Mandioca Feijoeiro Pepino
38
Na primavera do Rio Grande do Sul, as floradas so
abundantes, constituindo-se numa das melhores temporadas
para as abelhas. J no vero, a situao mais crtica. Porm,
nesta poca a mata oferece importantes floraes de angico,
aoita-cavalo, timb, cambar e tarum, entre outras.
39
As Abelhas como Bioindicadores
A grande riqueza de espcies de abelhas
geralmente encontradas em cada localidade reflete
a diversidade com que estas exploram o ambiente.
Para que possam reproduzir-se, as abelhas
necessitam de hbitat que preencha os seguintes
pr-requisitos: 1) stios ou substratos apropriados
para nidificao; 2) para certas espcies, materiais especficos para construo de
ninhos e 3) quantidade suficiente de fontes de alimento (plantas florferas)
especficas. A abelha mandaaia, por exemplo, espcie de ocorrncia
generalizada nos cerrados, nidifica em troncos de rvores ocos. Para que as
rvores possam abrigar os ninhos destas espcies, entretanto, preciso que elas
atinjam grande porte. A ausncia desta abelha provavelmente uma indicao
indireta do acontecimento do corte seletivo de rvores numa determinada rea.
De fato, abelhas e vespas so afetadas pelo nvel de perturbao da
vegetao. Existem grupos que so essencialmente de reas conservadas,
florestas primrias e, portanto, o desmatamento afeta suas populaes
negativamente. Servem, portanto, como bioindicadores da qualidade ambiental.
O Conhecimento Indgena
Falando do conhecimento de relaes, na percepo dos ndios Kaiabi da
aldeia Kwaruj, as espcies de abelhas sem ferro esto associadas a determinado
tipo de vegetao. Eles percebem que certas espcies de abelhas sem ferro so
especficas de determinadas paisagens, indicando a necessidade de um ambiente
propcio, com certo tipo de diversidade de espcies vegetais nesses lugares.
TABELA. Abelhas sem ferro e seus locais de ocorrncia
Kaaret Yapopet
Kof et Ju Ko
A BELHA mato alto de mat a de
capoeira campo roa
terra firme vrzea
Jat a x x x
Manda guari x x x
Bor x x x x
40
Observa-se que h uma preferncia das abelhas pelo Kaaret (mato alto de
terra firme) e uma menor incidncia delas em reas alteradas como o Ko (roa).
Os Kaiabi conhecem as espcies vegetais que as
abelhas utilizam para nidificao (por exemplo,
canelo, arapari, itaba, buriti, jatob e peroba).
Tambm sabem indicar algumas espcies importantes
para a alimentao das abelhas (por exemplo, caf-
bravo, crendiva, jacareba, inaj, buritizinho e ip-amarelo).
VOC SABIA?"
Se uma abelha produzir cinco gramas de mel por ano, ento, para
produzir um quilo de mel, ela precisar
visitar aproximadamente 5 milhes de
flores.
Sabe-se muito pouco sobre as espcies de
rvores utilizadas para nidificao pelas
abelhas sem ferro e sobre o impacto
causado por alteraes dos hbitat nas suas
populaes.
Em agosto de 2004, o Conselho Nacional
de Meio Ambiente (CONAMA) aprovou a
Resoluo 346, definindo normas para o
- 5 ano
manejo de abelhas sem ferro; o Instituto Profa. Jussara
Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renovveis (IBAMA) atua na regulamentao da criao e do
comrcio de abelhas nativas.
A criao de abelhas nativas combina perfeitamente com a
agroecologia, principalmente em agroflorestas (sistemas de produo
agrcola que buscam imitar a floresta).
A abelha Irapu ( Trigona spinipes) uma espcie que costuma cortar os
botes florais de vrias plantas, principalmente dos citros (laranja, por
exemplo), utilizando-se desse material para a construo do ninho.
41
SUGESTES de ATIVIDADES"
F L O R A O Meses do ano
Nome Nome
Indgena Popular
Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
42
Diversidade e
Diferenas
4
MAPA DA S
ESPCIES
Regio Nort e
Uruu-boca-de-renda
Jandara amar ela
Uruu-boca-de-ralo
Regio Norde ste
Taquaruu
Canudo Uruu
Uruu-boi Manduri
Jupara Rajada
Moa-branca Jandara
Bor Jupar ou
Tiba
Urucu-nordestina
Regio Ce nt ro-Oest e
Jandara potiguar
Manduri
Uruu-boca-de-renda
Uruu-boca-de-ralo
Regio Sudest e
ou Bugia
Jata Mandaaia
Guaraipo
Tujuba
Manduri
Jata
Guarupu
Regio Sul
Mandaaia
Manduri
Guaraipo
Jata
Tubuna
Mirim-preguia
Irapu
Guiruu
Os MELIPONNEOS
Os meliponneos, conhecidos por abelhas
indgenas sem ferro, so encontrados na Amrica do
Sul, Amrica Central, sia, Ilhas do Pacfico, Austrlia,
Nova Guin e frica. Atualmente considera-se que
existam ao redor de 400 espcies. Elas esto subdivididas
em duas tribos: Meliponini, formada apenas pelo gnero
Melipona, encontrado exclusivamente na regio
Neotropical (Amrica do Sul, Central e Ilhas do Caribe);
Trigonini, que agrupa um grande nmero de gneros, distribudo de forma
mais ampla (Trigona, Tetrgona, Plebeia, etc.).
