Bateria de Exercícios - Figuras de Linguagem

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BATERIA DE EXERCCIOS FIGURAS DE LINGUAGEM PROF.

MARCELO ALVES

QUESTO 01 - Leia o excerto de Entre silncios e dilogos:


Um dia aprendi com Lili a decifrar as letras e suas somas. E a palavra se mostrou como
caminho poderoso para encurtar distncia, para alcanar onde s a fantasia suspeitava, para
permitir silncio e dilogo. Com as palavras eu ultrapassava a linha do horizonte. E o meu
corao de menino se afagava em esperana.
[...] Assim, o livro passou a ser o meu porto, a minha porta, o meu cais, a minha rota.
Pelo livro soube da histria e criei os avessos, soube do homem e seus disfarces, soube das
vrias faces e dos tantos lugares de se olhar. [] Ler aventurar-se pelo universo inteiro.

CAMPOS DE QUEIRS, B. Sobre ler, escrever e outros dilogos. Belo Horizonte: Autntica, 2012.
Fragmento.

O enunciador estabelece uma relao de semelhana entre ler e viajar. Isso est mais
evidente na metfora

(A) decifrar as letras


(B) permitir silncio
(C) afagava em esperana
(D) passou a ser o meu porto
(E) criei os avessos

QUESTO 02 - A gente Honrio Cota

Desde longe a gente adivinhava ele vindo: alto, magro, descarnado, como uma ave
pernalta de grande porte. Sendo assim to descomunal, podia ser desajeitado: no era, dava
sempre a impresso de uma grande e ponderada figura. No jogava as pernas para os lados
nem as trazia abertas, esticava-as feito medisse os passos, quebrando os joelhos em reto.
Quando montado, indo para a sua Fazenda da Pedra Menina, no cavalo branco ajaezado
de couro trabalhado e prata, a ento sim era a grande, imponente figura, que enchia as
vistas. Parecia um daqueles cavaleiros antigos, fugidos do Amadis de Gaula ou do Palmeirim,
quando iam para a guerra armados cavaleiros.

DOURADO, A. pera dos mortos, 1970.

No primeiro pargrafo, a comparao do coronel com uma ave pernalta representa

(A) um recurso expressivo para ilustrar sua aparncia e sua presena fsica.
(B) uma figura de retrica sem grande significado descritivo.
(C) uma imagem visual de seu temperamento amvel, mas perigoso.
(D) uma imagem que busca representar sua impressionante beleza.
(E) um modo de chamar ateno para o ambiente rstico em que vivia.

QUESTO 03 - Leio o fragmento da crnica Quando dia de futebol, de Carlos Drummond de


Andrade:

Quando Bauer, o de ps ligeiros, se apoderou da cobiada esfera, logo o suspeitoso Naranjo


lhe partiu ao encalo, mas j Brandozinho, semelhante chama, lhe cortou a avanada. A
tarde de olhos radiosos se fez mais clara para contemplar aquele combate, enquanto os
agudos gritos e imprecaes em redor animavam os contendores. A uma investida de
Crdenas, o de fera catadura, o couro inquieto quase se foi depositar no arco de Castilho, que
com torva face o repeliu. Eis que Djalma, de aladas plantas, rompe entre os adversrios
atnitos, e conduz sua presa at o solerte Julinho, que a transfere ao valoroso Didi, e este por
sua vez a comunica ao belicoso Pinga.

DRUMMOND DE ANDRADE, C. Quando dia de futebol. Rio: Record, 2002

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No trecho o couro inquieto quase se foi depositar no arco de Castilho, a linguagem figurada
explorada para afirmar que o goleiro Castilho quase sofreu um gol. Na passagem, ao se
retratar a bola como um couro inquieto, pode-se dizer que ocorre a uma figura conhecida
como

(A) sinestesia
(B) catacrese
(C) comparao
(D) prosopopeia
(E) hiprbole

QUESTO 04 - Leia o fragmento de um romance de rico Verssimo (1905-1975).

O defunto dominava a casa com a sua presena enorme.

Anoitecia, e os homens que cercavam o morto ali na sala ainda no se haviam habituado ao
seu silncio espesso.

