Jornalismo Político PDF
Jornalismo Político PDF
Jornalismo Político PDF
Cook
O jornalismo poltico
3
A estratgia semelhante ao modo como alguns cientistas polticos consideram, por exemplo, o
feminismo, focando naquilo com que todas as feministas concordam, ainda que algumas feministas
prefiram ir alm dessa definio to bsica.
4
A obra de Easton extremamente til, pois reconhece que as fronteiras em torno de poltica so
permeveis, fluidas e mutveis. Sua cuidadosa considerao do que no poltica, e onde podem ser
traadas as fronteiras para fins de anlise, especialmente benfica em comparao com definies
mais escorregadias. Ver Easton (1965, caps. 4 e 5) e Dahl (1963).
O jornalismo poltico 205
Vis e impacto
O noticirio necessariamente seletivo. Os reprteres s podem atender a
alguns dos eventos possveis. Suas ideias formuladas e vendidas, a amostra
encolhe ainda mais. Na adequada frase de Gans, o noticirio a manchete
da manchete: os reprteres destacam os elementos noticiveis potenciais
de um evento particular quando os vendem a seus chefes, que ento es-
colhem entre aqueles ao decidir se aprovam a continuidade da matria e
como jogar com ela no contexto do produto noticioso como um todo (Gans,
1979, p. 92). O noticirio pode ento no ser uma amostra representativa
das ocorrncias, mas os jornalistas podem responder com credibilidade e
o fazem que chegaram com os eventos e pessoas mais importantes para
incluir no noticirio. O problema, claro, que esse foco confere tanto status
quanto o fato que teria levado a ele. Os jornalistas podem criar importncia
e certificar a autoridade tanto quanto refleti-la, ao decidir quem deve falar
sobre o que e em que circunstncias.
A seletividade, em si mesma, no leva automaticamente ao vis. Afinal,
no obteramos uma viso enviesada do mundo se as notcias tomassem
uma amostra aleatria de todos os eventos possveis a cada dia. A seletivi-
dade leva ao vis quando, dia sim, dia no, certos tipos de atores, partidos
polticos e questes receberem maior cobertura e forem apresentados mais
O jornalismo poltico 207
7
Sobre a qualidade repetitiva das notcias, ver, especialmente, Darnton (1975); Phillips (1976);
e Gans (1979, cap. 2).
8
Ver, especialmente, Weaver (1972, p. 57-74); Hofstetter (1976; 1978).
9
Hofstetter (1978, p. 3) operacionaliza agudamente as trs formas de vis, observando que se
pode identificar o vis situacional se eventos diferentes recebem cobertura diferente em diversas
modalidades; o vis estrutural se os mesmos eventos recebem cobertura diferente em diversas
modalidades; e o vis poltico como qualquer diferena residual, particularmente entre notcias
que usam a mesma modalidade.
208 Timothy E. Cook
deve funcionar (Gans, 1979, cap. 2). Gans especulou que o noticirio reflete as
exigncias reformistas da Era Progressista, quando as abordagens modernas
do jornalismo se estabilizaram.10 Em consequncia, os noticirios favorecem
a poltica no partidria e aberta, suspeitam de grandes burocracias e empre-
sas e celebram aproximaes mais individuais que coletivas aos problemas
pblicos, a ponto de que poderiam ser chamados de antipolticos.
Entretanto, tais preferncias raramente so explicitadas pelos jornalistas,
seja em suas redes ou em autodefesa. De fato, as preferncias dos jornalistas
por certas histrias refletem uma ordem normativa mais por sua nfase nas
ameaas ou violaes dessa ordem. Gans concluiu, por exemplo, que os
noticirios defendem a teoria democrtica contra uma prtica democrtica
quase inevitavelmente inferior (Gans, 1979, p. 44). Isso significa que os
jornalistas tm a opo de apresentar uma avaliao negativa dos poderosos,
que aparentemente se acelerou a partir da dcada de 70, quando Gans fez
sua pesquisa.11 Ainda que a ordem normativa da democracia altrusta seja
assim defendida, tais notcias negativas no servem de conforto para aqueles
que desejam acreditar que o sistema como um todo, e tambm os ocupantes
dos postos de mando, est funcionando a contento. Dessa forma, os valores
podem ser mantidos intatos, mas a expensas de uma crtica ao poder oficial.
Mas os valores duradouros, normas que os pesquisadores identificam
nos noticirios, tm pouco a ver com as normas que os prprios jornalistas
especificariam se lhes fizssemos a pergunta. O termo norma assim tem
um status diferente para os cientistas polticos que estudam os jornalistas do
que tem para aqueles que examinam outros atores polticos pelo menos a
julgar pela famosa obra sobre normas entre membros do Congresso nos anos
1950 e 1960 que especificou as normas e usos da casa (p. ex., reciprocidade,
lealdade institucional, aprendizado, competncia) a partir de observao
direta, entrevistas e surveys12. Quando examinam seu trabalho e o de outros,
os jornalistas falaro mais provavelmente sobre questes estilsticas (obje-
tividade, especificidade, drama, excitao, boas imagens etc.) mais do que
sobre noes polticas de como funciona ou deveria funcionar o mundo.13
10
A especulao de Gans (1979, p. 68-9 e 204-6) reforada por sua anlise histrica, que documenta
as mudanas durante a Era Progressista. Ver, por exemplo, Schudson, (1978) e McGerr (1986)
11
A melhor indicao da crescente negatividade das notcias est em Patterson (1993).
12
Os dois estudos clssicos sobre as normas congressuais na era pr-reformas so Mattheus (1960); e
Huitt e Peabody (1969).
13
Ver, em geral, Gans (1979, esp. cap. 5); Altheide (1976); McManus (1994); e Diamond (1995).