Trs espcies de meliponneos so manipuladas nas Amricas, mais
que qualquer outra espcie de abelhas deste continente: A abelha xa nan-
cab ( Melipona beechei), do Mxico,
a tiuba ( Melipona compressipes), do
Maranho e a uruu ( Melipona Das espcies de melipo ndeos
co nhecidas no Brasil,
scutellaris), do Nordeste. Os aproximadament e cem est o em
indgenas das trs regies as ris co de ext ino. M uit as espcies
domesticaram e, no Brasil, tanto no ainda no foram est udadas e suas
caract erst icas biolg icas so
Maranho como no Nordeste, as des co nhecid as, embora col nias
selecionaram para maior produo de div ersas espcies t enham sido
de mel. dest rudas co m as alt era es
pro mov idas pelo ser hu mano no
ecossist ema nat ural.
Meliponas e Trigonas
Exemplos de abelhas pertencentes s duas grandes tribos:
MELIPONAS TRIGONAS
Mandaaia Jata
Manduri Tubuna
Guaraipo Mirim-preguia
Uruu Irapu
Melipona scutellaris Trigona spinipes
46
OGNKRQPC"" PQ/OGNKRQPC""
Abe lhas robustas com asas que no Abe lhas finas com asas que sobrepassam a
sobre passam a longitude do corpo. longitude do corpo.
Entrada do ninho achatada, de barro, A e ntrada do ninho um tubo de ce ra com
com um simple s buraquinho com dime tro e longitude varive is.
estrias radiais.
TIPOS DE NINHOS
As abelhas podem construir seus ninhos em locais e substratos diversos, de
formas e tamanhos variados, dependendo somente das necessidades reprodutivas
de cada espcie. Assim, existem espcies que constroem ninhos escavando o solo
ou madeira, usando cavidades j existentes, na copa das rvores, com resinas
vegetais ou barro que coletam, ou com cera e outras substncias que produzem
ou encontram na natureza.
47
Abelha JATA - Tetragonisca angustula
Jata . gpnh Jata. Jatei Jata. Wos (um dos m is pre fe ridos dos
(pote de gua) indge nas matacos)
48
Outros nomes da Jata:
Guatemala: doncellita
Peru: Ramichi
Bolvia: seorita
Mxico: seorita
Abelha TUBUNA
Scaptotrigona bipunctata
Brasil: Tubuna
Colmbia: tacay, vinagrillo, enreda,
pedorra
Guatemala: congo tamagas, alazn
Mxico: abeja chiquita, tenchalita
Panam: taparaca, zagao,
enredapelos
Peru: irao rete
Tubuna (Proj. Manduri) Venezuela: pico
www.pucrs.br/ima/promata
49
Abelha GUARAIPO Melipona bicolor
A guaraipo distingue-se da
guarupu, que mais amarela. uma
abelha tmida, que no sai de sua
colmia se h barulho ou vibraes nas
redondezas. Os ninhos naturais so
pouco conhecidos. Elas nidificam em
ocos de rvores, a maioria das vezes na
base dos troncos.
Fotos: www.apacame.org.br
Fernando Rios
GUARANI MBY
Guarykua = guaraipo
50
CONHECIMENTO INDGENA
""KAINGANG
A belha africanizada. Gym .
A belha irapu. Kus .
A belha mirim. Sug me.
A belha preta. Mg sy S
(europia).
A belha pequena. Ro.
A belha tubuna. Kunnh.
A belhas do pau. Kgj. Mirim-preguia
A belha jata. gp nh; t. htpp://www.fiocruz.br
GUARANI MBY
"""ei. 1. Me l de abelha. 2.
Abe lha. (Eiru, eix u).
ei guaxu. Abelha grande .
ei mir'i. Abe lha-mirim .
ei pyt. Abelha ve rme lha.
ei rakua ax. Abelha-irati.
DENI ei ruxu. Mumbuca.
""Jandaira (Rizi Terer), Abi Itsi. ei raviju. Mandaaia.
A rapu (Rizi Vak). yvy ei. Abe lha-da-te rra.
Uruu (Rizi Vesevi), Zumah. guarykua. Guaraipo
A belha pimenta (Abi Kashi). mandori. Mandurico
TUPI GUARANI
Bor = makayba: mel, resduo amarelo, amargo, que se
encontra nos alvolos da colmia.
Irapu = yrapu = yra: mel + pu: redondo: abelha que
faz casa de terra, arredondada. A rapu: abelha redonda.
I Ira = mel RATI. Yrati = yra: mel + tinga: branco, claro.
Iracema = "era-sema" - nascida do me l.
Ira = "e ra-y" - R io do mel ou rio das abelhas.
Uruu = abelha grande (ira = abelha; uu = grande).
51
Abelha BOR Tetragona clavipes
Diz a lenda que bor significa substncia amarela e amargosa encontrada nos
cortios dessa abelha, possivelmente por se notar grande quantidade de samora,
sabur (plen), que elas armazenam em seus ninhos.
Abelha da famlia dos meliponneos, seu nome original vem do Tupi: Hebor
(que, traduzindo, quer dizer: o que h de ter mel). As colnias so bastante
populosas, muito agressivas. Depositam prpolis sobre as pessoas que examinam os
seus ninhos, quando suas colmias so abertas. Apesar disso, algum tempo depois,
digamos vinte ou trinta minutos, possvel trabalhar com elas sem vu. Seu mel
um pouco azedo.