Fazia um calor opressivo. Do quarto contguo vinham soluos sem choro. Pareciam pedaos
arrancados dum grito de dor nico e descomunal, davam uma impresso de dilaceramento,
de agonia sincopada.

Um lugar ao sol, 1978.

A fora expressiva da locuo silncio espesso resulta do fato de os vocbulos

(A) traduzirem conceitos religiosos


(B) produzirem uma reestruturao do perodo
(C) apresentarem sentidos similares
(D) harmonizarem sensaes agradveis e desagradveis
(E) associarem caractersticas sensoriais distintas

QUESTO 05

Num mundo capitalista como este em que vivemos, onde as empresas concorrem para
posicionar suas marcas e fixar logotipos e slogans na cabea dos consumidores, a sndrome
do Gillette pode ser decisiva para a perpetuao de um produto. isso que preocupa a
concorrncia do iPad, tablet da Apple.

Assim como a marca de lminas de barbear tornou-se sinnimo de toda a categoria de


barbeadores, eclipsando o nome das marcas que ofereciam produtos similares, o mesmo
pode estar acontecendo com o tablet lanado por Steve Jobs. O maior temor do mercado
que as pessoas passem a se referir aos tablets como iPad em geral, dizendo iPad da
Samsumg ou iPad da Motorola, e assim por diante.

Disponvel em: http://revistalingua.uol.com.br.


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No campo da estilstica, a figura de linguagem abordada na matria acima recebe o nome de

(A) metfora, por haver uma comparao subentendida e cristalizada entre a marca e o
produto.
(B) hiprbole, por haver exagero dos consumidores na associao do produto com a marca.
(C) catacrese, por haver um emprstimo lingustico na referncia marca do produto famoso.
(D) metonmia, por haver substituio do produto pela marca, numa relao de
contiguidade.
(E) perfrase, por haver a designao de um objeto atravs de seus atributos ou de um fato
que o celebrizou.

QUESTO 06 - So Paulo, 10 de maro de 1867.

Estamos em plena quaresma.

A populao paulista azafama-se a preparar-se para a lavagem geral das conscincias nas
guas lustrais do confessionrio e do jejum.

A cambuquira* e o bacalhau afidalgam-se no mercado.

A carne, msera condenada pelos santos conclios, fica reduzida aos pouqussimos dentes
acatlicos da populao, e desce quase a zero na pauta dos preos.

AGOSTINI, A.; CAMPOS, A. de; REIS, A. M. dos. Cabrio, 10 mar. 1867. Fragmento adaptado.

Glossrio:
cambuquira: iguaria constituda de brotos de abbora guisados, geralmente servida como
acompanhamento de assados.

Na expresso dentes acatlicos (na passagem "fica reduzida aos pouqussimos dentes
acatlicos da populao"), a palavra dentes empregada em lugar de pessoas, segundo
uma relao semntica de

(A) smbolo pela coisa significada


(B) parte pelo todo
(C) continente pelo contedo
(D) causa pelo efeito
(E) todo pela parte

QUESTO 07

A tirinha denota a postura assumida por seu produtor frente ao uso social da tecnologia para
fins de interao e de informao. Tal posicionamento expresso, de forma argumentativa,
por meio de uma atitude

(A) crtica, expressa pelas ironias.


(B) resignada, expressa pelas enumeraes.
(C) indignada, expressa pelos discursos diretos.
(D) agressiva, expressa pela contra-argumentao.
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(E) alienada, expressa pela negao da realidade.

QUESTO 08 - O nada que

Um canavial tem a extenso


ante a qual todo metro vo.

Tem o escancarado do mar


que existe para desafiar

que nmeros e seus afins


possam prend-lo nos seus sins.

Ante um canavial a medida


mtrica de todo esquecida,

porque embora todo povoado


povoa-o o pleno anonimato

que d esse efeito singular:


de um nada prenhe como o mar.

CABRAL DE MELO NETO, J. Museu de tudo e depois, 1988.

O enunciador considera o canavial um paradoxo, conforme indica o ttulo O nada que . Esse
carter paradoxal, no poema, pode ser identificado porque

(A) opem-se no canavial a ideia do nada e a da imensido.


(B) o canavial no pode representar a complexidade da poesia.
(C) os annimos se interessam pela insignificncia do canavial.
(D) a extenso do canavial supera os limites do universo urbano.
(E) o mar se apresenta como mais amplo que o canavial.