O jornalismo poltico 209
psito especfico apenas para descobrir que sem querer ficaram disponveis
para ser questionadas sobre outras matrias que os jornalistas podem achar
mais dignas de noticiar. Mesmo quando o acesso limitado ou controlado,
suas respostas podem ser postas em um contexto menos favorvel.
Tal vis e tal poder pode ser controlado pelos jornalistas, no a despeito,
mas por causa do poder da objetividade. Os reprteres se engajam na exclu-
so explcita de valores, aderindo objetividade, ignorando as implicaes
de sua cobertura e seus prprios pontos de vista pessoais. Mas acabam por
incluir implicitamente outros valores, aqueles inerentes s rotinas de trabalho
e s definies do que faz uma histria de qualidade (Gans, 1979, cap. 6).
O aspecto indiscutido das notcias, de sua produo e do valor de public-
-las contribui para os relatos inconscientemente enviesados dos jornalistas,
mesmo (ou at especialmente) quando eles aplicam critrios de objetividade
e qualidade desinteressados e aparentemente neutros quanto ao contedo.
Esse conflito intrnseco leva a um processo de produo da notcia cen-
trado no que chamei de negociao do valor de notcia (Cook, 1989, p.
169)15 as negociaes constantes, ainda que implcitas, entre fontes polticas
e jornalistas. Com ambos os lados controlando recursos importantes, a ne-
gociao nunca unilateral. Certamente, devemos adotar uma abordagem
bem ampla de negociao. Sem nos restringirmos troca aberta sobre ma-
neiras precisas de resolver problemas definidos em comum, sigo o caminho
de outros que definem a negociao em termos amplos para abarcar no s
toda a gama de interaes, mas tambm como as partes de uma negociao
aprendem mutuamente e prevem como a negociao real ser.16 Como
observa o antroplogo P.H. Gulliver:
15
Tuchman usou um termo semelhante para discutir o processo de negociao corrente dentro das
organizaes noticiosas; ver Tuchman (1978a, p. 31).
16
Para uma resenha dessa literatura na psicologia social, ver Pruitt e Carnevale (1993).
O jornalismo poltico 211
Notcias oficiais
Tendo estabelecido que o jornalismo no espelha simplesmente o mundo,
podemos agora perguntar qual o papel que as notcias desempenham na
alocao impositiva de valores. Comecemos pela autoridade. Os jorna-
listas precisam cuidar, claro, de quem ou o que tem suficiente autoridade
para aparecer no noticirio, uma vez que a credibilidade dessas fontes se
212 Timothy E. Cook
Quanto mais estreita a trama da rede (...) mais pode ser capturado. Certamente,
projetar uma trama mais estreita e mais cara pressupe um desejo de capturar peixes
pequenos e no lan-los de volta ao fluxo das ocorrncias amorfas do quotidiano.
A rede de notcias dos dias de hoje pretende pegar os peixes grandes. (Tuchman,
1978a, p. 21).
Acho que o jornalista tem uma responsabilidade de no levar vantagem, por causa de
seu prprio artigo, dos tipos de coisas tolas, fracas, humanas que todos ns dizemos
e fazemos no curso de nossas vidas... Para mim, isso seria um rompimento do tipo
de contrato social estabelecido. Seria diferente se voc estivesse escrevendo uma
histria sobre uma pessoa que no cooperou, o mesmo tipo de contrato no existe.
(John Taylor apud Gottlieb, 1989, p. 21-35)
Sobre a organizao social dos setores de notcias, ver, especialmente, Sigal (1973, cap. 3); e Fishman,
17
(1980).
O jornalismo poltico 215
Observe-se que a concluso de que, para que uma histria se desenvolva, uma vez obtida a ateno
18
dos jornalistas, ela tem que ser crvel e factvel, o que pode mais uma vez depender da cooperao de
fontes oficiais, ou pelo menos da presena de documentos oficiais. (Protess et alii, 1991, p. 207-208)
216 Timothy E. Cook
Esse nvel de trabalho da mdia a norma para muitas organizaes suas ativida-
des s alcanam ocasionalmente os padres de algo digno de figurar no noticirio
Essas generalizaes so extradas de numerosos bons estudos das dificuldades que os atores polticos
19
no governamentais encontram para chegar ao noticirio em seus prprios termos. Esses estudos
incluem Peletz e Dunn (1969, p. 328-345); Goldenberg (1975); Molotch e Lester (1975); e, acima de
todos, Gitlin (1980). Um livro recente sobre como fazer tambm um belo esboo dos muitos obs-
tculos que os movimentos sociais enfrentam no uso dos noticirios; ver Ryan (1991). A certa altura,
Ryan parece sugerir que no se pode esperar muito: A vitria raramente tal que o desafiante chega
a status equivalente ao do dominante; em geral, apenas chega a no permitir que o dominante passe
sem contestao (Ryan, 1991, p. 70).
O melhor relato das estratgias de mdia dos grupos de interesse organizados o de Schlozman e
Tierney (1986, esp. cap. 8), embora as discusses em Walker Jr. (1991) sobre estratgias internas e
externas sejam altamente instrutivas.