FONTE: Waldemar Ribas Monteiro, membro do Departamento de
Abelhas Indgenas da APACAME.
VOC SABIA?"
SUGESTES de ATIVIDADES"
52
Valor
Sociocultural
5
Veja alguns exemplos de usos, restries e comportamentos de abelhas,
dentre as 27 espcies conhecidas pelos Kaiabi do Xingu, da aldeia Kwaruj:
Nome Nome
Comportamento Usos dos produtos
indgena cientfico
KAIABI
Para os Kaiabi, do Parque Indgena
do Xingu, localizado ao norte do estado
de Mato Grosso, mais particularmente
na aldeia Kwaruj, o mel um alimento
muito apreciado. Se um enxame
descoberto durante uma expedio de
caa e/ou coleta, seu mel propriedade
da pessoa que o viu primeiro. Geralmente a rvore derrubada e aberta com o
machado, expondo os favos de mel, que so espremidos com as mos e colocados
em recipientes feitos com folhas de banana brava. Se o enxame estiver
nidificado em rvores bem grossas, eles constroem um andaime com pequenas
rvores, ramos e cips para a coleta do mel. Na percepo dos Kaiabi, as espcies
de abelhas sem ferro esto associadas ao tipo de vegetao.
GUARANI
Pesquisas realizadas com Guarani Mby da Aldeia Morro da Saudade,
localizada na cidade de So Paulo ( Karai Poty), mostram que eles so
conhecedores dos insetos, incluindo vrias prticas alimentares, medicina local e
costumes religiosos. O conhecimento sobre abelhas sem ferro transmitido
entre as geraes, principalmente de pai para filho, oralmente, por observao e
tentativa de acerto e imitao (RODRIGUES, 2005).
Afirma-se que os Guarani semidomesticaram a abelha e que, depois de
utiliz-la, sempre deixam parte da colmia e das larvas.
Quando os homens guaranis vo ao
morro, com a finalidade de coletar mel, ficam
atentos aos cantos e vos de certos pssaros
como o tangar ( Chiroxiphia caudata) e o
eichuja bem-te-vizinho-ladro ( Legatus
leucophaius), que indicam os lugares onde
esto as colmias. Deste modo, a coleta de
56
mel e cera, da mesma forma que as atividades associadas caa e pesca,
pertence ao domnio social masculino. Na cultura mby, a coleta de mel uma
atividade puramente masculina, na qual as mulheres s podem colaborar ou
acompanhar, j que no permitido irem sozinhas na selva ou mata. Depois da
coleta, reparte-se o produto obtido, respondendo desta maneira s leis de
reciprocidade da cultura mby, to necessrias para a sobrevivncia do grupo.
KAYAP
A profunda relao dos ndios Kayap
com as abelhas e vespas manifesta-se pelo
conhecimento de 56 etnoespcies (espcies
classificadas pela etnia) de abelhas e de
utilizao de tcnicas sofisticadas de manejo
de enxames na natureza. Uma das tcnicas
utilizadas a construo de uma plataforma
com degraus para alcanar enxames que
nidificam em rvores altas com troncos www.funai.gov.br
57
Segundo Posey (1983), eles classificam as abelhas da
seguinte maneira:
Com base no seu comportamento, quando so
tocadas: dceis, picadoras, mordedoras ou
causadoras de bolhas;
Com base nas propriedades do mel: sabor, acidez,
produo por ninho, poca de colheita, etc.;
Com base na sua morfologia (forma ou formato);
Com base na estrutura do ninho (forma e tamanho do tubo de entrada;
tamanho do ninho; quantidade de mel por ninho, etc.) e sua localizao
(na terra, na rvore, em casas de cupim abandonadas, etc.).
VOC SABIA?"
SUGESTES de ATIVIDADES"
58
Valor
Espiritual
6
Josmar Fevereiro
http://jofevereiro.blogspot.com
//sergiobastos.wordpress.com
Valor
6
ESPIRITUAL
LEITURA de TEXTO"
Mitos e lendas confirmam que o mel e as abelhas sempre
ocuparam um lugar muito importante na vida cerimonial
e no pensamento religioso dos ndios.
O VALOR RITUALSTICO
As comunidades indgenas
costumam levar uma vida cerimonial
marcada por festas e rituais que
movimentam as tribos e atraem
parentes de outras aldeias.
Muitos desses eventos e rituais
tm se utilizado do mel, da cera e das
prprias abelhas.
OS KAINGANG
Alm de alimento, o mel tambm fazia parte da cultura
Kaingang, sendo produzida uma bebida base de mel e
gua, chamada kiki, a qual era utilizada na realizao da
festa com o mesmo nome. O ritual do Kiki exprime a
cosmologia Kaingang, rememorando a criao da sociedade
Kaingang e o culto aos mortos. Acontecia no incio do
inverno. Porm, a preparao da festa demorava alguns
meses porque implicava coleta de mel. Isto significava que
os preparativos comeavam j em meados do outono, poca
de abundncia de alimentos e de melgueiras cheias.
Para a realizao desta festa era necessria a presena
dos rezadores kui (xam) muito especializados, donos
de oraes poderosas. Eles dirigiam toda a preparao do ritual: a designao
dos pin para coletar o mel, a derrubada de um pinheiro para fazer o konki,
em que se fermentava a bebida. A preparao da bebida com gua, mel e, s
vezes, milho, resultava numa espcie de cerveja o kiki.