QUESTO 09 - Leia o seguinte fragmento do captulo O agregado, do romance Dom


Casmurro.

Nem sempre ia naquele passo vagaroso e rgido. Tambm se descompunha em acionados, era
muita vez rpido e lpido nos movimentos, to natural nesta como naquela maneira.
Outrossim, ria largo, se era preciso, de um grande riso sem vontade, mas comunicativo, a tal
ponto as bochechas, os dentes, os olhos, toda a cara, toda a pessoa, todo o mundo pareciam
rir nele. Nos lances graves, gravssimo.

MACHADO DE ASSIS. Dom Casmurro.

Em as bochechas, os dentes, os olhos, toda a cara, toda a pessoa, destaca-se como recurso
expressivo a seguinte figura de linguagem:

(A) metfora
(B) eufemismo
(C) prosopopeia
(D) gradao
(E) sinestesia

QUESTO 10 - Os excertos seguintes foram extrados da crnica Separao, de Vinicius de


Morais. O trecho em que a hiprbole empregada para caracterizar o sentimento de uma das
personagens diante do trmino da relao :

(A) "Ela o olhava com um olhar intenso".


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(B) "(...) o pranto formar-se muito longe em seu ntimo".
(C) "(...) no lhe dava foras para desprender-se dela".
(D) "De sbito, sentido que ia explodir em lgrimas (...)".
(E) "(...) correu para a rua e ps-se a andar".

QUESTO 11 - Leia o fragmento do poema Favelrio Nacional:

Medo: no de tua lmina nem de teu revlver


nem de tua manha nem de teu olhar.
Medo de que sintas como sou culpado
e culpados somos de pouca ou nenhuma irmandade.
Custa ser irmo,
custa abandonar nossos privilgios
e traar a planta
da justa igualdade.
Somos desiguais
e queremos
ser sempre desiguais.
E queremos ser
bonzinhos benvolos
comedidamente
sociologicamente
mui bem comportados.
Mas favela, ciao,
que este nosso papo
est ficando to desagradvel.
Vs que perdi o tom e a empfia do comeo?

ANDRADE, Carlos Drummond de. Corpo. So Paulo, Record, 1984.

Ocorre pleonasmo figura de linguagem atravs da qual a redundncia de termos de sentido


equivalente confere expresso mais vigor ou clareza no verso:

(A) Medo: no de tua lmina nem de teu revlver.


(B) custa abandonar nossos privilgios.
(C) Somos desiguais.
(D) ser sempre desiguais.
(E) bonzinhos benvolos.

QUESTO 12 Ao fugir para o Brasil, metade dos Brun ganhou uma perna a mais. O n
virou m. Mas essa
perna a mais era um membro fantasma, um ganho que revelava uma perda.

A autora associa a troca de letras no registro do sobrenome de seu tetrav expresso um


membro fantasma. Essa associao constri um exemplo da figura de linguagem
denominada:

(A) anttese
(B) metfora
(C) hiprbole
(D) eufemismo

QUESTO 13 - Uma afirmao paradoxal contm alguma contradio interna. Um exemplo


de afirmao paradoxal identificado em:

(A) Adulto: pessoa que, em toda coisa que fala, fala primeiro dela mesma.
(B) Guerra: gente que se mata por um pedao de terra ou de paz.
(C) Me: me entende e depois vai dormir.
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(D) Paz: quando a pessoa se perdoa.

QUESTO 14 - A ARTE DE ENGANAR

Em seu livro Pernas pro ar, Eduardo Galeano recorda que, na era vitoriana, era proibido
mencionar calas na presena de uma jovem. Hoje em dia, diz ele, no cai bem utilizar
certas expresses perante a opinio pblica: O capitalismo exibe o nome artstico de
economia de mercado; imperialismo se chama globalizao; suas vtimas se chamam pases
em via de desenvolvimento; oportunismo se chama pragmatismo; despedir sem indenizao
nem explicao se chama flexibilizao laboral etc.