O jornalismo poltico 217
da mdia, uma ou duas vezes por ano, se tanto. Isso traz prejuzos intrnsecos; seus
membros dificilmente aprendem a manejar de maneira refinada as rotinas das notcias
quando seu contato com a mdia to espordico. (Ryan, 1991, p. 157)20
produto numa base regular que atrair uma audincia que os anunciantes
esto dispostos a pagar para atingir pode fornecer um contrapeso cada vez
maior dependncia do mundo oficial. Juzos sobre importncia podem no
bastar, especialmente porque o equilbrio que foi atingido nos anos setenta
mudou nos anos noventa. Padres de importncia empalidecem agora ao
lado do imperativo das histrias para as notcias das TVs locais; o decrescente
corpo de reprteres das redes em Washington est sob crescente presso de
diminuir as reportagens; e at o austero New York Times, sob a liderana
de Max Frankel, ao final dos anos oitenta comeou a promover reprteres
mais na base do estilo da prosa do que por furos substantivos.22 Alm dis-
so, o jornalismo como um todo se torna mais interpretativo, com menos
histrias coladas s notcias do dia. Os jornais j tinham comeado a cavar
esse nicho quando ficou claro para eles que seus leitores j teriam recebido
muitas das novas notcias da TV na noite anterior; agora, as trs redes de
televiso tambm esto se tornando mais interpretativas, com segmentos
como as Solues da ABC ou o Olho na Amrica, da CBS, focados nas
notcias que voc pode usar ou peas mais orientadas narrativa, dado que
as estaes all-news no rdio e na TV podem ter chegado antes.
Enquanto o processo governamental fornece o palco, os atores e as falas
para os relatos criados pelos jornalistas, cabe a estes cortar e colar esses ele-
mentos segundo seus prprios padres de qualidade e interesse, que bem
podem divergir do estado timo para os polticos. Lembre-se novamente a
resposta dada por Lee Sigelman ao observar como reprteres da geral de dois
jornais de Nashville com diferentes inclinaes polticas podiam reivindicar
tanto objetividade quanto autonomia: pense-se nos reprteres como artesos
comissionados para desenvolver um projeto (Sigelman, 1973).
A ideia de Sigelman tambm chama nossa ateno para um aspecto do tra-
balho deles que, como o historiados cultural Robert Darnton brilhantemente
lembrou h mais de vinte anos, continua curiosamente a no receber ateno:
os jornalistas renem histrias. Darnton se baseou em sua experincia como
foca no Newark Star-Ledger e no New York Times. Numa anedota, Darnton
no tinha conseguido matria com nome assinado em sua breve carreira
jornalstica em Newark. Decidiu praticar com uma notcia policial sobre um
menino cuja bicicleta tinha sido roubada num parque. Ele juntou uma histria
e a mostrou a um reprter veterano, que lhe disse que ele a tinha escrito como
se fosse um press release em lugar de uma histria com carne e sangue. Sem
se referir ao original, o veterano escreveu uma saga como amostra:
Toda semana, Billy punha seus vinte e cinco centavos no cofrinho. Queria comprar
uma bicicleta. Finalmente, chegou o grande dia. Escolheu uma Schwinn vermelha
brilhante, e levou-a para uma pedalada no parque. Todos os dias durante uma se-
mana ele pedalava orgulhosamente no mesmo caminho. Mas ontem, trs valentes
pularam sobre ele no meio do parque. Derrubaram-no da bicicleta e fugiram com ela.
Espancado e sangrando, ele voltou casa de seu pai, George F. Wagner, na rua Elm,
43. No se preocupe, filho, disse o pai, comprarei para voc uma nova bicicleta,
e voc poder us-la na entrega de jornais para ganhar o dinheiro para me pagar.
Billy espera comear logo a trabalhar. Mas nunca mais vai pedalar atravs do parque.
Darnton ento telefonou ao pai para perguntar sobre dados novos a partir
dessa histria, sobre a mesada do menino, se a guardava num cofrinho, a
cor da bicicleta e assim por diante. Logo eu tinha detalhes suficientes para
o novo padro da histria. Eu a reescrevi no novo estilo, e ela apareceu no
dia seguinte, num quadro especial, acima da dobra, na primeira pgina, e
assinada por mim (Darnton, 1975, p. 190). Observe-se que Darnton no
inventou nada. A histria no era fico; a frmula chamou sua ateno
para certas questes que poderiam ser usadas para revelar e recontar uma
histria familiar, mas verdadeira.
claro que essa dimenso narrativa das notcias aparece mais (e mais
estudada) nas notcias de televiso. O estudo pioneiro do cientista poltico
Edward Jay Epstein sobre o NBC News reproduz um memorando hoje famoso
de Reuven Frank, ento produtor executivo das notcias da noite:
a histria vinculada pelo ncora prxima narrativa (ou por uma atrao
para manter o espectador sintonizado depois dos comerciais).
O imperativo de contar histrias nos noticirios de televiso e rdio
particularmente proeminente dada a necessidade de manter as audincias
sintonizadas. Mas o formato do noticirio de televiso hoje to difundido
que foi adotado por noticirios que no compartilham a mesma motivao
econmica por exemplo, a CNN que, dado seu formato contnuo 24 horas
por dia, estaria mais inclinada a esperar que o pblico zapeasse as notcias
em vez de permanecer sintonizado num canal.23
As histrias de jornais tambm so histrias, apesar de que a forma
de pirmide invertida dos relatos da informao mais central mais
perifrica no parea ter muito a ver com a narrativa. Primeiro, qualquer
histria do noticirio tem as caractersticas da narrativa discutidas por
Frank protagonistas e antagonistas, conflito, movimento e soluo (pelo
menos momentnea). Alm disso, para ser capazes de produzir notcias
numa base regular, os reprteres gravitam na direo de sagas continuadas
que podem lhes dar um processo de cobertura de mais de um dia. Isso no
s ajuda a rotinizar os noticirios (gerando histrias para hoje e ajudando
a ger-las amanh), como tambm lhes d a chance de tentar realizar uma
misso venervel do jornalismo indicar onde as coisas esto e aonde vo,
de tal modo que o pblico possa reagir de acordo e intervir, se necessrio.