Atualmente, na falta de mel, o kiki foi adaptado para uma
mistura de gua, acar e cachaa.
XOKLENG
O MON - bebida tpica dos Xokleng
A maior festa dos Xokleng acontecia por ocasio da furao dos lbios dos
meninos (ritual de iniciao dos jovens), quando as vrias comunidades se
reuniam, comemorando com danas e muita bebida feita base de mel, gua e
xaxim o mon. Porm, este ritual desapareceu com o
aldeamento.
GUARANI MBY
Na cerimnia do emongarai da cultura Mby, em
Misiones/Argentina, o mel constitui um dos elementos
fundamentais para a realizao do ritual, correspondendo ao
domnio masculino consegui-lo, assim como a colheita do milho de domnio
feminino.
Esta celebrao a mais importante na cultura mby, ou, pelo menos, a
que perdura com maior fora. Realiza-se no final da estao de ra pyau,
correspondente ao ltimo ms do ano. Nesta cerimnia se celebra o
amadurecimento dos frutos, tanto da selva como das roas, que so abenoados
ou purificados atravs da fumaa do tabaco,
inclusive as sementes de milho (que iro semear),
assim como a primeira colheita obtida de todos
os produtos cultivados.
O ritual se realiza no opy (casa de reza) e
toda a comunidade participa, realizando-se
tambm, por intermediao divina, a colocao
do nome nas crianas (batismo).
62
Os quatro elementos necessrios para
realizar o emongarai so: 1) o milho, j
elaborado nas tortas de farinha chamadas de
mbojape e 2) os punhados de erva-mate (que
correspondem s mulheres); 3) os frutos do
guembe (goimb) e 4) o mel (que corresponde
aos homens).
http://webradiobrasilindigena.wordpress.com
GUAJAJARA
Os Guajajara so um ramo dos Tenetehara que vivem no Maranho; o outro
ramo, os Tembs, vivem no Par.
Os Guajajara da Aldeia Funil,
localizada na Reserva Araribia, no
municpio de Amarante (a 674 km de
So Lus), esto resgatando um destes
rituais relacionados ao mel: a Festa do
Mel, que a aldeia no realizava h
bastante tempo. A festa dura
praticamente um ms. Nesse perodo, os
ndios da aldeia anfitri e das que Hguvc"fq"ogn - Povo Guajajara Tentehar
participam da festa saem procura do Aldeia Araribia MA //static.flickr.com
CHONTAL
Para os Chontal de Nacajuca, Tabasco (Mxico), as abelhas sem ferro tm
um valor religioso importante, sendo consideradas benditas.
63
UWA
Os Uwa, tambm conhecidos
como Tunebo, so um povo
localizado ao redor da Serra Nevada
do Cocuy, na Cordilheira Oriental
colombiana.
Os mitos cantados so celebra-
dos durante as quatro estaes do
Maria Ignez Cruz Mello, 1999.
ano regidas pelo movimento do sol:
1) estaes da colheita, 2) das sementes, 3) da semeadura e 4) da florescncia.
Na mitologia Uwa, as abelhas sem ferro so "as filhas do Sol", e a festa
celebrada na estao seca (que simboliza as sementes, a gestao e os
intercmbios), marcada pelo solstcio de dezembro. Os Uwa associam o seu
universo com a vida e a organizao das colmias das abelhas sem ferro.
KAIAP
Segundo a crena Kaiap, Bepkrrti o nome dado ao
esprito de um velho xam que se torna furioso se a comida
no distribuda na tribo e que possui uma preferncia
especial por mel. Bepkrrti lana raios e troves para
destruir as pessoas gananciosas. De certa forma, a crena nesse
esprito acaba possuindo uma dupla funo: encorajar a
distribuio de alimentos na tribo e, tambm, proteger as
abelhas, uma vez que ele estimula a preservao das colnias.
YORA/YAMINAHUA
Os ndios Yora/Yaminahua, da Amaznia peruana, atribuem a
origem de dores no corao e dores epigstricas ao esprito da abelha
mangang.
64
MAIA
Os Maias yucatecos, entre o Mxico e a
Guatemala, realizam um ritual para
abenoar as abelhas u hanli cab. Inclusive,
acreditam em Ah Muzencab, um deus
encarregado de cuidar do cu, cujo nome
significa o que protege ou cuida do mel.
Tambm se tem a crena de que quando
uma pessoa que costumava criar as abelhas
morre, estas podero ir embora, caso o seu
herdeiro no as avisar da morte e comunicar
que agora ele as cuidar. Segundo os yucatecos,
as abelhas precisam saber quem as atender.
de ter saboreado o
mel dessa espcie, pronunciar essas
palavras, eles se perdero e podero
no encontrar o caminho de volta.
65
VOC SABIA?"
SUGESTES de ATIVIDADES"
66
Valor Alimentar
e Medicinal
7
C omposi o qumica dos mis:
Mel de abelha comum (Apis) e de Jata (Trigona):
Sacaro se 0% 10%
70
Todo o mel pode ser consumido? J no sculo XVI, o padre Anchieta
relatava sobre a existncia de mel venenoso:
H, porm, como disse, muitas
espcies de mel, mas as que os ndios
chamam "Eiraaquyeta", mel de
muitos buracos, porque as abelhas
fazem muitas entradas na colmia.
Logo que se bebe este mel, toma todas
as juntas do corpo, contrai os nervos,
produz dor e tremor, provoca vmitos
e destempera o ventre.