A lista longa. Acrescento os inmeros preconceitos que carregamos: ladro sonegador;


lobista consultor; fracasso crise; especulao derivativo; latifndio agronegcio;
desmatamento investimento rural; lavanderia de dinheiro escuso paraso fiscal;
acumulao privada de riqueza democracia; socializao de bens ditadura; governar a
favor da maioria populismo; tortura constrangimento ilegal; invaso interveno; peste
pandemia; magricela anorxica.

Eufemismo a arte de dizer uma coisa e acreditar que o pblico escuta ou l outra. um
jeitinho de escamotear significados. De tentar encobrir verdades e realidades.

Posso admitir que perteno terceira idade, embora esteja na cara: sou velho. Ora, poderia
dizer que sou seminovo! Como carros em revendedoras de veculos. Todos velhos! Mas o
adjetivo seminovo os torna mais vendveis.

Coitadas das palavras! Elas so distorcidas para que a realidade, escamoteada, permanea
como est. No conseguem, contudo, escapar da luta de classes: pobre ladro, rico
corrupto. Pobre viciado, rico dependente qumico.

Em suma, eufemismo um truque semntico para tentar amenizar os fatos.

Frei Betto. Adaptado de O Dia, 21/03/2015.

Em sua origem grega, o termo eufemismo significa palavra de bom agouro ou palavra
que deseja o bem. Como figura de linguagem, indica um recurso que suaviza alguma ideia
ou expresso mais chocante. Na crnica, o autor enfatiza o aspecto negativo dos eufemismos,
que serviriam para distorcer a realidade. De acordo com o autor, o eufemismo camufla a
desigualdade social no seguinte exemplo:

(A) fracasso crise


(B) peste pandemia
(C) magricela anorxica
(D) rico corrupto

QUESTO 15 Hoje, ns somos escravos das horas, dessas senhoras inexorveis que no
cedem nunca
Neste fragmento, o autor emprega uma figura de linguagem para expressar o embate entre o
homem e o tempo. Essa figura de linguagem conhecida como:

(A) ironia
(B) hiprbole
(C) eufemismo
(D) personificao

QUESTO 16 Pois assim como Amarildo aquele que desapareceu das vistas, e no faz
muito tempo, Cludia aquela que subitamente salta vista, e ambos soam, queira-se ou
no, como o verso e o reverso do mesmo. Neste trecho, para aproximar dois casos

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recentemente noticiados na imprensa, o autor emprega um recurso de linguagem
denominado:

(A) anttese
(B) negao
(C) metonmia
(D) personificao

CANO DO VER

Fomos rever o poste.


O mesmo poste de quando a gente brincava de pique
e de esconder.
Agora ele estava to verdinho!
O corpo recoberto de limo e borboletas.
Eu quis filmar o abandono do poste.
O seu estar parado.
O seu no ter voz.
O seu no ter sequer mos para se pronunciar com
as mos.
Penso que a natureza o adotara em rvore.
Porque eu bem cheguei de ouvir arrulos1
de passarinhos
que um dia teriam cantado entre as suas folhas.
Tentei transcrever para flauta a ternura dos arrulos.
Mas o mato era mudo.
Agora o poste se inclina para o cho como algum
que procurasse o cho para repouso.
Tivemos saudades de ns.

Manoel de Barros. Poesia completa. So Paulo: Leya, 2010.

QUESTO 17 - No poema, o poste associado prpria vida do eu potico. Nessa


associao, a imagem do poste se constri pelo seguinte recurso da linguagem:

(A) anfora
(B) metfora
(C) sinonmia
(D) hiprbole

QUESTO 18 O pai era uma ona.


Nesse verso, a palavra ona est empregada em um sentido que se define como:

(A) enftico
(B) antittico
(C) metafrico
(D) metonmico

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QUESTO 19 - No dilogo das personagens da tira, h mais de uma ocorrncia de paradoxo,
ou seja, uma combinao de termos ou expresses que se contradizem. O melhor exemplo de
paradoxo presente na fala de Joana :

(A) espao virtual


(B) s se eu falhar
(C) rede antissocial
(D) opinies sem noo

QUESTO 20 No cinema, s quem fala so os atores do filme. Ns calamos para que eles
possam falar.Nossa vida cala para que outra fale. O trecho acima usa uma figura de
linguagem chamada de:

(A) metfora
(B) hiprbole
(C) eufemismo
(D) metonmia

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