Mais que tudo, se os jornalistas puderem identificar uma histria com
continuao, sero capazes de determinar momentos dignos de noticiar e
dar maior significao a eventos passageiros. Estudando os hbitos do corpo
de imprensa de uma prefeitura, Fishman concluiu que os reprteres, diante
de um processo institucional em andamento, constroem uma estrutura de
fases ideal (presidentes ordenando e comandando, legislaturas aprovando
leis, tribunais decidindo casos etc.) que pode ser fracionada em unidades
separadas. As notcias acontecem quando o processo sai de uma das fases
para a seguinte. De modo similar, Michael Schudson disse: Perguntar Isso
notcia? no perguntar Isso de fato aconteceu? perguntar Isso significa
alguma coisa? Ele d este exemplo:
Julguei que a histria do dia seria uma histria da Casa Branca, que no h nada
acontecendo, que as coisas andavam de qualquer maneira, que no h notcias (...).
A Casa est chegando resoluo do oramento, ento devemos ter uma histria.
Com os contras, no h nada no nvel de uma histria, porque nada foi decidido
(apud Cook, 1989, p. 50).
24
Bom lugar para comear o trabalho pioneiro de Schank e Abelson (1979). Ver tambm o trabalho
muito acessvel de Schank (1990).
25
Ver, por exemplo, Cohen, Adoni e Bantz (1990).
224 Timothy E. Cook
Esta busca pela histria ainda mais intensa em outras formas de jor-
nalismo que no esto to ligadas em fatos novos como , em geral, o
caso dos reprteres setorizados. E aqui, seja nas reportagens especiais das
revistas ou nas histrias perenes caractersticas que podem ser usadas para
preencher espao de notcias, o imperativo da narrativa chave. O critrio
da importncia desaparece quando nos distanciamos da primeira pgina
dos jornais ou das histrias de abertura nos noticirios de televiso, elevan-
do ainda mais o interesse como critrio de qualidade, que foca mais nas
caractersticas de boas histrias, como drama, cor, vivacidade etc., ou em
histrias repetitivas que envolvem valores duradouros. No outro extremo,
o jornalismo investigativo no qual recursos considerveis so gastos e a
independncia jornalstica atinge seu pice requer uma trama clara com
viles e vtimas para que a histria faa parte do noticirio.26
O imperativo de contar histrias, ento, forte em todos os noticirios
o padro conflito/soluo da notcia, que cabe seja num nico episdio de
um enredo maior, seja na busca de boas histrias para encher o resto do
jornal, revista ou transmisso, seja ainda na reportagem investigativa com
viles e vtimas. Mas, certamente, nem todas as narrativas so criadas iguais.
A negociao da noticiabilidade
Cada lado controla ento recursos importantes. Precisamos agora consi-
derar a maneira pela qual fontes e reprteres negociam as notcias, alocando,
assim, valores. Conflitos surgem com funcionrios pblicos quando eles no
do aos reprteres material adequado aos valores de produo. Certamente,
a centralidade da autonomia jornalstica, como marca de profissionalismo e
contribuio satisfao com o trabalho, leva os reprteres h muito tempo
a procurar distanciar-se das fontes, a levantar questes sobre o que as fontes
dizem e fazem, e, em geral, a construir um relato to independente quanto
possvel. Mas, alm disso, se os reprteres esto sob crescente presso para
produzir mais notcias, eles podem ter que imaginar como fazer a notcia a
partir do material ocasionalmente inadequado que as fontes lhes fornecem.
(De fato, a lenda fala de reprteres que foram capazes de criar uma histria
A primeira tarefa especfica em conceituar uma histria investigativa identificar os possveis per-
26
sonagens e a linha da histria. Pensando sobre sua informao inicial, os reprteres perguntam: Que
histrias tristes podem ser contadas? Quem so os viles? As vtimas? Nessa avaliao, os reprteres
podem ver o ncleo de uma exposio. Alternativamente, a falta de um sentido de drama pessoal
pode diminuir a salincia de uma histria (Protess et alii, 1991, p. 211-212).
O jornalismo poltico 225
a partir de algo que nunca viraria notcia).27 O outro lado que indivduos
sem poder tambm podem chegar a notcias por conta prpria, se (embora
talvez apenas se) o material que oferecem for alto nos valores de produo que
fariam a notcia interessante. Vemos essa dinmica em ambos os extremos do
espectro do poder um, na Casa Branca, onde os presidentes nunca obtm
a cobertura que desejam (e acham que merecem); o outro, nos movimentos
sociais, aonde chegar notcia espordico e quase sempre nos termos dos
reprteres, mas que podem formar a agenda e mudar os termos do debate.
A negociao sobre o que vale a pena noticiar ocorre simultaneamente
em vrios nveis. Um a luta explcita sobre os fruns em que as interaes
vo se dar, dado que funcionrios e reprteres procuram especificar as con-
dies e circunstncias nas quais se encontraro. Outro a interao explcita
nesses fruns, exemplificada talvez pelo toma l d c das conferncias de
imprensa. Finalmente, uma negociao implcita e indireta acontece quando
cada parte da negociao est fora das vistas da outra as fontes preveem
o que virar notcia, e os reprteres voltam s suas organizaes de origem
com a matria bruta, para dar-lhe forma como uma notcia coerente.
Antes de tudo, as fontes e reprteres negociam o processo da feitura da
notcia. Tomemos fontes reconhecidamente autorizadas, usualmente funcio-
nrios pblicos; os jornalistas precisam deles para criar eventos e responder
a perguntas que podero usar para construir suas histrias. No entanto, tais
fontes provavelmente no tero portas abertas para todo e qualquer reprter.
medida que seu poder, autoridade e atrao aumentam para a mdia, elas
se tornam mais capazes de ditar os termos de acesso; de indicar que mo-
dalidades podero ser utilizadas para registrar o encontro; para especificar
se as perguntas sero registradas, no devero ser-lhes atribudas, sero em
off ou entraro como pano de fundo; de escolher quem far as perguntas
ou at se perguntas sero ou no permitidas num discurso, declarao ou
oportunidade de fotografia; de decidir como responder e de decidir unila-
teralmente quando parar.