MEL DE JATA
Dentre as trigonas, a jata produz o mel de sabor mais apreciado,
e considerado como tendo atribuies teraputicas nos tratamentos
dos olhos (oftlmicas) e molstias dos pulmes.
O mel tem sido utilizado na alimentao, como antissptico,
como conservante de frutas e de gros e at para embalsamar, devido
sua ao antiputrefante. Tem tambm efeito bactericida (que mata
as bactrias). No ninho, o mel de jata, quando maduro, envolvido por potes
ovais, mais ou menos esfricos, medindo
cerca de 1 cm de dimetro cada um.
POSOLOGIA
PROPRIEDADES * Adultos: uma colher de sopa
Ao dinamognica (resistncia do trs vezes ao dia.
* Crianas: (menores de 5 anos)
organismo);
uma colher de ch trs vezes
Ao ligeiramente aperitiva (apetite); ao dia.
Ao febrfuga (abaixa a febre); - Quando o mel tomado puro,
Ao sedativa (calma a dor, tranqiliza); deve-se ing eri-lo
Suplemento alimentar (complemento); vagaros amente e em pouca
Antissptico (impede a infeco); quantidad e de cada vez.
www.cuencarural.com
73
VALOR TERAPUT ICO DO PLEN
O plen possui alto valor protico
(composio rica em aminocidos) e
vitamnico, que lhe confere alto valor
nutricional. Foram constatadas algumas
curas, como de doenas de prstata, anemia,
estresse, fadiga, regulagem do funciona-
mento intestinal, ao protetora do sistema
circulatrio do sangue, melhorias na viso
noturna e vrios casos de reduo com
normalizao dos nveis de colesterol e
triglicerdeos no sangue, no apresentando
contra-indicaes para o seu uso.
O PRPOLIS
Prpolis uma substncia resinosa obtida pelas
abelhas atravs da coleta de resinas da flora (pasto
apcola) da regio e alterada pela ao das enzimas
contidas em sua saliva. A cor, o sabor e o aroma do
prpolis variam de acordo com sua origem botnica.
Seria ento um tipo de cera extrada da polpa
das rvores com a qual as abelhas recobrem a entrada
de suas colmias, a fim de proteg-las contra fungos e bactrias, e que tem
propriedades antibiticas e fungicidas.
USO NA COLMIA
utilizada pelas abelhas de diversas
formas:
Para proteger a colmia de intrusos e
do frio, mantendo a temperatura
ideal para suas crias, fechando frestas
e diminuindo o tamanho da entrada;
74
Para desinfetar o interior da colmia e os alvolos onde a
abelha-rainha faz a postura dos ovos;
Quando um intruso abatido e no pode ser retirado do
interior da colmia, as abelhas o cobrem com prpolis,
evitando que sua putrefao contamine o ninho.
SA IBA
A PRODUO DE MEL
Tubuna,
De 2 a 5 litros
Mandaaia,
* Dependendo da
Guaraipo e
espcie, forma de
Manduri cria o e da s flora da s
www.elmundo.es
75
VOC SABIA?"
A abelha-limo ( Lestrimellita) tem o hbito de roubar
alimentos de outras colnias.
SUGESTES de ATIVIDADES"
c. Faa uma discusso sobre o porqu do mel ter alto valor alimentar
e curativo.
76
Alerta!
Perigo de Extino
8
Atualme nte no estado de Rio Grande do S ul so
conhecidas aproximadamente vinte espcies de
me liponinas, das quais quatro j esto
ameaadas de extino.
.
CAT EGORIA
Nome tradicional Nome cientfico de AMEAA
CAUSAS DO DECLNIO
Sem fazer alarde nem deixar pistas, abelhas de diversas regies do
planeta esto desaparecendo. Os cientistas esto correndo atrs de uma
resposta, mas ainda no conseguiram passar de hipteses. Talvez seja a
intoxicao por inseticidas cada vez mais usados na agricultura , talvez
a infeco por vrus e caros. Diante do mistrio, no se descarta nem
mesmo a influncia de la vouras transgnicas, o aumento da incidncia de
raios ultravioletas e a radiao dos telefones celulares.
Impactos e modificaes
Alguns efeitos:
Fragmentao do hbitat;
Os meliponneos no
conseguem escapar das queimadas porque suas fmeas no podem
sair do ninho devido ao grande desenvolvimento de seu abdome.
80
Alguns efeitos:
As abelhas so consideradas as
principais polinizadoras. Entretanto, a
introduo de espcies exticas (como
no caso da Apis) pode resultar no
declnio populacional dos polini-
zadores nativos e na diversidade dos
mesmos, pois, estas espcies exticas
ocupam os espaos das abelhas sem
ferro. Espcies invasoras no tm
predadores naturais e se multiplicam
6 ano
rapidamente. So fortes, tipicamente Profa. Jane Tolotti
agressivas, e controlam o ambiente que
ocupam, roubando espao das espcies silvestres e competindo com elas por
alimento (ver depoimento pgina 117).
Muitos meleiros, sem conhecimento, ao retirar o mel, praticamente
destroem as colmias que esto em ocos de rvores, de forma que as abelhas
tm muito trabalho para refazer suas moradias e produzir novamente,
prejudicando a sua sobrevivncia e podendo at matar a colnia.
81
c) CONTAMINAO DO A MBIENTE
Algumas causas:
Uso abusivo de agrotxico
(por exemplo, inseticidas).
Alguns efeitos:
Intoxicao;
Morte.
A advertncia de Einstein
O fsico Albert Einstein disse
que, se as abelhas
desaparecessem, a humanidade
seguiria o mesmo rumo. A razo
muito simples: sem abelhas
no h polinizao, e sem
polinizao no h alimentos.
A BIODIVERSIDADE
fica AMEAADA!
82
PENSANDO algumas SOLUES
83
nimo! Vamos criar abelhinhas de uma
forma mais sustentvel e responsvel para
assim desfrutar dos benefcios por mais
tempo e em favor do ambiente.
www.amavida.org.br
VOC SABIA?"
O criador de abelhas nativas sem ferro um meliponicultor e no
um apicultor.
SUGESTES de ATIVIDADES"
84
Em ao!
Aplicao Prtica
e Interdisciplinar
9
Atividades
nas
Escolas Indgenas
Desenho: 5 a 8 ano
Profs. Mrcio e Maria
Bento P Gg
e
Gomercindo Jt Tenh Ribeiro
Entrevistas sobre Abelhas Nativas
87
Conheo muito bem essas abelhas, a
jata e a mirim, mas nunca tive estas
abelhas, conheo e tenho uma caixa das
abelhas comuns, as de ferro. Mas
tambm sei que as jatas e mirins tm
um mestre e tem que ter muito cuidado
na hora de extrair este mel para no
matar o mestre e nunca tirar todo o
mel, sempre deixar um pouco porque
seno morre o enxame. Estas abelhas
tm o favo separado, tem a parte do
mel e dos filhotes. Sei que este mel
muito caro porque remdio e muito Karine - 4 ano
bom para comer.
Francisco Bento
Entrevista: alunos do 7 e 8 anos
88
Textos e Tarefas
Mauro Sales
4 ano
89
barro, em forma de estrias, e as que fazem a entrada com cera,
em forma de canudo.
Alguns tipos de abelhas fazem seus ninhos em ocos de pau,
outros em buracos nos barrancos e em formigueiros ou, ainda,
em cupinzeiros abandonados. comum ainda hoje, no interior, a
criao de abelhas em cabaas, principalmente da jata. uma
boa alternativa sustentvel para climas quentes.
importante limpar o mel utilizando peneiras, filtrando-o
em meias finas ou em outro tecido. Deve ser guardado em
recipiente limpo e seco. O ideal armazenar o mel em vidros
com tampa.
Professora Nice Terezinha P. Ternes
e alunos do 4 ano
90
Vantagens da criao
As abelhas sem ferro so os principais agentes polinizadores de vrias
plantas nativas. Preservar essas abelhas contribui, portanto, para conservar os
mais diversos tipos de vegetao.
A criao das abelhas sem ferro muito fcil. So abelhas bastante dceis e
de fcil manejo. Por isso, sua criao barata e no exige roupas e equipamentos
especiais, reduzindo assim os custos de sua criao e permitindo que sejam
mantidas perto de residncias e de criao de animais domsticos. Alm disso,
para manejo pode facilmente ser feito por jovens ou idosos, pois no exige esforo
fsico.
O mel produzido pelas abelhas sem ferro contm nutriente bsico e
necessrio sade, podendo substituir o acar, melhorando a alimentao
familiar. Das colmias possvel extrair mel, plen, prpolis e cera. Sendo que
estes produtos so muito valorizados no mercado, podendo assim ajudar na renda
da famlia.
Marines
8 ano
O mel produzido pelas abelhas sem ferro muito rico em nutrientes; esse
mel tambm tradicionalmente usado contra doenas pulmonares, resfriados,
gripe, sendo muito recomendado por nossos avs.
A criao de abelhas sem ferro uma atividade de baixo impacto
ambiental, que produz um alimento de grande nvel nutricional e de retorno
financeiro garantido.
Conforme pesquisas, se bem planejada, a criao de abelhas sem ferro em
caixas racionais pode ser de grande valia para a sociedade, pois, alm de
contribuir na polinizao de culturas agrcolas, contribui tambm na qualidade de
vida da populao.
Profs. Maria Vieira Vargas Sales e Mrcio Fg J T Joaquim
e alunos do 5, 6, 7 e 8 ano
91
Marines
8 ano
Abelhas Jata
As abelhas jata fazem um mel muito diferente das
abelhas comuns, mas to bom como os outros tipos de mel.
92
A chamada Jata
O mel que a abelha jata produz muito caro, porque as
abelhas produzem pouco e serve de remdio.
Micheli - 1ano
93
Diana - 3 ano
Importncia do trabalho
Este trabalho um pouco do que aprendemos quando
pesquisamos sobre as abelhas sem ferro.
Sabemos que temos muito ainda a aprender, pois, no Brasil,
h pelo menos 192 espcies de abelhas nativas sem ferro.
Esperamos continuar trabalhos e pesquisas sobre estas abelhas,
pois de muita importncia para toda a comunidade indgena.
Algumas das principais espcies de rvores nativas que a s
abelhas gostam: accia negra, aoita-cavalo, ara, carqueja, cip-
de-So-Joo, eucalipto, guaco, limoeiro, macieira, milho, pra,
pssego, pitanga, pata-de-vaca e turam.
Aluna Salete Sales - 8 ano
94
H istorinhas
Abelhas Jata
Era uma vez uns bichos chamados de abelhas jata que
moravam numa casinha l na floresta. Elas eram muito
Taciele - 8 ano
95
M inidicionrio Kaingang
Sanabria - 8 ano
96
Rudinei - 8 ano
Duas Abelhinhas
Era uma vez duas abelhinhas: uma delas se
chamava Bibi e a outra Tina.