Assim, na pgina editorial do New York Times, um tributo ao lendrio Harrison Salisbury reconta uma
27
anedota sobre ele, abrindo assim: Um grande jornalista pode tomar um tema trivial e transform-
-lo em notcia de primeira pgina (A Salisbury scoop, New York Times, 11 de julho, 1993, p. 18). De
modo semelhante, Darnton descreve um reprter que lhe disse que seu momento de maior orgulho
aconteceu quando ele foi cobrir um incndio e descobriu que era um alarme falso. Ele ento produziu
uma histria sobre alarmes falsos. Sentiu que tinha transformado um assunto enfadonho em notcia
encontrando um novo ngulo (Darnton, 1975, p. 187).
226 Timothy E. Cook
Sobre entrevistas coletivas presidenciais, ver, entre outros, Cornwell (1965, p. 142-207); Manheim (1979,
28
29
Retratos particularmente fortes aparecem na clssica observao participante de Timothy Crouse
(1973); e nas entrevistas realizadas por Mark Hertsgaard (1988) com funcionrios e reprteres na
administrao Reagan.
30
Hess descobriu que o Congresso o local dominante da coleta de notcias (Hess, 1981, p. 48).
228 Timothy E. Cook
de fruns que Bush utilizava, e a percepo dos reprteres de uma relao mais
aberta, variada e amigvel, comparada com seu predecessor e seu sucessor). Em
todas as histrias, as citaes presidenciais consistentemente ocupam muito
menos da metade do tempo dos relatos dos reprteres da Casa Branca, e raro
que mais da metade das imagens sejam do presidente. Em outras palavras, a
maior parte das histrias da Casa Branca feita com udio e vdeo de outras
fontes membros do Congresso, especialistas, tomadas de arquivo ou os
prprios jornalistas. E os jornalistas podem ser altamente seletivos, no s a
respeito de quem mais citar, mas tambm do que mostrar da prpria exposio
presidencial. Nos exemplos de Bush, os noticirios noturnos nunca incluam
mais do que 10% do nmero total de segundos das declaraes presidenciais
ou da imagem presidencial contidas no evento original (Cook, 1996).
Posto de outra maneira, as fontes oficiais podem instigar e dirigir a aten-
o dos reprteres para eventos ou questes particulares, sem, no entanto,
controlar a histria final. Cada lado depende do outro na negociao do
que vale publicar, e nenhum dos dois domina plenamente, porque os fun-
cionrios e os reprteres partem de instituies pelo menos parcialmente
independentes, que comandam importantes recursos especficos.
Os jornalistas se preocupam em manter o acesso a fontes poderosas, mas
s se esse acesso levar a um produto que seus superiores que, afinal, pagam
seus salrios avaliem favoravelmente. Eles tm que obter histrias que
maximizem os valores de produo de vivacidade e clareza paralelamente s
normas jornalsticas de equilbrio e neutralidade. Dada a satisfao e auto-
estima que os reprteres ganham com sua autonomia profissional, qualquer
indicao de que so meros agentes do presidente levaria perda de prestgio
dentro de uma profisso que carece de marcadores tradicionais de perten-
cimento e realizao. Finalmente, mesmo que as fontes possam restringir o
acesso e dirigir a ateno para tpicos especficos, a mdia noticiosa tem a
ltima palavra sobre o produto final levantando outras questes e dvidas,
questionando motivos e procurando fontes crticas em nome do equilbrio.
s vezes essas fontes crticas no so fceis de encontrar; e claro que,
seguindo a hiptese da indexao de Bennett, o mbito mais amplo de opi-
nies surge no noticirio quando h desacordo entre as elites.31 Esse padro
Para uma considerao recente do estado da literatura sobre essa hiptese, ver edio especial de
31
Political Communication, Journalism norms and news construction: rules for representing politics, 13
(1996, p. 371-481), organizado por W. Lance Bennett e eu mesmo.
O jornalismo poltico 229
Tomei emprestada a expresso evento fracassado do valioso trabalho de Kiku Adatto sobre a campanha
34
presidencial de 1988. Ver Adatto (1990). No caso Tower, Bob Schieffer, para a CBS, observou: O presidente
foi ao Pentgono para mudar a marcha com uma demonstrao de apoio, acrescentando ento o som
do Vice-Presidente Quayle: Acredito que em certo perodo de tempo, os nmeros continuaro dimi-
nuindo. Andres Mitchell narrou o trecho sarcasticamente para a NBC dizendo: O Presidente dos Estados
Unidos simplesmente passou pelo Pentgono para ver seu disputado indicado para o Departamento de
Defesa no trabalho uma chance de foto cuidadosamente arranjada, antes de se voltar para o debate
no plenrio do Senado (CBS Evening News, NBC Nightly News, ambos em 3 de maro, 1989).
O jornalismo poltico 231
feliz observao de Todd Gitlin em seu famoso estudo sobre os Students for a
democratic society (SDS): a notcia consiste em descontextualizao (Gitlin,
1980, cap. 8). Ainda que claramente a capacidade de os reprteres tirarem um
evento de seu contexto original e o colocarem num contexto prprio seja muito
maior com um grupo relativamente sem poder como o SDS, funcionrios
importantes como presidentes esto longe de ser imunes ao mesmo processo.