Numa manh de primavera, sua me chamou-as e
disse: Minhas filhas, vo floresta buscar o nctar para
preparar o mel.
Depressa as duas abelhinhas saram voando em
direo mata. No caminho, Bibi e Tina iam cantando
felizes.
Ao chegar na mata, qual foi a surpresa das
abelhinhas. Ficaram apavoradas, porque l na mata
havia muitos homens derrubando todas as rvores que
encontravam pela frente.
As duas voltaram rapidamente para avisar sua me
e suas irms. Pediram ajuda para salvar a floresta, as
flores e os animais que l vivem.
Aluna Letcia - 4 ano
97
"
Natureza Viva
Vnh Km g mg
e vig vg t.
Na mata e ncontramos vrios
tipos de ninhos de abelhas.
"
"
Indiara Sales
9 ano
98
Poesia
O mel
importante
M t nn kar ki h n e m.
Nn kikr, k mg mag t tg
ge tn.
O mel importante para o ser
humano. C uide da mata, para que as
abelhas no sejam e xtintas.
Aluno Celomar Sales Turma 41
Franciel R. Sales
Prof. Carlos Jacinto 5 ano
Mel gostoso
Mel, mel, mel. Ai, que gostoso!
Ali est o mel. Posso pegar, no
preciso ter medo.
As abelhas jata, no fazem mal, elas
do mel.
Gostoso, gostoso. Abelhinha vem!
Vem, abelhinha!
Quero te pegar, no vou te fazer
nada.
Vem, vem. Ai, que vontade de comer
mel!
Ktia Ribeiro de
Campos - 5 ano
Aluna Josiane Matias - 6 ano
99
Eliezer 2 ano
100
Acrsticos
1
M I R I NS
F E R R AO
P LANTA S
Marliane Sales - 7 ano
GUA
TERRA
R VO R E
Z A N G O
AB E LHA
E
P S S A RO S
CO LM I A
V I DA
ogn"
M G
F LOR E S TA
MAN DA A I A
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S
101
2
VE S PAS
ABE LHAS
R E S I NA S
ME L
N I NHO
L ARVAS
E S P C I E S
E C O NOM I A
M U N DO
FR I CA
S ECULO S
TER RA
EURO PA
ME L F ER A
OP ER R I AS
Eliane - 5 ano
102
Receitas com mel
Cleicio Ribeiro
6 ano
Bolacha de mel
Ingredientes:
1 xcara de mel
3 ovos inteiros
2 xcaras de acar
1 xcara de leite
1 colher de caf
2 colheres de salamonaco
2 colheres de chocolate em p
1 colher de canela em p
Farinha de trigo suficiente.
Modo de fazer:
Misture todos os ingredientes e amasse. A massa no deve
ser dura. Passar na mquina e assar.
Ex perimentao da receita por alunos do 8 ano
Professora Sueli Teresinha Vargas Soffiatti
103
Bala de mel
(caramelo ou puxa-puxa)
Ingredientes:
5 a 8 colheres de mel
1 xcara de acar
xcara de gua
parte de um limo 8 ano
Profa. Juliana
Modo de fazer:
Em uma panela, colocar o acar, a gua, o mel e suco de limo.
Ferver em fogo mdio com cuidado para no queimar.
Tirar a prova para ver se est duro ou slido, usando um copo com
gua fria, onde se derrama um pouco da mistura com a ponta da colher,
para ver se endurece quando esfria.
Untar ou passar um pouco de gordura (leo de soja, margarina,
nata, banha ou manteiga) em uma forma para que no grude a mistura,
quando for passar da panela forma.
medida que vo esfriando as beiradas, misturar com o centro
para que no endurea ao redor da mistura.
Engraxar as mos com leo, para que no grude nos dedos, e pegar
a mistura ainda um pouco quente (com cuidado para no queimar as
mos), e espichar a mistura at que a cor fique clara e quase fria.
Depois, estender sobre uma mesa a massa, em forma de corda e
esperar 2 ou 3 minutos at que esfrie.
Em seguida s picar em pedacinhos e misturar ao acar para que
no grudem uns nos outros. Por fim, s degustar.
Dicas:
Se mexer muito a mistura, ela aucara. Por isso, mexer somente pela beirada.
O limo para dar liga mistura. Cuidado para no queimar as palmas das mos. Em
dias de muita umidade os caramelos devem ser guardados em pote fechado.
104
"
R"T"Q"L"G"V"Q""
K"P"V"G"T"F"K"U"E"K"R"N"K"P"C"T"
"
188 pginas - tamanho A4
Relatrio com ilustraes, fotografias e
registro de trabalhos realizados junto
com os alunos.
Alunos do 7 ano
fazendo a pesquisa
de campo.
Aula prtica
alunos preparando
bolachas de mel.
106
IMPORTNCIA
IMPORTNCIA
DAS ABELHAS NATIVAS SEM FERRO
PARA AS COMUNIDADES INDGENAS
TEM A:
C"Korqtvpekc"fcu"Cdgnjcu"Pcvkxcu""
ugo"hgttq"rctc"cu"Eqowpkfcfgu"Kpfigpcu"
MET ODOLOGIA:
108
ENVOLVIDOS:
CRONOGRAMA:
AVALIAO:
ATIVIDADES
- Pesquisa bibliogrfica.
109
- Orientao para chegar at o enxame (LEST E - OEST E -
NORT E - SUL), distncias (metros, quilmetros, passos).
Adilson Ribeiro
5 ano
PORT UGUS
- T extos e desenhos.
- Leitura de histrias sobre o mel / formao de frases /
troca de desenhos por palavras / palavras-cruzadas /
frases sobre os desenhos / poesia.
- Uso de dicionrio para significao de palavras.
110
LNGUA INDGENA
- Leitura e escrita sobre abelhas e mel.
- Frases.
- Nomes kaingang das abelhas e mel.
MAT EMTICA
- Problemas de clculos;
- Problemas com medidas (transformaes e potncia),
fracionamentos de volume (usando a produo de
mel), contagem de mobilizao de abelhas (entrada e
sada do ninho), aplicao da regra de trs.
- Densidade: diferena entre litro e quilo.
Abel 8 ano
ART ES
- Receita: bolacha de mel e bala puxa-puxa.
- Desenhos e pinturas.
EDUCAO FSICA
- Desenvolvimento de pardia a partir da msica
Aquarela, de T oquinho.
111
RELAT RIOS
- Relatrios dos trabalhos realizados do 1 ao 9 ano.
Caroline M. Ribeiro
5 ano
Kus v t mg n
ka junun ta tg ngt0"
A irapu um tipo de abelha
que gosta da copa das rvores.
112
Oficina de Abelhas
Abelhas nativas sem ferro
"
Terra Indgena Guarita, RS
- Novembro de 2007 -
Pa rticipao das comunidades Trs
Soitas, Km 10 e Pedra Lisa.
Parceria COMIN/CAPA & EMATER
Valdir Machado Soares,
tcnico da Emater.
Abertura de caixa
tradicional.
Fermino B. de Oliveira -
montagem de caixa.
114
Adair Boava - mostrando
uma isca de captura -
Setor P edra Lisa.
Mulher kaingang
saboreando o mel de
jata diretamente dos
potes.
ANEXO - DEPOIMENTO -
Impactos decorrentes da invaso
das abelhas africanas no Cerrado
Meu nome Nilton Tadeu Vilela Junqueira, sou Eng. Agrnomo, produtor
rural, ambientalista e pesquisador. Nasci e vivi at os 25 anos numa regio de
transio do Cerrado - Mata Atl ntica no Sul do Estado de Minas Gerais. Depois
de ter trabalhado dez anos no Estado do Amazonas, voltei para o Cerrado do
Planalto Central.
Meu pai era apicultor profissional no Sul de Minas Gerais e, com ele, aprendi a
manejar e me interessar por abelhas. Logo que cheguei a Braslia, comprei uma
fazenda em rea de cerrado, onde passei a cultivar frutas em escala comercial e
praticar pecuria de corte. Ao andar na rea da fazenda e pela vizinhana, percebi
que havia colmias de abelhas africanizadas em todo lugar, como em
formigueiros velhos, debaix o de pedras, em rvores ocas, cupinzeiros, gales de
herbicida abandonados, canos de irrigao, postes de energia, latadas, barrancos
de rio, buracos de tatu, etc. Nunca em minha vida tinha visto tantas colmias de
Apis na natureza. Posteriormente, verifiquei que algumas colmias de abelhas
nativas como a jata, boca-de-sino, tataras, vespas e outras se estabeleciam
naturalmente durante o perodo seco e morriam durante o perodo chuvoso. Aps
investigar as causas da morte, chegamos concluso que elas morriam de fome,
pois n o conseguiam competir em nmero e agressividade com as abelhas
africanizadas. Todas as flores emitidas naquele perodo recebiam um nmero
intenso de africanizadas, sem qualquer chance para as abelhas nativas. Cheguei a
introduzir algumas em caix as de madeira, mas a maioria morreu tambm.
No Cerrado, temos plantas melferas e nectferas. As nectferas restritas, como o
pequizeiro, maracujazeiro-nativo e outras, no permitem que abelhas tenham
acesso cmara nectfera, portanto, no so melferas, sendo visitadas e
polinizadas por morcegos, mariposas, mamangavas e pssaros que conseguem
atingir a cmara nectfera. Durante o perodo da seca no Planalto Central, poca
de maior pico de florao, as abelhas africanizadas tomam conta das floradas,
impedindo a aprox imao e afugentando as abelhas nativas de pequeno porte,
fazendo com que estas morram de fome. Em muitos casos, a abelha africanizada
no consegue fazer a polinizao, como no caso do maracujazeiro, mas carrega
todo o plen e impede a aproximao da mamangava e de outros polinizadores
mais eficazes. Assim, boa parte de frutos de algumas espcies de maracujazeiro
encontradas na natureza produz frutos sem sementes. O maracuj-rox o j no
pode mais ser encontrado no Cerrado.
Desenho: Elis 7 ano
118
Glossrio
Abelha-da- terra. Abelha que constri Cera pura. Nos meliponneos, assim como
colnias no solo; abelha-papa-terra. no caso de outras abelhas, a cera
Abelha-do-pau. Que nidifica em ocos de produzida em glndulas localizadas no
rvores. abdome.
120
Tghgtpekcu"Dkdnkqithkecu"
"
ALONSO, Wladimir Jimenez. Abelhas sem valorao de recursos considerados
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2001. 46 p. 2002.
121
A N O T A E S
123
124
125
Gfkvqtc"QKMQU"