Em seu esboo da dinmica do ciclo de cobertura dada nova esquerda,
Gitlin tambm nos lembra de que o processo de produo da notcia no
infenso a atores polticos menos poderosos, inclusive no oficiais como os mo-
vimentos sociais (Gitlin, 1980, passim, esp. p. 25-31)35. O SDS foi inicialmente
ignorado; no procurava o noticirio e os reprteres no o consideravam
importante ou digno de figurar. Acabou ganhando publicidade em histrias
de descoberta. Os reprteres cobrindo o SDS eram simpticos ao movimen-
to, certamente, mas foram capazes de vender as histrias a seus superiores
expondo algo inteiramente novo e atraente para os valores de novidade, cor
e drama.36 Essas histrias provocaram crticas azedas de fontes autorizadas,
como o senador conservador John Stennis, ou o Procurador Geral dos EUA
Nicholas Katzenbach. A cobertura virou aviltamento ( medida que os fun-
cionrios acabaram por usar seu maior acesso aos noticirios) e simplificou
um programa complexo reduzindo-o a uma posio antiguerra do Vietn. O
SDS virou notcia velha mais rpido que os funcionrios. Com os ativistas
recentemente atrados ao movimento pela imagem radical disseminada pelos
noticirios e buscando publicidade cada vez mais cara para organizar-se, o
SDS polarizou-se, com uma ala tornando-se mais extrema e teatral para obter
cobertura. Finalmente, em parte como resposta a essa polarizao e em parte
(na esteira da ofensiva do Tet) porque a opinio da elite se dividiu sobre a
guerra, a mdia ajudou a valorizar uma alternativa moderada, que recebeu
cobertura favorvel e lhe permitiu entrar no debate como ator autorizado.
Em outras palavras, a mdia noticiosa no corta completamente os ativistas
no oficiais, mas o acesso deles escasso no tempo e limitado no alcance.
35
O prprio Gitlin no afirma que tal ciclo ocorre, dado que essas fases empiricamente se sobrepem
consideravelmente. De qualquer maneira, como modelo geral das interaes dos movimentos sociais
com a mdia, o modelo promete, e a evidncia atual a partir de outros movimentos tambm parece
adequar-se ao modelo.
36
Ver a discusso da matria de primeira pgina de Fred Powledge no New York Times, e do longo
excerto na CBS, produzido por Stanhope Gould e relatado por Alexander Kendrick, em Gitlin (1980;
respectivamente, p. 35-40 e 85-89).
O jornalismo poltico 233
Felizmente, h uma grande e boa produo de trabalhos recentes sobre o sistema de partidos polticos
38
e o de grupos de interesse nos EUA. As prximas sees se apoiam nessa literatura. Duas excelentes
resenhas, e contribuies tericas de grande valor em si mesmas, sobre partidos polticos so Epstein,
(1986) e Aldrich (1995). Pesquisas mais focadas, que contestam persuasivamente a escola da deca-
234 Timothy E. Cook
dncia dos partidos gerada pelos estudos eleitorais e observam a crescente atividade dos partidos
enquanto organizaes e dentro de outras instituies, incluem Cotter, Gibson, Bibby e Huckshorn
(1984); Herrnson (1988); e Rohde (1991).
Os trs maiores projetos de pesquisa dos anos oitenta sobre o sistema de grupos de interesse so
indispensveis; esto bem apresentados em Schlozman e Tierney (1986); Walker Jr. (1991); e Heinz,
Laumann, Nelson e Salisbury (1993).
39
Ver a discusso de Aldrich (1995) sobre o partido poltico como uma instituio endgena.
40
No captulo 6, tendo rejeitado termos como quase governamental, agncia do estado, governa-
mentalizado ou quase pblico, Epstein volta-se para servio pblico, que sugere uma agncia
desempenhando um servio em que o pblico tem um interesse especial suficiente para justificar
o controle regulador por parte do governo, junto com a extenso de privilgios legais, mas no pro-
priedade governamental ou administrao de todas as atividades da agncia (Epstein, 1986, p. 157).
O jornalismo poltico 235
Concluso
Qual ento a poltica do jornalismo americano? Que alocao imposi-
tiva de valores flui do envolvimento do jornalismo nos processos polticos?
claro que tal impacto poltico no comea nem termina com as atitudes e
vises de mundo individuais dos jornalistas. Indicaes das posies anti-
-autoritrias, liberais ou de apoio a candidatos democratas por parte dos re-
prteres podem no significar muito para o produto final do noticirio, dado
seu bem documentado e rduo trabalho para apagar sua prpria presena na
Falar do sistema partidrio como uma instituio apenas facilmente aceitvel, dados os modos
41
comuns e imitativos em que os partidos evoluem, e dado o consenso dos pesquisadores sobre uma
sucesso histrica de sistemas partidrios. Eu esperaria mais resistncia ideia do sistema de grupos
de interesse como uma instituio. Embora espao e tempo me impeam de aprofundar esse ponto,
vale lembrar como Schattschneider (1960) esboou o vis generalizado do que chamou de sistema
de presses, ou como Walker (1991, p. 10, 14) argumentou: O sistema mais amplo de grupos de
interesse tem uma estrutura relativamente estvel na qual as associaes mantm papis e posies
ideolgicas identificveis (...). O sistema de grupos de interesse fornece, numa sociedade cada vez
mais complexa, um mecanismo atravs do qual questes e ideias novas podem ser oferecidas como
possveis novos elementos na agenda poltica nacional.
236 Timothy E. Cook
42
A observao talvez aparea melhor na comparao dos noticirios de televiso americanos e
italianos relatados em Hallin e Mancini (1984). Outro bom indicador dessa tendncia uma anlise
comparativa entre a cobertura de televiso da eleio presidencial americana de 1984 e a eleio
geral britnica de 1983. Enquanto 69% das histrias da eleio britnica pertenciam categoria di-
reta/descritiva ou mista, apenas 44% das americanas pertenciam a essa categoria; 9% das histrias
britnicas foram consideradas pejorativas e 5% reforadoras, comparadas com 34% e 22% das
americanas, respectivamente. Em outras palavras, a cobertura da campanha americana de televiso
se distingue da britnica no s pela maior negatividade, mas tambm por maior positividade. Ver
Semetko et alii (1991, tabela 7.6).
O jornalismo poltico 237
As atitudes condescendentes dos reprteres em relao a seu pblico (e sua falta de disposio de
43
aprender mais sobre ele) esto bem descritas em Darnton (1975); Gans (1979, cap. 7); e Burgoon et
alii (1982, cap. 5).
238 Timothy E. Cook
outro lugar, um grupo de autores, inclusive eu mesmo, mostrou que a cobertura dos candidatos du-
rante a campanha eleitoral de 1992 foi significativamente mais negativa nas histrias iniciadas pelos
jornalistas. Histrias iniciadas por jornalistas foram em toda a mdia os fatores determinantes mais
consistentes do tom em relao aos candidatos; Just et alii, (1996, p. 111).
O jornalismo poltico 239
dia seguinte em muitos jornais, parecia ter pouco a ver com as histrias que
a acompanhavam.
Esses vieses so duplamente problemticos. Eles no afetam apenas as
questes, problemas e vises de mundo que os cidados so convidados a
contemplar; podem tambm empurrar os atores polticos, agora interessados
em chegar aos noticirios como forma de alcanar poder e atingir objetivos
polticos, na direo de fenmenos polticos que se ajustem aos padres do
que vale a pena ser publicado. Tomem-se as palavras do lder da Cmara
Newt Gingrich numa entrevista concedida ao USA Today em 1995. Quan-
do os entrevistadores lhe perguntaram sobre sua retrica frequentemente
colorida e extremada, ele respondeu,
Parte da razo que eu uso linguagem forte porque vocs vo peg-la (...). Convenam
seus colegas a dar-me cobertura sendo calmo, e eu estarei calmo. Vocs querem cobrir
nove segundos, eu lhes darei nove segundos, porque esse o requisito competitivo
(...). Eu simplesmente tentei aprender minha metade do negcio de vocs. (USA Today,
7 de junho, 1995)
A ltima frase capta o tema-chave deste texto: que a notcia uma co-
produo das fontes (em geral funcionrios pblicos) e dos jornalistas, mas
que as fontes no podem simplesmente estalar os dedos e fazer notcias
por conta prpria. Em lugar disso, a notcia uma re-elaborao de aes,
eventos e declaraes oficiais, luz dos valores de produo. Esses valores
de produo favorecem tipos particulares de notcias e informao em det-
rimento de outros, e acabam por dotar as notcias de uma poltica particular.
Mas, alm disso, essa coproduo empurra os atores polticos a prever as
necessidades das notcias projetando o que diro e faro. No processo, no
apenas o jornalismo, mas tambm a poltica, ficam obcecados por questes
que possam tornar-se oportunas, concisas, facilmente descritveis, dram-
ticas, cheias de cor e visualizveis.45 Embora esses critrios largamente
compartilhados entre jornalistas numa variedade de reas paream neutros
em termos de contedo, eles no o so. A poltica, segue-se, deve ser simples
e direta, com dois lados para cada histria, e as diferenas devem ser facil-
mente solucionveis. Espera-se ento que os atores polticos sejam diretos e
Kernell chega a uma concluso semelhante, embora se refira mais ao impacto dos discursos que ao
45
da produo de notcias (e da busca de histrias). Ver Kernell (1993, esp. cap. 8).
O jornalismo poltico 241
Referncias bibliogrficas
ADATTO, Kiku. 1990. Sound-bite democracy: network evening news
presidential coverage, 1968 and 1988. Research Paper R-2, Joan
Shorenstein Barone Center on the Press, Politics and Public Policy,
Kennedy School of Government, Harvard University (reimpresso como
parte de Picture perfect. New York: Basic Books, 1992).
ALDRICH, John H. 1995. Why parties? the origin and transformation of
political parties in America. Chicago: The University of Chicago Press.
ALTHEIDE, David L. 1976. Creating reality: how TV news distorts events.
Bervely Hills (CA): Sage.
BENNETT, W. Lance. 1990. Toward a theory of press-state relations. Journal
of Communication, n. 40, p. 103-125.
_______ & PALETZ, David L. (eds.). 1994. Taken by storm: the media, public
opinion and U.S. foreign politcy in the Gulf War. Chicago: University
of Chicago Press.
BERKOWITZ, Dan. 1987. TV new, sources and news channels: a study
in agenda building. Journalism Quarterly, n. 64, p. 508-513.
BLUMLER, Jay G. & GUREVITCH, Michael. 1981. Politicians and the press:
an essay on role relationships. In: NIMMO, Dan D. & SANDERS, Keith
R. (orgs.). Handbook of political communication. Beverly Hills, CA: Sage.
BROWN, J. D.; BYBEE, C. R.; WEARDON, S.T. & STRAUGHAN, D. M.
1987. Invisible power: newspaper news sources and the limits of diver-
sity. Journalism Quarterly, n. 64, p. 45-54.
242 Timothy E. Cook
BURGOON, Judee K.; BURGOON, Michael & ATKIN, Charles K. 1982. The
world of the working journalist. New York: Newspaper Advertising Bureau.
COHEN, Akiba A.; ADONI, Hanna & BANTZ, Charles R. 1990. Social
conflict and television news. Newbury Park, CA: Sage.
CONNOLLY, William E. 1983. The terms of political discourse. 2 ed.
Princeton, N.J., Princeton University Press.
COOK, Timothy. 1989. Making laws & making news: media strategies in the
U.S. House of Representatives. Washington: Brookings.
_______. 1994. Domesticating a crisis: Washington newsbeats and network
news after the Iraqi invasion of Kuwait. In: BENNETT, W. Lance &
PELETZ, David L. (orgs.). Taken by storm: the media, public opinion and
US foreign policy in the gulf war. Chicago: The University of Chicago Press.
_______. 1996. The negotiation of newsworthiness. In: CRIGLER, Ann N.
(ed.). The psychology of political communication. Ann Arbor: University
of Michigan Press.
CORNWELL JR., Elmer E. 1965. Presidential leadership and public opinion.
Bloomington: University of Indiana Press.
COTTER, Cornelius P.; GIBSON, James L.; BIBBY, John F. & HUCKSHORN,
Robert J. 1984. Party organizations in American politics. New York:
Praeger.
CROUSE, Timothy. 1973. The boys on the bus: riding with campaign press
corps. New York: Ballantine.
DAHL, Robert A. 1963. Modern political analysis. Englewood Cliffs (NJ):
Prentice Hall.
DARNTON, Robert. 1975. Writing news and telling stories. Daedalus,
v. 104, n. 2, p. 175-194.
DIAMOND, Edwin. 1995. Behind the times, ed. rev. Chicago: The University
of Chicago Press.
EASTON, David. 1965. A framework for political analysis. Englewood Cliffs
(NJ): Prentice Hall.
EPSTEIN, Edward Jay. 1974. News from nowhere: television and the news.
New York: Vintage Books.
EPSTEIN, Leon D. 1986. Political parties in the American mold. Madison:
University of Wisconsin Press.
FISHMAN, Mark. 1980. Manufacturing the news. Austin: University
of Texas Press.
O jornalismo poltico 243
PELETZ, David & DUNN, Robert. 1969. Press coverage of civil disorders:
a case study of Winston-Salem, 1967. Public Opinion Quarterly, n. 33,
p. 328-345.
PHILLIPS, E. Barbara. 1976. What is news? novelty without change. Journal
of Communication, v. 26, n. 4, p. 87-92.
PROTESS, David L.; COOK, Fay Lomax; DOPPELT, Jack C.; ETTEMA,
James S.; GORDON, Margaret T.; LEFF, Donna R. & MILLER, Peter.
1991. The journalism of outrage: investigative reporting and agenda
building in America. New York: Guilford Press.
PRUITT, Dean G. & CARNEVALE, Peter J. 1993. Negotiation in social conflict.
Pacific Grove (CA): Brooks/Cole.
ROBINSON, John & LEVY, Mark. 1986. The main source: learning from
television news. Beverly Hills (CA): Sage.
ROCKMAN, Bert A. 1987. Government. In: BOGDANOR, Vernon (org.).
The blackwell encyclopedia of political institutions. New York: Basil
Blackwell.
ROHDE, David W. 1991. Parties and leaders in the postreform house. Chicago:
The University of Chicago Press.
RYAN, Charlotte. 1991. Prime time activism: media strategies for grassroots
organizing. Boston: South End.
SCHANK, Roger C. 1990. Tell me a story: a new look at real and artificial
memory. New York: Charles Scribners Sons.
_______ & ABELSON, Robert. 1979. Scripts, plans, goals, and understanding.
Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum Associates.
SCHATTSCHNEIDER, Elmer Eric. 1960. The semi-sovereign people: a realists
view of democracy in America. New York: Holt, Rinehart, and Winston.
SCHLOZMAN, Kay Lehman & TIERNEY, John. 1986. Organized interests
and American democracy. New York: Harper and Row.
SCHUDSON, Michael. 1978. Discovering the news: a social history of
American newspapers. New York: Basic Books.
SEMETKO, Holli A.; BLUMLER, Jay G.; GUREVITCH, Michael & WEAVER,
David H. 1991. The formation of campaign agendas: a comparative analysis
of party and media roles in recent American and British elections.
Hillsdake (NJ): Lawrence Erlbaum Associates.
SIGAL, Leon V. 1973. Reporters and officials: the organization and politics
of newsmaking. Lexington, MA: D. C. Heath.
246 Timothy E. Cook
Resumo
Neste texto, Timothy Cook analisa o jornalismo poltico a partir de uma viso da mdia como
instituio social singular. A produo da notcia entendida como um processo coletivo
definido pelas rotinas do jornalismo como instituio e pelas escolhas implcitas nessas
rotinas, que so aceitas e reproduzidas no cotidiano de produo da notcia. A independn-
cia parcial do jornalismo em relao poltica no impede, no entanto, que ele atue como
instituio poltica e governamental. Alm de disseminar as informaes polticas, definindo
o que importante e o que interessante, os jornalistas do relevncia aos atores pol-
ticos e certificam sua autoridade. O noticirio o resultado de negociaes conflituosas
entre jornalistas e fontes, nas quais ganham peso, simultaneamente, as fontes oficiais e
os valores inerentes s rotinas jornalsticas.
Palavras-chave: jornalismo poltico; mdia; governo; fontes oficiais; rotinas jornalsticas.
Abstract
In this text, Timothy Cook analyses political news from a point of view that considers me-
dia as a singular social institution. The production of news is understood as a collective
O jornalismo poltico 247
process defined by the routines of journalism as an institution and by the choices implied
in these routines that are accepted and reproduced in the everyday production of the
news. The partial independence of news reporting relative to politics does not hinder,
however, that the news function as a political and even governmental institution. Besides
publishing political information, defining what is important and interesting; journalists give
relevance political actors and certify their authority. The news is the result of conflicting
relationships between journalists and sources, where the weight is balanced between
official sources and the values inherent to journalistic routines.
Key words: political news; media; government; official sources; journalistic routines.